Manifesto pela transparência e ética na política paranaense
1. 09.06.2010
Manifesto: “O Paraná que queremos”
Ontem (08), participei, na Boca Maldita no centro de Curitiba, da manifestação “O
Paraná que queremos”. Um ato cívico, de mobilização da sociedade paranaense pela
construção de um Estado e de um País onde o trato com os recursos públicos seja realizado
cada dia com transparência e responsabilidade.
O ato teve motivação na sequência de denúncias que envolveram a Assembleia Legislativa do
Paraná. Situação que expôs a fragilidade dos processos de controle e fiscalização do Órgão.
Penso que a mobilização da sociedade e sua politização são essenciais para acabarmos com
situações como essas. Os cargos públicos, principalmente, os eletivos devem ter como missão
servir a sociedade e não servir-se da confiança obtida dela.
Tive sempre o cuidado em me manifestar sobre este episódio da Assembleia, entendo a
seriedade do momento, evitando contaminá-lo pelo processo eleitoral deste ano, já que como
pré-canditata poderia transparecer oportunismo político e utilização de espaço fácil de mídia.
Participei do ato em razão de convite formulado pelas entidades organizadoras, inclusive a
OAB, a qual sou filiada.
Para mim, transparência e democracia caminham juntas e são essenciais a nossa vida em
comunidade. Sempre as defendi na minha caminhada política, mesmo durante momentos
mais difíceis, como na ditatura militar, embora tenha vivido seus momentos finais. Foi um
momento político doloroso do País. É dele que estamos colhendo os efeitos.
A manifestação que tenho em relação a este caso da Assembleia Legislativa é a mesma que
tive quando de outras denúncias envolvendo a Câmara dos Deputados, o Senado Federal: a
apuração deve ser rigorosa, Ministério Público e Polícia Federal devem atuar severamente e
quem tiver responsabilidade deve ser punido. Penso que todos relacionados ao caso devem
colaborar para facilitar o trabalho, abrindo mão de prerrogativas e posições.
Por outro lado, todos que estamos empenhados em fazer valer a Justiça e construir outro
paradigma no trato com recursos públicos, não podemos cair na armadilha de fulanizar o
debate e fazer julgamentos fáceis, pois isso nos tiraria do foco principal: permitir o controle
social, sobretudo o que ocorre nos poderes instituídos em nosso Esrado. É fundamental que
aconteçam mudanças na Assembleia, assim como em outras esferas de poder, onde a
transparência e a informação sejam regras se não motivos para cumprimentos.
Com a Lei da Transparência, já cumprida por diversos poderes instituídos e a Lei do Ficha
Limpa, aprovado recentemente, acredito que estamos fortalecendo nossa democracia e
avançando cada vez mais para a transparência dos atos públicos.
Espero que esse tipo de manifestação possa ser uma prática mais corriqueira, não só em casos
de crise institucional como que agora vivenciamos, mas também como ação propositiva para
2. mudanças estruturais, como reforma política, por exemplo, que tenhamos sempre disposição
de exercer a cidadania para a ética e, sobretudo, para a vida.
De minha parte quero dizer que mais do que minha manifestação, deve ser minha conduta
compromissada com a ética, transparência e responsabilidade.
* Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores