1. A Mosca “lixada” e a Vareja
“danada”
história de Constantino Alves
2. A mosca era
“lixada”, por
causa do lixo e
do seu próprio
temperamento.
Não havia lixo
que lhe
resistisse.
Qualquer coisa
suja ou
estragada era
para ela uma
tentação.
4. E havia o João,
que quase
sempre não se
lavava, mãos
sujas, dentes
amarelos, unhas
não cortadas,
banhos? Só um
de cada vez, por
mês.
5. Onde quer que o
João andasse
estava sempre a
mosca lixada ou
a vareja danada,
uma de cada vez,
havia no João
sujidade que
durava para toda
a eternidade.
6. Mas a mosca não
gostava de partilhar o
território, o cabelo, o
rabo do João. A Vareja
com ela disputava
também as mãos, o
umbigo e as orelhas.
Fez-se uma grande
guerra entre as duas
predadoras. Uma dizia
que tinha chegado
primeiro, a outra que
esse território lhe fora
dado. Discutiam,
debatiam-se, jogavam
uma luta desesperada.
7. Atacavam o João com as piores armas: má educação, pouca
higiene, má moral e, picavam, devoravam, maltratavam. O João só
se coçava, nas costas na barriga, no nariz, e claro, também no
rabo. A sua vida virava pesadelo, não havia mais sossego.
8. O João, por fim,
compreendeu o que
a mãe, o pai, o
professor sempre
lhe diziam, que
tinha de se lavar,
ter higiene, ficar
são.
Lavou-se, tomou
banho todos dias,
cortou as unhas
dos pés, perfumou-
se.
Quem o dantes
conhecia, não
diria, que agora o
João já se lavava
9. No tribunal do lixo, as nossas amigas “porcalhonas” degladiavam-se
em argumentos pouco respeitáveis, para cada uma o João era o seu
território, até que de repente chegou a notícia, o João lavara-se, já
não era um lugar de sujidade. As inimigas entreolharam-se, assim
já não havia disputa, caía por terra a sua razão.
10. Voltaram ao João,
só para se
certificarem o que já
sabiam. Viram,
olharam, não havia
volta a dar, ali já não
havia sujidade, o seu
“ganha-pão”.
12. FIM
Imagens da internet
Texto e composição – Constantino Mendes Alves
constalves19@gmail.com 2015
(agradeço feedbeck, dê a sua opinião)
Esta edição não tem intuitos comerciais.