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MODULO 10 – HISTORIA
Um começo de conversa: História e cotidiano
Os estudos sobre o cotidiano mudam o foco da história das narrativas dos grandes heróis e seus feitos para o
das narrativas que envolvem os gestos do dia a dia, que contam como os homens e as mulheres viviam e
criavam situações de convivência para enfrentar as dificuldades diárias.
Outros estudos orientam-se para os campos da cultura e tentam compreender como padrões, ideias e ideais
influenciam as pessoas, são criados, ressignificados e alterados pelos vários grupos das sociedades que os
gestaram.
Reconstituir as formas de amar de uma época, os modos como as sociedades lidavam com a natureza, os
padrões de beleza de uma civilização e quaisquer outros temas desses estudos que se voltam para o
cotidiano, são os objetivos deste módulo, como veremos mais adiante.
Boa viagem pela história do cotidiano!
Estudos sobre o cotidiano
E então, a pergunta da Aline também pegou você?
Se pegou, legal! Se não, vamos ver outra maneira de
mostrar a importância e a oportunidade de trabalhar os
temas do dia a dia das pessoas nas aulas de História.
Estudo sobre o cotidiano
Os estudos sobre o cotidiano mudam o foco da história das narrativas dos grandes heróis e seus feitos para o
das narrativas que envolvem os gestos do dia a dia, que contam como os homens e as mulheres viviam e
criavam situações de convivência para enfrentar as dificuldades diárias.
Alguns desses estudos preocupam-se com a produção necessária à sobrevivência, propondo pesquisas sobre
formas alternativas de se garantir a subsistência ou sobre os modos com que certas opções cooperativas e
certas estruturas de solidariedade se manifestam entre os grupos populares.
Outros estudos orientam-se para os campos da cultura e tentam compreender como padrões, ideias e ideais
influenciam as pessoas, são criados, ressignificados e alterados pelos vários grupos das sociedades que os
gestaram. As relações tensas entre indivíduo e sociedade ficam evidentes nos estudos sobre as
representações sociais e sobre os embates de visões de mundo de grupos diferentes.
Proposta de leitura
A cultura material ultrapassa os limites estritos da Arqueologia e passamos a nos indagar sobre o que os
objetos banais do cotidiano nos contam sobre a circulação de mercadorias e ideias. Pesquisas sobre objetos
de adorno e decoração investigam as relações de poder entre as classes sociais e, também, entre as pessoas
de uma mesma classe. Traços de distinção são importantes para o estabelecimento de certas relações diárias.
Reconstituir as formas de amar de uma época, os modos como as sociedades lidavam com a natureza, os
padrões de beleza de uma civilização e quaisquer outros temas desses estudos que se voltam para o cotidiano
não se desprende também de uma preocupação mais ampla com as estruturas maiores das sociedades e das
economias, do Estado e do poder.
A História e os estudos do cotidiano
A vida cotidiana é a vida do homem inteiro. (Agnes Heller, 1992).
E, assim, os estudos históricos do cotidiano buscam cada pessoa em sua
inteireza. Mostrando suas particularidades, em seus encaminhamentos da
vida diária, e seus aspectos genéricos, em suas estruturas maiores e em suas
circunstâncias sociais.
Alienação e não alienação se embaralham na cotidianidade de cada um.
Estudar o que é regra ou entender o que lhe foge são também as
necessidades e as opções de cada pesquisador que pode confirmar o poder
opressivo de determinadas estruturas de continuidade ou revelar as
possibilidades dos arranjos desviantes. A História avança em continuidade
com elementos discretos, e por vezes imperceptíveis, da dinâmica
cotidiana.
Agnes Heller
Clique aqui para conhecer um pouco desses teóricos do cotidiano.
A História e os estudos do cotidiano – Norberto Guarinello
Nossa capacidade de mudar a realidade é variável. Pequenas decisões podem mudar o curso de vidas
individuais. Grandes transformações dependem de ações públicas, coletivas, que são o somatório de ações
individuais, coordenadas ou não. O cotidiano é um bom ângulo para pensarmos a eficácia da ação humana e
suas modalidades, da individual à coletiva, da organizada à aleatória, da desejada à involuntária, da
consciente à intuitiva.
Dessa maneira, o historiador Norberto Guarinello elabora sua discussão sobre o cotidiano e a
História, em um texto que analisa e desafia várias propostas teóricas sobre o tema. Para fazer
a leitura do texto, clique no ícone à direita.
A História e os estudos do cotidiano – Maria Odila Dias
Como eram as mulheres do século XIX?
Mães submissas que baixavam olhos perante o poder masculino do
pai, do marido, do policial ou do prefeito?
A estereotipada e virginal senhorita casadoira que aguarda o amado
nos balcões e suas janelas?
Leia, a seguir, o trabalho de Maria Odila Leite da Silva, em que ela
investiga o dia a dia das mulheres pobres na São Paulo do século XIX. O
trabalho às margens do sistema, os arranjos de solidariedade, os cantos e
as canções de resistência são analisados no contexto de uma São Paulo em
seu processo de urbanização e modernização.
Clique no ícone ao lado para ler o texto de Maria Odila.
Retomando aquela história
Já vimos como os historiadores profissionais lidam com o cotidiano na História.
O cotidiano permitiu a incorporação de novos temas e de novas abordagens, ampliando as possibilidades de
entendermos as várias sociedades em seus tempos.
A professora Circe Bittencourt faz uma correta advertência:
A associação entre o cotidiano e a história de vida dos alunos possibilita contextualizar essa vivência em
uma vida em sociedade e articular a história individual a uma história coletiva. Uma articulação dessa
natureza requer uma concepção de cotidiano que não se apresente como mera motivação para o estudo do
passado, selecionando as experiências amorosas de reis e rainhas ou o dia a dia de pessoas comuns ou
famosas pautados por meras descrições curiosas e desligadas do contexto social da existência desses
indivíduos. (BITTENCOURT, 2004, p.165.)
Tendo em mente essa preocupação, propomos algumas atividades didáticas, Para acessá-las, clique nos links
a seguir:
Cada um dos itens contém uma ou mais sugestões de atividades que abrem trilhas para outros
conhecimentos. Você deve fazer todas as atividades propostas, mas pode escolher a ordem em que quer
estudar. Depois de ter passado por todos os itens, clique em Avançar no módulo!
Corpo e beleza
Em determinado momento do primeiro vídeo deste módulo,
Flávio se indaga se a padronagem dos manequins vendidos na
rua São Caetano corresponde à beleza que ele pode ver, no dia
a dia, nas mulheres que estão a sua volta. Dito de outra
maneira, será que os manequins refletem as mulheres reais?
Será que os manequins não refletem uma beleza idealizada?
