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STRANDED ASSETS E O PETRÓLEO NO BRASIL
Guilherme Eduardo Zerbinatti Papaterra
Geólogo - Especialista em Regulação
30 Outubro de 2020
I. Conceito
II. O problema dos ativos e recursos “encalhados” de
petróleo e gás natural
III. Hipótese de recursos e ativos “encalhados” de
petróleo e gás natural no Brasil
IV. Conclusão e Recomendações
AGENDA
Stranded Assests (or Resources)
Ativo (ou recurso*) que perde seu valor econômico
bem antes da sua expectativa de vida útil, devido a:
✓ mudanças na legislação e regulamentação,
✓ forças de mercado,
✓ inovação disruptiva,
✓ normas sociais ou choques ambientais.
Generation Foundation, 2013
*Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de
evento passado.
*Recurso é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar
benefícios econômicos.
....Manter o aumento da temperatura média global
bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais
e buscar esforços para limitar o aumento da
temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-
industriais, reconhecendo que isso reduziria
significativamente os riscos e impactos das
mudanças climáticas;
Acordo de Paris - Resposta global à
ameaça das mudanças climáticas
IMPACTO GLOBAL DOS ATIVOS “ENCALHADOS
”Reservas “encalhadas” de hidrocarbonetos
Fonte: IRENA (2017)
Reservas “encalhadas” de hidrocarbonetos
✓430 bilhões de petróleo e 95 trilhões de m³ de gás natural,
considerando a meta de aumento global da temperatura em até 2ºC
(fonte: McGlade e Ekins, 2015)
País ou Região
Bilhão de
bbl
%
Trilhão
m³
% Gt* %
Bilhão de
bbl
%
Trilhão
m³
% Gt* %
África 23 21% 4,4 33% 28 85% 28 26% 4,4 34% 30 90%
Canada 39 74% 0,3 24% 5 75% 40 75% 0,3 24% 5,4 82%
China e India 9 25% 2,9 63% 180 66% 9 25% 2,5 53% 207 77%
Ex-repúblicas
soviéticas
27 18% 31 50% 203 94% 28 19% 36 59% 209 97%
America Central
e do Sul
58 39% 4,8 53% 8 51% 63 42% 5 56% 11 73%
Europa 5 20% 0,6 11% 65 78% 5.3 21% 0,3 6% 74 89%
Oriente Médio 263 38% 46 61% 3,4 99% 264 38% 47 61% 3,4 99%
OCDE* Pacífico 2,1 37% 2,2 56% 83 93% 2.7 46% 2 51% 85 95%
ODA* 2 9% 2,2 24% 10 34% 2.8 12% 2,1 22% 17 60%
EUA 2,8 6% 0,3 4% 235 92% 4.6 9% 0,5 6% 245 95%
Global 431 33% 95 49% 819 82% 449 35% 100 52% 887 88%
*CCS= carbon capture and storage (Captura e armazenamento de gás carbônico); Gt= bilhão de toneladas;
OCDE = Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico; ODA = Other developing Asian
countries (outros países asiáticos desenvolvidos)
Petróleo Gás Natural
2ºC com CCS
Carvão
2ºC sem CCS
Petróleo Gás Natural Carvão
Fonte: Modificado de EPE, 2017
POTENCIAL EXPLORATÓRIO DO BRASIL
•Área Sedimentar com
chances de Acumulações:
4,1 milhões de km² (53%
do total)
•Áreas Sedimentares com
pouco conhecimento
geológico: 3,7 milhões de
km² (90%)
❑Recursos Descobertos: 36
a 46 b. boe.
❑Recursos Recuperáveis:
99 b. de barris de petróleo
(Rystad Energy, 2019)
❑Potencial de
compensação financeira em
torno de US$ 400 a
US$ 480 bilhões
RESULTADOS - HIPÓTESES
✓ Recursos descobertos (36 bilhões a 46 bilhões
de boe)
▪ Factíveis de serem plenamente extraídos (explotados)
nos próximos 20 a 30 anos. Risco pequeno.
➢ quantidade significativa de investimentos em
desenvolvimento da produção já foram realizados nestes
projetos
✓ Recursos não descobertos (50 a 60 bilhões)
▪ Risco real de ficarem “encalhados”.
➢ questão temporal é um fator crítico
➢ endurecimento da política climática e da rigidez no
orçamento de emissões cumulativas de carbono e
inovação tecnológica produzindo substitutos baratos
para petróleo e gás.
✓ Independente da incerteza temporal sobre o pico de demanda
de petróleo e eventual impacto das novas políticas climáticas
globais sob o setor fóssil, a transição energética, já em
andamento, sinaliza o inexorável declínio da era do petróleo no
médio a longo prazo.
