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6
 Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor,
continuai a caminhar nele:




                          7
                             enraizados
            e edificados nele,
                        firmes na fé,

                                             tal como fostes instruídos,
                              transbordando em acção de graças. (Col 2)




        Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
    2
Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês
de agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos
jovens fez uma parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem
que voltar a encontrar suas raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e
edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na
Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé
quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a
vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada um de nós. (Papa Bento XVI)




TEMA - "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (Col 2,7)

OBJECTIVO GERAL
Descobrir na vida do Povo de Israel o caminho de fé que conduz a Cristo

Objectivos específicos
Conhecer a caminhada de fé de alguns personagens bíblicos.
Reconhecer a fé como dom divino
Aderir a Jesus Cristo como projecto de vida
Assumir na vida pessoal e social as exigências da fé

Critérios de acção
Encontro de formação: irmãs, animadores e outros.
Dia de deserto
Encontro vocacional
Visitas aos grupos
Formação bíblica
Participação nas Jornadas Mundiais da Juventude

           Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
       3
Meios ao dispor
Circulares, Encontros de formação
Semeando, Retiro espiritual, Dia de Deserto
Formação Bíblica
Subsídios para as Reuniões de grupos
Subsídios para as Jornadas Mundiais da Juventude


CALENDARIZAÇÃO

Data                 Acçao            Tema                    Local           Notas
                                      Enraizados e
                     Encontro de      edificados em                           Levar a Bíblia, caderno de
30 de Outubro                                                 Mirandela
                     Abertura         Cristo, firmes na fé.                   apontamentos e almoço.
                                      (Col 2,7)
                                                                             Grupos de: Macedo (D.
13 de Novembro                                                C. D. Abílio   Abílio), Macedo (Cidade)
                                                                             Pereira, Mirandela
                                                                             Grupos de: Ligares, Freixo
                     1º Ciclo de      O meu projecto de
                                                              Freixo de      de E. à Cinta, Sendim,
20 de Novembro       visitas aos      vida: aderir a Jesus
                                                              Espada à Cinta Miranda do Douro,
                     grupos           Cristo.
                                                                             Bragança
                                                                             Grupos de: Loivos.
                                                              Vilar de
04 de Dezembro                                                               Celhariz, Vilar de Nantes
                                                              Nantes
                                                                             Braga
                     Encontro de
                                      As parábolas de                         Levar a Bíblia, caderno de
15 de Janeiro        formação/                            Mirandela
                                      Jesus na minha vida                     apontamentos e almoço.
                     animadores
                                                                              Grupos de: Macedo (D.
12 de Fevereiro                                               Pereira         Abílio), Macedo (Cidade)
                                                                              Pereira, Mirandela
                                                                              Grupos de: Ligares, Freixo
                     2º Ciclo de      Assumir na vida
                                                              Miranda do      de E. à Cinta, Sendim,
19 de Fevereiro      visitas aos      pessoal e social as
                                                              Douro           Miranda do Douro,
                     grupos           exigências da fé
                                                                              Bragança
                                                                              Grupos de: Loivos.
26 de Fevereiro                                               Loivos          Celhariz, Vilar de Nantes
                                                                              Braga
                     Dia de           A fé que me                             Tempo de trabalho
5 de Março                                                    Sr. do Campo
                     Deserto          transforma                              individual
                     Encontro de                                              Participação nos
8 e 15 de Maio
                     Visitadores                                              encontros de zona
                                                                              Levar a Bíblia, caderno de
                                      Rezar com os
10 e 11 de Junho     Retiro                                   Mirandela       apontamemtos e saco-
                                      Salmos
                                                                              cama

           Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
       4
Enraizados e
                     Jornadas
16 a 21 de                            edificados em                    Em sintonia com a
                     Mundiais da                              Madrid
Agosto                                Cristo, firmes na fé.            Diocese
                     juventude
                                      (Col 2,7)




SÍMBOLO A PERCORRER PELOS GRUPOS– Vela, presença de fé. Escolher e escrever uma frase
bíblica relacionada com a fé.



CATEQUESES PARA OS GRUPOS
   1. Abraão, o homem do «Eis-me, Senhor»
   2. Moisés, o homem que carregou com um povo
   3. David, um coração parecido com o de Deus
   4. Rute, a mulher que soube ser fiel
   5. Jeremias: um profeta conflitivo
   6. Maria a Melhor discípula
   7. João; saber-se amado
   8. Mulher transformada
   9. Bartimeu começa a ver
   10. Zaqueu: perder para ganhar
   11. Samaritano: tornar-se próximo
   12. A viúva pobre: entrega tudo



Estrutura das reuniões
    a) Ambientação – Acolhimento dos jovens. Actividades de acolhimento e abertura do tema.
    b) Palavra de Deus – Passagem bíblica que pode ser apresentada de várias formas e lida com
       uma vela acesa. Os jovens devem levar a Bíblia para as reuniões.
    c) Meditação – Partilhas para estudo e meditação da Palavra apresentada. Diálogo sobre o tema.
    d) Para reflexão pessoal e de grupo – Propostas de trabalho individual e/ou de grupo.
    e) Oração – Oração proposta que pode ser rezada de diferentes formas.
    f) Compromisso – Proposta de compromisso para viver a Palavra até ao próxmo encontro.

Nota: Nas reuniões ou noutros momentos de formação/oração podem ser utilizados os materiais de
apoio que estão na segunda parte deste dossier.

Contactos:
Ir. Emília Seixas – 278461112 - cunsp@portugalmail.pt
Ir. Conceição Borges – 273300200 - conceicaoborges@gmail.com



           Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
       5
ABRAÃO, O HOMEM DO «EIS-ME, SENHOR»                                                       1
Ambientação
Inicar a reunião com os olhos fechados e partilhar as sensações que se vivenciaram.

Palavra de Deus
1
  Após estas ocorrências, Deus pôs Abraão à prova e chamou-o: «Abraão!» Ele respondeu: «Aqui
estou.» 2Deus disse: «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à região de
Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar.»
 3
   No dia seguinte de manhã, Abraão aparelhou o jumento, tomou consigo dois servos e o seu filho
Isaac, partiu lenha para o holocausto e pôs-se a caminho para o lugar que Deus lhe tinha indicado.
 4
   Ao terceiro dia, erguendo os olhos, viu à distância aquele lugar. 5Disse então aos servos: «Ficai aqui
com o jumento; eu e o menino vamos até além, para adorarmos; depois, voltaremos para junto de
vós.»
 6
   Abraão apanhou a lenha destinada ao holocausto, entregou-a ao seu filho Isaac e, levando na mão o
fogo e o cutelo, seguiram os dois juntos.
 7
   Isaac disse a Abraão, seu pai: «Meu pai!» E ele respondeu: «Que queres, meu filho?» Isaac
prosseguiu: «Levamos fogo e lenha, mas onde está a vítima para o holocausto?» 8Abraão respondeu:
«Deus proverá quanto à vítima para o holocausto, meu filho.» E os dois prosseguiram juntos.
 9
   Chegados ao sítio que Deus indicara, Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho,
e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha.
 10
    Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo, para degolar o filho. 11Mas o mensageiro do Senhor
gritou-lhe do céu: «Abraão! Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 12O mensageiro disse: «Não
levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade,
temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho.» 13Erguendo Abraão os olhos, viu então
um carneiro preso pelos chifres a um silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em
substituição do seu filho. l 14Abraão chamou a este lugar: «O Senhor providenciará»; e dele ainda
hoje se diz: «Na montanha, o Senhor providenciará.»
 15
    O mensageiro do Senhor chamou Abraão do céu, pela segunda vez, 16e disse-lhe:
«Juro por mim mesmo, declara o Senhor, que, por teres procedido dessa forma e por não me teres
recusado o teu filho, o teu único filho, 17abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as
estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Os teus descendentes apoderar-se-ão das cidades
dos seus inimigos. 18E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência,
porque obedeceste à minha voz.»
 19
    Abraão voltou para junto dos servos, e regressaram juntos a Bercheba, onde Abraão fixou
residência. (Gen 22)

Eis-me, Senhor
Muitos homens e mulheres ao longo da história viveram numa atitude de «eis-me aqui» diante de
Deus, mas nalguns essa disponibilidade foi marcada a fogo: são aqueles que souberam manter o seu
«Eis-me, Senhor» até nos momentos terríveis em que os pés bordejam o abismo do desespero.
Nessas ocasiões, nem todos são capazes de aguentar a pé firme e de esperar contra toda a
esperança; aqueles que se atrevem a fazê-lo, encontram debaixo dos pés a rocha sólida que sustém a
sua fidelidade.
           Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
       6
A aventura de Abraão
Nas origens do povo de Israel, houve um homem que soube viver assim, na presença de Deus.
Abraão sai à procura de uma terra e de uma descendência. Deus chama-o, Abraão não vacila e
acredita no impossível. Escuta o Senhor e põe-se em marcha e a sua fé é recompensada pelo
nascimento de Isaac. Mas chega a prova decisiva. O sacrifício do seu próprio e único filho. Este relato
quer transmitir-nos a grandeza e o valor da atitude de disponibilidade, abandono e confiança. Abraão
está sempre aberto à escuta, disposto sempre a obedecer e a caminhar na presença do seu Deus com
absoluta integridade.
Seguindo as pegadas de Abraão
Abraão não nos é apresentado para brilhar por si mesmo nem para ser modelo absoluto: o único
Mestre e Senhor a quem seguimos é Jesus. Mas todos os que, de alguma forma, se foram parecendo
com ele, mesmo sem o conhecer, deixaram as suas pegadas no caminho para que nos seja mais
acessível. Seremos hoje capazes de dizer a Deus: «Eis-me, Senhor», seguindo as pegadas de Abraão?

Para reflexão pessoal e de grupo
Recorda algumas situações de perturbação, insegurança, resistência, medo…?
É-te fácil ou difícil estar todo no que fazes e aberto aos outros, à vida e, portanto, a Deus que te
chama através de tudo isso? Porquê?
Desenhar numa folha grande a expressão «Eis-me, Senhor»,de forma que ela exprima de um modo
gráfico como é que cada um vive a atitude de disponibilidade para com Deus e para com os outros.
Escrever uma carta pessoal a Abraão, contando-lhe as reacções que teve ao conhecer/recordar a sua
história, a sua maneira de agir e de responder a Deus, fazendo-lhe perguntas, etc. Podem ler-se as
cartas em voz alta e comentar.

Oração final – Sl 119
1
  Felizes os que seguem o caminho da rectidão
e vivem segundo a lei do Senhor.
 2
   Felizes os que cumprem os seus preceitos
e o procuram com todo o coração,
 3
   que não praticam o mal,
mas andam nos caminhos do Senhor.
 4
   Promulgaste os teus preceitos
para se cumprirem fielmente.
 5
   Oxalá os meus passos sejam firmes
no cumprimento dos teus decretos.
 6
   Então não terei de que me envergonhar,
se observar os teus mandamentos.
 7
   Poderei louvar-te de coração sincero,
instruído pelos teus justos juízos.
 8
   Hei-de cumprir as tuas leis;
não me abandones mais!

Compromisso
Escolher uma frase ou expressão da oração e meditá-la ao longo da semana.

          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
      7
MOISÉS, O HOMEM QUE CARREGOU COM UM POVO                                                  2
Ambientação
Iniciar a reunião falando de cargos de responsabilidade na Igreja e na sociedade. Aspectos positivos e
negativos dos mesmos.



Palavra de Deus
4
  O Senhor viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!»
Ele disse: «Eis-me aqui!» 5Ele disse: «Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o
lugar em que estás é uma terra santa.» 6E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para
Deus. 7O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor
diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. 8Desci a fim de o libertar da
mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que
mana leite e mel, terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu. 9E
agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e vi também a tirania que os egípcios
exercem sobre eles. 10E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de
Israel.» 11Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do
Egipto?» 12Ele disse: «Eu estarei contigo. Este é para ti o sinal de que Eu te enviei: quando tiveres
feito sair o povo do Egipto, servireis a Deus sobre esta montanha.» (Ex 3)



Um encontro decisivo
Moisés tenta recuar ante a imensidade da tarefa que lhe é encomendada:«Quem sou eu?»
Ele procurava sacudir dos ombros aquela enorme responsabilidade e refugiava-se no terreno da sua
própria incapacidade. Mas Deus não cedeu e Moisés teve de acabar por aceitar e “carregar” com
aquela tarefa. A saída não foi fácil. O Faraó não podia tolerar que se lhe escapasse mão-de-obra tão
barata. Na outra margem está o deserto:um clima duro, falta de água, uma terra ingrata; avivam-se
as tensões entre clãs e famílias. Queixam-se, protestam, querem voltar para trás… Moisés, no
entanto, aguenta serenamente as queixas, procura sanar as divergências, luta contra a dispersão.

A força de um homem tímido
Por vezes, Moisés, sente-se no limite das suas forças e desabafa com Deus, falando-lhe como a um
amigo: «Que faço deste Povo? Por pouco não me apedrejam…»(Ex 17,4). Quando parece que é Deus
quem perde a paciência com aquele Povo (Ex 32,10), Moisés reage com uma valentia e uma audácia
inesperada: …«Se achei graça a Teus olhos, digna-te caminhar no meio de nós, embora sejamos um
povo teimoso…»(Ex 34, 8-9).




           Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
       8
O segredo de Moisés
De onde tirava Moisés aquela força misteriosa, aquela capacidade para seguir em frente sem se
cansar com aquele povo tão teimoso e tão rebelde?
Todos os dias, «Moisés saía em direcção à “tenda do encontro”… e quando ele entrava, a nuvem
descia e ficava à entrada da tenda, enquanto o Senhor falava com Moisés como um amigo fala com o
seu amigo… e o seu rosto estava radiante porque tinha falado com o Senhor»(Ex 33,8.1; 34,29)
Talvez invejemos esta familiaridade, esta relação tão estreita e tão fiel. Era daquele encontro com
Deus que Moisés tirava a sua força para manter a fidelidade à sua missão, como também era a sua
decisão de permanecer fiel ao compromisso com aquele povo e a defendê-lo acima de tudo o que o
punha em sintonia com Deus e o preparava para se encontrar com Ele.



Para reflexão pessoal e de grupo
Olha as responsabilidades que tens: familiares, de trabalho, sobre alguma pessoa ou grupo…
Como as vives? Cansas-te e queixas-te com frequência?
Como reages quando não vês resposta? Desanimas facilmente?
Acreditas que é possível manter uma atitude parecida com a de Moisés neste ponto?
Procura traços de Moisés em alguns homens ou mulheres de hoje. Explica no teu grupo o porquê da
tua escolha.



Oração final – Sl 119
49
   Lembra-te da palavra que deste ao teu servo,
pois nela me fizeste colocar a minha esperança.
50
   É esta a consolação na minha angústia:
que a tua palavra me dê vida!
51
   Os soberbos zombaram de mim,
mas não me afastei da tua lei.
52
   Recordo-me dos teus decretos de outrora;
neles encontro consolação, ó Senhor.
53
   Fico indignado à vista dos ímpios,
que rejeitam a tua lei.
54
   Os teus preceitos são o motivo dos meus cânticos
na terra do meu peregrinar.
55
   Durante a noite lembro-me do teu nome, Senhor,
e penso muito na tua lei.
56
   Só isto conta para mim:
obedecer às tuas instruções!


Compromisso
Procurar ter uma experiência profunda com Deus no início da semana, retirando daí coragem e força
para o restantes dias.



          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
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DAVID, UM CORAÇÃO PARECIDO COM O DE DEUS                                                 3
Ambientação
Imaginar o coração de Deus e desenhar numa cartolina.



Palavra de Deus
Deus escolhe os pequenos
1
  O Senhor disse a Samuel: «Até quando chorarás Saul, tendo-o Eu rejeitado para que não reine em
Israel? Enche o teu chifre de óleo e vai. Quero enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os
seus filhos.» Samuel respondeu: «Como hei-de ir? Se Saul souber, irá tirar-me a vida.» 2O Senhor
disse: «Levarás contigo um novilho e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor. 3Convidarás
Jessé para o sacrifício e Eu te revelarei o que deverás fazer. Darás por mim a unção àquele que Eu te
indicar.» 4Fez Samuel como o Senhor ordenara.
Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade saíram-lhe ao encontro, inquietos, e disseram: «É de paz a
tua vinda?»
 5
   Ele respondeu: «Sim. Venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos e acompanhai-me para o
sacrifício.» Ele mesmo purificou Jessé e os filhos e convidou-os para o sacrifício.
 6
   Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido do Senhor.»
 7
   Mas o Senhor disse a Samuel: «Que te não impressione o seu belo aspecto, nem a sua alta estatura,
pois Eu rejeitei-o. O que o homem vê não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o
coração.»
 8
   Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel, que disse: «Não é este o que o Senhor escolheu.»
 9
   Jessé trouxe-lhe, também, Chamá. E Samuel disse: «Ainda não é este o que o Senhor escolheu.»
10
    Jessé apresentou-lhe, assim, os seus sete filhos, mas Samuel disse: «O Senhor não escolheu
nenhum deles.» 11E acrescentou: «Estão aqui todos os teus filhos?» Jessé respondeu: «Resta ainda o
mais novo, que anda a apascentar as ovelhas.» Samuel ordenou a Jessé: «Manda buscá-lo, pois não
nos sentaremos à mesa antes de ele ter chegado.» 12Jessé mandou então buscá-lo. David era louro,
de belos olhos e de aparência formosa. O Senhor disse: «Ei-lo, unge-o: é esse.» 13Samuel tomou o
chifre de óleo e ungiu-o na presença dos seus irmãos. E, a partir daquele dia, o espírito do Senhor
apoderou-se de David. E Samuel voltou para Ramá. (1 Sam 16)



A balança de Deus
Na bíblia encontramos as características da “balança de Deus” que avalia e “pesa” a vida das pessoas.
O que interessa a Deus não é tanto que a pessoa seja inatacável, mas sobretudo generosa,
magnânima, autêntica, humilde, mesmo que se tenha enganado muitas vezes.