Colocando-nos no lugar de Janaína e Aline, será que elas se
sentem refletidas nos manequins? Será que elas se sentem
confortáveis em comparação a essa beleza padrão?
Os manequins, que a toda hora vemos nas lojas dos shoppings ou das ruas de comércio nas cidades paulistas,
ao servirem de cabide para exporem as roupas a serem vendidas, tornam-se também portadores de um
determinado padrão de corpo que deve sustentar aquelas roupas – um padrão de corpo desejável na
circulação de mercadorias e produtos que movimentam a economia, e também na circulação de ideias e
símbolos que nos ajudam a significar nossas experiências.
A elaboração de representações sociais sobre a beleza está associada também à disponibilidade e à oferta de
imagens que chegam até nós. Tanto os padrões de beleza quanto a disponibilidade e a oferta de imagens são
geradores e, ao mesmo tempo, são gerados por momentos históricos específicos em que diferentes culturas,
de diferentes grupos sociais, se enfrentam, buscando se firmar como socialmente relevantes e como
agregadoras de distinção.
Odaliscas
Observe as reproduções de duas pinturas. Vamos tentar descobrir, como se fôssemos alunos do Ensino
Médio, qual dessas pinturas é a mais antiga.
1 - Ethereal Serenade, de Maya Gohill
2 - Olympia, de Manet
Leia o que pede o exercício e redija sua resposta no espaço indicado. Quando terminar, clique em Ver
resposta para visualizar nossos comentários.
Odaliscas – análise
A escolha dessas duas imagens não foi aleatória. Como você pode perceber, há um trabalho interessante de
contextualização que podemos fazer com elas. A presença do aparelho de som encaminha algumas
possibilidades que se completam com as características contemporâneas da imagem 2 e que se contrapõem
às características modernas da imagem 1.
Se isso já é um trabalho interessante, pode-se enriquecê-lo com uma discussão sobre o modelo de beleza de
cada época – e aí voltamos ao primeiro vídeo do módulo. Tanto o nu de Manet quanto o nu de Maya Gohill
inserem-se como possíveis de cada época: Manet liberando as mulheres reais e comuns para comporem seus
quadros; Gohill expressando a força e a beleza física da mulher.
Essa historicidade do corpo da mulher – proibido; exibido; mais musculoso; angelical como o das virgens ou
pecaminoso como o das prostitutas; branco se esquivando do sol; forte ou fraco; esguio ou grávido – pode
nos apontar maneiras de entendermos a forte pressão que as mulheres sofrem hoje com o predomínio das
imagens de um corpo saudável e eficiente.
O corpo feminino na Idade Média
Clique aqui e leia o texto “A beleza feminina entre Eva e Maria”.
Esse texto historiográfico relativamente curto pode ser trabalhado com os
alunos mais adiantados dos últimos anos do Ensino Fundamental ou do
Ensino Médio.
Podemos realizar exercícios de localização de informações no texto, de
compreensão de alguns conceitos, e até podemos propor alguma análise do
texto.
Quais são as representações sagrada e profana da
mulher?
Por que Eva e Maria se contrapõem?
Por que a religião está tão presente?
Qual a intenção dos autores ao apresentar dessas maneiras o corpo da mulher?
Estas perguntas podem ser seguidas por uma investigação interessante, que será abordada em nosso Fórum.
Comidas e bebidas
Em nosso dia a dia, a comida e o ato de comer são com certeza os que nos
dão mais prazer. A maneira e o que comemos conta muito sobre a sociedade
em que vivemos e sobre quem somos. O feijão nosso de cada dia nos faz
mais brasileiros ou mais tropeiros? O arroz nos faz mais japoneses ou
indianos? O açaí é tipicamente brasileiro? Mas de que Brasil? E a mandioca?
É uma herança dos indígenas ou foi introduzida por portugueses? Nessas
indagações, a gostosa comida vai virando tema das aulas de História. E você,
conhece bem o que come?
Loteria de comidas
Você se lembra da velha loteria esportiva? Na coluna da esquerda, há nomes de alimentos – frutas ou
legumes. Na coluna seguinte e na última, há os nomes de países ou regiões.
Em cada linha, clique no campo ao lado do nome do país que considera ser o originário do alimento
indicado na primeira coluna. Caso considere que nenhum dos dois é o país de origem do alimento ou que o
alimento é originário dos dois países, clique na coluna do meio. Quando terminar, clique em Conferir e veja
nossos Comentários.
Atividades para as séries iniciais do Ensino Fundamental II
Acertou bastante na loteria? Agora, perguntamos: Como
encaminhar uma atividade mais consistente sobre as curiosas
origens da jaca e da manga?
Para trabalhar com os alunos de 11 ou 12 anos, podemos, dando
sequência à atividade da loteria, pedir que os alunos,
consultando um atlas ou um mapa-múndi, localizem num mapa
mudo as regiões de origem das plantas citadas. Se quiser,
acrescente outras plantas e faça uma pesquisa com os alunos
para descobrir as origens delas.
Os alunos podem fazer buscas pela internet e, durante a pesquisa, podemos orientá-los
sobre os sites que contêm informações mais seguras, como os de grupos de pesquisas de
universidades ou de centros de referência (por exemplo, o da Embrapa ou o do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), www.iac.sp.gov.br , o qual traz a informação de que a
figueira é uma planta originária da região arábica mediterrânea).
Clique no ícone à esquerda para ver um modelo de trabalho com o mapa mudo.
Atividades para o Ensino Médio
Para trabalhar com os adolescentes de 15 a 17 anos,
podemos, dando sequência à atividade da loteria, pedir para
que os alunos, tendo como suporte o mapa mudo e podendo
consultar um atlas ou um mapa-múndi, elaborem uma
representação que informe sobre as origens de determinadas
plantas e sobre sua atual distribuição geográfica. Por
exemplo: eles podem indicar a América do Sul como origem
das seringueiras e mostrar que as principais lavouras em
quantidade de látex produzida por ano estão no Sudeste
Asiático, em países como Tailândia e Indonésia. Se quisermos ficar nos alimentos, podemos falar da batata
que, originária do Peru, expandiu sua área de produção pelo mundo, sendo atualmente plantada
intensivamente até em países asiáticos como a China.
Clique aqui e leia um texto interessante sobre as mudanças de padrões alimentares no interior paulista na
virada do século XIX para o XX. Esse texto propõe algumas considerações interessantes que justificam uma
pesquisa maior sobre hábitos e costumes relacionados àquilo que comemos, e sobre os significados dessa
ação tão corriqueira, mas plena de simbologias e rituais.
Baú de histórias:
Excerto de Eric J. Hobsbawm
O historiador britânico Eric J. Hobsbawm não desenvolveu
sua obra voltada para o que chamamos de História do
Cotidiano, mas, em muitos dos seus escritos, notamos uma
preocupação em contar as experiências de pessoas comuns e
em interligar essas histórias do dia a dia com os grandes
dramas e as grandes estruturas da época.