✓ A descoberta tardia e abundante de petróleo e gás natural,
num cenário global orientado para uma economia de baixo
carbono, pode resultar na perda de valor destes recursos ao
Brasil.
✓ Levando em conta nossas dimensões continentais e o
desconhecimento do real potencial de recursos de petróleo e
gás natural no Brasil, a aceleração do processo exploratório
precisa ser encarada pelos tomadores de decisão, sob risco de
ficarem sem demanda no futuro.
CONCLUSÕES
I. Ampliar o conhecimento geológico e geofísico em áreas
sedimentares com baixa densidade de dados e informações,
através de recursos próprios do Governo ou por meio de
incentivos a empresas privadas.
II. Identificar e avaliar o potencial de áreas de relevante
interesse petrolífero em todo o território brasileiro.
III. Aprimorar a governança estatal no licenciamento ambiental
do setor de petróleo e gás natural, através de uma efetiva
articulação tanto interministerial como entre os entes da
Federação, garantindo o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico com a proteção do meio ambiente.
IV. Acelerar a monetização dos recursos já descobertos; com a
criação de ambiente favorável à atração de investimentos e
de previsibilidade
RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti; DUTRA, Luís Eduardo Duque. Ativos encalhados e
o petróleo do pré-sal. Valor Econômico, São Paulo, p. A14 e p. 15-17, 17 dez. 2018. Disponível
em: https://pt.scribd.com/document/400904422/Ativos-Encalhados-e-o-Petroleo-Do-Pre-sal-
papaterra-dutra-2018.
✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti; DUTRA, Luís Eduardo Duque. Before the future
without oil. EPBR, 2019. Disponível em: https://epbr.com.br/before-the-future-without-oil/
✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti. Stranded assets e o petróleo no Brasil. 2019. 61f.
Trabalho de Conclusão de Curso - Departamento de Estudos, Estratégia, Escola Superior de
Guerra (ESG), Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
https://www.slideshare.net/gpapaterra/stranded-assets-e-o-petrleo-no-brasil
✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti ; KOSTIN, Sérgio. Stranded assets e o petróleo no
Brasil. TN Petróleo 130, 2020. Disponível em:
https://tnpetroleo.com.br/revistas/download/1u-8aaeef3f9188887f3ec0/

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RISCO DE ATIVOS DE PETRÓLEO NO BRASIL

  • 1. STRANDED ASSETS E O PETRÓLEO NO BRASIL Guilherme Eduardo Zerbinatti Papaterra Geólogo - Especialista em Regulação 30 Outubro de 2020
  • 2. I. Conceito II. O problema dos ativos e recursos “encalhados” de petróleo e gás natural III. Hipótese de recursos e ativos “encalhados” de petróleo e gás natural no Brasil IV. Conclusão e Recomendações AGENDA
  • 3. Stranded Assests (or Resources) Ativo (ou recurso*) que perde seu valor econômico bem antes da sua expectativa de vida útil, devido a: ✓ mudanças na legislação e regulamentação, ✓ forças de mercado, ✓ inovação disruptiva, ✓ normas sociais ou choques ambientais. Generation Foundation, 2013 *Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado. *Recurso é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar benefícios econômicos.
  • 4. ....Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré- industriais, reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas; Acordo de Paris - Resposta global à ameaça das mudanças climáticas
  • 5.
