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SELEÇÃO DE PONTOS DE VERIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO ERGONOMICS CHECKPOINTS IN AGRICULTURE PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO NA COLHEITA MECANIZADA DA CANA- DE-AÇÚCAR 
Ana Lucy Rodrigues Ferreira (UFSCar ) lucyfisio@yahoo.com.br Lucelindo Dias Ferreira Junior (USP ) lucelindo.ferreira@gmail.com Francisco Jose da Costa Alves (UFSCar ) dfca@power.ufscar.br 
A mudança na dinâmica de trabalho no processo de colheita de cana- de-açúcar, através da crescente inserção de colhedoras mecânicas, tem submetido os trabalhadores a novas condições de trabalho, que inclui a interação com máquinas e equipameentos, ocasionando doenças ocupacionais. Para melhoria das condições de realização do trabalho de forma que esse se torne menos destrutivo das capacidades humanas, é necessária a análise ergonômica do trabalho, utilizando instrumentos que permitam a identificação de riscos provenientes da relação homem-trabalho. Este trabalho objetivou selecionar os pontos de verificação aplicáveis à situação de trabalho no contexto da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, a partir do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. Foi feita uma revisão sobre as etapas do processo de colheita mecanizada, posteriormente, a partir de análise do manual, foram selecionados e descritos os pontos mais adequáveis à situação de trabalho associada a esse processo produtivo. Como resultado foram selecionados trinta e nove pontos de verificação, que poderiam auxiliar na avaliação e implementação de melhores condições de trabalho, do ponto de vista ergonômico, na colheita mecanizada da cana-de-açúcar. 
Palavras-chaves: Colheita mecanizada da cana-de-açúcar, Análise Ergonômica do Trabalho, Ergonomics Checkpoints in Agriculture 
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos 
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução 
Com o advento da mecanização no processo de colheita da cana-de-açúcar, houve uma mudança na situação de trabalho realizado pelo homem, o que implicou em doenças ocupacionais advindas da interação homem-máquina, tais como alteração do ritmo circadiano, devido ao trabalho em turnos, e sobrecarga na coluna vertebral, devido à posição sentada, por exemplo. 
Uma das formas de solucionar os problemas advindos da situação de trabalho é através do uso de instrumentos para análise ergonômica do trabalho. Especificamente para processos produtivos agrícolas e rurais, foi desenvolvido o manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture (ECA) (ILO/IEA, 2012). 
O manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture tem por propósito sintetizar recomendações fundamentais para avaliação e melhoria de situações de trabalho existentes do ponto de vista ergonômico, visando melhoria nas condições de segurança, saúde e eficiência na agricultura (ILO/IEA, 2012). Esse instrumento consiste em uma lista contendo cem pontos de verificação, que devem ser selecionados de acordo com cada situação de trabalho no setor agrícola, já que ele é genérico e não especifica uma cultura ou tipo de produção. 
O objetivo deste trabalho foi selecionar os pontos de verificação, considerando os pontos disponíveis no manual ECA, aplicáveis a situação de trabalho existente no processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar, de forma a constituir um manual com pontos de verificação e recomendações específicos. Pretende-se com isso facilitar a análise da situação de trabalho, com o propósito de melhorar as condições de trabalho e saúde do trabalhador. 
2. Etapas do processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar 
O processo de produção da cana-de-açúcar é dividido nas seguintes etapas (BALDI, 1999): (1) preparação do solo; (2) plantio; (3) tratos culturais; e, (4) colheita. 
A primeira etapa consiste na preparação do solo, que se difere para os casos em que a área é nova ou área de renovação do canavial. Para o caso de área nova são realizadas as seguintes operações: (a) derrubada de árvores e arbustos, com o propósito de desmatar a vegetação preexistente; (b) corte e arrancamento dos tocos, que consiste no apodrecimento químico dos
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tocos, que são posteriormente arrancados por tratores de esteira; (c) enfileiramento, que objetiva reunir em fileiras todas as árvores e tocos derrubados, de forma a facilitar seu recolhimento para a limpeza da área; (d) limpeza e desenraizamento, que objetiva retirar qualquer obstáculo ao bom funcionamento das máquinas agrícolas remanescente no solo (BALDI, 1999). 
Para o caso de uma área de renovação do canavial, faz inicialmente a limpeza para eliminação do colmo da cana remanescente e a gradagem utilizando arados e grades movidos por um trator, após isso ocorrem as seguintes operações: (a) calagem, que consiste na adição de calcáreo ao solo e na realização de adubações; (b) terraceamento, que objetiva proporcionar boas condições de infiltração de água no solo, através da construção de terraço de calha ou embutidos; (c) sistematização, que objetiva nivelar os terrenos, é realizada por uma plaina niveladora; (d) subsolagem, que objetiva descompactar o solo, utilizando tratores de esteira ou de pneus para aumentar sua capacidade de penetração e armazenamento de água; e, (f) construção dos carreadores (BALDI, 1999). 
A segunda etapa é o plantio da cana-de-açúcar, que consiste na aplicação das mudas nos sulcos, na picação das canas inteiras, na aplicação de adubo e/ou cupinicida e na cobertura dos sulcos, que são realizadas por máquinas plantadeiras do tipo australiana (BALDI, 1999). Na terceira etapa, são feitos os tratos culturais, que podem ser de natureza física ou biológica. Os tratos físicos são constituídos pelas operações: (a) escarificação; (b) adubação; e, (c) ferti- irrigação. No caso do trato biológico, possui o objetivo de combate às ervas daninhas, pragas e moléstias em geral utilizando herbicidas, inseticidas e fungicidas, assim como aceleradores de maturação (BALDI, 1999). 
Na quarta etapa ocorre a colheita, que será enfocada neste trabalho. É constituída das seguintes operações: (a) corte; (b) carregamento; e, (c) transporte. Conforme ilustrado na Figura 1, a colhedora realiza o corte, a picação e a limpeza da cana sequencialmente, conduzindo-a para os transbordos. Após o carregamento dos transbordos, os tratores transportam a carga em direção ao malhador, que corresponde ao local onde ficam estacionados os caminhões. Em seguida, os tratores acionam os pistões hidráulicos, elevando a carroceria dos transbordos, realizando a transferência das cargas. Esses tratores retornam para as colhedoras, a fim de repetir o procedimento (SILVA; ALVES; COSTA, 2011). 
Figura 1. Sequenciamento das operações na colheita mecanizada da cana-de-açúcar
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Fonte: Silva, Alves e Costa (2011) 
Com a mudança da dinâmica de trabalho nos processos de colheita de cana-de-açúcar, através da crescente inserção de colhedoras mecânicas, os trabalhadores tiveram que se submeter a novas condições de trabalho, incluindo a interação com máquinas e equipamentos antes não existentes, ocasionando novos problemas ergonômicos oriundos dessa interação. Na próxima seção são apresentadas as implicações à saúde do trabalhador acarretadas pela produção mecanizada da cana-de-açúcar. 
3. Saúde do trabalhador na colheita mecanizada da cana-de-açúcar 
Em decorrência da situação de trabalho imposta pelo uso de equipamentos e máquinas no processo de colheita da cana-de-açúcar, incidem diversas cargas de trabalho que podem prejudicar a saúde do trabalhador. De acordo com Laurell e Noriega (1989), as cargas de trabalho podem ser definidas como fatores que interagem entre si e com o corpo humano durante o trabalho, de forma a gerar processos de adaptação responsáveis pelo desgaste, classificado pela perda da capacidade psíquica e biológica de desempenhar o trabalho. Essas cargas de trabalho podem ser classificadas em seis tipos: cargas físicas; cargas químicas; cargas biológicas; cargas mecânicas; cargas fisiológicas e cargas psicológicas. 
Scopinho et al. (1999) categoriza as cargas de trabalho existentes no processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar, as quais são: 
 Cargas físicas: ruídos e vibrações provocados pelo movimento da máquina, radiação solar, umidade provocada pela chuva ou sereno;
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 Cargas químicas: poeira, fuligem da cana queimada, resíduos de produtos químicos; 
 Cargas biológicas: contaminação bacteriológica por ingestão de água, picadas de animais peçonhentos; 
 Cargas mecânicas: acidentes de trajeto e acidentes provocados pelo manuseio de máquinas de pequeno e de grande porte; 
 Cargas fisiológicas: movimentos repetitivos, posturas incorretas, trabalho noturno e alternância de turnos; 
 Cargas psíquicas: atenção e concentração, ritmos intensificados, ausência de pausas regulares, subordinação aos movimentos das máquinas, monotonia e repetitividade. 
Em trabalhos em que há elevado grau de mecanização, Dejours (2008) observa que há um agravamento na incidência da carga psíquica, que passa a acompanhar a carga física. Scopinho et al. (1999) acrescenta que no processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar sobressaem as cargas psíquica e fisiológica. A presença dessas cargas pode ocasionar variadas disfunções na saúde do trabalhador. Considerando as etapas da colheita mecanizada da cana- de-açúcar, podem ser indicadas algumas possíveis implicações para a saúde do trabalhador, apresentadas na ordem: longas jornadas de trabalho; trabalho em turnos; uso frequente da postura sentada na interação com os equipamentos industriais; e, requisição constante de atenção e concentração para a execução do trabalho. 
Com relação às longas jornadas de trabalho, na qual o trabalho é intensificado pelo uso das máquinas, ocasiona o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em consequência do estresse (FRICZEWSKY et al., 1982; SCHARF, 1988). Essas longas jornadas são acompanhadas por trabalhos desenvolvidos em turnos, realizados principalmente no turno noturno. De acordo com Deppe (1990), o trabalho noturno não pode inverter o ritmo circadiano de funções fisiológicas (o trabalho dos sistemas neurodegenerativos, hormonais, cardiocirculatório e a regulação da temperatura), devido às condições sociais de vida, assim os trabalhadores são levados a recorrer às reservas de energia para satisfazer as exigências do trabalho. Isso pode ocasionar os seguintes sintomas (DEPPE, 1990): tempo reduzido de sono, em média de 4 a 6 horas diárias; irritabilidade, dor de cabeça, fadiga, intranquilidade, falta de apetite; maior presença de distúrbios do trato gastrointestinal. 
Relativamente à utilização da postura sentada durante longas jornadas, ela é responsável por ocasionar o desenvolvimento de cervicalgia, que é a alteração da curvatura normal da região
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lombar, pressão entre os discos intervertebrais da coluna, problemas no nervo ciático e lombalgia (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). No caso da colheita mecanizada, o trabalhador fica na postura sentada na cabine das colhedoras, onde é impedido de realizar atividades de alongamento ou extensão dos membros e tronco devido ao espaço reduzido. Essa condição proporciona além dos problemas citados, um fator de risco para o desenvolvimento de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (ROCHA; MARZIALE, 2011). 
Com relação à requisição constante de atenção e concentração para a execução do trabalho, ele ocorre devido ao fato da responsabilidade necessária ao lidar com máquinas caras e inter- relacionadas, bem como além de controlar a colhedora, durante o corte da cana, o operador deve permanecer olhando para frente e para o lado (onde está localizado o caminhão de transbordo), a fim de manter o sincronismo, evitar acidentes e observar o painel da máquina. Esses fatores propiciam o surgimento de distúrbios psicológicos, dentre eles cansaço mental e tensão, que podem causar acidentes de trabalho, representados principalmente por tombamentos e colisões (ROCHA; MARZIALE, 2011). 
Assim, os trabalhadores sofrem muitas implicações decorrentes da forma como o trabalho é realizado. Scopinho et al. (1999), por exemplo, refere que as mudanças tecnológicas não têm realizado o feito de melhorar substancialmente as condições de vida e de trabalho dos assalariados rurais canavieiros. De um modo geral, pode-se perceber através da afirmação de Bundesinstitut für Berufsbildung (1987), que a situação de trabalho imposta pela utilização das tecnologias modernas como responsável pelo aumento dos prejuízos em detrimento das melhorias, continua uma verdade para muitos casos. Uma das formas de melhorar as condições de saúde e trabalho do trabalhador é aplicando instrumentos para análise e melhoria do trabalho, como é o caso do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. Como esse manual é genérico, deve ser feita uma seleção dos pontos de verificação mais adequados à determinada situação. De acordo com ILO/IEA (2012), devem ser selecionados, em torno de, 30 a 50 pontos de verificação, no processo de projetar uma lista de verificação adaptada à uma determinada situação de trabalho. Objetivando construir essa lista específica, para o caso da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, procedeu-se de acordo com as etapas descritas na seção seguinte.
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4. Etapas da pesquisa 
Este trabalho pode ser dividido em três principais etapas: revisão bibliográfica; análise de conteúdo; e, síntese dos resultados. 
Na primeira etapa foram revisados os temas seminais que envolvem este trabalho. Inicialmente, foram estudados trabalhos descritivos do processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar. Em seguida, foram estudados trabalhos que referiam aspectos relacionados à saúde do trabalhador no processo de produção mecanizado da cana-de-açúcar. Ademais, foi feito um estudo do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. 
Na segunda etapa, foi feita uma análise do conteúdo do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture, considerando a situação do trabalho no processo de colheita mecanizada da cana- de-açúcar. Dessa análise foram selecionados 39 dos 100 pontos de verificação do manual, sendo: 11 referentes à armazenagem e manuseio de materiais; 4, aos postos de trabalho e ferramentas; 7, à segurança da máquina; 7, aos veículos agrícolas; 3, ao ambiente físico; 5, às instalações de bem-estar; e, 11 relacionados à organização do trabalho e horários do trabalho. Na terceira etapa, a lista de verificação específica foi sumarizada, e foram identificadas potencialidades de trabalhos futuros. 