Em um clique , leia um excerto de livro Era dos extremos e
responda à questão discursiva a seguir!
Futebol – textos
É ano de Copa! O hexa do Brasil não veio, mas mesmo assim vale a pena
estudar um pouco o futebol.
Como outros esportes, o futebol simula situações de conflitos em um palco
onde a violência fica controlada, criando uma certa inteligibilidade para o
mundo. De outra maneira, o futebol é espelho do mundo, reelaborando
metaforicamente o contexto de cada época.
Vamos ver como o historiador Hilário Franco Júnior indica possibilidades
de se relacionar o futebol com a Europa de meados do século passado, na
introdução de um capítulo de sua obra A dança dos deuses: futebol, sociedade, cultura.
O capítulo sugestivamente intitulado “Síntese da Europa dividida e integrada” está disponível aqui .
E então, está empolgado com o que o professor escreveu para a
Europa dessas últimas seis décadas? Vamos ver se aumentamos essa
empolgação com outro trecho do livro que trabalha com o Brasil
desigual e combinado em relação ao futebol, clicando aqui .
Com essas leituras e já sonhando com 2014, vamos pensar como
utilizar o futebol em sala de aula?
E se começarmos tentando responder à questão discursiva? Clique em
Avançar e, depois de enviada a resposta, clique em Voltar.
Pensada e respondida a questão de que “nacionalismo brasileiro
sempre calçou chuteiras”, podemos avançar na discussão do futebol para
além da identificação dos países com quem o Brasil jogou, localizando-os em um mapa e mostrando um
pouco de suas culturas.
O “para além” pode significar uma discussão mais estruturada e consistente sobre a relação entre o nobre
esporte bretão e as passagens importantes da História do Brasil e do mundo.
Música e Rádio – Música Amanhecendo
Já falamos sobre futebol e, por isso, gostaríamos de terminar os “Retomando aquela história” deste módulo
utilizando uma documentação que não foi discutida no Módulo 9.
Ouça a canção Amanhecendo, clicando no “play” do tocador abaixo.
Reconheceram a música? Além de ser o tema de um importante noticiário do rádio paulista
e brasileiro, essa composição, em que se associam música e letra (essa associação é
chamada de canção), acaba por ajudar a forjar uma imagem de São Paulo que fixa um
determinado cotidiano como uma identidade da cidade e do Estado.
Amanhecendo
Começou um novo dia
Já volta quem ia,
O tempo é de chegar,
De Metrô chego primeiro,
Se tempo é dinheiro,
Melhor vou faturar.
Sempre ligeiro na rua,
Como quem sabe o que quer,
Vai o paulista na sua,
Para o que der e vier.
A cidade não desperta,
Apenas acerta,
A sua posição,
Porque tudo se repete,
São sete, e às sete,
Explode em multidão.
Portas de aço se levantam !
Todos parecem correr !
Não correm "de" correm
"para"
Para São Paulo crescer !
A cidade não desperta,
Apenas acerta,
A sua posição,
Porque tudo se repete,
São sete, e às sete,
Explode em multidão.
Portas de aço se levantam !
Todos parecem correr !
Não correm "de" correm
"para"
Para São Paulo crescer !...
Música e Rádio – Letra música Amanhecendo
Tendo como base a letra da canção, sugerimos a seguinte atividade para ser feita com os alunos. Preste
atenção no trecho da Amanhecendo selecionado da canção que ouvimos (letra aqui) e descubra quando foi
feita a canção. Tente imaginar aproximadamente quando foi.
Se você conhece a composição de Billy Blanco e um pouco da
história de como foi feita, sabe que a finalização da obra foi em
1974 e que o compositor levou dez anos para criá-la. Sabendo que
essa é uma canção dos anos 1970, o que sua letra nos conta dessa
época? Como a música traduz São Paulo? Como era a cidade de
São Paulo? Como viviam os paulistanos? O que impulsionava essa
cidade?
Algumas respostas saem diretamente da música, outras precisam
de pesquisa. Quem nasceu ou vive na cidade de São Paulo pode
pedir para as pessoas que viveram essa época narrarem
experiências que comprovem ou não se a capital paulistana de 30
anos atrás já era uma cidade apressada.
1. A visão
braudelian
a sobre o
cotidiano:
Encara-o como um produto do capitalismo, como um espaço de alienação, de repetição, de
imposição brutal das estruturas da vida sobre indivíduos inconscientes e incapazes de reagir
e alterar seu mundo.
Apontava para o discurso místico, a possessão, a bruxaria, como exemplos dos arts de faire,
como invenções cotidianas que marcam o jogo das relações com a ordem e dos indivíduos
entre si.
Considera "o mundo das objetivações", dentro do qual se dão as ações cotidianas: a
linguagem, o sistema de hábitos e o uso dos objetos e que representam o espaço de
socialização dos homens, sobre o qual se acumula a cultura humana.
Enfatiza-o como espaço de interações humanas concretas, a partir de estratégias individuais
de adoção e negociações de papéis sociais, predeterminados por uma instância estrutural
que assume, na maior parte das vezes, o caráter de uma organização.
Mantém a separação clássica entre tempo do cotidiano (e da vida) e tempo do
acontecimento (e da história) reproduzindo, no fundo, a tradicional distinção entre
acontecimento histórico, prenhe de significado, e vida comum, repetitiva e estéril.
2. “As mulheres pobres no processo incipiente de urbanização de São Paulo, socialmente desqualificadas,
pertencem ao domínio dos espaços e papéis informais, improvisados, sintomas de necessidades novas e de
mudanças estruturais. Não admira que tivessem ficado esquecidas nas fontes oficiais, que registravam de
preferência papéis prescritos e valores normativos, próprios do sistema de controle e manutenção da ordem
social estabelecida.” Sobre esse excerto, retirado do texto Quotidiano e poder, de Maria Odila Leite da Silva
Dias, não podemos afirmar que:
Excluídas da cultura letrada da época, as mulheres pobres desenvolveram uma série de relatos orais,
de cantos e orações, de técnicas mnemônicas para guardar suas histórias e estreitar laços de
solidariedade.
A escassez de registros oficiais sobre as mulheres pobres, de certa maneira, confirma a preocupação
normativa desses documentos.
Leis, valores e ensinamentos, envolvidos nos sistemas ideológicos e moralistas que prescrevem o que
deve ser, assuntos privilegiados nas coletâneas de documentos oficiais não expressam a riqueza e a
variação das relações sociais.
A autora, concordando com historiadores da estabilidade e da conservação, entende que os papéis
informais são apenas resultados indesejáveis, não mais do que patologias do sistema estabelecido.
