O documento descreve as revoluções inglesas do século XVII, quando a burguesia assumiu o poder no Reino Unido pela primeira vez na história européia. A revolução começou com a Revolução Puritana em 1640 que levou à execução do rei Carlos I e ao governo de Cromwell. A segunda fase ocorreu em 1689 com a Revolução Gloriosa que completou o processo de transferência do poder para a burguesia. O documento também discute as forças em conflito, incluindo os puritanos que se opunham ao absolutismo real
1. MA120208
Revolução Inglesa I
FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!
PROFº: ANDERSON COSTA
Faleconoscowww.portalimpacto.com.br
VESTIBULAR–2009
CONTEÚDO
A Certeza de Vencer
01
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urante o século XVI, a vida política na Inglaterra girou em torno do fortalecimento da autoridade real. Já o século XVII foi
sacudido por conflitos entre a monarquia e o parlamento que chegaram a levar o país ao recurso extremo de duas revoluções.
As revoluções inglesas do século XVII representaram um marco na vida européia. Pela primeira vez na história do continente,
a burguesia, aliada à pequena nobreza, assumiu o poder e lançou as bases para a consolidação de uma nova ordem, que se
expressou pela hegemonia do parlamentarismo.
Essa transformação exigiu uma série de rupturas. Os muitos conflitos do período podem ser divididos em dois momentos. O
primeiro teve inicio com a Revolução Puritana, em 1640, e conduziu à execução do rei Carlos l e ao governo republicano de
Cromwell. O segundo, em 1689, conhecido como Revolução Gloriosa, completou o processo político liderado pela burguesia (Mota
2002)
TRABALHANDO TEXTOS
A Magna Carta e o Absolutismo
"De Fato"
Desde 1215, no reinado de João sem Terra, que o
poder do rei esta limitado legalmente por um documento
chamado Magna Carta. O parlamento tinha poder para conter
o Rei em suas ações(...). Sendo assim não podemos igualar
esta modalidade de absolutismo com o que ocorreu na
França, pois lá não havia barreira jurídica que limitasse o
poder o do rei, não havia uma Carta Magna, não havia
obstáculos legais ao exercício do poder real. Se houve poder
absoluto nas mãos do Rei Inglês temos de ter o cuidado de
identificá-lo históriograficamente(...). Nesse sentido a
dinastia Tudor exerceu o poder "De fato" não "De direito", o
que em nem um momento a história nega. (...)
(OLIVEIRA, Leão F. A invenção do poder: A história do absolutismo.
Rio de Janeiro: vozes, 2001.)
Desde os tempos medievais, o Parlamento tinha o
poder nominal na Inglaterra e nenhum rei poderia lançar
impostos sem sua aprovação. Mas Elizabeth l era absolutista
de fato. Lançava os impostos e fazia sua política sem
consultar o Parlamento, confiando em que tudo seria
aprovado. Seu absolutismo era consentido, pois a grande
burguesia e a nobreza, que dominavam o parlamento, eram
favorecidos por sua política. A final, a dinastia Tudor havia
feito a Reforma protestante na Inglaterra e os nobres e os
grandes burgueses arremataram e enriqueceram-se com as
terras expropriadas da Igreja Católica. Elizabeth l vendia ou
doava monopólios, isto é, o direito exclusivo de fabricar ou
vender determinado produto sem concorrentes. Os principais
beneficiários desses monopólios eram grandes burgueses,
que compravam titulos de nobreza, e os nobres favoritos da
soberana, que viviam em sua corte. As mediadas de Elizabeth
eram recompensadas com a lealdade dos súditos, inclusive os
pobres. (Micele. 1999)
TRABALHANDO TEXTOS
"[...] O Parlamento representava as classes
proprietárias: apenas os homens que tivessem alguma
propriedade tinha direito de voto, e nenhuma mulher,
obviamente. As pessoas comuns não participavam
diretamente na eleição dos membros do parlamento e menos
ainda das decisões políticas. [...]."