Uma personalidade complexa
Se não nos acostumarmos a este tipo de balança, dificilmente poderemos entender algo da figura de
David. A sua personalidade é complexa e cheia de ambiguidades; sensível, vulnerável, poeta, capaz
de grandes amizades e de habilidades e astúcias de político. Corajoso e valente, é também débil e cai
nos pecados mais desprezíveis. A sua história está cheia de equívocos e acertos, de fracassos e de
êxitos, de pecado e de graça.

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     10
Mas ao fazer o balanço da sua vida, Samuel dá a seguinte avaliação: «O Senhor procurou alguém com
o coração semelhante ao seu e encontrou David» (1Sam13,14). Esta semelhança está nas qualidades
de espírito que o poderiam caracterizar: a magnanimidade, a transparência, a capacidade de amar.
Conhecendo mais David, chegamos a conhecer melhor como é o coração de Deus.



Para reflexão pessoal e de grupo
Que palavras do Evangelho se podiam aplicar a David?
Se pudésseis conversar com ele, que perguntas lhe faríeis?
Se quisésseis simbolizar a sua personalidade com uma paisagem, qual escolheríeis?

Oração final – Sl 57
2
  Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão,
porque em ti me refugio
e me abrigo à sombra das tuas asas,
até que passe o perigo.
3
  Clamo ao Deus Altíssimo,
ao Deus que faz tudo por mim.
4
  Que Ele me envie do céu a sua ajuda
e me salve dos que procuram destruir-me;
que Ele envie do céu o seu amor e fidelidade.
5
  Encontro-me rodeado de leões,
dispostos a devorar os seres humanos;
os seus dentes são como lanças e flechas,
e a sua língua, como uma espada afiada.
6
  Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza,
e, sobre toda a terra, a tua glória.
7
  Armaram um laço para os meus pés
para me fazerem cair;
cavaram um fosso diante de mim,
mas foram eles que lá caíram.
8
  O meu coração está firme, ó Deus,
o meu coração está firme;
quero cantar e salmodiar.
9
  Ó minha alma, desperta! Despertai, lira e cítara!
Quero despertar a aurora!
10
   Hei-de louvar-te, Senhor, entre os povos,
hei-de cantar-te salmos entre as nações.
11
   O teu amor é tão grande que chega aos céus
e até às nuvens se estende a tua fidelidade.
12
   Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza,
e, sobre toda a terra, a tua glória.

Compromisso
Colocar coragem nos momentos mais difíceis do dia-a-dia.
Acreditar que Deus olha mais às nossas vitórias que às derrotas.


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RUTE, A MULHER QUE SOUBE SER FIEL                                                     4
Ambientação
Inciar o encontro tentando encontrar definições para fidelidade.
Desenhar a fidelidade.

Palavra de Deus
8
  Booz disse a Rute: «Já ouviste, minha filha. Não vás respigar noutro campo; não te afastes deste e
junta-te às minhas servas. 9Repara no campo por onde vão a ceifar e vai atrás delas. Pois ordenei aos
meus servos que não te incomodem. E se tiveres sede, vai à bilha e bebe da água que eles tiverem
trazido.» 10Rute, prostrando-se por terra, disse-lhe: «Porque encontrei tal bondade da tua parte,
tratando-me como natural, a mim que sou uma estrangeira?» 11Replicando, Booz disse-lhe: «Já me
contaram tudo o que fizeste pela tua sogra, depois da morte do teu marido: como deixaste o teu pai,
a tua mãe e a terra onde nasceste e vieste para um povo que há bem pouco nem conhecias. 12O
Senhor te pague por todo o bem que fizeste; que o Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te
acolheste, te dê a recompensa merecida.» 13Ela respondeu: «Que eu encontre sempre bondade da
tua parte, meu senhor, pois me reconfortaste e falaste ao coração desta tua escrava, embora não
seja digna de vir a ser sequer uma das tuas escravas.» (Rut 2, 8-13)
9
  Booz disse aos anciãos e a todo o povo: «Sois hoje testemunhas de que comprei, da mão de Noemi,
tudo o que pertencia a Elimélec, a Quilion e a Maalon. 10Com isto adquiro, igualmente, por mulher
Rute, a moabita, viúva de Maalon, para conservar o nome do defunto, sobre a sua herança e para
que este nome não seja eliminado de entre os seus irmãos e da porta da sua cidade. Vós sois, hoje,
testemunhas disso.» 11Então, todo o povo que estava junto da porta respondeu com os anciãos:
«Somos testemunhas! O Senhor torne essa mulher, que entra na tua casa, semelhante a Raquel e a
Lia, que juntas fundaram a casa de Israel! Que sejas próspero em Efrata e o teu nome seja famoso em
Belém! 12Seja a tua casa como a casa de Peres, filho que Tamar deu a Judá, pela posteridade que o
Senhor te der por esta jovem.» 13Booz tomou, pois, Rute, que se tornou sua mulher. Juntou-se a ela e
o Senhor concedeu-lhe a graça de conceber e dar à luz um filho. 14As mulheres diziam a Noemi:
«Bendito seja o Senhor, que não te recusou um parente de resgate, neste dia. Que o seu nome seja
proclamado em Israel. 15Ele te dará a vida e será o arrimo da tua velhice, porque nasceu um menino
da tua nora, que te ama e é para ti mais preciosa do que sete filhos.» 16Noemi recebeu o menino e
colocou-o no seu regaço, tornando-se a sua ama. 17As suas vizinhas, congratulando-se com ela,
diziam: «Nasceu um filho a Noemi.» E deram-lhe o nome de Obed. Este foi pai de Jessé e avô de
David. (Rut 4, 9-17)

O provisório
Pertencemos a uma civilização em que nos rodeia mais o efémero do que o duradoiro. A publicidade
inculca-nos uma mentalidade de «usar e deitar fora». Quando podemos mudamos de penteado, de
telemóvel… procuramos o novo e o diferente. Tudo o que dura muito aborrece-nos. A sociedade
leva-nos a interrogar-nos sobre a própria possibilidade de uma vinculação que dure para sempre: o
matrimónio indissolúvel, a profissão perpétua num instituto religioso, são consideradas como opções
de vida do passado porque – dizem-nos – «deve-se viver dia-a-dia». Neste elogio do provisório, do
plástico, apela-se para o espontâneo, reivindica-se uma falsa liberdade. Mas também encontramos
outras pessoas cuja existência é-nos oferecida como uma grande árvore de raízes grossas e

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     12
profundas, como uma presença de estabilidade fiel, de permanência inamovível. É essa qualidade
que melhora o amor ou a amizade. Comunica uma segurança, uma solidez em que nos podemos
apoiar, uma fidelidade onde nos acolhermos.

Rute
A fidelidade de Rute atraiu sobre ela a protecção e o amor de um homem justo. No relato aparecem
fome, miséria, morte, solidão, tristeza, amargura, medo do futuro, incerteza. Mas a força de Deus
actua quando os homens são fiéis. Filhos de uma cultura em que a fidelidade está desvalorizada,
temos esta chamada urgente para descobrir esse valor que nos torna tão parecidos com o próprio
Deus porque nos faz oferecer aos outros o que ele nos oferece: uma rocha sólida em que nos
apoiemos, umas asas debaixo das quais nos possamos sentir seguros.

Para reflexão pessoal e de grupo
Divide uma folha de papel em duas colunas e, depois de ler o livro de Rute (tem apenas quatro
capítulos e pode ser atribuído um capítulo a cada grupo), anota na coluna da esquerda tudo o que
são situações negativas (fome, …); na da direita, as situações positivas (fidelidade, acolhimento, etc.).

14
  Elas choraram novamente em alto pranto. Entretanto, Orpa beijou a sua sogra e retirou-se, mas Rute permaneceu na
sua companhia. 15Noemi disse-lhe: «Vês, a tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai tu também com
a tua cunhada.» 16Mas Rute respondeu:«Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores, eu irei contigo e onde
pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. 17Onde morreres, também eu quero
morrer e ali serei sepultada. Que o Senhor me trate com rigor e ainda o acrescente, se até mesmo a morte me separar de
     18
ti.» Vendo que ela estava assim decidida, Noemi não insistiu mais com ela. (Rut 1)
Actualiza estas palavras de Rute. A quem as dirias?

Oração final – Sl 91
1
  Aquele que habita sob a protecção do Altíssimo e mora à sombra do Omnipotente,
2
  pode exclamar: «Senhor, Tu és o meu refúgio,
a minha cidadela, o meu Deus, em quem confio!»
3
  Ele há-de livrar-te da armadilha do caçador
e do flagelo maligno.
4
  Ele te cobrirá com as suas penas;
debaixo das suas asas encontrarás refúgio;
a sua fidelidade é escudo e couraça.
5
  Não temerás o terror da noite,
nem da seta que voa de dia,
6
  nem da peste que alastra nas trevas,
nem do flagelo que mata em pleno dia.
14
   «Porque acreditou em mim, hei-de salvá-lo;
hei-de defendê-lo, porque conheceu o meu nome.
15
   Quando me invocar, hei-de responder-lhe;
estarei a seu lado na tribulação,
para o salvar e encher de honras.

Compromisso
Repetir e rezar a frase de Rute, atribuindo-a a tua relação com Deus: «onde tu fores, eu irei contigo».

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      13
JEREMIAS: UM PROFETA CONFLITIVO                                                        5
Ambientação
Conversar, no início da reunião, sobre as queixas mais comuns dos jovens e da sociedade. Apontar
possíveis causas.

Palavra de Deus
Um homem que pergunta
Porque alcançam os maus tanto sucesso e os pérfidos vivem tranquilos na sua malvadez? (Jer 12, 1-3)
18
   Porque se tornou perpétua a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento?
Ai! Serás para mim como um riacho enganador de água inconstante? (Jer 15,18)
Um homem que se queixa
7
  Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste.
Sou objecto de contínua irrisão, e todos escarnecem de mim.
9
  A mim mesmo dizia: «Não pensarei nele mais! Não falarei mais em seu nome!»
Mas, no meu coração, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos.
Esforçava-me por contê-lo, mas não podia. 14Maldito seja o dia em que eu nasci!
18
   Porque saí do seu seio? Somente para contemplar tormentos e misérias, e consumir os meus dias
na confusão? (Jer 20, 7-17)
Um home que denuncia
 9
   Roubais, matais, cometeis adultérios, jurais falso, ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que
vos são desconhecidos; 10e depois, vindes apresentar-vos diante de mim, neste templo, onde o meu
nome é invocado, e exclamais: 'Estamos salvos!' Mas seguidamente voltais a cometer todas essas
abominações. 11Porventura, este templo, onde o meu nome é invocado, é a vossos olhos, um covil de
ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas estas coisas - oráculo do Senhor. (Jer 7, 1-11)

Jeremias escolhido
Um dos maiores problemas da nossa vida cristã é o de fabricarmos um Deus à nossa medida. A
melhor prenda que Deus nos pode dar é fazer os nossos deuses em pedaços e dar-se-nos a conhecer
como Aquele que é sempre maior que qualquer imagem que possamos fazer dele.
Jeremias procura evitar o peso do chamamento, da responsabilidade, da missão. Pensa que talvez
possa convencer Deus com os seus argumentos e manejar os seus planos com as suas razões. Mas a
insistência de Deus é peremptória (Jer 1,7-10). O silêncio de Jeremias foi a sua primeira rendição
diante daquele que verificara ser mais forte.

A tarefa
A tarefa é dura: antes de construir ou criar algo de positivo, tinha de arrancar tudo o que em Israel
eram falsas raízes de segurança e de confiança, derrubar os muros da injustiça e derreter os gelos das
infidelidades. E para esse trabalho tão ingrato, uma só garantia: «Eu estarei contigo».
Jeremias lança-se com coragem, mas nada do que diz é do agrado do povo. A reacção do rei e dos
sacerdotes foi fulminante e Jeremias acaba preso. Experimenta amargamente a incompreensão, a
solidão, a hostilidade, o fracasso. E é no fundo desse abismo que faz a experiência mais profunda de
Deus. Um Deus que não admite resistências quando envia, que arrasta para caminhos perigosos e

          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
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escuros e que exige também uma total certeza de que ele é um companheiro misterioso nesse
caminho. Jeremias lutou com esse Deus: protestou, queixou-se… mas Deus entrou na vida de
Jeremias e cumpriu a sua promessa. Ao observarmos a vida de Jeremias, não nos encontramos com
as histórias de um herói, mas com a história de um homem que se rendeu ao poder desse amor.

Para reflexão pessoal e de grupo
Estas seis imagens pertencem à missão de
Jeremias. Ampliai-as num cartaz e escrevei,
em cada uma, as situações da vossa vida,
do vosso grupo ou do vosso mundo, que
precisam dessa acção.

Talvez também tenhais queixas ou perguntas
que não tendes coragem de fazer. Reconhecei
e exprimi os vossos sentimentos. Tentai depois
chegar a uma atitude mais profunda de
adoração silenciosa diante de Deus,
cujo mistério nos inunda…
Construí uma oração onde reflictais o
que sentis diante de Deus Amor.
São lidas as orações dos grupos após
a oração proposta e antes do compromisso.

Oração - Sir 36
 1
   Tem piedade de nós, ó Senhor, Deus de todas as coisas;
olha para nós e espalha o teu temor sobre todas as nações.
4
  Que reconheçam, como também nós reconhecemos,
que fora de ti, Senhor, não há outro Deus.
5
  Renova os teus prodígios, faz novos milagres,
glorifica a tua mão e o teu braço direito.
10
    Reúne todas as tribos de Jacob,
toma-as como tua herança, como no princípio.
11
    Tem piedade, Senhor, do teu povo,
que foi chamado pelo teu nome,
e de Israel, que trataste como filho primogénito.
12
   Tem piedade da cidade do teu santuário,
de Jerusalém, lugar do teu repouso.
13
    Enche Sião do louvor das tuas maravilhas,
e o teu povo com a tua glória.

Compromisso
Debruçar-me sobre qual será a missão que Deus me propõe e ir colocando-a em prática.
Confiar que, mesmo na tribulação, Deus está. Repetir até ao próximo encontro esta certeza: «Eu
estarei contigo».

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MARIA, A MELHOR DISCÍPULA                                                            6
Ambientação
Começar o encontro falando sobre presentes especiais que cada um recebeu e a forma que costuma
utilizar para agradecer.



Palavra de Deus
46
   Maria disse, então:«A minha alma glorifica o Senhor
 47
    e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
 49
    O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
Santo é o seu nome.
 50
    A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que o temem.
 51
    Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
 52
    Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
 53
    Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
 54
    Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
 55
    como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência, para sempre.» (Lc 1, 46, 55)

Maria, a grande discípula
O Magnificat é o hino de louvor que o evangelho de Lucas põe na boca de Maria na visita a sua prima
Isabel (Lc 1,46-56). O que o Magnificat nos oferece, mais que um conjunto de palavras possivelmente
proferido por Maria, é a canção profunda da alma de Maria, a melodia com que ela conseguiu entrar
em harmonia com a música de Deus.
O louvor de Maria sobe para Deus com a velocidade de uma flecha, convidando-nos a lançarmo-nos
no espaço aberto da admiração, do assombro, do agradecimento transbordante por Deus ser como é
e por nos amar como nos ama.
Maria educa o nosso olhar para o dirigir para a glória de Deus: ensina-nos também a deixarmo-nos
observar por ele. Ajuda-nos a perceber que sobre a nossa pequenez gravita a imensa ternura de
Alguém que nos ama, precisamente porque somos pequenos e não se cansa de fazer em nós coisas
maravilhosas, se consentirmos a sua acção.
Maria converte-nos também em educadores e ensina-nos a comunicar a todos a alegria de sermos
olhados assim, pelo olhar de um Deus-Mãe que nos encoraja e de um Deus-Artista que se alegra com
a sua obra.

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Para reflexão pessoal e de grupo
Lê em Mt 13,1-51 as parábolas do Reino que encerram grande parte da sabedoria do Evangelho para
quem queira tornar-se discípulo de Jesus. Lê devagar cada uma delas, procurando imaginar como é
que Maria as ouviu e viveu, ou melhor, deixa que seja ela, que as conservou no seu coração, a
recordar-tas.
Como nas ladainhas que fazem parte da tradição da Igreja, podes dirigir-te a Maria invocando-a:
«Maria, terra boa que acolheste a semente da Palavra e deste cem por um, roga por nós.»
Continua as invocações a Maria, a partir das parábolas em Mt 13, 1-51.

Oração – 1Sam 2
«Exulta o meu coração de júbilo no Senhor.
Nele se ergue a minha fronte,
a minha boca desafia os meus adversários,
porque me alegro na tua salvação.
 2
   Ninguém é santo como o Senhor.
Não há outro Deus fora de ti,
ninguém é tão forte como o nosso Deus.
 3
   Não multipliqueis as vossas palavras orgulhosas.
Não saia da vossa boca a arrogância,
porque o Senhor é um Deus de sabedoria.
Só Ele sabe descobrir as vossas acções.
 4
   O arco dos fortes foi quebrado
e os fracos foram revestidos de vigor.
 5
   Os saciados tiveram que ganhar o pão
e os famintos foram saciados.
Até a estéril foi mãe de sete filhos
e a mulher que os tinha numerosos, ficou estéril.
 6
   O Senhor é que dá a morte e a vida,
leva à habitação dos mortos e tira de lá.
 7
   O Senhor despoja e enriquece, humilha e exalta.
 8
   Levanta do pó o mendigo e tira da imundície o pobre,
para os sentar com os príncipes e ocupar um trono de glória;
porque são do Senhor as colunas da terra
e sobre elas assentou o mundo.
 9
   Ele dirige os passos dos seus santos,
mas os ímpios perecerão nas trevas;
porque homem algum vencerá pela sua própria força.
 10
    Tremerão diante do Senhor os seus inimigos,
trovejará do céu sobre eles.
O Senhor julga os confins da terra!
Ele dará o império ao seu rei,
e exaltará o poder do seu ungido.»

Compromisso
Cultivar um coração agradecido a Deus e aos irmãos, e praticar a palavra «obrigado».

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JOÃO: SABER-SE AMADO                                                                   7
Ambientação
Iniciar o encontro falando e tentando definir a amizade. Escolher três frases que resumam o que se
discutiu.

Palavra de Deus
1
  O que existia desde o princípio,o que ouvimos,
o que vimos com os nossos olhos,
o que contemplámos e as nossas mãos tocaram
relativamente ao Verbo da Vida,
2
  de facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho
e anunciamo-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que se manifestou a nós
3
  o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,
para que também vós estejais em comunhão connosco.
E nós estamos em comunhão com o Pai
e com seu Filho, Jesus Cristo.
4
  Escrevemo-vos isto para que a nossa alegria seja completa. (1 Jo, 1-4)



Saber-se amado
Quem é o homem que escreve estas coisas? Ao lê-las temos a impressão de que no seu autor há uma
grande certeza de serenidade, e que quer transmitir uma mensagem que é a conclusão de uma
experiência única. É alguém que se chama a si mesmo «o discípulo que Jesus amava». No seu
evangelho realça a sua condição de discípulo e o que constitui o núcleo mais profundo da sua
experiência crente: saber-se amado por Jesus.
João deixou-se amar por Jesus e o seu conhecimento do Mestre leva a marca desse amor. João fora
testemunha privilegiada de que o mistério do amor recíproco de Jesus e do Pai nos está aberto, nos é
oferecido e entregue.

Um Jesus a descobrir
No tempo que passou com o Mestre, João foi testemunha da humanidade tão próxima de um Jesus
que se cansa de caminhar e tem sede (Jo 4,6), que chora pela morte de um amigo (Jo 11,33), que se
angustia perante a iminência da sua paixão (Jo 12,27).
Jesus dissera:
12
   É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. 13Ninguém tem mais
amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. (Jo 15)
E João fará deste mandamento o motivo quase único da sua pregação:
7
  Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu
de Deus e chega ao conhecimento de Deus. 8Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois
Deus é amor. (1 Jo 4)

          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
     18
Para reflexão pessoal e de grupo
Como exprimirias com palavras tuas estas frases de João:
- «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» (Jo 7,17)
- «Vim para que as minhas ovelhas tenham vida e vida em abundância» (Jo 10,10)

João é o único evangelista que narra a cena do lava-pés onde os outros evangelistas colocam o relato
da instituição da Eucaristia. Que significado te parece ter isto?

Ser discípulo é ter um encontro pessoal com Jesus.
Ser discípulo é sentir-se amado, é confiar a própria vida segundo a Palavra de Jesus.
(Continua a definição de discípulo)



Oração – Sl 63
2
  Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!
A minha alma tem sede de ti;
todo o meu ser anela por ti,
como terra árida, exausta e sem água.
3
  Quero contemplar-te no santuário,
para ver o teu poder e a tua glória.
4
  O teu amor vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios te hão-de louvar.
5
  Quero bendizer-te toda a minha vida
e em teu louvor levantar as minhas mãos.
6
  A minha alma será saciada com deliciosos manjares,
com vozes de júbilo te louvarei.
7
  Lembro-me de ti no meu leito,
penso em ti, se fico acordado,
8
  porque Tu és o meu auxílio,
e à sombra das tuas asas eu exulto.
9
  A minha alma está unida a ti,
a tua mão direita me sustenta.
10
   Os que procuram a minha ruína,
cairão nas profundezas do abismo.
11
   Eles morrerão à espada
e serão transformados em pasto de chacais.
12
   Mas o rei há-de alegrar-se em Deus,
cantarão louvores os que juram por Ele,
enquanto a boca dos mentirosos será fechada.


Compromisso
Colocar em prática o mandamento do Senhor:
12
   É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.




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MULHER TRANSFORMADA                                                                   8
Ambientação
Começar a renuão falando do que mais se condena na sociedade e porquê?
Como reagem quando se vêem perante alguma condenação?



Palavra de Deus
40
   Então, Jesus disse-lhe:
«Simão, tenho uma coisa para te dizer.»
«Fala, Mestre» - respondeu ele.
41
   «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta.
42
   Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?»
43
   Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.»
Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.»
44
   E, voltando-se para a mulher, disse a Simão:
«Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os
pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. 45Não me deste um ósculo; mas ela,
desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. 46Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-
me os pés com perfume. 47Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque
muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.»
48
   Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»
49
   Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»
50
   E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.» (Lc 7, 40-50)



A mulher pecadora
O retrato da mulher pecadora é pintado pelo evangelista Lucas como um perfil luminoso sobre um
fundo de sombras: a figura do fariseu.
O perfil do fariseu é feito de lei, correcção, equilíbrio, ponderação, compostura, digna severidade
perante o pecado… Convidou Jesus, mas não deve conceder excessivas gentilezas àquele galileu que
convive com a gentalha. E diante dele, a mulher: um exagero de esbanjamento, perfume derramado,
beijos e lágrimas. Ela nem sequer fala, mas os seus gestos gritam o enorme perdão que lhe foi
concedido. Estava perdida à beira do mal e alguém lhe deitou a mão.
A novidade que apreendemos na vida desta mulher é para nós um factor invisível, mas é
precisamente isso que chama a atenção de Jesus e lhe causa admiração. «Coração contrito e
humilhado», essa consciência de valer pouco e não merecer nada, mas ser imensamente amado por
Deus; esse agradecimento entusiasmado por ter sido perdoado e refeito e acolhido de novo numa
relação de amizade.




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Para reflexão pessoal e de grupo
A figura da pecadora perdoada mostra o respeito de Jesus pelas mulheres que a sociedade despreza
orgulhosamente. Perante ela ressalta a frieza do fariseu, alguém que se crê justo, mas que «ama
pouco porque pouco lhe foi perdoado».

À luz deste texto, façamos uma revisão da nossa vida:
- Considero-me «pecador» ou «justo?
- Sou capaz, sem necessidade de muito esforço, de recordar algumas experiências de ter sido
perdoado?
- Qual é a minha maneira concreta de exprimir a alegria de ter sido perdoado?
- Uma boa maneira de tomar consciência da nossa verdade seria escrever ou repensar graficamente a
nossa história de amor com Deus, essa história em que pusemos tudo o que é turbulento e negativo,
pobreza e incapacidade, mas Jesus interrompeu nela com toda a sua misericórdia torrencial, com a
sua capacidade de perdão que supera os nossos cálculos. Tenta então escrever ou repensar
graficamente a tua história de amor com Deus, depois de uns momentos de oração.



Oração – Sl 43
2
  Como suspira a corça pelas águas correntes,
assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
3
  A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!
Quando poderei contemplar a face de Deus?
 5
   A minha alma estremece ao recordar
quando passava em cortejo para a Casa do Senhor,
entre vozes de alegria e de louvor
da multidão em festa.
6
  Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.
7
  A minha alma está abatida:
por isso, penso muito em ti,
desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar.
 9
   Durante o dia, o Senhor há-de enviar-me os seus favores,
para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida.
12
   Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.



Compromisso
Experimentar o perdão de Deus na oração pessoal.
Praticar o perdão na vida do dia-a-dia.



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BARTIMEU COMEÇA A VER                                                                    9
Ambientação
Começar o encontro dialogando sobre os vários tipos de cegueira que podem existir.
O que nos pode impedir de ver os outros?

Palavra de Deus
46
   Chegaram a Jericó. Quando ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão, um
mendigo cego, Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. 47E ouvindo dizer que
se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de
mim!» 48Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David,
tem misericórdia de mim!» 49Jesus parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe:
«Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» 50E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com
Jesus. 51Jesus perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, que eu veja!» - respondeu o cego.
52
   Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
(Mc 10, 46-52)

Bartimeu, o crente
Bartimeu é descrito com uns traços comovedores que fazem com que nos identifiquemos
espontaneamente com a sua situação: é mendigo, é cego e está sentado, envolvido no seu manto, à
beira do caminho.
Ele é quem tem a iniciativa de chamar e consegue que seja essa mesma gente, que antes o tinha
impedido, que se converta agora em transmissora da sua palavra: «Coragem, levanta-te que Ele
chama-te.»
E, sob o impulso dessa chamada, Bartimeu lança fora o seu manto, como se fosse uma pele velha, e
corre alegremente ao encontro de Jesus. Mendicidade e panos ficaram para trás. Continua cego, mas
agora está a caminho para a luz. Aproximou-se de Jesus que lhe faz uma pergunta estranha, quase
surpérflua: «Que queres que te faça?»
Bartimeu tinha gritado antes: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!», mas já não repete,
porque se sente envolvido agora pela onda de compaixão que a proximidade de Jesus irradia sobre
quem dele se aproxima. Agora só lhe falta ver com os seus próprios olhos esse homem que parou e o
mandou chamar.
«Mestre, que eu veja!»
Bartimeu sente-se discípulo, começa a reconhecer a palavra de Jesus como caminho e verdade e está
seguro de que essa palavra é também a luz que pode tirá-lo da sua noite.
«Vai, a tua fé te salvou».
E uma maré de luz sobe aos olhos de Bartimeu e desperta-o das trevas. Talvez só houvesse uma troca
de olhares, porque Jesus retoma imediatamente a caminhada para Jerusalém. Atrás dele, quase
pisando as suas pegadas, vai um novo discípulo, alguém que começou a ver o mundo à sua maneira,
alguém que não parece ter medo de seguir Jesus. Bartimeu aprendeu que ver é escolher e olhar com
intensidade uma só coisa: a vontade de Deus.

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Para reflexão pessoal e de grupo
Também nós somos como que mendigos sentados à beira do caminho. Torna-te consciente das tuas
zonas escuras, das tuas cegueiras, daquilo que não te deixa ver a vida em profundidade, os outros e
Deus em tudo isso. Enumera algumas.

Também nos são dirigidas essas palavras de Jesus que têm a mesma força criadora do Deus do
Génesis: «Coragem, levanta-te!». Em que momentos já sentiste este imperativo?

A pergunta de Jesus: «Que queres que te faça?» é uma mão estendida em direcção a ti, para começar
contigo um diálogo. É um convite para que ponhas diante dele a tua cegueira e a tua pobreza e que
deixes que ele te cure e te devolva a luz e a possibilidade de o seguires pelo caminho. Coninua o
diálogo imaginando que Jesus te pergunta: «Que queres que te faça?».

Oração – Como o cego do caminho
Estou aqui, Senhor, como o cego do caminho.
Passas ao meu lado e não te vejo.
Tenho os olhos fechados à luz
E sinto neles como duras escamas que me impedem de ver.
Ao sentir os teus passos, ao ouvir a tua voz,
Sinto em mim um manancial a nascer,
Como uma ave que foge, a voar,
Como uma vida que grita por ti.
Procuro-te, desejo-te, preciso de ti
Para atravessar tantos caminhos na minha vida.
Senhor, cegam-me tantas coisas.
É a vida com as suas luzes de cores.
É o prazer com a sua força irresistível.
É o dinheiro com as suas cadeias que acorrentam.
Sinto em mim uma luta dura e sem piedade.
Senhor, abre-me os olhos da tua vida.
Quero pôr os meus olhos nos teus
E ler neles a tua amizade.
Quero ver o teu rosto, abrir os meus olhos à luz do Evangelho.
Quero olhar a vida de frente e com sentido.
Quero que a fé seja farol no meu caminho.
Quero ver em cada homem um irmão.
Quero procurar em tudo as tuas pegadas.
Como o cego do caminho, assim te procuro.

Compromisso
Olhar a vida com os olhos de Deus. Dar valor às coisas mais simples.

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ZAQUEU: PERDER PARA GANHAR                                                     10
Ambientação
Iniciar o encontro discutindo sobre aquilo de que cada um sente mais falta.

Palavra de Deus
1
  Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. 2Vivia ali um homem rico, chamado Zaqueu,
que era chefe de cobradores de impostos. 3Procurava ver Jesus e não podia, por causa da multidão,
pois era de pequena estatura. 4Correndo à frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque Ele devia
passar por ali. 5Quando chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce
depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» 6Ele desceu imediatamente e acolheu Jesus, cheio de
alegria. 7Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo que tinha ido hospedar-se em casa de
um pecador. 8Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: «Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e,
se defraudei alguém em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.» 9Jesus disse-lhe: «Hoje
veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; 10pois, o Filho do Homem veio
procurar e salvar o que estava perdido.» (Lc 19, 1-10)

Zaqueu
As pessoas vêem em Zaqueu um homem rico, de negócios duvidosos, colaborador dos romanos,
chefe de publicanos. Olham para ele tal como era fisicamente: pequeno de estatura, como se o seu
físico fosse a expressão da sua condição íntima.
Esse Jesus itinerante e incansável atravessa Jericó a caminho de Jerusalém e o povo acotovelava-se
para o ver passar. Zaqueu também tentava, mas era inútil, pois entre ele e a comitiva que passava
levantava-se uma muralha de gente. Só lhe restavam duas possibilidades: ou voltar para casa ou subir
para aquela árvore à beira do caminho.

Na árvore
Decidiu-se a ficar e subir. No meio da poeira aproximava-se Jesus, que Zaqueu queria conhecer e que
ia passar mesmo ali. Mas o que Zaqueu não esperava era que Jesus se detivesse inesperadamente
para o procurar. Os olhos de Zaqueu abriram-se como enormes janelas por onde entrou um
assombro infinito: era para ele que Jesus olhava! Era o seu nome que pronunciava! Era a ele que se
dirigia: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.»

Um novo Zaqueu
O resto da narração descreve uma cena luminosa a destacar-se sobre um fundo sombrio: a
murmuração dos que se empenham em continuar a ler a vida de Zaqueu como sempre fizeram. E a
crítica rancorosa inclui também Jesus, o homem das «más companhias».
Sobre estas sombras briha calorosamente a atitude de Zaqueu: a sua pressa jubilosa, a sua alegria, a
explosão da sua generosidade.
Jesus devolveu a Zaqueu o código secreto da sua identidade. A palavra de Jesus vence uma vez mais e
Zaqueu renasce, graças a ela. O olhar de Jesus tranformou o olhar sedento de Zaqueu.

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Para reflexão pessoal e de grupo
A narração do encontro continua aberta. A porta da casa onde se celebra o banquete está aberta
para que entremos. Tens coragem de entrar e fazer tua a sua experiência?
Revê as «tuas riquezas», a tua «pequena estatura». De que forma estes elementos da tua vida
tornam difícil o acesso a Jesus?
Descobre que situações, ideias, atitudes, talvez pessoas, representam um obstáculo para o teu
encontro com Jesus.
Qual a árvore, isto é, aquilo que na tua vida é meio para te encontrares com Jesus?
Lês a vida dos outros olhando as aparências ou com profundidade, com os olhos de Jesus?



Oração – Sl 143
Escuta, Senhor, a minha oração;
pela tua fidelidade, atende as minhas súplicas;
responde-me, pela tua justiça.
2
  Não chames a contas o teu servo,
pois ninguém é justo na tua presença.
3
  Os meus inimigos perseguiram-me
e deitaram-me por terra;
obrigaram-me a viver nas trevas,
como os que já morreram há muito tempo.
4
  O meu espírito desfalece dentro de mim,
gelou-se-me o coração dentro do peito.
5
  Recordo os dias de outrora,
medito em todas as tuas obras
e penso nas maravilhas que realizaste.
6
  Ergo para ti as minhas mãos;
como terra seca, a minha alma está sedenta de ti.
7
  Senhor, responde-me depressa;
estou prestes a desfalecer!
Não escondas de mim a tua face,
pois seria como os que descem à sepultura.
8
  Faz que eu sinta, desde a manhã, a tua bondade,
porque é em ti que eu confio.
Mostra-me o caminho a seguir,
porque para ti elevo a minha alma.
9
  Livra-me, Senhor, dos meus inimigos,
porque em ti me refugio.
10
   Ensina-me a cumprir a tua vontade,
pois Tu és o meu Deus.
Que o teu espírito bondoso
me conduza pelo caminho recto.

Compromisso
Repetir e actualizar a seguinte expressão:
6
  Ergo para ti as minhas mãos; como terra seca, a minha alma está sedenta de ti.

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O SAMARITANO: TORNAR-SE PRÓXIMO                                                  11
Ambientação
Começar a reunião com todos os elementos o mais separados possível uns dos outros e partilhar o
que sentem nessa posição.

Palavra de Deus
25
   Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de
fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27O outro
respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas
as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus:
«Respondeste bem; faz isso e viverás.»
29
   Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30Tomando
a palavra, Jesus respondeu:
«Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o
despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto.
31
   Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo.
32
   Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.
33
   Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão.
 34
    Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria
montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os
ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36Qual
destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
37
   Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o
mesmo.» (Lc 10, 25-37)

O samaritano
Os juízos de Jesus sobre as pessoas coincidem tão pouco com as nossas reacções espontâneas…
Jesus entra em provocação, ao escolher a terceira personagem que, só de nomeá-la, já despertava
rejeição e prevenção receosa. Nenhuma consideração sobre as virtudes deste samaritano é dada,
apenas uma referência à sua sensibilidade. Na bíblia as funções essenciais do homem e da mulher
são designadas pelos seus órgãos corporais (coração, boca, mãos…).
Os olhos do samaritano: estava um homem ferido na valeta e o samaritano «viu-o». Também «o
viram» o sacerdote e o levita, mas tinham passado adiante. A particularidade do olhar do samaritano
foi a sua «conexão» com o coração: «viu-o e teve compaixão». Mas não vai ficar num mero
sentimento de pena. Agora o seu coração põe-se em «conexão» com os pés, que o conduzem para o
homem da valeta: «aproximou-se». É nesse momento que o samaritano começa a tornar-se
«próximo».
As mãos do samaritano põem-se agora em acção: «fez os curativos», derramando azeite e vinho nas
feridas; e sentando-o na sua montada, levou-o a uma pensão e tratou dele. Finamente vai ser a sua
boca, a sua palavra, a comprometer-se até ao fim com a sorte do homem de quem se tornou

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     26
definitivamente, próximo: «No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo:
‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’»
O nome do samaritano ficou no anonimato. Não recebeu agradecimentos nem felicitações de
ninguém, seguiu o seu caminho. Mas foi o homem que conseguiu cumprir todos os mandamentos da
Lei e os Profetas, ser próximo.
A medida do cristão é a da sensibilidade, pôr em estado alerta todo o seu ser, para responder
afectivamente às chamadas que lhe vêm do concreto e ser próximo.