A autora, ao aproximar o cotidiano das mulheres pobres do surgimento de novas necessidades e das
mudanças estruturais em processo, desvincula a análise histórica de um perfil moralista associado à
manutenção do status quo.
3. Sobre o trabalho com a letra e a música da canção Amanhecendo, parte da Sinfonia Paulistana, não podemos
afirmar que:
A música com sons não propriamente orquestrais e arranjo sofisticado realça um efeito de
cotidianidade presente na letra e, juntas, letra e música ajudam a moldar uma identidade veloz, urgente
e algo desumanizada para a cidade.
A obra Sinfonia Paulistana, do compositor Billy Blanco, faz parte de um conjunto de obras que versam
sobre a cidade de São Paulo, tentando expressá-la em verso e música; particularmente, ela está
associada ao crescimento vertiginoso da cidade nas décadas de 1960 e 1970.
Este é um excelente documento para a sala de aula e pode servir para ilustrar uma explicação sobre a
frenética urbanização de São Paulo, para desencadear uma atividade sobre o cotidiano dos
paulistanos ou para problematizar a impessoalidade da vida urbana.
A obra não se presta à análise do cotidiano da cidade por se tratar de obra inspirada em modelos
clássicos, vide o título Sinfonia Paulistana.
A obra, transformada em tema de um noticiário matutino de uma rádio de São Paulo, ajudou a firmar a
imagem de metrópole eletrizante que acompanha a capital paulista.
4. Do que vimos nos dois primeiros módulos do curso, podemos afirmar que, no uso de documentos nas aulas de
História, o professor:
Os documentos sonoros gravados e as fotografias são mais isentos por serem registrados com o uso
de máquinas.
Deve privilegiar os documentos escritos como fontes seguras e confiáveis de verdade histórica.
Não deve utilizar documentos literários nem outros formatos de ficcionais.
Pode utilizar os documentos, das mais diferentes modalidades, desde que favoreçam o domínio de
conceitos históricos e o estabelecimento de generalizações.
Deve usar documentos sonoros (gravações, mecânicas ou digitais, de músicas, canções, relatos...)
apenas como elemento de aproximação com o tema a ser aprofundado com documentos escritos.
5. Os trabalhos da historiadora Circe Bittencourt sugerem que o estudo do cotidiano:
Possibilita articular a história individual com a história coletiva.
Desvincula o passado do presente, criando o que historiadores como Eric Hobsbawm entendem como
presenteísmo.
É dispensável, uma vez que a preocupação do professor de História deve ater-se à transmissão de
conteúdos relativos ao passado histórico.
Torna-se inviável, tendo em vista a quantidade de alunos nas salas.
Deve ser conduzido de forma apenas a construir histórias individuais.
6. Pensando o texto do professor Hilário Franco Jr. sobre o futebol, podemos afirmar que:
A história do futebol é restrita ao universo da rivalidade entre os clubes.
O futebol oferece possibilidades múltiplas à investigação historiográfica e ao ensino da História.
O futebol é um veículo de manipulação e alienação das massas.
O futebol serve como aparelho ideológico do Estado, em reedição da política do pão e circo.
O futebol não serve de fonte para o historiador.
7. O relato de Hobsbawm sobre a Primeira Grande Guerra (1914-1919) indica:
A impossibilidade da articulação entre o cotidiano e a macro História.
A história da guerra como campo da História Econômica.
A articulação entre o cotidiano dos soldados e as ações no campo da política e da estratégia militar.
A história da guerra como campo da História Política.
A história da guerra como campo da História Cultural.
8. Uma ideia defendida por Hobsbawm para a brevidade do século XX é:
A permanência de uma memória viva na sociedade europeia sobre o século XIX, nas primeiras
décadas do século XX.
A continuidade de determinadas estruturas sociopolíticas e culturais típicas do século XIX
desintegradas por acontecimentos como a Primeira Grande Guerra.
A ausência de produção industrial nas áreas de economia capitalista periférica.
Restrita à demarcação do tempo cronológico.
A continuidade nas relações cotidianas da aristocracia europeia do século XIX.
9. Dois professores de História – um do Ensino Fundamental, outro do Ensino Médio – discutem uma forma de
trabalhar o cotidiano do Brasil Colônia durante o século XVII. Após trocarem algumas ideias, chegam à
conclusão de que poderiam se valer da produção iconográfica de:
Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix.
Barão de Langsdorff e Georg Marggraf.
Albert Eckhout e Johann Baptiste von Spix.
Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas.
Albert Eckhout e Frans Post.
10. Nas duas últimas décadas, ganharam força na educação projetos que partem do estudo da realidade escolar
visando:
O entendimento do cotidiano como forma apenas de valorizar as histórias individuais dos alunos.
Dar subsídios aos professores de História, gerando dados para tratar da história dos alunos.
Apenas atualizar metodologias de observação do campo escolar, a partir de métodos pioneiros e
exclusivos criados pela historiografia.
A formação de currículos prescritivos, normatizando e disciplinando ações pedagógicas.
O entendimento das relações cotidianas como repleto de possibilidades na condução de propostas
curriculares, ações educativas que atendam às demandas da comunidade escolar articuladas às
políticas públicas.
Finalizando
Neste módulo nosso propósito foi refletir sobre a importância e a oportunidade de trabalhar os temas do
cotidiano das pessoas nas aulas de História.
Como vimos, reconstruir aspectos do dia a dia pode levar à compreensão de estruturas maiores das
sociedades e das economias.
O cotidiano permitiu a incorporação de novos temas e de novas abordagens, ampliando as possibilidades
de entendermos as várias sociedades em seus tempos.
Neste segundo módulo utilizamos alguns exemplos para ilustrar como a história pode se apropriar do
estudo do cotidiano através das diversões e jogos, das comidas e bebidas, do corpo e da beleza.
Referências Bibliográficas
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes – Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:
Cortez, 2004.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense, 1982.
_____________ . A invenção do cotidiano: 1, Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX – 2ª ed. rev.
São Paulo: Brasiliense, 1995.
______________. Hermenêutica do quotidiano na historiografia contemporânea. REVISTA
PROJETO HISTÓRIA, v. 17, 1998
FLANDRIN, Jean-Louis e MONTANARI, Massimo (orgs.) . História da alimentação. São Paulo:
Estação Liberdade, 1998.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
GUARINELLO, Norberto Luiz. “História científica, história contemporânea e história cotidiana”.
Rev. Bras. Hist. [online]. 2004, vol.24, n.48, pp. 13-38. ISSN 0102-0188. doi:10.1590/S0102.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história – 4ª ed. . São Paulo: Brasiliense, 198X.
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Cia. das
Letras, 1995, pp: 33-35.
LE GOFF, Jacques e TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de janeiro:
Civilização Brasileira, 2006.
NAPOLITANO, M. .História e Música - História Cultural da Música Popular. 1. ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2002. v. 01. 117 p.
