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E STA D O D E M I N A S   q    Q U A R T A - F E I R A ,         1 0    D E    A G O S T O       D E    2 0 0 5



  xx                                                                                            VEÍCULOS

             GAMBIARRA

Transportadora transforma leito em banco para três lugares, mas não faz ancoragem                                                                                                                                                                               c
                                                                                                                                                                                                                                                                m
do cinto de segurança, o que põe em risco a vida dos funcionários da empresa                                                                                                                                                                                    y
                                                                                                                                                                                                                                                                k
                                                                                                                                                                                                FOTOS MERCEDES-BENZ / DIVULGAÇÃO




Leito transformado em banco não oferece segurança para os funcionários da transportadora Granero. Cinto de segurança não é preso da forma correta, o que faz com que os passageiros fiquem soltos e expostos ao risco




  Economia porca
           DANIEL CAMARGOS

    A Granero, transportadora pau-
lista que atua em todo o País, adap-
                                            uma cabine com cinco lugares,
                                            transformando o que seria uma ca-
                                            ma em um banco para três pessoas.
                                            A empresa se gaba de economizar
                                                                                        de apoio. Somente na capital paulis-
                                                                                        ta, considerando-se dez operações
                                                                                        por dia, a economia estimada é de
                                                                                        R$ 90 mil. Porém, o cinto de segu-
                                                                                                                                     acontece no Brasil. Se não tem anco-
                                                                                                                                     ragem é como se não existisse o cin-
                                                                                                                                     to de segurança”, explica o coorde-
                                                                                                                                     nador da Faculdade de Engenharia
                                                                                                                                                                                 da Mercedes-Benz, segundo Grane-
                                                                                                                                                                                 ro. Porém, a assessoria de imprensa
                                                                                                                                                                                 da montadora informa que não teve
                                                                                                                                                                                 participação na adaptação.
tou caminhões Mercedes-Benz Ate-            com a idéia cerca de R$ 300 por mu-         rança no banco adaptado não tem              Mecânica da Unicamp Celso Arruda,               Apesar de negar, na revista Sua
go com cabine do tipo leito para            dança, pois poupa o uso de um carro         ancoragem. “É o tipo de coisa que só         especialista em segurança veicular.         Boa Estrela, editada pela Mercedes, a
                                                                                                                                                                A adapta-        adaptação é elogiada, como referen-
                                                                                                                                                            ção é conside-       da o texto da publicação: “A adapta-
                                                                                                                                                            rada pelo dire-      ção empreendida pela Granero se
                                                                                                                                                            tor da empre-        mostrou a melhor opção para cum-
                                                                                                                                                            sa,     Robson       prir as operações de grandes mu-
                                                                                                                                                            Granero, uma         danças, principalmente nos centros




                                                                                                                                                                                                                                   CYAN MAGENTA AMARELO PRETO
                                                                                                                                                            idéia que pos-       urbanos, onde o tráfego é um obstá-
                                                                                                                                                            sibilitou gran-      culo constante a ser superado”.
                                                                                                                                                            de economia.             Robson Granero explica que a
                                                                                                                                                            Granero expli-       idéia é expandir a adaptação para a
                                                                                                                                                            ca que a em-         frota de caminhões de mudança de
                                                                                                                                                            presa tinha          todo o País. Entretanto, o gerente de
                                                                                                                                                            um problema          manutenção, Nercy Gasparini, res-
                                                                                                                                                            para o trans-        ponsável pelas adaptações, disse, ao
                                                                                                                                                            porte dos fun-       ser questionado sobre a forma de
                                                                                                                                                            cionários para       execução da ancoragam do cinto de
                                                                                                                                                            acompanhar o         segurança, que a adaptação foi des-
                                                                                                                                                            caminhão             feita. “Não estava correto legal e tec-
                                                                                                                                                            com a mudan-         nicamente”, afirmou o gerente. Gas-
                                                                                                                                                            ça, pois era         parini não soube precisar por quan-
                                                                                                                                                            preciso um           to tempo a adaptação vigorou e dis-
                                                                                                                                                            carro para le-       se que quando um caminhão ficar
                                                                                                                                                            vá-los. O de-        parado por mais tempo na oficina
                                                                                                                                                            senvolvimen-         ele pretende refazer a adaptação de
                                                                                                                                                            to do projeto        forma correta.
                                                                                                                                                            contou com a             Celso Arruda, da Unicamp, expli-
                                                                                                                                                            participação         ca que o processo de ancoragem do
                                                                                                                                                                                 cinto é complicado. “Muitos com-
                                                                                                                                                                                 pram um furgão e o transformam
                                                                                                                                                                                 em carro de passageiro. Para isso, fa-
                                                                                                                                                                                 zem um furo na coluna e parafusam
                                                                                                                                                                                 para encaixar o cinto de segurança”,
                                                                                                                                                                                 exemplifica. Porém, ele explica que
                                                                                                                                                                                 o processo “requer um pouco mais
                                                                                                                                                                                 de engenharia”.
                                                                                                                                                                                     O ideal, segundo Arruda, é que o
                                                                                                                                                                                 cinto de segurança já saia da fábrica.
                                                                                                                                                                                 “A ancoragem do cinto de segurança
                                                                                                                                                                                 é preparada para agüentar uma
                                                                                                                                                                                 pressão de 3 mil toneladas e o ser
                                                                                                                                                                                 humano suporta, no máximo, uma
                                                                                                                                                                                 pressão de 900 kg”, explica. Dessa
                                                                                                                                                                                 forma, o cinto agüenta o impacto
                                                                                                                                                                                 com sobra. Caso a ancoragem seja
                                                                                                                                                                                 feita de forma incorreta ou não exis-
                                                                                                                                                                                 ta, como no caso da Granero, o pas-
                                                                                                                                                                                 sageiro pode ser projetado para a
                                                                                                                                                                                 frente ou para os lados, sendo que o
                                                                                                                                                                                 peso é multiplicado pela velocidade
                                                                                                                                                                                 ao quadrado, podendo, além de viti-
                                                                                                                                                                                 mar aqueles que estão com cinto
                                                                                                                                                                                 sem ancoragem, matar os ocupan-
                                                                                                                                                                                 tes do banco da frente.




