Ford e Firestone eram pioneiros da indústria automobilística e parceiros de negócios por quase um século. No entanto, a parceria acabou quando a Ford alegou que os pneus Firestone eram inseguros e a Firestone acusou a Ford de não instruir corretamente sobre calibragem. O documento também descreve o fracasso do empreendimento das empresas na Amazônia na década de 1920.
Ford e Firestone: parceria histórica e fracasso na Amazônia
1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 6 D E M A I O D E 2 0 0 7
2 CLASSIFICADOSVEÍCULOS
PARCERIA HISTÓRICA
ROLIMÃ O MAIOR FRACASSO
MICHAEL TEMCHINE/AFP – 3/2/01
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Henry Ford e Harvey Firestone são pionei- O documentário produzido pela k
ros da indústria automobilística, um pro- Grifa Mixer, na Amazônia, tem seu
duzindo automóveis, e o outro, pneus. A valor histórico e bela fotografia, mas
proximidade nos negócios foi além, resul- nem chega perto do barulho que
tando no casa- será feito pelos estúdios Warner
mento entre seus Bros para o longa Tragic indifferen-
netos. O bisneto ce (Indiferença trágica). O filme
dessa dupla dinâ- mostra o drama das vítimas dos
mica, Willian erros da Ford e da Firestone, que
Clay Ford Jr., ocu- causaram cerca de 170 mortes,
pa atualmente o além de diversos acidentes e pes-
cargo de presi- soas feridas. Trata-se do maior re-
dente do conse- call do mundo, que envolveu di-
lho da Ford Mo- versos utilitários-esportivos da
tor Company. Ford, principalmente o Explorer,
para pneus Firestone ATX, ATX II e
COMEÇO DO FIM Wilderness AT, que estouravam
A sinergia entre sem motivo aparente.
Ford e Firestone
DRAMA Michael Douglas interpreta-
DANIEL CARNEIRO/GRIFFA MIXER/DIVULGAÇÃO - 6/9/06
levou a dupla à
Amazônia, em rá o advogado Tab Turner, defensor
1928, perto do Rio da mãe solteira Donna Bailey, que fi-
Tapajós, onde cou paraplégica, do depois acidente
plantaram 1,5 mi- com um modelo Ford equipado com
lhão de seringuei- pneus Firestone. O roteiro é baseado
ras para extrair no livro homônimo, de 2003, de Ste-
látex – até então phen Gerard, e ainda não tem data
matéria-prima marcada de lançamento.
para fabricação
do pneu. A saga, FIM DE CASO Como as duas empre-
resgatada pelos sas não chegaram a um acordo, a parceria de quase um século truir a calibragem correta. Imbróglios a parte, os tribunais norte-
diretores Mari- acabou. A Ford alegou que os pneus eram inseguros, pois a banda americanos foram entupidos por pneus estourados (foto) e foto-
nho Andrade e de rodagem se soltava. Já a Firestone acusou a Ford de não ins- grafias de utilitários capotados em longos julgamentos, em 2000.
Daniel Augusto, vai virar filme e explora o
insucesso do empreendimento, que termi-
nou 18 anos depois, com um prejuízo de SUTIS IRONIAS
US$ 25 milhões e a descoberta de produzir
pneus a partir do petróleo, além do ‘mal A intenção de quem fixou três placas
das folhas’, que vitimou as seringueiras, re- que anunciam quebra-molas na es-
duzindo a produção esperada. trada vicinal que liga Prados ao distri-
to de Vitoriano Veloso, mais conheci-
FOTOS: DANIEL CAMARGOS/ESPECIAL PARA O EM
FORDLÂNDIA Em fase final de produção, do como Bichinho, na Região do
o documentário tem imagens da época, Campo das Vertentes, é uma incógni-
obtidas das câmaras de Thomas Edson, ta. As placas apontam para o chão e
amigo de Ford e criador do equipamento. não mostram nada além das habi-
Na floresta, ainda restam casas no estilo tuais saliências e reentrâncias da terra
do Sul dos Estados Unidos, carcaças de vermelha (à esquerda). Ironia mais
PRETO
carros da montadora americana e escancarada é do proprietário de um
amostras de outros bens usados na Chevrolet Caravan 1979 (à direita).
cidade, chamada Fordlândia (foto). Os es- Nitidamente habilitada para o traba-
combros representam o primeiro fracas- lho, com escada e adendos pendura-
so de Ford e Firestone, mas, que, na ver- dos no bagageiro, lanterna traseira
AMARELO
dade, por estarem escondidos na selva, quebrada e remendos na lataria, o dono estampou em letras graúdas, no vidro traseiro, adesivo com os dize-
ganharam ares de lenda, espécie de eldo- res: carro de boy. O motorista do Fiat Palio amarelo-gema-de-ovo - comercialmente chamado de amarelo In-
rado, que, em breve, será revelado. dianápolis - que passou ao lado da Caravan zunindo pela Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Belve-
dere, provavelmente, pensará em uma estampa mais espalhafatosa para competir com a perua.
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