OLIVEIRA, Flávia Arlanch Martins de. Padrões alimentares em mudança: a cozinha no interior
paulista. In MARTINEZ, Paulo Henrique (Org.). História ambiental paulista. São Paulo: Ed.
Senac São Paulo, 2007.
ROCHE, Daniel. História das coisas banais: Nascimento do consumo (séc. XVII – XIX). Rio de
Janeiro: Rocco, 2000.

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Estudos sobre o cotidiano

  • 1. MODULO 10 – HISTORIA Um começo de conversa: História e cotidiano Os estudos sobre o cotidiano mudam o foco da história das narrativas dos grandes heróis e seus feitos para o das narrativas que envolvem os gestos do dia a dia, que contam como os homens e as mulheres viviam e criavam situações de convivência para enfrentar as dificuldades diárias. Outros estudos orientam-se para os campos da cultura e tentam compreender como padrões, ideias e ideais influenciam as pessoas, são criados, ressignificados e alterados pelos vários grupos das sociedades que os gestaram. Reconstituir as formas de amar de uma época, os modos como as sociedades lidavam com a natureza, os padrões de beleza de uma civilização e quaisquer outros temas desses estudos que se voltam para o cotidiano, são os objetivos deste módulo, como veremos mais adiante. Boa viagem pela história do cotidiano! Estudos sobre o cotidiano E então, a pergunta da Aline também pegou você? Se pegou, legal! Se não, vamos ver outra maneira de mostrar a importância e a oportunidade de trabalhar os temas do dia a dia das pessoas nas aulas de História. Estudo sobre o cotidiano Os estudos sobre o cotidiano mudam o foco da história das narrativas dos grandes heróis e seus feitos para o das narrativas que envolvem os gestos do dia a dia, que contam como os homens e as mulheres viviam e criavam situações de convivência para enfrentar as dificuldades diárias. Alguns desses estudos preocupam-se com a produção necessária à sobrevivência, propondo pesquisas sobre formas alternativas de se garantir a subsistência ou sobre os modos com que certas opções cooperativas e certas estruturas de solidariedade se manifestam entre os grupos populares. Outros estudos orientam-se para os campos da cultura e tentam compreender como padrões, ideias e ideais influenciam as pessoas, são criados, ressignificados e alterados pelos vários grupos das sociedades que os gestaram. As relações tensas entre indivíduo e sociedade ficam evidentes nos estudos sobre as representações sociais e sobre os embates de visões de mundo de grupos diferentes. Proposta de leitura A cultura material ultrapassa os limites estritos da Arqueologia e passamos a nos indagar sobre o que os objetos banais do cotidiano nos contam sobre a circulação de mercadorias e ideias. Pesquisas sobre objetos de adorno e decoração investigam as relações de poder entre as classes sociais e, também, entre as pessoas de uma mesma classe. Traços de distinção são importantes para o estabelecimento de certas relações diárias. Reconstituir as formas de amar de uma época, os modos como as sociedades lidavam com a natureza, os padrões de beleza de uma civilização e quaisquer outros temas desses estudos que se voltam para o cotidiano não se desprende também de uma preocupação mais ampla com as estruturas maiores das sociedades e das economias, do Estado e do poder.
  • 2. A História e os estudos do cotidiano A vida cotidiana é a vida do homem inteiro. (Agnes Heller, 1992). E, assim, os estudos históricos do cotidiano buscam cada pessoa em sua inteireza. Mostrando suas particularidades, em seus encaminhamentos da vida diária, e seus aspectos genéricos, em suas estruturas maiores e em suas circunstâncias sociais. Alienação e não alienação se embaralham na cotidianidade de cada um. Estudar o que é regra ou entender o que lhe foge são também as necessidades e as opções de cada pesquisador que pode confirmar o poder opressivo de determinadas estruturas de continuidade ou revelar as possibilidades dos arranjos desviantes. A História avança em continuidade com elementos discretos, e por vezes imperceptíveis, da dinâmica cotidiana. Agnes Heller Clique aqui para conhecer um pouco desses teóricos do cotidiano.
  • 3. A História e os estudos do cotidiano – Norberto Guarinello Nossa capacidade de mudar a realidade é variável. Pequenas decisões podem mudar o curso de vidas individuais. Grandes transformações dependem de ações públicas, coletivas, que são o somatório de ações individuais, coordenadas ou não. O cotidiano é um bom ângulo para pensarmos a eficácia da ação humana e suas modalidades, da individual à coletiva, da organizada à aleatória, da desejada à involuntária, da consciente à intuitiva. Dessa maneira, o historiador Norberto Guarinello elabora sua discussão sobre o cotidiano e a História, em um texto que analisa e desafia várias propostas teóricas sobre o tema. Para fazer a leitura do texto, clique no ícone à direita. A História e os estudos do cotidiano – Maria Odila Dias Como eram as mulheres do século XIX? Mães submissas que baixavam olhos perante o poder masculino do pai, do marido, do policial ou do prefeito? A estereotipada e virginal senhorita casadoira que aguarda o amado nos balcões e suas janelas? Leia, a seguir, o trabalho de Maria Odila Leite da Silva, em que ela investiga o dia a dia das mulheres pobres na São Paulo do século XIX. O trabalho às margens do sistema, os arranjos de solidariedade, os cantos e as canções de resistência são analisados no contexto de uma São Paulo em seu processo de urbanização e modernização. Clique no ícone ao lado para ler o texto de Maria Odila. Retomando aquela história Já vimos como os historiadores profissionais lidam com o cotidiano na História. O cotidiano permitiu a incorporação de novos temas e de novas abordagens, ampliando as possibilidades de entendermos as várias sociedades em seus tempos. A professora Circe Bittencourt faz uma correta advertência: A associação entre o cotidiano e a história de vida dos alunos possibilita contextualizar essa vivência em uma vida em sociedade e articular a história individual a uma história coletiva. Uma articulação dessa natureza requer uma concepção de cotidiano que não se apresente como mera motivação para o estudo do passado, selecionando as experiências amorosas de reis e rainhas ou o dia a dia de pessoas comuns ou famosas pautados por meras descrições curiosas e desligadas do contexto social da existência desses indivíduos. (BITTENCOURT, 2004, p.165.) Tendo em mente essa preocupação, propomos algumas atividades didáticas, Para acessá-las, clique nos links a seguir: Cada um dos itens contém uma ou mais sugestões de atividades que abrem trilhas para outros conhecimentos. Você deve fazer todas as atividades propostas, mas pode escolher a ordem em que quer estudar. Depois de ter passado por todos os itens, clique em Avançar no módulo!