Para reflexão pessoal e de grupo
Lede em grupo a parábola e actualizai-a, mudando para hoje as suas personagens e circunstâncias.
Que propostas concretas faríeis aos cristãos da vossa comunidade, no sentido de serem na sociedade
de hoje os «bons samaritanos»?
Já alguma vez vos aconteceu fazer de «bom samaritano»? Comentai essa experiência em grupo.

Oração – Sl 119
9
  Como poderá um jovem manter puro o seu caminho?
Só guardando as tuas palavras.
10
   Eu procuro-te com todo o coração;
não deixes que me afaste dos teus mandamentos.
11
   Guardo no meu coração as tuas promessas,
para não pecar contra ti.
12
   Bendito sejas, Senhor!
Ensina-me as tuas leis.
13
   Anuncio com os meus lábios
todos os decretos da tua boca.
14
   Alegro-me mais em seguir as tuas ordens,
do que em possuir qualquer riqueza.
15
   Meditarei nos teus preceitos
e prestarei atenção aos teus caminhos.
16
   Hei-de alegrar-me com as tuas leis;
não esquecerei as tuas palavras.
17
   Concede ao teu servo uma longa vida
e eu cumprirei as tuas palavras.
18
   Abre os meus olhos
para que eu veja as maravilhas da tua lei.
19
   Sou um peregrino nesta terra;
não me escondas os teus mandamentos.
20
   A minha alma suspira sem cessar,
desejando conhecer os teus juízos.
24
   Os teus preceitos são as minhas delícias;
são eles os meus conselheiros.



Compromisso
Fazer o compromisso de ajudar alguém necessitado, tornar-se próximo de alguém.

          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
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A VIÚVA POBRE: ENTREGA TUDO                                                     12
Ambientação
Começar o encontro partilhando as experiências surgidas do compromisso da reunião anterior.



Palavra de Deus
1
  Levantando os olhos, Jesus viu os ricos
deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas.
2
  Viu também uma viúva pobre
deitar lá duas moedinhas 3e disse:
«Em verdade vos digo que esta viúva pobre
deitou mais do que todos os outros;
4
  pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava,
enquanto ela, da sua indigência,
deitou tudo o que tinha para viver.» (Lc 21, 1-4)



Ostentação
Jesus está sentado diante do lugar onde se depositam as oferendas. As pessoas importantes vão-se
aproximando para cumprir o dever da esmola e fazem-no com solenidade. Têm de se comportar
como verdadeiros cumpridores da Lei. Jesus vê e guarda silêncio.

Simplicidade
Depois, quase que uma sombra, chega uma mulher. O seu modo de vestir revela a sua condição de
viúva (nenhuma ajuda, nenhum apoio, todas as dificuldades). Leva na mão tudo o que tem e, seja
qual for a sua oferta, será demasiado para as suas posses. Mas…não deixou apenas uma parte do
tudo, deixou cair tudo o que guardava e perdeu-se na multidão.

Quando o muito é pouco
Jesus deixou-a seguir o seu caminho, não a felicita, Ele sabe que o nome da mulher já está escrito no
coração do Pai. Contentou-se com um comentário sóbrio de admiração dirigido aos seus discípulos:
«Esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4pois eles deitaram no tesouro do que lhes
sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.»
Mais uma vez o mestre exige uma mudança de critérios, de sentimentos, de juízos.
A explicação de Jesus é também dirigida a cada um de nós. É um convite a uma avaliação diferente, a
preferir outros critérios, a inclinar o coração para outra maneira de viver, que não a ostentação.
Quem alguma vez fez a experiência de dar tudo, sabe que entra no caminho de uma alegria que
ninguém pode arrebatar, pois só Deus basta.



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     28
Para reflexão pessoal e de grupo
Lede este poema de R.Tagore e comentai-o a partir da vossa experiência:
«Andava eu a mendigar de porta em porta, pelo caminho do povoado, quando apareceu à distância o
teu carro dourado como um sonho brilhante. Fiquei maravilhado, perguntando-me quem seria esse
rei dos reis. Cresceram bem alto as minhas esperanças e pensei com os meus botões que os meus dias
maus tinham acabado; e fiquei à espera das esmolas dadas sem ser pedidas e de um monte de
riquezas espalhadas pelo chão.
O carro deteve-se ao meu lado. Olhaste-me e desceste com um sorriso nos lábios. Senti que, por fim,
tinha chegado a sorte à minha vida. De repente estendeste a mão direita, dizendo:
- Tens alguma coisa que me dês?
Que gesto de realeza tão estranho o teu de estender a palma da mão para pedir a um mendigo! Eu
estava confuso e fiquei indeciso. Depois, lentamente, tirei do meu saco um grãozinho de milho e dei-
to. Mas qual não foi a minha surpresa quando, no fim do dia, esvaziei o meu saco no chão e encontrei
um grãozito de ouro no meio do pobre monte.
Como chorei amargamente e como desejei ter tido coração para te dar tudo o que sou!»

Comentários ao poema.
Ligações com a vida real.
Que lições tirar do poema à luz da passagem evangélica.
Construir uma oração de entrega ao Senhor.



Oração – Sl 23
1
  O Senhor é meu pastor: nada me falta.
2
   Em verdes prados me faz descansar
e conduz-me às águas refrescantes.
3
   Reconforta a minha alma
e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome.
4
  Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.
5
  Preparas a mesa para mim
à vista dos meus inimigos;
ungiste com óleo a minha cabeça;
a minha taça transbordou.
6
   Na verdade, a tua bondade e o teu amor
hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.



Compromisso
Analisar a caminhada feita até ao momento e oferecer ao Senhor tudo o que poderei ainda dar.
Perante a caminhada de fé realizada, elaborar um projecto de vida para o próximo ano.
          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
     29
Neste espaço apresentamos vários tipos de subsídios que podem ser utilizados pelos grupos nas
reuniões ou em outro tipo de eventos: celebrações, encontros paroquiais, etc.



A – Mensagens do Papa

B – Os “deuses” em que não creio

C – Um lago chamado “FÉ”

D – Acreditar em Deus

E – A fé “desfeinada”

F – Os cinco sentidos da fé

G – Crer e querer…

H – Lectio Divina

I – Para que os jovens rezem

J – Bíblia, uma longa história

K - Maria

L - Credo




            Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
     30
MENSAGENS DO PAPA                                                                                       A
                                MENSAGEM DO SANTO PADRE
                                        BENTO XVI
                          PARA O DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE XXVI
                                          2011




                                 " arraigados e fundados em Cristo, na fé " (cf. Col 2:07)


Queridos amigos,

Penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney, em 2008. Ali, vivemos uma grande festa da fé, na qual
o Espírito de Deus agiu com força, criando uma intensa comunhão entre os participantes, vindos de todas as partes do
mundo. Aquele encontro, como os precedentes, produziu frutos abundantes na vida de muitos jovens e de toda a Igreja.
Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês de agosto
de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez uma
parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem que voltar a encontrar suas
raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2,
7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que
todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta
experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada
um de nós.


1. Nas fontes de vossas maiores aspirações

Em cada época, também em nossos dias, numerosos jovens sentem o profundo desejo de que as relações interpessoais
sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração de construir relações autênticas de amizade,
de conhecer o verdadeiro amor, de fundar uma família unidade, de adquirir uma estabilidade pessoal e uma segurança
real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Ao recordar minha juventude, vejo que, na verdade, a estabilidade e a
segurança não são as questões que mais ocupam a mente dos jovens. Sim, a questão do lugar de trabalho, e com ela a de
ter o futuro assegurado, é um problema grande e premente, mas ao mesmo tempo a juventude segue sendo a idade na
qual se busca uma vida maior. Ao pensar em meus anos de então, simplesmente, não queríamos perder-nos na
mediocridade da vida aburguesada. Queríamos o que era grande, novo. Queríamos encontrar a vida mesma em sua
imensidão e beleza. Certamente, isso dependia também de nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e a
guerra, estivemos, por assim dizer, "encerrados" pelo poder dominante. Por isso, queríamos ir para fora, para entrar na
abundância das possibilidades do ser homem. Mas creio que, em certo sentido, este impulso de ir mais além do habitual
está em cada geração. Desejar algo mais que a cotidianidade regular de um emprego seguro e sentir o desejo do que é
realmente grande faz parte do ser jovem. Trata-se somente de um sonho vazio que desaparece quando uma pessoa se
torna adulta? Não, o homem, na verdade, está criado para o que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é
insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: nosso coração está inquieto, até que não descanse em Ti. O desejo da vida
maior é um sinal de que Ele nos criou, de que levamos sua "marca". Deus é vida, e cada criatura tem a vida; de um modo
único e especial, a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira ao amor, à alegria e à paz. Então, compreendemos que
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é um contrassenso pretender eliminar a Deus para que o homem viva. Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a
separar-se desta fonte e, inevitavelmente, privar-se da plenitude e da alegria: "sem o Criador, a criatura se dilui" (Concílio
Ecumênico Vaticano II, Constituição Gaudium et Spes, 36). A cultura atual, em algumas partes do mundo, sobretudo no
Ocidente, tende a excluir a Deus, ou a considerar a fé como um ato privado, sem nenhuma relevância na vida social.
Embora o conjunto dos valores, que são o fundamento da sociedade, provenha do Evangelho – como o sentido da
dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família -, constata-se uma espécie de "eclipse de Deus", uma
certa amnésia, mais ainda, uma verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco
de perder aquilo que mais profundamente nos caracteriza.

