Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Felicidade Individual e Coletiva
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COMO CONQUISTAR A FELICIDADE INDIVIDUAL E COLETIVA
Fernando Alcoforado*
A psicologia positiva e a educação são os caminhos para a conquista da felicidade
individual. A Psicologia é uma das ciências mais importantes na construção do futuro
da humanidade. Uma das tarefas mais importantes da Psicologia é o de estabelecer
como conquistar a felicidade. O psicólogo é o profissional mais capacitado para a
função de humanizar a humanidade, de trazer o bem-estar para as pessoas. O
movimento da “psicologia positiva” pretende fazer algo mais do que resolver ou
minorar perturbações psicológicas, isto é, pretende fazer-nos felizes. A felicidade
individual se conquista através da educação de si mesmo. Uma das finalidades da
educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios
para serem mais felizes.
O pensamento dominante é o de que o papel principal da educação é o de preparar bem
as pessoas para o trabalho. Outro pensamento é o de que a educação tem por finalidade
primeira desenvolver o senso crítico. A finalidade da educação deve ser a de fazer com
que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do
patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima
de tudo, deve ser instrumento para promover felicidade. Uma das finalidades da
educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios
para serem mais felizes.
Para ser feliz, o indivíduo deve buscar autoconhecimento, inclusive com ajuda do
psicólogo. Deve desenvolver técnicas de sensibilidade e afeto, seja através de um
elogio, um sorriso ou pela empatia com o outro. Realizar trabalhos voluntários ou
praticar a caridade, além de adotar hábitos saudáveis como prática de meditação e
atividade física também pode ajudar. São caminhos para quem deseja ser plenamente
feliz. A felicidade é uma conquista que se faz através da educação de si mesmo. E ela
jamais será encontrada fora. Para ser feliz, o indivíduo deve se apoiar na educação e na
psicologia positiva.
Artigo de Desidério Murcho sob o título A Conquista da Felicidade: Os Contributos da
Sabedoria Antiga e da Ciência Moderna de Jonathan Haidt (Sinais de Fogo
Publicações, 2007, 436 pp.), disponível no website
<http://criticanarede.com/lds_happiness.html>, aborda o movimento da “psicologia
positiva” que pretende fazer algo mais do que resolver ou minorar perturbações
psicológicas, isto é, pretende fazer-nos felizes. Estes psicólogos estudam o que faz as
pessoas genuinamente felizes, e não os distúrbios psicológicos que nos afetam. Para
quem conhece a bibliografia filosófica sobre o mesmo tema — a eudemonia, como lhe
chamava Aristóteles — é surpreendente verificar como os resultados experimentais da
psicologia positiva vão ao encontro das ideias aristotélicas e, mais recentemente, das
ideias de filósofos como Peter Singer e Susan Wolf. Fundamentalmente, a felicidade
consiste na entrega ativa a projetos com valor objetivo.
Articular exatamente o que são projetos com valor objetivo é o problema da filosofia.
Explicar que tipo de projetos fazem efetivamente as pessoas felizes, e que tipo de
atitudes conduzem à felicidade, ou a tornam impossível, é o objeto da psicologia que,
como disciplina descritiva e não normativa, se limita a registar o que efetivamente faz
as pessoas felizes (grifo nosso). Para quem procura a chave da felicidade, o livro acima
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citado oferece dez, uma por capítulo. Em cada capítulo o autor explora “insights”
tradicionais das religiões e da literatura, que de algum modo captam verdades,
entretanto, confirmadas (e por vezes infirmadas) pela psicologia moderna. No primeiro
capítulo, “O Eu Dividido”, o autor apresenta um conjunto de resultados sobre as
diversas partes que constituem o nosso eu. A metáfora preferida do autor é de origem
indiana: para o fazer bem é preciso alguma sabedoria, pois a força bruta não funciona.
O segundo capítulo, “Mudar de Ideias”, explora a importância de saber interpretar
corretamente o mundo e nós mesmos. Parte da infelicidade resulta de modos errados de
interpretar as coisas, e é por isso que a chamada psicologia cognitiva tem bastante
sucesso, especialmente no combate a certos tipos de depressão (grifo nosso). O que se
passa é que em certas situações nos tornamos infelizes porque entramos numa espiral
autodestrutiva de pensamentos sutilmente errados sobre nós mesmos e os outros —
pensamentos que nos deprimem cada vez mais (grifo nosso). Conseguir “apanhar” e
neutralizar esses pensamentos, reconhecendo que são pura e simplesmente exageros e
interpretações erradas das coisas, é um passo fundamental para a felicidade (grifo
nosso).
Outro elemento fundamental para a felicidade é a reciprocidade, que o autor explora no
terceiro capítulo. Como muitas outras espécies, os seres humanos são gregários e ter
laços de confiança e amizade com outras pessoas é uma parte importante da felicidade
(grifo nosso). Vivemos numa era voltada para a vida privada e subjetiva, erigida em
valor absoluto. Contudo, o autor (Jonathan Haidt) defende que esta é uma ilusão
contemporânea: sem preocupações mais alargadas, que ultrapassem as fronteiras
imediatas do eu, da família e dos amigos mais próximos, dificilmente se pode ser
genuinamente feliz (grifo nosso). A felicidade, afinal, não vem realmente toda de dentro
— vem também da entrega ao mundo (grifo nosso). E, mais surpreendente ainda, a
virtude — agir corretamente e não de forma egoísta ou interesseira ou amoral — é
também um dos elementos fundamentais da felicidade (grifo nosso). Afinal, uma das
rotas para a felicidade é procurar contribuir genuinamente para a felicidade dos outros
(grifo nosso).
A felicidade coletiva de uma nação só pode resultar da vontade política de seus
dirigentes e de sua população. Na Antiguidade, os filósofos consideravam a felicidade
um assunto relacionado à política. Foi a Constituição dos Estados Unidos, que data de
1787, que incluiu a busca da felicidade entre os direitos do homem, com base em
reflexões filosóficas que se originam no pensamento de David Hume e nas ideias
iluministas. Bertrand Russell deixou evidenciado que “a felicidade deve ser considerada
sempre como um bem perseguido por todos” (RUSSELL, Bertrand. A Conquista da
Felicidade. Rio: Editora Nova Fronteira, 2015). Isto significa dizer que a felicidade
individual não se realiza sem a realização da felicidade coletiva.
No mundo, o Butão, se destaca entre todos os países ao realizar esforço voltado para a
conquista da felicidade coletiva da nação porque, desde 1971, rejeitou o PIB (Produto
Interno Bruto) como sendo a única forma de mensurar o progresso. Em seu lugar, tem
adotado uma nova abordagem para o desenvolvimento, que mede a prosperidade por
meio de princípios formais da Felicidade Interna Bruta (FIB) e da saúde espiritual,
física, social e ambiental dos seus cidadãos e do ambiente natural. Há várias décadas
essa crença de que o bem-estar deve se sobrepor ao crescimento material permanece
como uma peculiaridade em nível global. Na busca da felicidade coletiva da nação,
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destaca-se, sobretudo, o modelo nórdico ou escandinavo de social democracia que não é
nem totalmente capitalista nem totalmente socialista, sendo a tentativa de fundir os
elementos mais desejáveis de ambos em um sistema "híbrido".
Em 2013, a revista The Economist declarou que os países nórdicos são provavelmente
os mais bem governados do mundo. O relatório World Happiness Report 2013 da ONU
mostra que as nações mais felizes estão concentradas no Norte da Europa, com a
Dinamarca no topo da lista. Os nórdicos possuem a mais alta classificação no PIB real
per capita, a maior expectativa de vida saudável, a maior liberdade de fazer escolhas na
vida e a maior generosidade. A Escandinávia é o berço do modelo mais igualitário que o
mundo já conheceu. O chamado modelo escandinavo é uma referência importante na
formulação de políticas econômicas heterodoxas (progressistas) em todo o planeta. O
sucesso deste modelo se deveu à combinação de um amplo Estado de Bem-Estar Social
com rígidos mecanismos de regulação das forças de mercado, capaz de colocar a
economia em uma trajetória dinâmica, ao mesmo tempo em que alcançava os melhores
indicadores de bem-estar social entre os países do mundo.
*Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do
Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social
(Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet
(http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.