2. Revolução Inglesa
Definição: movimento político, militar e
religioso que aniquilou o absolutismo na
Inglaterra instalando no país a primeira
monarquia parlamentar da história.
Quando: século XVII;
Causas:
Atritos entre os reis absolutistas (dinastia
STUART) e o Parlamento.
Problemas religiosos.
3. Etapas da Revolução
Guerra civil (1642-1648)
Regime republicano (1649-1659)
Restauração monárquica (1661-1688)
Revolução Gloriosa (1688-1689)
4. Revolução Inglesa
Antecedentes históricos:
Guerra das Duas Rosas (1455-1485).
Família Lancaster X Família York
Consequências:
- Ascensão da Família Tudor, com a coroação de
Henrique Tudor como Henrique VII, iniciando a
Dinastia Tudor e o Absolutismo inglês.
5. Absolutismo inglês
“O Estado era pensado como um
organismo vivo. Não era a riqueza
que conferia o escalão social e a
dignidade e sim a posse de uma
dignidade, que determinava a seu
detentor as fontes de rendimentos, o
poder sobre outros homens. Ela era
obtida de diversas maneiras (por
exemplo, por hereditariedade
nobiliárquica ou por um determinado
serviço prestado ao rei). Em suma,
era uma sociedade de símbolos
(trajes ou adornos especiais) e de
privilégios.”
(DURAND, s/d, p. 531)
"A monarquia absoluta foi uma forma
de monarquia feudal diferente da
monarquia dos Estados medievais
que a precedeu; mas a classe
dominante permaneceu a mesma
[nobreza], tal como uma república,
uma monarquia constitucional e uma
ditadura fascista podem ser todas
[elas] formas de dominação
burguesa."
(Christopher, Hill."Um comentário",
citado por Perry Anderson em
LINHAGENS DO ESTADO
ABSOLUTISTA.)
6. Antecedentes da Revolução Inglesa
Henrique VII (1485-1509)
Reforçou o exército real.
Reorganizou o sistema fiscal.
Governou com certas
limitações (o poder do rei
limitado pelo Parlamento).
Obs.: Magna Carta (1215),
documento que conferiu a
monarquia inglesa a um aspecto
peculiar: o rei deveria consultar o
Parlamento, sobretudo para
declarar guerras e instituir ou
aumentar impostos.
Henrique quando jovem,
por um artista francês,
retrato localizado na
Fondation Calvet,
em Avignon.
7. Antecedentes da Revolução Inglesa
Henrique VIII (1509-1547)
Rompeu com o Papado, criou
a Igreja Anglicana (1531),
controlada pelo rei.
Adotou o Anglicanismo como
religião oficial da Inglaterra.
Implantou o Absolutismo.
Enfrentou oposição dos
puritanos (calvinistas
ingleses).
Obs.: Após a morte de Henrique VIII,
Eduardo VI, ficou sob a tutela da nobreza e
do clero anglicano, morreu aos 16 anos.
8. Antecedentes da Revolução Inglesa
Maria I (1553-1558)
Restabeleceu o catolicismo
como religião oficial.
Perseguiu protestantes
(Anglicanos e Puritanos).
Ordenou a execução de mais
de 300 pessoas.
Denominada de Maria, a
Sanguinária (Bloody Mary).
Casou-se em 1554, com
Felipe, futuro Felipe II, rei da
Espanha.
9. Antecedentes da Revolução Inglesa
Elizabeth I (1558-1603)
Restaurou o Anglicanismo
como religião oficial.
Maior tolerância religiosa.
Investiu na Marinha inglesa.
Venceu a Armada Espanhola.
Iniciou a expansão marítima na
América do Norte.
Incentivou os cercamentos de
terras (criar ovelhas e extrair
lã).
Obs.: Elizabeth I, morreu sem deixar
herdeiros, deixando o trono para seu primo,
Jaime I, iniciando a dinastia Stuart.
10. Antecedentes da Revolução Inglesa
Cercamentos de terras
(enclosures)
Definição: política que permitia os
proprietários rurais cercar as terras
comuns e utilizá-las em benefício
próprio.
Permissão: Carta de cercamentos
(Bills of enclosure).
Objetivos: cercar terras para criar
ovelhas e extrair lã, de modo a
abastecer as manufaturas de tecidos.
Consequências: Expulsão dos
camponeses das terras comunais,
êxodo rural, aumentos da mão de obra
ociosa (desempregados).
O prelúdio do revolucionamento, que criou a
base do modo de produção capitalista,
ocorreu no último terço do século XV e nas
primeiras décadas do século XVI. Uma
massa de proletários livres como os
pássaros foi lançada no mercado de
trabalho pela dissolução dos séquitos
feudais [...]. Foi muito mais, em oposição
mais teimosa à realeza e ao Parlamento, o
grande senhor feudal quem criou um
proletariado incomparavelmente maior
mediante expulsão violenta do campesinato
da base fundiária, [...] e usurpação de sua
terra comunal. O impulso imediato para isso
foi dado, na Inglaterra, nomeadamente pelo
florescimento da manufatura flamenga de lã
e a conseqüente alta dos preços da lã. [...]
Por isso, a transformação de terras de
lavoura em pastagens de ovelhas tornou-se
sua divisa.
MARX, Karl. O capital. São Paulo: Abril
Cultural, 1984, v. I, tomo 2, p. 263-264.
11. Sociedade Inglesa
APOIAVAM O REGIME ABSOLUTISTA:
- PARES: alta nobreza e alto clero predominantemente
anglicanos.
ERAM CONTRA O REGIME ABSOLUTISTA:
- BURGUESIA: comerciantes e donos de manufaturas.
- GENTRY: pequena e média nobreza rural, mentalidade
capitalista. Tinham ligações com a burguesia devido ao
comércio.
- YEOMEN: pequenos e médios proprietários rurais.
- CAMPONESES: desterrados graças ao cercamentos.
- TRABALHADORES ASSALARIADOS e ARTESÃOS.
- MARGINALIZADOS E DESEMPREGADOS.
12. A crise: Monarquia X Parlamento
Jaime I (1603 – 1625):
Perseguições aos
católicos e puritanos.
Aumentou de impostos.
Distribuiu privilégios aos
seus aliados.
Realizou gastos luxuosos
com a corte real.
Oposição de parte do
Parlamento.
13. Cenário Político
Parlamento Inglês dividido:
Câmara dos Lordes/ House
of Lords: representantes da
alta nobreza e do clero
anglicano.
Câmaras dos Comuns
(House of Commons):
representantes da burguesia
e gentry.
A Câmara dos Lordes.
A Câmara dos Comuns.
14. CAMPO RELIGIOSO
APOIAVAM O REGIME ABSOLUTISTA:
- CATÓLICOS (Nobreza e Clero).
- ANGLICANOS (Nobreza e Clero).
ERAM CONTRA O REGIME ABSOLUTISTA:
- CALVINISTAS►PURITANOS (pq. Nobreza e pq. Burguesia).
►PRESBITERIANOS (alta Burguesia).
15. A crise: Monarquia X Parlamento
Carlos I (1625 – 1649):
Causas da Revolução:
Concedeu monopólios a alguns grupos
burgueses.
Vendeu cargos públicos.
Criou novos impostos; apesar de jurar o “Bill of
Rights” (Petição dos Direitos: o rei deveria
consultar o Parlamento, sobretudo para declarar
guerras e instituir ou aumentar impostos).
Tentou de impor o anglicanismo na Escócia
(revolta).
Recriou o Ship Money (cobrança de um
imposto em desuso, antes arrecadado nas
cidades portuárias e zonas litorâneas em caso
de guerra) estendendo-o a todo o reino.
Invasão e fechamento do Parlamento.
Eclodiu uma guerra civil que durou 7 anos
(1642 – 1649), resultando na Revolução
Puritana.
16. Guerra Civil
Cavaleiros ou Realistas
Grupos sociais: alta
nobreza + clero +
burguesia monopolista.
Religião: anglicanos ou
católicos.
Líder: rei Carlos I.
Parlamento (Cabeças
redondas)
Grupos sociais: Burguesia
comercial e manufatureira +
gentry + yoemen.
Religião: puritanos ou
presbiterianos.
Líder: deputado e líder
puritano Oliver Cromwell.
17. Guerras Civil
Estratégias de Cromwell:
Novo Exército (New Model
Army): a promoção dos
soldados não era mais por
nascimento (origem) e sim por
merecimento.
Consequências:
Vitória do Parlamento na
Batalha de Naseby (1645).
Execução do rei Carlos I
(1649).
Revolução Puritana.
Instauração de uma República
(Commonwealth).
“Assim, ninguém pode negar
que a ‘Revolução Puritana’
era uma luta tão religiosa
quanto política; era mais do
que isso. Aquilo por que os
homens lutavam era toda a
natureza e o desenvolvimento
futuro da sociedade inglesa”.