(HILL, Christopher. Vivendo o mundo de ponta-cabeça: o outro lado da
revolução inglesa. Belo Horizonte, Varia História, n° 14, setembro de 1995)
A morte de Elizabeth l, em 1603, criou um grave
problema sucessório, pois a rainha não deixou herdeiros
diretos. O trono inglês passou a seu primo, Jaime Stuart, que
já era rei da Escócia. O sucessor de Elizabeth não recebeu
dos ingleses muito apoio político e social. Ele era defensor da
teoria do direito divino dos reis. A relação do monarca com
seus súditos agravou-se por volta de 1610, quando Jaime l
tentou fugir ao controle financeiro do Parlamento e impôs
medidas como o monopólio real sobre as indústrias de
tecidos. No mesmo período ocorreram, na Inglaterra, fortes
movimentos migratórios em direção à América do Norte:
muitos partiam para escapar da tirania da Coroa.
Com a morte de Jaime l, subiu ao trono Carlos l
(1625-1649), que acentuou as tendências absolutistas do pai.
Dissolveu
duas vezes o Parlamento, que se mostrara hostil a seu
governo, impôs taxas extraordinárias para financiar sua
política externa, intensificou a repressão contra puritanos. Por
falar em puritanos, não devemos esquecer que nesse contexto
existe também questão religiosa, pois de certa forma havia um
mosaico de religiões nesse processo, que dentre as quais
destacam-se:
- ANGLICANOS: Facção dominante, formada pela alta
nobreza e por setores ligados ao rei. De certa forma
apoiavam o regime absolutista.
- CATÓLICOS: em pequeno número na Inglaterra, mas muito
numerosos na Irlanda. Seus adeptos sofriam constante
perseguições.
- CALVINISTAS: grupo religioso majoritário entre a
população inglesa. Estavam divididos em diversas
correntes, das quais as mais representativas eram:
- PRESBITERIANOS: Alta burguesia e latifundiários.
Moderados, propunham uma política de conciliação com os
anglicanos.
- PURITANOS: Média e pequena burguesia. Radicais,
defendiam o liberalismo político, opondo-se ao absolutismo
real.
As tensões que foram se acumulando no país
resultaram em uma guerra civil (1642) entre os partidários da
monarquia e os do parlamento. Ao lado do rei se enfileiraram
a Igreja Anglicana e a nobreza rural. Com os parlamentares,
que constituíam um exército próprio, estavam os moradores
de Londres, das cidades litorâneas e os pequenos
proprietários das regiões agrícolas mais desenvolvidas.
As diferenças de classe, de origem social,
expressavam-se nas diferenças políticas e religiosas e as
reforçavam continuamente. Os lordes praticavam a religião
anglicana. Os partidários dos comuns eram em geral
presbiterianos e puritanos. Eles deram ao parlamento uma
arma poderosa: o Exército de Novo Tipo.
TRABALHANDO TEXTOS
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2. FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!
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VESTIBULAR–2009
No exército de Novo Tipo, os oficiais eram
voluntários e deviam suas promoções ao valor pessoal. Até
mesmo partidários do parlamento se escandalizaram com a
promoção de "plebeus" aos cargos de oficiais. Mas os
construtores da organização sabiam que, com aqueles
homens humildes, unidos pela religião, submetidos a uma
rígida disciplina e forjados em combate, derrotariam os
"cavaleiros"-o termo com que eram desdenhosamente
designadas as tropas reais. Como observou Oliver Cromwell,
organizador e líder do Exército de Novo Tipo:
"Prefiro um capitão trajado de panos grosseiros, mas que
sabe pelo que está lutando, àqueles a quem chamais de
gentis-homens e que disso não passam. Honro um cavaleiro
que se comporta como tal. [...] Se escolherdes homens
honestos e de bem para capitais de cavalaria, os homens
honestos os seguirão. [...]"
(HILL, Christopher. O eleito de Deus; Oliver CromweeI e a Revolução Inglesa.
São Paulo, Companhia das Letras, 1990)
Essa nova formação militar mostrou-se decisiva para
a derrota das tropas reais. As fileiras do Exército de Novo Tipo
forneciam uma amostra representativa da parcela da
população que apoiava a Câmara dos Comuns: os soldados
eram em sua maioria pequeno-burguês, artesãos,
proprietários rurais ou filhos de proprietários, seguidores das
seitas puritanas e de outros grupos hostis à Igreja Anglicana.