  • 4. Corpo e beleza Em determinado momento do primeiro vídeo deste módulo, Flávio se indaga se a padronagem dos manequins vendidos na rua São Caetano corresponde à beleza que ele pode ver, no dia a dia, nas mulheres que estão a sua volta. Dito de outra maneira, será que os manequins refletem as mulheres reais? Será que os manequins não refletem uma beleza idealizada? Colocando-nos no lugar de Janaína e Aline, será que elas se sentem refletidas nos manequins? Será que elas se sentem confortáveis em comparação a essa beleza padrão? Os manequins, que a toda hora vemos nas lojas dos shoppings ou das ruas de comércio nas cidades paulistas, ao servirem de cabide para exporem as roupas a serem vendidas, tornam-se também portadores de um determinado padrão de corpo que deve sustentar aquelas roupas – um padrão de corpo desejável na circulação de mercadorias e produtos que movimentam a economia, e também na circulação de ideias e símbolos que nos ajudam a significar nossas experiências. A elaboração de representações sociais sobre a beleza está associada também à disponibilidade e à oferta de imagens que chegam até nós. Tanto os padrões de beleza quanto a disponibilidade e a oferta de imagens são geradores e, ao mesmo tempo, são gerados por momentos históricos específicos em que diferentes culturas, de diferentes grupos sociais, se enfrentam, buscando se firmar como socialmente relevantes e como agregadoras de distinção. Odaliscas Observe as reproduções de duas pinturas. Vamos tentar descobrir, como se fôssemos alunos do Ensino Médio, qual dessas pinturas é a mais antiga. 1 - Ethereal Serenade, de Maya Gohill 2 - Olympia, de Manet Leia o que pede o exercício e redija sua resposta no espaço indicado. Quando terminar, clique em Ver resposta para visualizar nossos comentários.
  • 5. Odaliscas – análise A escolha dessas duas imagens não foi aleatória. Como você pode perceber, há um trabalho interessante de contextualização que podemos fazer com elas. A presença do aparelho de som encaminha algumas possibilidades que se completam com as características contemporâneas da imagem 2 e que se contrapõem às características modernas da imagem 1. Se isso já é um trabalho interessante, pode-se enriquecê-lo com uma discussão sobre o modelo de beleza de cada época – e aí voltamos ao primeiro vídeo do módulo. Tanto o nu de Manet quanto o nu de Maya Gohill inserem-se como possíveis de cada época: Manet liberando as mulheres reais e comuns para comporem seus quadros; Gohill expressando a força e a beleza física da mulher. Essa historicidade do corpo da mulher – proibido; exibido; mais musculoso; angelical como o das virgens ou pecaminoso como o das prostitutas; branco se esquivando do sol; forte ou fraco; esguio ou grávido – pode nos apontar maneiras de entendermos a forte pressão que as mulheres sofrem hoje com o predomínio das imagens de um corpo saudável e eficiente. O corpo feminino na Idade Média Clique aqui e leia o texto “A beleza feminina entre Eva e Maria”. Esse texto historiográfico relativamente curto pode ser trabalhado com os alunos mais adiantados dos últimos anos do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Podemos realizar exercícios de localização de informações no texto, de compreensão de alguns conceitos, e até podemos propor alguma análise do texto. Quais são as representações sagrada e profana da mulher? Por que Eva e Maria se contrapõem? Por que a religião está tão presente?
  • 6. Qual a intenção dos autores ao apresentar dessas maneiras o corpo da mulher? Estas perguntas podem ser seguidas por uma investigação interessante, que será abordada em nosso Fórum. Comidas e bebidas Em nosso dia a dia, a comida e o ato de comer são com certeza os que nos dão mais prazer. A maneira e o que comemos conta muito sobre a sociedade em que vivemos e sobre quem somos. O feijão nosso de cada dia nos faz mais brasileiros ou mais tropeiros? O arroz nos faz mais japoneses ou indianos? O açaí é tipicamente brasileiro? Mas de que Brasil? E a mandioca? É uma herança dos indígenas ou foi introduzida por portugueses? Nessas indagações, a gostosa comida vai virando tema das aulas de História. E você, conhece bem o que come? Loteria de comidas Você se lembra da velha loteria esportiva? Na coluna da esquerda, há nomes de alimentos – frutas ou legumes. Na coluna seguinte e na última, há os nomes de países ou regiões. Em cada linha, clique no campo ao lado do nome do país que considera ser o originário do alimento indicado na primeira coluna. Caso considere que nenhum dos dois é o país de origem do alimento ou que o alimento é originário dos dois países, clique na coluna do meio. Quando terminar, clique em Conferir e veja nossos Comentários.
  • 7. Atividades para as séries iniciais do Ensino Fundamental II Acertou bastante na loteria? Agora, perguntamos: Como encaminhar uma atividade mais consistente sobre as curiosas origens da jaca e da manga? Para trabalhar com os alunos de 11 ou 12 anos, podemos, dando sequência à atividade da loteria, pedir que os alunos, consultando um atlas ou um mapa-múndi, localizem num mapa mudo as regiões de origem das plantas citadas. Se quiser, acrescente outras plantas e faça uma pesquisa com os alunos para descobrir as origens delas.
  • 8. Os alunos podem fazer buscas pela internet e, durante a pesquisa, podemos orientá-los sobre os sites que contêm informações mais seguras, como os de grupos de pesquisas de universidades ou de centros de referência (por exemplo, o da Embrapa ou o do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), www.iac.sp.gov.br , o qual traz a informação de que a figueira é uma planta originária da região arábica mediterrânea). Clique no ícone à esquerda para ver um modelo de trabalho com o mapa mudo. Atividades para o Ensino Médio Para trabalhar com os adolescentes de 15 a 17 anos, podemos, dando sequência à atividade da loteria, pedir para que os alunos, tendo como suporte o mapa mudo e podendo consultar um atlas ou um mapa-múndi, elaborem uma representação que informe sobre as origens de determinadas plantas e sobre sua atual distribuição geográfica. Por exemplo: eles podem indicar a América do Sul como origem das seringueiras e mostrar que as principais lavouras em quantidade de látex produzida por ano estão no Sudeste Asiático, em países como Tailândia e Indonésia. Se quisermos ficar nos alimentos, podemos falar da batata que, originária do Peru, expandiu sua área de produção pelo mundo, sendo atualmente plantada intensivamente até em países asiáticos como a China.