HILL, Christopher. A
Revolução Inglesa de 1640.
Lisboa: Presença, 1981.
19. Guerras Civil
“O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o
Exército. A intransigência de Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento
somam-se para impedir essa saída “moderada”; o rei foge do cativeiro, afinal, e uma nova
guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução, por
assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a
Câmara dos Lordes é extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento
solene sem precedentes, proclamada a República; mas essas bandeiras radicais são tomadas
por generais independentes, Cromwell à testa, que as esvaziam de seu conteúdo social”.
RIBEIRO, Renato Janine. In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais
durante a Revolução Inglesa 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
The Execution of Charles I of England, John Weesop.
20. Revolução Inglesa
A República de Cromwell (1649 – 1658):
Medidas Políticas:
Governo pró-burguesia puritana (calvinista).
Aliança: Exército Revolucionário +
Parlamento Puritano.
Aboliu a Câmara dos Lordes.
Dissolveu o Parlamento de maioria
presbiteriana.
Instaurou uma Ditadura – recebeu do Novo
Parlamento o título: “Lorde Protetor da
Inglaterra” (1653) - Cargo vitalício e
hereditário.
Confiscou de terras da Igreja e nobreza
(anglicana, católica e presbiteriana).
Extinguiu impostos arbitrários.
Aboliu os privilégios feudais da nobreza
(isenção de impostos, pensões e cargos
políticos.
Formou da Comunidade Britânica (1651) –
Inglaterra, Irlanda, Escócia e País de Gales
foram unificados numa só república (a
Comunidade Britânica).
Oliver Cromwell.
“Interroguemos as nações sobre este
assunto elas prestarão testemunho. Com
efeito, as benesses do Senhor recaem
sobre nós como se Ele dissesse:
Inglaterra, és minha primogênita, minha
alegria entre as nações, e sob este céu
que nos cobre o Senhor jamais deu esse
tratamento a nenhum dos povos que nos
rodeiam”.
CROMWELL, Oliver. Declaração do
Lorde Protator (1654). In: HILL, C. O
eleito de Deus. São Paulo: Cia da Letras,
1990, p. 131.
21. Revolução Inglesa
A República de Cromwell (1649
– 1658):
Medidas Econômicas:
Criação dos Atos de Navegação
(1651) – essas leis determinavam que
todas as mercadorias que entrassem
ou saíssem pelos portos da Grã-
Bretanha (Inglaterra, País de Gales e
Escócia) só podiam ser transportados
em navios ingleses ou pertencentes
aos países produtores.
OBS.: Prejudicou os comerciantes
holandeses, que lucravam com o
transporte de mercadorias com a
Inglaterra. Esse fato, provocou a Guerra
Anglo-holandesa (1651-1654).
22. Revolução Inglesa
OBS.: Após a morte de Oliver (1658), seu filho,
Ricardo Cromwell assume o poder, porém, sem
a habilidade e carisma do pai, enfrenta nova
guerra civil no país, que acaba com a sua
derrota e recoloca os monarquistas no poder.
Restauração Monárquica.
23. Revolução Inglesa
A deposição de Richard
Cromwell:
O filho de Oliver Cromwell
sofreu uma forte oposição de
grupos políticos e religiosos.
Repressão a opositores
internos: Levellers
(Niveladores) e Diggers
(Cavadores).
A força desses movimentos
populares amedrontou o
Parlamento, que decidiu
destituir Ricardo Cromwell, em
1659.
Richard Cromwell
24. Revolução Inglesa
Niveladores:
Defendiam:
Dissolução da Câmara dos
Lordes.
Todo poder a Câmara dos
Comuns.
Direito de voto a todos homens.
Liberdade religiosa.
Fim do dízimo a Igreja Anglicana.
Fim dos monopólios comerciais.
Direito propriedade privada.
Proteção à pequena propriedade.
Líder: John Lilburne.
Cavadores:
Defendiam:
Reforma agrária radical.
Confisco de terras da Igreja, do
governo e dos grande
proprietários.
Entrega de terras aos pobres.
Líder: Gerrard Winstanley.
“O homem mais pobre da
Inglaterra tem tanto direito à
terra quanto o mais rico”.
(WINSTANLEY apud CAMPOS,
2015, p. 289).
25. Revolução Inglesa
A Restauração Monárquica (1660 – 1688):
Carlos II (1660 – 1685).
Anglicano, pró-católicos.
Não restaurou o absolutismo.
Limitou a atuação dos parlamentares.
Evitou conflitos com o Parlamento.
Carlos II
Retrato de Carlos II, por John
Michael Wright,.
26. Revolução Inglesa
Jaime II (1683 – 1688).
Admirador do modelo absolutista
francês (próximo de Luís XIV).
Católico.
Tentou restabelecer o absolutismo e
o catolicismo como religião oficial da
Inglaterra.
Retrato de Jaime II,
por Godfrey Kneller.
27. Revolução Inglesa
Revolução Gloriosa (1688).
Causas:
- Restituição do catolicismo.
- Restauração do absolutismo.
Reação do Parlamento:
- Parlamento temeroso com a restituição do
catolicismo e do absolutismo oferece a
coroa inglesa ao príncipe Guilherme de
Orange (HOL), casado com Maria Stuart,
filha mais velha de Jaime II. Em troca, pedia
o parlamento livre e a manutenção do
anglicanismo.
-
Retrato de Guilherme III,
por Godfrey Kneller, 1690.
28. Revolução Inglesa
A Revolução Gloriosa
(1688):
Revolução burguesa (sem
derramamento de sangue).
1689: Guilherme de Orange acata
ao Bill of Rights (Declaração dos
Direitos).
Parlamento decidiria sobre impostos,
guerras, exército, garantia a
propriedade privada, as liberdades
individuais e divide o poder.
Fim do absolutismo na Inglaterra.
Burguesia assume o poder por meio
do parlamento (Monarquia
Parlamentar).
“Rei reina, mas não governa”.
Estabelecia-se assim, a
superioridade da lei sobre a
vontade do rei.
Implantação do liberalismo.
A Revolução Gloriosa: a Declaração dos Direitos
“Considerando que tendo Jaime II abdicado e estando
o trono vacante, Sua Alteza, o Príncipe de Orange,
ordenou a eleição de deputados para o Parlamento,
estes agora reunidos como representantes totais e
livres desta nação, declaram:
1 – Que o pretenso poder de suspender as leis, ou a
execução das leis, pela autoridade régia, sem o
consentimento do Parlamento é ilegal. [...]
4 – Que o direito de cobrar impostos para o uso da
coroa, com o pretexto de privilégio, sem outorga do
Parlamento, é ilegal.
5 – Que é direito dos súditos apelar para o Rei e todos
os obstáculos que lhe forem colocados são ilegais.
6 – Que o recrutamento e manutenção de um exército,
em tempo de paz, é ilegal sem o consentimento do
Parlamento. [...]
8 – Que a eleição dos membros do Parlamento deve
ser livre.
9 – Que a liberdade de palavra nos debates e atas do
Parlamento não deve ser questionada em nenhuma
corte ou lugar fora do Parlamento.
(Declaração dos Direitos, 1689”
Coletânea de documentos históricos para o 1º grau.
São Paulo: Cenp/SE-SP, 1980).
29. Revolução Inglesa
Consequências da revolução
Gloriosa:
- Maior tolerância religiosa. O Toleration Act
concedeu liberdade religiosa aos cristãos,
exceto aos católicos.
- Bill of Rights: conjunto de leis que, entre
outras medidas, instituiu o julgamento dos
indivíduos através de um júri. Além disso, o rei
perdeu a prerrogativa de suspender execuções
de leis e implementar impostos sem a
permissão do parlamento.
- Fim do absolutismo na Inglaterra: poder do
rei passou a ser limitado pelo parlamento.
- Desenvolveu-se, assim, o Estado Liberal, no
qual havia três poderes distintos: Legislativo,
Executivo e Judiciário.
- Avanço capitalista: foram tomadas várias
medidas favoráveis ao crescimento das
manufaturas, das empresas rurais e da indústria
naval, resultando na Revolução Industrial.
“Satisfeitos com a política de
Carlos II contra a Holanda, os
capitalistas ingleses não se
sentiam entretanto contentes
com a sua atitude, e ainda
menos com a de Jaime II, em
relação à França, que se
transformara na mais temível
concorrente da Inglaterra no
comércio e as colônias. (...) A
luta econômica contra a França,
a luta por uma religião mais
adaptada ao espírito capitalista,
provocaram a revolução de
1688.”
(MOUSNIER, R. História Geral
das Civilizações. Os séculos XVI
e XVII. São Paulo: Difel, 1973. v.
9, p. 324).