Tornaram-se como Roundhenads (cabeça redondas) devido
ao austero corte de cabelo que usavam, característico dos
puritanos.
Outro traço distintivo do Exército de Novo Tipo residia
na liberdade de organização e discussão, o que fez desse
grupamento armado uma sementeira de idéias políticas.
Nessas discussões, manifestavam-se grupos mais
radicais que os puritanos, a exemplo dos Diggers e dos
Levellers, que associavam diretamente a reforma religiosa e a
luta política à revolução social.
Os Levellers receberam esse nome porque, segundo
seus adversários, pretendiam nivelar (do verbo To Levei) as
condições sociais. Defendiam a população pobre das cidades
e do campo e exigiam completa liberdade religiosa e a
igualdade de todos perante a lei.
Os Diggers (do verbo inglês to dig, cavar) opunham-
se à propriedade particular do solo e exigiam que as terras da
Coroa, os terrenos comunais e ociosos fossem cultivados
pelos pobres, que deles teriam a posse comunitária. Ficariam
assim conhecidos quando se instalaram num terreno não
aproveitado e se puseram a preparar a terra para a
semeadura, numa espécie de reforma agrária feita
espontaneamente, em direta oposição aos poderes da
sociedade e do Estado.
Eram esses, basicamente, os atores envolvidos no
confronto entre o rei e o Parlamento e depois, num segundo
momento da Revolução Inglesa, no conflito instaurado entre a
Assembléia e os grupos de soldados puritanos unidos em
torno de Oliver Cromwell.
TRABALHANDO TEXTOS
Os Diggers e o MST: Um anacronismo controlado e
necessário Segundo o historiador Christopher Hill, "o
movimento dos Diggers [...] representou ao máximo os
interesses dos que não possuíam bens. Constituiu numa
tentativa de proceder por meio de ação direta a uma forma
de comunismo agrário [...]."
As concepções dos Diggers não são coisas do passado.
A luta pela terra esta presente e vive em grupos como o MST.
A luta do MST remonta o passado. Percebe-se por tanto uma
relação embora anacrônica, mas necessária, entre os Diggers
e os Sem terra no Brasil. Ambos os grupos vêem na revolução
a maneira de conquistar seu grande objetivo, a terra.
Vejamos o que diz o dirigente do MST João Pedro
Stedile: "A reforma agrária interessa a toda a classe
trabalhadora e deixou de ser apenas uma questão econômica
para resolver o problema dos sem-terra que estão passando
fome. Ela passou a adquirir um caráter revolucionário. [...]
Então eu acho que nós devemos ter a consciência de preparar
a classe trabalhadora sabendo que essas mudanças, que são
necessárias, não serão dadas de mão beijada, nem na base de
voto, nem de uma maneira simplista e fácil, devagarinho[...]"
Logicamente devemos perceber as distancias
ideológicas entre os movimentos, porém perceber a
aproximação na forma de luta e de necessidade. Os anseios
não mudaram, a sede por justiça social continua, a disposição
de armar as mãos também. Dos Diggers ao MST, a luta pela
terra continua.
(COSTA, Anderson, História para o Dia-a-Dia.)
Bibliografia:
ARRUDA, Jobson Andrade J. A revolução Inglesa.ed. Brasiliense.
São Paulo. 1984.
HILL, Christopher. O eleito de Deus; Oliver CromweeI e a Revolução
Inglesa. São Paulo, Companhia das Letras, 1990. Vivendo o mundo
de ponta-cabeça: o outro lado da revolução inglesa. Belo Horizonte,
Varia História, n" 14, setembro de 1995.
MICELE, Paulo, As revoluções Burguesas. Ed. Atual São Paulo. 1994.
MOTA, Myriam B. História das cavernas ao Terceiro milênio. Ed.
Moderna. São Paulo. 2002.
OLIVEIRA, Leão F. A invenção do poder: A história do absolutismo.
Rio de Janeiro: vozes, 2001.
Anotações!
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