                                                                                                                                                                                                                                                                c
                                                                                                                                                                                                                                                                m
                                                                                                                                                                                                                                                                y
                                                                                                                                                                                                                                                                k




                                      CYAN MAGENTA AMARELO PRETO

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  • 1. E STA D O D E M I N A S q Q U A R T A - F E I R A , 1 0 D E A G O S T O D E 2 0 0 5 xx VEÍCULOS GAMBIARRA Transportadora transforma leito em banco para três lugares, mas não faz ancoragem c m do cinto de segurança, o que põe em risco a vida dos funcionários da empresa y k FOTOS MERCEDES-BENZ / DIVULGAÇÃO Leito transformado em banco não oferece segurança para os funcionários da transportadora Granero. Cinto de segurança não é preso da forma correta, o que faz com que os passageiros fiquem soltos e expostos ao risco Economia porca DANIEL CAMARGOS A Granero, transportadora pau- lista que atua em todo o País, adap- uma cabine com cinco lugares, transformando o que seria uma ca- ma em um banco para três pessoas. A empresa se gaba de economizar de apoio. Somente na capital paulis- ta, considerando-se dez operações por dia, a economia estimada é de R$ 90 mil. Porém, o cinto de segu- acontece no Brasil. Se não tem anco- ragem é como se não existisse o cin- to de segurança”, explica o coorde- nador da Faculdade de Engenharia da Mercedes-Benz, segundo Grane- ro. Porém, a assessoria de imprensa da montadora informa que não teve participação na adaptação. tou caminhões Mercedes-Benz Ate- com a idéia cerca de R$ 300 por mu- rança no banco adaptado não tem Mecânica da Unicamp Celso Arruda, Apesar de negar, na revista Sua go com cabine do tipo leito para dança, pois poupa o uso de um carro ancoragem. “É o tipo de coisa que só especialista em segurança veicular. Boa Estrela, editada pela Mercedes, a A adapta- adaptação é elogiada, como referen- ção é conside- da o texto da publicação: “A adapta- rada pelo dire- ção empreendida pela Granero se tor da empre- mostrou a melhor opção para cum- sa, Robson prir as operações de grandes mu- Granero, uma danças, principalmente nos centros CYAN MAGENTA AMARELO PRETO idéia que pos- urbanos, onde o tráfego é um obstá- sibilitou gran- culo constante a ser superado”. de economia. Robson Granero explica que a Granero expli- idéia é expandir a adaptação para a ca que a em- frota de caminhões de mudança de presa tinha todo o País. Entretanto, o gerente de um problema manutenção, Nercy Gasparini, res- para o trans- ponsável pelas adaptações, disse, ao porte dos fun- ser questionado sobre a forma de cionários para execução da ancoragam do cinto de acompanhar o segurança, que a adaptação foi des- caminhão feita. “Não estava correto legal e tec- com a mudan- nicamente”, afirmou o gerente. Gas- ça, pois era parini não soube precisar por quan- preciso um to tempo a adaptação vigorou e dis- carro para le- se que quando um caminhão ficar vá-los. O de- parado por mais tempo na oficina senvolvimen- ele pretende refazer a adaptação de to do projeto forma correta. contou com a Celso Arruda, da Unicamp, expli- participação ca que o processo de ancoragem do cinto é complicado. “Muitos com- pram um furgão e o transformam em carro de passageiro. Para isso, fa- zem um furo na coluna e parafusam para encaixar o cinto de segurança”, exemplifica. Porém, ele explica que o processo “requer um pouco mais de engenharia”. O ideal, segundo Arruda, é que o cinto de segurança já saia da fábrica. “A ancoragem do cinto de segurança é preparada para agüentar uma pressão de 3 mil toneladas e o ser humano suporta, no máximo, uma pressão de 900 kg”, explica. Dessa forma, o cinto agüenta o impacto com sobra. Caso a ancoragem seja feita de forma incorreta ou não exis- ta, como no caso da Granero, o pas- sageiro pode ser projetado para a frente ou para os lados, sendo que o peso é multiplicado pela velocidade ao quadrado, podendo, além de viti- mar aqueles que estão com cinto sem ancoragem, matar os ocupan- tes do banco da frente. c m y k CYAN MAGENTA AMARELO PRETO