Na próxima seção são apresentados os pontos de verificação selecionados do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture para atender às necessidades da colheita mecanizada da cana-de-açúcar. 
5. Pontos de verificação aplicáveis à colheita mecanizada da cana-de-açúcar 
Foram selecionados trinta e nove pontos de verificação aplicáveis à situação de trabalho no contexto da colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Os pontos selecionados são apresentados de acordo com os capítulos do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture, que são os seguintes: armazenagem e manuseio de materiais; pontos de trabalho e ferramentas; segurança da máquina; veículos agrícolas; ambiente físico; instalações de bem-estar; e, organização do trabalho e horários do trabalho. 
5.1. Armazenagem e manuseio de materiais
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Neste capítulo são consolidados os pontos referentes às soluções para aperfeiçoamento dos métodos de armazenagem e manuseio de materiais. São feitas considerações a respeito das vias de transporte, da utilização multinível de prateleiras para guardar materiais em boa ordem e da aplicação de dispositivos simples de transportes de materiais. 
No que condiz a armazenagem e manuseio de materiais, dois pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 1. 
Tabela 1. Pontos de verificação relativos à armazenagem e manuseio de materiais Código Descrição 
1 
Manter as vias de transporte livres e em bom estado para o movimento de pessoas e veículos agrícolas. 
2 
Eliminar as diferenças de altura e desníveis nas rotas de transporte, e utilizar rampas ou encostas, em locais necessários. 
Fonte: composição feita pelos autores 
Na colheita mecanizada, as colhedoras e os tratores que tracionam os transbordos, devem realizar um percurso livre de obstáculos e desníveis evitando acidentes e desgaste do veículo, reduzindo o tempo de percurso, favorecendo o aumento da produtividade e reduzindo custos. 
5.2. Postos de trabalho e ferramentas 
Neste capítulo são consolidados os pontos referentes às soluções para aperfeiçoamento dos postos de trabalho e ferramentas adequadas para estes trabalhos. São feitas considerações a respeito do design dos elementos do posto de trabalho, das posturas de trabalho, ferramentas para reduzir carga e uso de sinalização adequada. 
No que condiz aos postos de trabalho e ferramentas, quatro pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 2. 
Tabela 2. Pontos de verificação relativos aos postos de trabalho e ferramentas Código Descrição 
18 
Evitar posturas de trabalho extenuantes. 
21 
Utilizar interruptores fáceis de distinguir.
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Fornecer cadeiras ou bancos estáveis, com altura correta e encostos resistentes para o trabalho sentado e para sessões ocasionais durante o trabalho em pé. 
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Utilizar etiquetas, sinais e símbolos fáceis de compreender. 
Fonte: composição feita pelos autores 
Na colheita mecanizada, o principal cargo é desenvolvido pelo operador de colhedora, sendo realizado na postura sentada, porém por períodos de tempo muito longos, dessa forma deve-se evitar posturas antiergonômicas, além de providenciar cadeiras estáveis, com encostos resistentes, de maneira que evite lesões posteriores decorrentes desse tipo de postura. Também se faz necessário a utilização de sinalização de fácil compreensão para evitar acidentes ocasionados pela falta de entendimento dos símbolos. 
5.3. Segurança da máquina 
Neste capítulo são reunidos os pontos referentes às soluções para reduzir os riscos de acidentes com máquinas. São feitas considerações a respeito de medidas práticas para garantir a utilização segura de máquinas, incluindo a utilização segura de energia elétrica. 
No que condiz a segurança da máquina, sete pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 3. 
Tabela 3. Pontos de verificação relativos à segurança da máquina Código Descrição 
29 
Comprar máquinas com a devida segurança e precaução. 
30 
Anexar proteção necessária para as peças móveis perigosas das máquinas. 
32 
As máquinas devem ser posicionadas em lugares estáveis nos campos agrícolas. 
33 
Trabalhar em grupo quando da utilização de máquinas. 
34 
Verificar a conservação das máquinas. 
39 
Proteger os controles da máquina, evitando ativação acidental. 
40 
Instalar dispositivos de emergência fáceis de localizar e operar. 
Fonte: composição feita pelos autores 
As colhedoras possuem partes móveis perigosas, tais como lâminas para o corte da cana-de- açúcar, que devem ser devidamente protegidas a fim de evitar acidentes. Além disso, as
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colhedoras devem possuir dispositivos de proteção para os controles da máquina e dispositivos de emergência próximos do operador, e fáceis de serem acionados. 
5.4. Veículos agrícolas 
Neste capítulo são reunidos os pontos referentes aos veículos agrícolas. As condições de segurança e saúde na operação destes veículos estão associadas aos aspectos ergonômicos no seu projeto, isso inclui a aquisição, projeto e certificação de veículos que proporcionem segurança no tráfego e previnam acidentes por exemplo. 
No que condiz aos veículos agrícolas, sete pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 4. 
Tabela 4. Pontos de verificação relativos a veículo agrícolas Código Descrição 
41 
Compra e utilização de veículos agrícolas adequados para o tipo de trabalho executado. 
43 
Garantir a operação segura de veículos agrícolas por obtenção e formação suficiente. 
44 
Certificar que existem rotas adequadas para veículos em movimento. 
45 
Aumentar a segurança e o conforto das cabines e assentos. 
46 
Transportar veículos com segurança. 
47 
Certificar que não haja tombamento de veículos durante o trabalho. 
48 
Providenciar boa visualização, de modo que os objetos transportados sejam facilmente vistos. 
Fonte: composição feita pelos autores 
No caso da colheita mecanizada de cana-de-açúcar são utilizados os seguintes tipos de veículos agrícolas: colhedora, que também é considerada uma máquina e o trator ou caminhão que traciona o transbordo. Deve ser feita a aquisição e utilização de modelos de colhedora adequados aos objetivos da colheita. As cabines e assentos da colhedora e do trator que traciona o transbordo devem ser seguros e possuir um design confortável. 
5.5. Ambiente Físico
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Neste capítulo são reunidos os pontos referentes ao ambiente físico, incluindo aspectos relacionados à sensação térmica, incômodos sonoros, vibrações e contatos com animais. 
No que condiz ao ambiente físico, três pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 5. 
Tabela 5. Pontos de verificação relativos ao ambiente físico Código Descrição 
52 
Evitar exposição contínua ao calor ou frio excessivo. 
53 
Aumentar a ventilação natural através de janelas e portas. 
55 
Reduzir a vibração e ruído que afetam os trabalhadores. 
Fonte: composição feita pelos autores 
Como os trabalhos em setores agrícolas exigem uma exposição maior aos efeitos da variação de clima e temperatura, os operadores de colhedoras, bem como os de tratores ou caminhões devem se proteger dessas variações, além dos efeitos gerados pelas vibrações e ruídos dos veículos. 