  • 6. IMPACTO GLOBAL DOS ATIVOS “ENCALHADOS ”Reservas “encalhadas” de hidrocarbonetos Fonte: IRENA (2017)
  • 7. Reservas “encalhadas” de hidrocarbonetos ✓430 bilhões de petróleo e 95 trilhões de m³ de gás natural, considerando a meta de aumento global da temperatura em até 2ºC (fonte: McGlade e Ekins, 2015) País ou Região Bilhão de bbl % Trilhão m³ % Gt* % Bilhão de bbl % Trilhão m³ % Gt* % África 23 21% 4,4 33% 28 85% 28 26% 4,4 34% 30 90% Canada 39 74% 0,3 24% 5 75% 40 75% 0,3 24% 5,4 82% China e India 9 25% 2,9 63% 180 66% 9 25% 2,5 53% 207 77% Ex-repúblicas soviéticas 27 18% 31 50% 203 94% 28 19% 36 59% 209 97% America Central e do Sul 58 39% 4,8 53% 8 51% 63 42% 5 56% 11 73% Europa 5 20% 0,6 11% 65 78% 5.3 21% 0,3 6% 74 89% Oriente Médio 263 38% 46 61% 3,4 99% 264 38% 47 61% 3,4 99% OCDE* Pacífico 2,1 37% 2,2 56% 83 93% 2.7 46% 2 51% 85 95% ODA* 2 9% 2,2 24% 10 34% 2.8 12% 2,1 22% 17 60% EUA 2,8 6% 0,3 4% 235 92% 4.6 9% 0,5 6% 245 95% Global 431 33% 95 49% 819 82% 449 35% 100 52% 887 88% *CCS= carbon capture and storage (Captura e armazenamento de gás carbônico); Gt= bilhão de toneladas; OCDE = Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico; ODA = Other developing Asian countries (outros países asiáticos desenvolvidos) Petróleo Gás Natural 2ºC com CCS Carvão 2ºC sem CCS Petróleo Gás Natural Carvão
  • 8. Fonte: Modificado de EPE, 2017 POTENCIAL EXPLORATÓRIO DO BRASIL •Área Sedimentar com chances de Acumulações: 4,1 milhões de km² (53% do total) •Áreas Sedimentares com pouco conhecimento geológico: 3,7 milhões de km² (90%) ❑Recursos Descobertos: 36 a 46 b. boe. ❑Recursos Recuperáveis: 99 b. de barris de petróleo (Rystad Energy, 2019) ❑Potencial de compensação financeira em torno de US$ 400 a US$ 480 bilhões
  • 9. RESULTADOS - HIPÓTESES ✓ Recursos descobertos (36 bilhões a 46 bilhões de boe) ▪ Factíveis de serem plenamente extraídos (explotados) nos próximos 20 a 30 anos. Risco pequeno. ➢ quantidade significativa de investimentos em desenvolvimento da produção já foram realizados nestes projetos ✓ Recursos não descobertos (50 a 60 bilhões) ▪ Risco real de ficarem “encalhados”. ➢ questão temporal é um fator crítico ➢ endurecimento da política climática e da rigidez no orçamento de emissões cumulativas de carbono e inovação tecnológica produzindo substitutos baratos para petróleo e gás.
  • 10. ✓ Independente da incerteza temporal sobre o pico de demanda de petróleo e eventual impacto das novas políticas climáticas globais sob o setor fóssil, a transição energética, já em andamento, sinaliza o inexorável declínio da era do petróleo no médio a longo prazo. ✓ A descoberta tardia e abundante de petróleo e gás natural, num cenário global orientado para uma economia de baixo carbono, pode resultar na perda de valor destes recursos ao Brasil. ✓ Levando em conta nossas dimensões continentais e o desconhecimento do real potencial de recursos de petróleo e gás natural no Brasil, a aceleração do processo exploratório precisa ser encarada pelos tomadores de decisão, sob risco de ficarem sem demanda no futuro. CONCLUSÕES
  • 11. I. Ampliar o conhecimento geológico e geofísico em áreas sedimentares com baixa densidade de dados e informações, através de recursos próprios do Governo ou por meio de incentivos a empresas privadas. II. Identificar e avaliar o potencial de áreas de relevante interesse petrolífero em todo o território brasileiro. III. Aprimorar a governança estatal no licenciamento ambiental do setor de petróleo e gás natural, através de uma efetiva articulação tanto interministerial como entre os entes da Federação, garantindo o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente. IV. Acelerar a monetização dos recursos já descobertos; com a criação de ambiente favorável à atração de investimentos e de previsibilidade RECOMENDAÇÕES
  • 12. REFERÊNCIAS ✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti; DUTRA, Luís Eduardo Duque. Ativos encalhados e o petróleo do pré-sal. Valor Econômico, São Paulo, p. A14 e p. 15-17, 17 dez. 2018. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/400904422/Ativos-Encalhados-e-o-Petroleo-Do-Pre-sal- papaterra-dutra-2018. ✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti; DUTRA, Luís Eduardo Duque. Before the future without oil. EPBR, 2019. Disponível em: https://epbr.com.br/before-the-future-without-oil/ ✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti. Stranded assets e o petróleo no Brasil. 2019. 61f. Trabalho de Conclusão de Curso - Departamento de Estudos, Estratégia, Escola Superior de Guerra (ESG), Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.slideshare.net/gpapaterra/stranded-assets-e-o-petrleo-no-brasil ✓ PAPATERRA, Guilherme Eduardo Zerbinatti ; KOSTIN, Sérgio. Stranded assets e o petróleo no Brasil. TN Petróleo 130, 2020. Disponível em: https://tnpetroleo.com.br/revistas/download/1u-8aaeef3f9188887f3ec0/