  • 9. Clique aqui e leia um texto interessante sobre as mudanças de padrões alimentares no interior paulista na virada do século XIX para o XX. Esse texto propõe algumas considerações interessantes que justificam uma pesquisa maior sobre hábitos e costumes relacionados àquilo que comemos, e sobre os significados dessa ação tão corriqueira, mas plena de simbologias e rituais. Baú de histórias: Excerto de Eric J. Hobsbawm O historiador britânico Eric J. Hobsbawm não desenvolveu sua obra voltada para o que chamamos de História do Cotidiano, mas, em muitos dos seus escritos, notamos uma preocupação em contar as experiências de pessoas comuns e em interligar essas histórias do dia a dia com os grandes dramas e as grandes estruturas da época. Em um clique , leia um excerto de livro Era dos extremos e responda à questão discursiva a seguir! Futebol – textos É ano de Copa! O hexa do Brasil não veio, mas mesmo assim vale a pena estudar um pouco o futebol. Como outros esportes, o futebol simula situações de conflitos em um palco onde a violência fica controlada, criando uma certa inteligibilidade para o mundo. De outra maneira, o futebol é espelho do mundo, reelaborando metaforicamente o contexto de cada época. Vamos ver como o historiador Hilário Franco Júnior indica possibilidades de se relacionar o futebol com a Europa de meados do século passado, na introdução de um capítulo de sua obra A dança dos deuses: futebol, sociedade, cultura.
  • 10. O capítulo sugestivamente intitulado “Síntese da Europa dividida e integrada” está disponível aqui . E então, está empolgado com o que o professor escreveu para a Europa dessas últimas seis décadas? Vamos ver se aumentamos essa empolgação com outro trecho do livro que trabalha com o Brasil desigual e combinado em relação ao futebol, clicando aqui . Com essas leituras e já sonhando com 2014, vamos pensar como utilizar o futebol em sala de aula? E se começarmos tentando responder à questão discursiva? Clique em Avançar e, depois de enviada a resposta, clique em Voltar. Pensada e respondida a questão de que “nacionalismo brasileiro sempre calçou chuteiras”, podemos avançar na discussão do futebol para além da identificação dos países com quem o Brasil jogou, localizando-os em um mapa e mostrando um pouco de suas culturas. O “para além” pode significar uma discussão mais estruturada e consistente sobre a relação entre o nobre esporte bretão e as passagens importantes da História do Brasil e do mundo. Música e Rádio – Música Amanhecendo Já falamos sobre futebol e, por isso, gostaríamos de terminar os “Retomando aquela história” deste módulo utilizando uma documentação que não foi discutida no Módulo 9. Ouça a canção Amanhecendo, clicando no “play” do tocador abaixo. Reconheceram a música? Além de ser o tema de um importante noticiário do rádio paulista e brasileiro, essa composição, em que se associam música e letra (essa associação é chamada de canção), acaba por ajudar a forjar uma imagem de São Paulo que fixa um determinado cotidiano como uma identidade da cidade e do Estado. Amanhecendo Começou um novo dia Já volta quem ia, O tempo é de chegar, De Metrô chego primeiro, Se tempo é dinheiro, Melhor vou faturar. Sempre ligeiro na rua, Como quem sabe o que quer, Vai o paulista na sua, Para o que der e vier. A cidade não desperta, Apenas acerta, A sua posição, Porque tudo se repete, São sete, e às sete, Explode em multidão. Portas de aço se levantam ! Todos parecem correr ! Não correm "de" correm "para" Para São Paulo crescer ! A cidade não desperta, Apenas acerta, A sua posição, Porque tudo se repete, São sete, e às sete, Explode em multidão. Portas de aço se levantam ! Todos parecem correr ! Não correm "de" correm "para" Para São Paulo crescer !... Música e Rádio – Letra música Amanhecendo Tendo como base a letra da canção, sugerimos a seguinte atividade para ser feita com os alunos. Preste atenção no trecho da Amanhecendo selecionado da canção que ouvimos (letra aqui) e descubra quando foi feita a canção. Tente imaginar aproximadamente quando foi.
  • 11. Se você conhece a composição de Billy Blanco e um pouco da história de como foi feita, sabe que a finalização da obra foi em 1974 e que o compositor levou dez anos para criá-la. Sabendo que essa é uma canção dos anos 1970, o que sua letra nos conta dessa época? Como a música traduz São Paulo? Como era a cidade de São Paulo? Como viviam os paulistanos? O que impulsionava essa cidade? Algumas respostas saem diretamente da música, outras precisam de pesquisa. Quem nasceu ou vive na cidade de São Paulo pode pedir para as pessoas que viveram essa época narrarem experiências que comprovem ou não se a capital paulistana de 30 anos atrás já era uma cidade apressada. 1. A visão braudelian a sobre o cotidiano: Encara-o como um produto do capitalismo, como um espaço de alienação, de repetição, de imposição brutal das estruturas da vida sobre indivíduos inconscientes e incapazes de reagir e alterar seu mundo. Apontava para o discurso místico, a possessão, a bruxaria, como exemplos dos arts de faire, como invenções cotidianas que marcam o jogo das relações com a ordem e dos indivíduos entre si. Considera "o mundo das objetivações", dentro do qual se dão as ações cotidianas: a linguagem, o sistema de hábitos e o uso dos objetos e que representam o espaço de socialização dos homens, sobre o qual se acumula a cultura humana. Enfatiza-o como espaço de interações humanas concretas, a partir de estratégias individuais de adoção e negociações de papéis sociais, predeterminados por uma instância estrutural que assume, na maior parte das vezes, o caráter de uma organização. Mantém a separação clássica entre tempo do cotidiano (e da vida) e tempo do acontecimento (e da história) reproduzindo, no fundo, a tradicional distinção entre acontecimento histórico, prenhe de significado, e vida comum, repetitiva e estéril. 2. “As mulheres pobres no processo incipiente de urbanização de São Paulo, socialmente desqualificadas, pertencem ao domínio dos espaços e papéis informais, improvisados, sintomas de necessidades novas e de mudanças estruturais. Não admira que tivessem ficado esquecidas nas fontes oficiais, que registravam de preferência papéis prescritos e valores normativos, próprios do sistema de controle e manutenção da ordem social estabelecida.” Sobre esse excerto, retirado do texto Quotidiano e poder, de Maria Odila Leite da Silva Dias, não podemos afirmar que: Excluídas da cultura letrada da época, as mulheres pobres desenvolveram uma série de relatos orais, de cantos e orações, de técnicas mnemônicas para guardar suas histórias e estreitar laços de solidariedade. A escassez de registros oficiais sobre as mulheres pobres, de certa maneira, confirma a preocupação normativa desses documentos. Leis, valores e ensinamentos, envolvidos nos sistemas ideológicos e moralistas que prescrevem o que deve ser, assuntos privilegiados nas coletâneas de documentos oficiais não expressam a riqueza e a variação das relações sociais. A autora, concordando com historiadores da estabilidade e da conservação, entende que os papéis informais são apenas resultados indesejáveis, não mais do que patologias do sistema estabelecido. A autora, ao aproximar o cotidiano das mulheres pobres do surgimento de novas necessidades e das mudanças estruturais em processo, desvincula a análise histórica de um perfil moralista associado à manutenção do status quo. 3. Sobre o trabalho com a letra e a música da canção Amanhecendo, parte da Sinfonia Paulistana, não podemos