5.6. Instalações de bem-estar 
Neste capítulo são agrupados os pontos referentes as necessidades básicas para um trabalho saudável. Dentre esses fatores pode-se relacionar o uso de água potável no local de trabalho, fornecimento de alimentos nutritivos, utilização de instalações sanitárias e áreas para descando. 
No que condiz às instalações de bem-estar, cinco pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 6. 
Tabela 6. Pontos de verificação relativos às instalações de bem-estar Código Descrição 
73 
Proporcionar suprimento adequado de água potável em todos os locais de trabalho. 
74 
Fornecer banheiros limpos regularmente e lavatórios perto da área de trabalho. 
75 
Fornecer primeiros socorros. 
77 
Fornecer áreas de descanso perto de campos agrícolas.
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12 
80 
Manter um ambiente confortável para dormir e recuperar da fadiga. 
Fonte: composição feita pelos autores 
Como no processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar, o trabalho é realizado por tempos prolongados, fazem-se necessárias instalações sanitárias e de descanso. Além disso, deve se estabelecer uma estrutura que permita o fornecimento de suprimentos alimentícios e água potável, adequados para o bem-estar desse trabalhador. 
5.7. Organização do trabalho e horários do trabalho 
Neste capítulo são agrupados os pontos referentes a soluções para melhorar a organização e horários de trabalho. O trabalho agrícola consiste em uma grande variedade de tarefas e envolve uma série de fatores que precisam estar em conformidade com as condições de plantio, preparo, cultivo e colheita adequados. Portanto é importante organizar as tarefas com antecedência e gerenciar o trabalho em grupo nas diversas fases. 
No que condiz a organização do trabalho e horários do trabalho, onze pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 7. 
Tabela 7. Pontos de verificação relativos à organização do trabalho e horários do trabalho Código Descrição 
89 
Combinar tarefas de modo que cada trabalhador possa realizar tarefas variadas. 
90 
Discutir e registrar medidas de melhorias para evitar acidentes. 
91 
Reorganizar a disposição e a ordem das operações para garantir um bom fluxo de trabalho. 
92 
Organizar a rotação adequada de tarefas ou trabalho em equipe para evitar o ritmo excessivo de máquinas. 
93 
Evitar o trabalho contínuo e monótono. 
95 
Estabelecer um meio de contato de emergência para os agricultores que trabalham sozinhos no campo. 
96 
Certificar se existem medidas de proteção, bem-estar, e instalações adequadas para os agricultores migrantes. 
97 
Planejamento dos horários anuais, incluindo períodos de formação adequada.
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98 
Estabelecer horário normal de trabalho, entre outros. 
99 
Fazer pequenos intervalos regularmente, em particular para trabalhos extenuantes. 
100 
Assegurar a temporização regular de refeições, especialmente durante as colheitas e outros períodos de maior movimento. 
Fonte: composição feita pelos autores 
Os trabalhadores da colheita mecanizada de cana-de-açúcar realizam trabalhos repetitivos em turnos atípicos, que exigem concentração continua, com jornadas de trabalho de 8 a 12 horas, o que traz diversos problemas no que diz respeito à saúde, como alteração do ritmo circadiano, estresse, dentre outros. Para evitar esse tipo de constrangimento se faz necessário colocar em prática os pontos de verificação citados acima, para melhores condições de trabalho e saúde. 
6. Considerações finais 
Neste trabalho foi feito um estudo do instrumento Ergonomics Chekpoints in Agriculture com o propósito de selecionar pontos de verificação específicos aplicáveis à análise ergonômica do trabalho no contexto do processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Com base nessa revisão foi possível identificar um total de 39 pontos de verificação que se adequavam a situação de trabalho analisada. Os pontos de verificação identificados são associados, sobretudo, a sete capítulos do manual, quais são: armazenagem e manuseio de materiais; postos de trabalho e ferramentas; segurança da máquina; veículos agrícolas; ambiente físico; instalações de bem-estar; e, organização do trabalho e horários do trabalho. 
A seleção de pontos de verificação específicos é fundamental para a construção de um manual que possa contribuir para análise e melhoria das condições de saúde e trabalho de trabalhadores na envolvidos na colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Sabe-se que a estruturação de uma lista específica com base na teoria é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma lista adequada e ajustada a uma determinada situação de trabalho. Uma discussão sobre o conteúdo desse tipo de lista, com a participação ativa de gerentes e trabalhadores é um segundo passo para o desenvolvimento de uma lista de verificação efetiva e replicável para uma determinada situação de trabalho. 
Considerando o exposto, é sugerido como trabalho futuro a implementação dos pontos de verificação identificados em uma situação de trabalho de colheita mecanizada de cana-de-
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açúcar, com a aplicação das recomendações descritas no manual Ergonomics Chekpoints in Agriculture, associadas a cada ponto. Para realizar, posteriormente, um refino dos pontos selecionados, com o indispensável ajuste dos pontos de verificação às necessidades da situação de trabalho identificadas na prática. 
Referências 
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LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. N. Processo de trabalho e saúde: trabalho e desgaste operário. Ed. Hucitec, São Paulo, 1989. 
ROCHA, F. L. R.; MARZIALE, M. H. P. Reflexões sobre o trabalho durante o corte manual e mecanizado da cana-de-açúcar no Brasil. Saúde Coletiva em Debate, v. 1, n. 1, p. 31-39, 2011. 
SCHARF, B. Arbeitsbedingte herz: und kreislaufkrankheiten. Organiz. pelo Geschänftsführung des WSI. Düsseldorf, 1988. 
SCOPINHO, R. A.; EID, F.; VIAN, C. E. F.; SILVA, P. R. C. Novas tecnologias e saúdedo trabalhador: a mecanizaçãodo corte de cana-de-açúcar. Cad Saúde Pública, v. 15, n. 1, p. 147-161, 1999. 
SILVA, J. E. A. R.; ALVES, M. R. P. A.; COSTA, M. A. B. Planejamento de turnos de trabalho: um abordagem no setor sucroalcooleiro com uso de simulação discreta. Gestão e Produção, São Carlos, v. 18, n. 1, p.73-90, 2011.

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Análise ergonômica da colheita mecânica da cana

  • 1. SELEÇÃO DE PONTOS DE VERIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO ERGONOMICS CHECKPOINTS IN AGRICULTURE PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO NA COLHEITA MECANIZADA DA CANA- DE-AÇÚCAR Ana Lucy Rodrigues Ferreira (UFSCar ) lucyfisio@yahoo.com.br Lucelindo Dias Ferreira Junior (USP ) lucelindo.ferreira@gmail.com Francisco Jose da Costa Alves (UFSCar ) dfca@power.ufscar.br A mudança na dinâmica de trabalho no processo de colheita de cana- de-açúcar, através da crescente inserção de colhedoras mecânicas, tem submetido os trabalhadores a novas condições de trabalho, que inclui a interação com máquinas e equipameentos, ocasionando doenças ocupacionais. Para melhoria das condições de realização do trabalho de forma que esse se torne menos destrutivo das capacidades humanas, é necessária a análise ergonômica do trabalho, utilizando instrumentos que permitam a identificação de riscos provenientes da relação homem-trabalho. Este trabalho objetivou selecionar os pontos de verificação aplicáveis à situação de trabalho no contexto da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, a partir do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. Foi feita uma revisão sobre as etapas do processo de colheita mecanizada, posteriormente, a partir de análise do manual, foram selecionados e descritos os pontos mais adequáveis à situação de trabalho associada a esse processo produtivo. Como resultado foram selecionados trinta e nove pontos de verificação, que poderiam auxiliar na avaliação e implementação de melhores condições de trabalho, do ponto de vista ergonômico, na colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Palavras-chaves: Colheita mecanizada da cana-de-açúcar, Análise Ergonômica do Trabalho, Ergonomics Checkpoints in Agriculture XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
  • 2. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 2 1. Introdução Com o advento da mecanização no processo de colheita da cana-de-açúcar, houve uma mudança na situação de trabalho realizado pelo homem, o que implicou em doenças ocupacionais advindas da interação homem-máquina, tais como alteração do ritmo circadiano, devido ao trabalho em turnos, e sobrecarga na coluna vertebral, devido à posição sentada, por exemplo. Uma das formas de solucionar os problemas advindos da situação de trabalho é através do uso de instrumentos para análise ergonômica do trabalho. Especificamente para processos produtivos agrícolas e rurais, foi desenvolvido o manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture (ECA) (ILO/IEA, 2012). O manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture tem por propósito sintetizar recomendações fundamentais para avaliação e melhoria de situações de trabalho existentes do ponto de vista ergonômico, visando melhoria nas condições de segurança, saúde e eficiência na agricultura (ILO/IEA, 2012). Esse instrumento consiste em uma lista contendo cem pontos de verificação, que devem ser selecionados de acordo com cada situação de trabalho no setor agrícola, já que ele é genérico e não especifica uma cultura ou tipo de produção. O objetivo deste trabalho foi selecionar os pontos de verificação, considerando os pontos disponíveis no manual ECA, aplicáveis a situação de trabalho existente no processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar, de forma a constituir um manual com pontos de verificação e recomendações específicos. Pretende-se com isso facilitar a análise da situação de trabalho, com o propósito de melhorar as condições de trabalho e saúde do trabalhador. 2. Etapas do processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar O processo de produção da cana-de-açúcar é dividido nas seguintes etapas (BALDI, 1999): (1) preparação do solo; (2) plantio; (3) tratos culturais; e, (4) colheita. A primeira etapa consiste na preparação do solo, que se difere para os casos em que a área é nova ou área de renovação do canavial. Para o caso de área nova são realizadas as seguintes operações: (a) derrubada de árvores e arbustos, com o propósito de desmatar a vegetação preexistente; (b) corte e arrancamento dos tocos, que consiste no apodrecimento químico dos
  • 3. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 3 tocos, que são posteriormente arrancados por tratores de esteira; (c) enfileiramento, que objetiva reunir em fileiras todas as árvores e tocos derrubados, de forma a facilitar seu recolhimento para a limpeza da área; (d) limpeza e desenraizamento, que objetiva retirar qualquer obstáculo ao bom funcionamento das máquinas agrícolas remanescente no solo (BALDI, 1999). Para o caso de uma área de renovação do canavial, faz inicialmente a limpeza para eliminação do colmo da cana remanescente e a gradagem utilizando arados e grades movidos por um trator, após isso ocorrem as seguintes operações: (a) calagem, que consiste na adição de calcáreo ao solo e na realização de adubações; (b) terraceamento, que objetiva proporcionar boas condições de infiltração de água no solo, através da construção de terraço de calha ou embutidos; (c) sistematização, que objetiva nivelar os terrenos, é realizada por uma plaina niveladora; (d) subsolagem, que objetiva descompactar o solo, utilizando tratores de esteira ou de pneus para aumentar sua capacidade de penetração e armazenamento de água; e, (f) construção dos carreadores (BALDI, 1999). A segunda etapa é o plantio da cana-de-açúcar, que consiste na aplicação das mudas nos sulcos, na picação das canas inteiras, na aplicação de adubo e/ou cupinicida e na cobertura dos sulcos, que são realizadas por máquinas plantadeiras do tipo australiana (BALDI, 1999). Na terceira etapa, são feitos os tratos culturais, que podem ser de natureza física ou biológica. Os tratos físicos são constituídos pelas operações: (a) escarificação; (b) adubação; e, (c) ferti- irrigação. No caso do trato biológico, possui o objetivo de combate às ervas daninhas, pragas e moléstias em geral utilizando herbicidas, inseticidas e fungicidas, assim como aceleradores de maturação (BALDI, 1999). Na quarta etapa ocorre a colheita, que será enfocada neste trabalho. É constituída das seguintes operações: (a) corte; (b) carregamento; e, (c) transporte. Conforme ilustrado na Figura 1, a colhedora realiza o corte, a picação e a limpeza da cana sequencialmente, conduzindo-a para os transbordos. Após o carregamento dos transbordos, os tratores transportam a carga em direção ao malhador, que corresponde ao local onde ficam estacionados os caminhões. Em seguida, os tratores acionam os pistões hidráulicos, elevando a carroceria dos transbordos, realizando a transferência das cargas. Esses tratores retornam para as colhedoras, a fim de repetir o procedimento (SILVA; ALVES; COSTA, 2011). Figura 1. Sequenciamento das operações na colheita mecanizada da cana-de-açúcar
  • 4. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 4 Fonte: Silva, Alves e Costa (2011) Com a mudança da dinâmica de trabalho nos processos de colheita de cana-de-açúcar, através da crescente inserção de colhedoras mecânicas, os trabalhadores tiveram que se submeter a novas condições de trabalho, incluindo a interação com máquinas e equipamentos antes não existentes, ocasionando novos problemas ergonômicos oriundos dessa interação. Na próxima seção são apresentadas as implicações à saúde do trabalhador acarretadas pela produção mecanizada da cana-de-açúcar. 3. Saúde do trabalhador na colheita mecanizada da cana-de-açúcar Em decorrência da situação de trabalho imposta pelo uso de equipamentos e máquinas no processo de colheita da cana-de-açúcar, incidem diversas cargas de trabalho que podem prejudicar a saúde do trabalhador. De acordo com Laurell e Noriega (1989), as cargas de trabalho podem ser definidas como fatores que interagem entre si e com o corpo humano durante o trabalho, de forma a gerar processos de adaptação responsáveis pelo desgaste, classificado pela perda da capacidade psíquica e biológica de desempenhar o trabalho. Essas cargas de trabalho podem ser classificadas em seis tipos: cargas físicas; cargas químicas; cargas biológicas; cargas mecânicas; cargas fisiológicas e cargas psicológicas. Scopinho et al. (1999) categoriza as cargas de trabalho existentes no processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar, as quais são:  Cargas físicas: ruídos e vibrações provocados pelo movimento da máquina, radiação solar, umidade provocada pela chuva ou sereno;
  • 5. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 5  Cargas químicas: poeira, fuligem da cana queimada, resíduos de produtos químicos;  Cargas biológicas: contaminação bacteriológica por ingestão de água, picadas de animais peçonhentos;  Cargas mecânicas: acidentes de trajeto e acidentes provocados pelo manuseio de máquinas de pequeno e de grande porte;  Cargas fisiológicas: movimentos repetitivos, posturas incorretas, trabalho noturno e alternância de turnos;  Cargas psíquicas: atenção e concentração, ritmos intensificados, ausência de pausas regulares, subordinação aos movimentos das máquinas, monotonia e repetitividade. Em trabalhos em que há elevado grau de mecanização, Dejours (2008) observa que há um agravamento na incidência da carga psíquica, que passa a acompanhar a carga física. Scopinho et al. (1999) acrescenta que no processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar sobressaem as cargas psíquica e fisiológica. A presença dessas cargas pode ocasionar variadas disfunções na saúde do trabalhador. Considerando as etapas da colheita mecanizada da cana- de-açúcar, podem ser indicadas algumas possíveis implicações para a saúde do trabalhador, apresentadas na ordem: longas jornadas de trabalho; trabalho em turnos; uso frequente da postura sentada na interação com os equipamentos industriais; e, requisição constante de atenção e concentração para a execução do trabalho. Com relação às longas jornadas de trabalho, na qual o trabalho é intensificado pelo uso das máquinas, ocasiona o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em consequência do estresse (FRICZEWSKY et al., 1982; SCHARF, 1988). Essas longas jornadas são acompanhadas por trabalhos desenvolvidos em turnos, realizados principalmente no turno noturno. De acordo com Deppe (1990), o trabalho noturno não pode inverter o ritmo circadiano de funções fisiológicas (o trabalho dos sistemas neurodegenerativos, hormonais, cardiocirculatório e a regulação da temperatura), devido às condições sociais de vida, assim os trabalhadores são levados a recorrer às reservas de energia para satisfazer as exigências do trabalho. Isso pode ocasionar os seguintes sintomas (DEPPE, 1990): tempo reduzido de sono, em média de 4 a 6 horas diárias; irritabilidade, dor de cabeça, fadiga, intranquilidade, falta de apetite; maior presença de distúrbios do trato gastrointestinal. Relativamente à utilização da postura sentada durante longas jornadas, ela é responsável por ocasionar o desenvolvimento de cervicalgia, que é a alteração da curvatura normal da região
  • 6. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 6 lombar, pressão entre os discos intervertebrais da coluna, problemas no nervo ciático e lombalgia (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). No caso da colheita mecanizada, o trabalhador fica na postura sentada na cabine das colhedoras, onde é impedido de realizar atividades de alongamento ou extensão dos membros e tronco devido ao espaço reduzido. Essa condição proporciona além dos problemas citados, um fator de risco para o desenvolvimento de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (ROCHA; MARZIALE, 2011). Com relação à requisição constante de atenção e concentração para a execução do trabalho, ele ocorre devido ao fato da responsabilidade necessária ao lidar com máquinas caras e inter- relacionadas, bem como além de controlar a colhedora, durante o corte da cana, o operador deve permanecer olhando para frente e para o lado (onde está localizado o caminhão de transbordo), a fim de manter o sincronismo, evitar acidentes e observar o painel da máquina. Esses fatores propiciam o surgimento de distúrbios psicológicos, dentre eles cansaço mental e tensão, que podem causar acidentes de trabalho, representados principalmente por tombamentos e colisões (ROCHA; MARZIALE, 2011). Assim, os trabalhadores sofrem muitas implicações decorrentes da forma como o trabalho é realizado. Scopinho et al. (1999), por exemplo, refere que as mudanças tecnológicas não têm realizado o feito de melhorar substancialmente as condições de vida e de trabalho dos assalariados rurais canavieiros. De um modo geral, pode-se perceber através da afirmação de Bundesinstitut für Berufsbildung (1987), que a situação de trabalho imposta pela utilização das tecnologias modernas como responsável pelo aumento dos prejuízos em detrimento das melhorias, continua uma verdade para muitos casos. Uma das formas de melhorar as condições de saúde e trabalho do trabalhador é aplicando instrumentos para análise e melhoria do trabalho, como é o caso do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. Como esse manual é genérico, deve ser feita uma seleção dos pontos de verificação mais adequados à determinada situação. De acordo com ILO/IEA (2012), devem ser selecionados, em torno de, 30 a 50 pontos de verificação, no processo de projetar uma lista de verificação adaptada à uma determinada situação de trabalho. Objetivando construir essa lista específica, para o caso da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, procedeu-se de acordo com as etapas descritas na seção seguinte.
  • 7. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 7 4. Etapas da pesquisa Este trabalho pode ser dividido em três principais etapas: revisão bibliográfica; análise de conteúdo; e, síntese dos resultados. Na primeira etapa foram revisados os temas seminais que envolvem este trabalho. Inicialmente, foram estudados trabalhos descritivos do processo de produção mecanizada da cana-de-açúcar. Em seguida, foram estudados trabalhos que referiam aspectos relacionados à saúde do trabalhador no processo de produção mecanizado da cana-de-açúcar. Ademais, foi feito um estudo do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture. Na segunda etapa, foi feita uma análise do conteúdo do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture, considerando a situação do trabalho no processo de colheita mecanizada da cana- de-açúcar. Dessa análise foram selecionados 39 dos 100 pontos de verificação do manual, sendo: 11 referentes à armazenagem e manuseio de materiais; 4, aos postos de trabalho e ferramentas; 7, à segurança da máquina; 7, aos veículos agrícolas; 3, ao ambiente físico; 5, às instalações de bem-estar; e, 11 relacionados à organização do trabalho e horários do trabalho. Na terceira etapa, a lista de verificação específica foi sumarizada, e foram identificadas potencialidades de trabalhos futuros. Na próxima seção são apresentados os pontos de verificação selecionados do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture para atender às necessidades da colheita mecanizada da cana-de-açúcar. 5. Pontos de verificação aplicáveis à colheita mecanizada da cana-de-açúcar Foram selecionados trinta e nove pontos de verificação aplicáveis à situação de trabalho no contexto da colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Os pontos selecionados são apresentados de acordo com os capítulos do manual Ergonomics Checkpoints in Agriculture, que são os seguintes: armazenagem e manuseio de materiais; pontos de trabalho e ferramentas; segurança da máquina; veículos agrícolas; ambiente físico; instalações de bem-estar; e, organização do trabalho e horários do trabalho. 5.1. Armazenagem e manuseio de materiais
  • 8. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 8 Neste capítulo são consolidados os pontos referentes às soluções para aperfeiçoamento dos métodos de armazenagem e manuseio de materiais. São feitas considerações a respeito das vias de transporte, da utilização multinível de prateleiras para guardar materiais em boa ordem e da aplicação de dispositivos simples de transportes de materiais. No que condiz a armazenagem e manuseio de materiais, dois pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 1. Tabela 1. Pontos de verificação relativos à armazenagem e manuseio de materiais Código Descrição 1 Manter as vias de transporte livres e em bom estado para o movimento de pessoas e veículos agrícolas. 2 Eliminar as diferenças de altura e desníveis nas rotas de transporte, e utilizar rampas ou encostas, em locais necessários. Fonte: composição feita pelos autores Na colheita mecanizada, as colhedoras e os tratores que tracionam os transbordos, devem realizar um percurso livre de obstáculos e desníveis evitando acidentes e desgaste do veículo, reduzindo o tempo de percurso, favorecendo o aumento da produtividade e reduzindo custos. 5.2. Postos de trabalho e ferramentas Neste capítulo são consolidados os pontos referentes às soluções para aperfeiçoamento dos postos de trabalho e ferramentas adequadas para estes trabalhos. São feitas considerações a respeito do design dos elementos do posto de trabalho, das posturas de trabalho, ferramentas para reduzir carga e uso de sinalização adequada. No que condiz aos postos de trabalho e ferramentas, quatro pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 2. Tabela 2. Pontos de verificação relativos aos postos de trabalho e ferramentas Código Descrição 18 Evitar posturas de trabalho extenuantes. 21 Utilizar interruptores fáceis de distinguir.
  • 9. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 9 23 Fornecer cadeiras ou bancos estáveis, com altura correta e encostos resistentes para o trabalho sentado e para sessões ocasionais durante o trabalho em pé. 26 Utilizar etiquetas, sinais e símbolos fáceis de compreender. Fonte: composição feita pelos autores Na colheita mecanizada, o principal cargo é desenvolvido pelo operador de colhedora, sendo realizado na postura sentada, porém por períodos de tempo muito longos, dessa forma deve-se evitar posturas antiergonômicas, além de providenciar cadeiras estáveis, com encostos resistentes, de maneira que evite lesões posteriores decorrentes desse tipo de postura. Também se faz necessário a utilização de sinalização de fácil compreensão para evitar acidentes ocasionados pela falta de entendimento dos símbolos. 5.3. Segurança da máquina Neste capítulo são reunidos os pontos referentes às soluções para reduzir os riscos de acidentes com máquinas. São feitas considerações a respeito de medidas práticas para garantir a utilização segura de máquinas, incluindo a utilização segura de energia elétrica. No que condiz a segurança da máquina, sete pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 3. Tabela 3. Pontos de verificação relativos à segurança da máquina Código Descrição 29 Comprar máquinas com a devida segurança e precaução. 30 Anexar proteção necessária para as peças móveis perigosas das máquinas. 32 As máquinas devem ser posicionadas em lugares estáveis nos campos agrícolas. 33 Trabalhar em grupo quando da utilização de máquinas. 34 Verificar a conservação das máquinas. 39 Proteger os controles da máquina, evitando ativação acidental. 40 Instalar dispositivos de emergência fáceis de localizar e operar. Fonte: composição feita pelos autores As colhedoras possuem partes móveis perigosas, tais como lâminas para o corte da cana-de- açúcar, que devem ser devidamente protegidas a fim de evitar acidentes. Além disso, as
  • 10. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 10 colhedoras devem possuir dispositivos de proteção para os controles da máquina e dispositivos de emergência próximos do operador, e fáceis de serem acionados. 5.4. Veículos agrícolas Neste capítulo são reunidos os pontos referentes aos veículos agrícolas. As condições de segurança e saúde na operação destes veículos estão associadas aos aspectos ergonômicos no seu projeto, isso inclui a aquisição, projeto e certificação de veículos que proporcionem segurança no tráfego e previnam acidentes por exemplo. No que condiz aos veículos agrícolas, sete pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 4. Tabela 4. Pontos de verificação relativos a veículo agrícolas Código Descrição 41 Compra e utilização de veículos agrícolas adequados para o tipo de trabalho executado. 43 Garantir a operação segura de veículos agrícolas por obtenção e formação suficiente. 44 Certificar que existem rotas adequadas para veículos em movimento. 45 Aumentar a segurança e o conforto das cabines e assentos. 46 Transportar veículos com segurança. 47 Certificar que não haja tombamento de veículos durante o trabalho. 48 Providenciar boa visualização, de modo que os objetos transportados sejam facilmente vistos. Fonte: composição feita pelos autores No caso da colheita mecanizada de cana-de-açúcar são utilizados os seguintes tipos de veículos agrícolas: colhedora, que também é considerada uma máquina e o trator ou caminhão que traciona o transbordo. Deve ser feita a aquisição e utilização de modelos de colhedora adequados aos objetivos da colheita. As cabines e assentos da colhedora e do trator que traciona o transbordo devem ser seguros e possuir um design confortável. 5.5. Ambiente Físico
  • 11. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 11 Neste capítulo são reunidos os pontos referentes ao ambiente físico, incluindo aspectos relacionados à sensação térmica, incômodos sonoros, vibrações e contatos com animais. No que condiz ao ambiente físico, três pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 5. Tabela 5. Pontos de verificação relativos ao ambiente físico Código Descrição 52 Evitar exposição contínua ao calor ou frio excessivo. 53 Aumentar a ventilação natural através de janelas e portas. 55 Reduzir a vibração e ruído que afetam os trabalhadores. Fonte: composição feita pelos autores Como os trabalhos em setores agrícolas exigem uma exposição maior aos efeitos da variação de clima e temperatura, os operadores de colhedoras, bem como os de tratores ou caminhões devem se proteger dessas variações, além dos efeitos gerados pelas vibrações e ruídos dos veículos. 5.6. Instalações de bem-estar Neste capítulo são agrupados os pontos referentes as necessidades básicas para um trabalho saudável. Dentre esses fatores pode-se relacionar o uso de água potável no local de trabalho, fornecimento de alimentos nutritivos, utilização de instalações sanitárias e áreas para descando. No que condiz às instalações de bem-estar, cinco pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 6. Tabela 6. Pontos de verificação relativos às instalações de bem-estar Código Descrição 73 Proporcionar suprimento adequado de água potável em todos os locais de trabalho. 74 Fornecer banheiros limpos regularmente e lavatórios perto da área de trabalho. 75 Fornecer primeiros socorros. 77 Fornecer áreas de descanso perto de campos agrícolas.
  • 12. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 12 80 Manter um ambiente confortável para dormir e recuperar da fadiga. Fonte: composição feita pelos autores Como no processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar, o trabalho é realizado por tempos prolongados, fazem-se necessárias instalações sanitárias e de descanso. Além disso, deve se estabelecer uma estrutura que permita o fornecimento de suprimentos alimentícios e água potável, adequados para o bem-estar desse trabalhador. 5.7. Organização do trabalho e horários do trabalho Neste capítulo são agrupados os pontos referentes a soluções para melhorar a organização e horários de trabalho. O trabalho agrícola consiste em uma grande variedade de tarefas e envolve uma série de fatores que precisam estar em conformidade com as condições de plantio, preparo, cultivo e colheita adequados. Portanto é importante organizar as tarefas com antecedência e gerenciar o trabalho em grupo nas diversas fases. No que condiz a organização do trabalho e horários do trabalho, onze pontos são aplicáveis ao contexto de trabalho estudado, como mostrado na Tabela 7. Tabela 7. Pontos de verificação relativos à organização do trabalho e horários do trabalho Código Descrição 89 Combinar tarefas de modo que cada trabalhador possa realizar tarefas variadas. 90 Discutir e registrar medidas de melhorias para evitar acidentes. 91 Reorganizar a disposição e a ordem das operações para garantir um bom fluxo de trabalho. 92 Organizar a rotação adequada de tarefas ou trabalho em equipe para evitar o ritmo excessivo de máquinas. 93 Evitar o trabalho contínuo e monótono. 95 Estabelecer um meio de contato de emergência para os agricultores que trabalham sozinhos no campo. 96 Certificar se existem medidas de proteção, bem-estar, e instalações adequadas para os agricultores migrantes. 97 Planejamento dos horários anuais, incluindo períodos de formação adequada.
  • 13. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 13 98 Estabelecer horário normal de trabalho, entre outros. 99 Fazer pequenos intervalos regularmente, em particular para trabalhos extenuantes. 100 Assegurar a temporização regular de refeições, especialmente durante as colheitas e outros períodos de maior movimento. Fonte: composição feita pelos autores Os trabalhadores da colheita mecanizada de cana-de-açúcar realizam trabalhos repetitivos em turnos atípicos, que exigem concentração continua, com jornadas de trabalho de 8 a 12 horas, o que traz diversos problemas no que diz respeito à saúde, como alteração do ritmo circadiano, estresse, dentre outros. Para evitar esse tipo de constrangimento se faz necessário colocar em prática os pontos de verificação citados acima, para melhores condições de trabalho e saúde. 6. Considerações finais Neste trabalho foi feito um estudo do instrumento Ergonomics Chekpoints in Agriculture com o propósito de selecionar pontos de verificação específicos aplicáveis à análise ergonômica do trabalho no contexto do processo de colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Com base nessa revisão foi possível identificar um total de 39 pontos de verificação que se adequavam a situação de trabalho analisada. Os pontos de verificação identificados são associados, sobretudo, a sete capítulos do manual, quais são: armazenagem e manuseio de materiais; postos de trabalho e ferramentas; segurança da máquina; veículos agrícolas; ambiente físico; instalações de bem-estar; e, organização do trabalho e horários do trabalho. A seleção de pontos de verificação específicos é fundamental para a construção de um manual que possa contribuir para análise e melhoria das condições de saúde e trabalho de trabalhadores na envolvidos na colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Sabe-se que a estruturação de uma lista específica com base na teoria é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma lista adequada e ajustada a uma determinada situação de trabalho. Uma discussão sobre o conteúdo desse tipo de lista, com a participação ativa de gerentes e trabalhadores é um segundo passo para o desenvolvimento de uma lista de verificação efetiva e replicável para uma determinada situação de trabalho. Considerando o exposto, é sugerido como trabalho futuro a implementação dos pontos de verificação identificados em uma situação de trabalho de colheita mecanizada de cana-de-
  • 14. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 14 açúcar, com a aplicação das recomendações descritas no manual Ergonomics Chekpoints in Agriculture, associadas a cada ponto. Para realizar, posteriormente, um refino dos pontos selecionados, com o indispensável ajuste dos pontos de verificação às necessidades da situação de trabalho identificadas na prática. Referências BALDI, D. L. A modernização da agricultura e a infortunística do trabalho rural: o caso da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto. 1999, (Dissertação de Mestrado), Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1999. BUNDESINSTITUT FÜR BERUFSBILDUNG, Institut für arbeistsmarkt und berufsforschung der bundesanstalt für arbeit (BIBB/IAB) (Organiz.). Neuen technologien: verbreitungsgrad, qualification und arbeitsbedingungen, analise aus der BIBB/IAB – Erhebung 1985/1986, Reihe Beitr AB IAB, Nürnberg, 1987. DEJOURS, C. Avaliação do trabalho submetida à prova real: crítica aos fundamentos da avaliação. Ed. Blucher, São Paulo, 2008. DEPPE, H. U. Novas técnicas, medicina do trabalho e saúde. Cad. Saúde Pública, v.6, n. 4, p. 422-443, 1990. FRICZEWSKY, F.; MASSCHEWSKY, W.; NASCHOLD, P.; WOTSCHAK, W.; WOTSCHAK, W. (organiz.). Arbeitsbelastung und krankheit bei industriearbeitern. Frankfurt, 1982. ILO/IEA. Ergonomic Checkpoints in Agriculture: practical and easy-to-implement solutions for improving safety, Health and Working Conditions in Agriculture. Geneva: International Labour Office, 2012. KROEMER, K. H. L.; GRADJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. N. Processo de trabalho e saúde: trabalho e desgaste operário. Ed. Hucitec, São Paulo, 1989. ROCHA, F. L. R.; MARZIALE, M. H. P. Reflexões sobre o trabalho durante o corte manual e mecanizado da cana-de-açúcar no Brasil. Saúde Coletiva em Debate, v. 1, n. 1, p. 31-39, 2011. SCHARF, B. Arbeitsbedingte herz: und kreislaufkrankheiten. Organiz. pelo Geschänftsführung des WSI. Düsseldorf, 1988. SCOPINHO, R. A.; EID, F.; VIAN, C. E. F.; SILVA, P. R. C. Novas tecnologias e saúdedo trabalhador: a mecanizaçãodo corte de cana-de-açúcar. Cad Saúde Pública, v. 15, n. 1, p. 147-161, 1999. SILVA, J. E. A. R.; ALVES, M. R. P. A.; COSTA, M. A. B. Planejamento de turnos de trabalho: um abordagem no setor sucroalcooleiro com uso de simulação discreta. Gestão e Produção, São Carlos, v. 18, n. 1, p.73-90, 2011.