  • 12. afirmar que: A música com sons não propriamente orquestrais e arranjo sofisticado realça um efeito de cotidianidade presente na letra e, juntas, letra e música ajudam a moldar uma identidade veloz, urgente e algo desumanizada para a cidade. A obra Sinfonia Paulistana, do compositor Billy Blanco, faz parte de um conjunto de obras que versam sobre a cidade de São Paulo, tentando expressá-la em verso e música; particularmente, ela está associada ao crescimento vertiginoso da cidade nas décadas de 1960 e 1970. Este é um excelente documento para a sala de aula e pode servir para ilustrar uma explicação sobre a frenética urbanização de São Paulo, para desencadear uma atividade sobre o cotidiano dos paulistanos ou para problematizar a impessoalidade da vida urbana. A obra não se presta à análise do cotidiano da cidade por se tratar de obra inspirada em modelos clássicos, vide o título Sinfonia Paulistana. A obra, transformada em tema de um noticiário matutino de uma rádio de São Paulo, ajudou a firmar a imagem de metrópole eletrizante que acompanha a capital paulista. 4. Do que vimos nos dois primeiros módulos do curso, podemos afirmar que, no uso de documentos nas aulas de História, o professor: Os documentos sonoros gravados e as fotografias são mais isentos por serem registrados com o uso de máquinas. Deve privilegiar os documentos escritos como fontes seguras e confiáveis de verdade histórica. Não deve utilizar documentos literários nem outros formatos de ficcionais. Pode utilizar os documentos, das mais diferentes modalidades, desde que favoreçam o domínio de conceitos históricos e o estabelecimento de generalizações. Deve usar documentos sonoros (gravações, mecânicas ou digitais, de músicas, canções, relatos...) apenas como elemento de aproximação com o tema a ser aprofundado com documentos escritos. 5. Os trabalhos da historiadora Circe Bittencourt sugerem que o estudo do cotidiano: Possibilita articular a história individual com a história coletiva. Desvincula o passado do presente, criando o que historiadores como Eric Hobsbawm entendem como presenteísmo. É dispensável, uma vez que a preocupação do professor de História deve ater-se à transmissão de conteúdos relativos ao passado histórico. Torna-se inviável, tendo em vista a quantidade de alunos nas salas. Deve ser conduzido de forma apenas a construir histórias individuais. 6. Pensando o texto do professor Hilário Franco Jr. sobre o futebol, podemos afirmar que: A história do futebol é restrita ao universo da rivalidade entre os clubes. O futebol oferece possibilidades múltiplas à investigação historiográfica e ao ensino da História. O futebol é um veículo de manipulação e alienação das massas. O futebol serve como aparelho ideológico do Estado, em reedição da política do pão e circo. O futebol não serve de fonte para o historiador. 7. O relato de Hobsbawm sobre a Primeira Grande Guerra (1914-1919) indica: A impossibilidade da articulação entre o cotidiano e a macro História. A história da guerra como campo da História Econômica. A articulação entre o cotidiano dos soldados e as ações no campo da política e da estratégia militar. A história da guerra como campo da História Política.
  • 13. A história da guerra como campo da História Cultural. 8. Uma ideia defendida por Hobsbawm para a brevidade do século XX é: A permanência de uma memória viva na sociedade europeia sobre o século XIX, nas primeiras décadas do século XX. A continuidade de determinadas estruturas sociopolíticas e culturais típicas do século XIX desintegradas por acontecimentos como a Primeira Grande Guerra. A ausência de produção industrial nas áreas de economia capitalista periférica. Restrita à demarcação do tempo cronológico. A continuidade nas relações cotidianas da aristocracia europeia do século XIX. 9. Dois professores de História – um do Ensino Fundamental, outro do Ensino Médio – discutem uma forma de trabalhar o cotidiano do Brasil Colônia durante o século XVII. Após trocarem algumas ideias, chegam à conclusão de que poderiam se valer da produção iconográfica de: Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix. Barão de Langsdorff e Georg Marggraf. Albert Eckhout e Johann Baptiste von Spix. Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas. Albert Eckhout e Frans Post. 10. Nas duas últimas décadas, ganharam força na educação projetos que partem do estudo da realidade escolar visando: O entendimento do cotidiano como forma apenas de valorizar as histórias individuais dos alunos. Dar subsídios aos professores de História, gerando dados para tratar da história dos alunos. Apenas atualizar metodologias de observação do campo escolar, a partir de métodos pioneiros e exclusivos criados pela historiografia. A formação de currículos prescritivos, normatizando e disciplinando ações pedagógicas. O entendimento das relações cotidianas como repleto de possibilidades na condução de propostas curriculares, ações educativas que atendam às demandas da comunidade escolar articuladas às políticas públicas. Finalizando Neste módulo nosso propósito foi refletir sobre a importância e a oportunidade de trabalhar os temas do cotidiano das pessoas nas aulas de História. Como vimos, reconstruir aspectos do dia a dia pode levar à compreensão de estruturas maiores das sociedades e das economias. O cotidiano permitiu a incorporação de novos temas e de novas abordagens, ampliando as possibilidades de entendermos as várias sociedades em seus tempos. Neste segundo módulo utilizamos alguns exemplos para ilustrar como a história pode se apropriar do estudo do cotidiano através das diversões e jogos, das comidas e bebidas, do corpo e da beleza. Referências Bibliográficas BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes – Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004. CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense, 1982. _____________ . A invenção do cotidiano: 1, Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
  • 14. DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX – 2ª ed. rev. São Paulo: Brasiliense, 1995. ______________. Hermenêutica do quotidiano na historiografia contemporânea. REVISTA PROJETO HISTÓRIA, v. 17, 1998 FLANDRIN, Jean-Louis e MONTANARI, Massimo (orgs.) . História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. FRANCO JÚNIOR, Hilário. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. GUARINELLO, Norberto Luiz. “História científica, história contemporânea e história cotidiana”. Rev. Bras. Hist. [online]. 2004, vol.24, n.48, pp. 13-38. ISSN 0102-0188. doi:10.1590/S0102. HELLER, Agnes. O cotidiano e a história – 4ª ed. . São Paulo: Brasiliense, 198X. HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, pp: 33-35. LE GOFF, Jacques e TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2006. NAPOLITANO, M. .História e Música - História Cultural da Música Popular. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. v. 01. 117 p. OLIVEIRA, Flávia Arlanch Martins de. Padrões alimentares em mudança: a cozinha no interior paulista. In MARTINEZ, Paulo Henrique (Org.). História ambiental paulista. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2007. ROCHE, Daniel. História das coisas banais: Nascimento do consumo (séc. XVII – XIX). Rio de Janeiro: Rocco, 2000.