Por esse motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja. Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é
vital ter raízes e bases sólidas. Isso é verdade, especialmente hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis
para construir sua vida, sentindo-se assim profundamente inseguros. O relativismo que se difundiu, e para o qual tudo dá
no mesmo e não existe nenhuma verdade, nem um ponto de referência absoluto, não gera verdadeira liberdade, mas
instabilidade, desajuste e um conformismo com as modas do momento. Vós, jovens, tendes o direito de receber das
gerações que vos precedem pontos firmes para fazer vossas opções e construir vossa vida, do mesmo modo que uma
planta necessita de um apoio sólido até que cresçam suas raízes, para se converter em uma árvore robusta, capaz de
produzir fruto.


2. Enraizados e edificados em Cristo

Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de deter-me em três termos que São Paulo utiliza em:
"Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Aqui, podemos distinguir três imagens: "enraizado" evoca a
árvore e as raízes que a alimentam; "edificado" refere-se à construção; "firme" alude ao crescimento da força física ou
moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de comentá-las, é preciso assinalar que no texto original as três
expressões, desde o ponto de vista gramatical, estão no passivo: quer dizer, que é Cristo mesmo quem toma a iniciativa
de enraizar, edificar e tornar firmes os crentes.

A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo por meio de raízes, que lhe dão estabilidade e alimento.
Sem as raízes, seria levada pelo vento, e morreria. Quais são nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura de
nosso país são um componente muito importante de nossa identidade. A Bíblia mostra-nos outro mais. O profeta
Jeremias escreve: "Bendito quem confia no Senhor e coloca no Senhor sua confiança. Será uma árvore planta junto á
água, que junto às correntes lança suas raízes. Quando chega a estiagem, não a sentirá, sua folha estará verde; no ano da
seca, não se inquieta, não deixa de dar fruto" (Jer 17, 7-8). Enraizar, para o profeta, significa voltar a colocar sua confiança
em Deus. D'Ele vem nossa vida. Sem Ele, não poderíamos viver de verdade. "Deus nos deu a vida eterna e esta vida está
em seu Filho" (1 Jo 5, 11). Jesus mesmo apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso, a fé cristã não é somente
crer na verdade, mas, sobretudo, é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O encontro com o Filho de Deus proporciona
um dinamismo novo a toda a existência. Quando começamos a ter uma relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos nossa
identidade e, com sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Existe um momento na juventude em que cada
um se pergunta: qual sentido tem minha vida, que finalidade, que rumo devo lhe dar? É uma fase fundamental que pode
perturbar a mente, às vezes durante muito tempo. Pensa-se em qual será nosso trabalho, as relações sociais que devem
se estabelecer, que afetos devem se desenvolver... Neste contexto, volto a pensar em minha juventude. De certo modo,
logo percebi que o Senhor me queria sacerdote. Mas, mais adiante, depois da guerra, quando no seminário e na
universidade me dirigia até essa meta, tive que reconquistar essa certeza. Tive que me perguntar: é esse, de verdade,
meu caminho? É, de verdade, a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de permanecer-lhe fiel e estar totalmente à
disposição d'Ele, a Seu serviço? Uma decisão assim também causa sofrimento. Não pode ser de outra maneira. Mas,
depois, tive a verdade: está certo! Sim, o Senhor me quer, por isso me dará também a força; Escutando-lhe, estando com
Ele, chego a ser eu mesmo. Não conta a realização de meus próprios desejos, mas sim Sua vontade. Assim, a vida torna-se
autêntica.

Como as raízes da árvore a mantém plantada firmemente na terra, assim os alicerces dão à casa uma estabilidade
perdurável. Mediante a fé, estamos enraizados em Cristo (cf. Col 2, 7), assim como uma casa está construída sobre os
alicerces. Na história sagrada, temos numerosos exemplos de santos que edificaram sua vida sobre a Palavra de Deus. O
primeiro: Abraão. Nosso pai na fé obedeceu a Deus, que lhe pedia que deixasse a casa paterna para encaminhar-se a um
país desconhecido. "Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus" (Tg 2, 23).
Estar enraizados em Cristo significa responder concretamente ao chamado de Deus, confiando-se a Ele e colocando em
prática Sua Palavra. Jesus mesmo repreende a seus discípulos: "Por que me chamais 'Senhor, Senhor!' e não fazeis o que
vos digo?" (Lc 6, 46). E recorrendo à imagem da construção da casa, complementa: "Todo aquele que vem a mim ouve as

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minhas palavras e as pratica [...] é semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces
sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque
ela estava bem construída" (Lc 6, 47-48).

Queridos amigos, construí vossa casa sobre a rocha, como o homem que "cavou bem fundo". Tentai também vós acolher
a cada dia a Palavra de Cristo. Escutai-o como ao verdadeiro Amigo com quem compartilhar o caminho de vossa vida.
Com Ele ao vosso lado, sereis capazes de afrontar com valentia e esperança as dificuldades, os problemas, também as
desilusões e os fracassos. Continuamente apresentar-vos-ão propostas mais fáceis, mas vós mesmos percebereis que se
revelam como enganosas, não dão serenidade nem alegria. Somente a Palavra de Deus mostra-nos o caminho autêntico,
somente a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que haveis
recebido de vossas famílias e esforçai-vos para responder com responsabilidade ao chamado de Deus, convertendo-vos
em adultos na fé. Não creiais nos que dizem que não necessitais dos outros para construir vossa vida. Apoiai-vos, ao
contrário, na fé de vossos entes queridos, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por tê-la recebido e tê-la feito vossa.


3. Firmes na fé

Estai "enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). A carta, da qual foi tirado esse convite, foi escrita por
São Paulo para responder a uma necessidade concreta dos cristãos da cidade de Colossos. Aquela comunidade, de fato,
estava ameaçada pela influência de certas tendências culturais da época, que afastavam os fiéis do Evangelho. Nosso
contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o dos colossenses de então. Com efeito, há uma forte
corrente de pensamento laicista que deseja afastar Deus da vida das pessoas e da sociedade, lançando as bases e
tentando criar um "paraíso" sem Ele. Mas a existência ensina que o mundo sem Deus converte-se em um "inferno", onde
prevalece o egoísmo, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e os povos, a falta de amor, alegria e esperança. Ao
contrário, quando as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, Lhe adoram em verdade e escutam Sua voz,
constrói-se concretamente a civilização do amor, onde cada um é respeitado em sua dignidade e cresce a comunhão, com
os frutos que isso implica. Há cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes
religiosas que lhes afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem deixar-se seduzir por elas, simplesmente deixaram que se
esfriasse a sua fé, com as inevitáveis consequências negativas no plano moral.

O apóstolo Paulo recorda aos irmãos, contagiados pelas ideias contrárias ao Evangelho, o poder de Cristo morto e
ressuscitado. Esse mistério é o fundamento de nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram,
considerando-o "loucura" (1 Co 1, 23), mostram seus limites antes as grandes perguntas presentes no coração do
homem. Por isso, também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32), Cremos
firmemente que Jesus Cristo se entregou na Cruz para oferecer-nos Seu amor; em sua paixão, suportou nossos
sofrimentos, carregou nossos pecados, alcançou-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da
vida eterna. Deste modo, fomos libertados do que mais paralisa nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a
todos, inclusive aos inimigos, e compartilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade.

Queridos amigos, a cruz geralmente provoca medo, porque parece ser a negação da vida. Na verdade, é o contrário. É o
"sim" de Deus ao homem, a expressão máxima de seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna. De fato, do coração
de Jesus aberto na cruz brotou a vida divina, sempre disponível para quem aceita olhar ao Crucificado. Por isso, quero
convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Sem Cristo, morto e ressuscitado,
não há salvação. Somente Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino da justiça, paz e amor, ao que todos
aspiramos.


4. Crer em Jesus Cristo sem vê-Lo

No Evangelho, é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé quando acolhe o mistério da cruz e ressurreição de
Cristo. Tomé, um dos doze apóstolos, seguiu a Jesus, foi testemunha direta de suas curas e milagres, escutou suas
palavras, viveu o espanto ante sua morte. Na tarde da Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, mas Tomé não está
presente, e quando lhe contam que Jesus está vivo e apareceu a eles, diz: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e
não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei" (Jo 20, 25).

Também nós gostaríamos de poder ver a Jesus, poder falar com Ele, sentir mais intensamente ainda sua presença. Muitos
hoje acham difícil ter acesso a Jesus. Muitas das imagens que circulam de Jesus, e que se fazem passar por científicas, lhe
tiram sua grandeza e a singularidade de sua pessoa. Por isso, ao longo de meus anos de estudo e meditação, fui
amadurecendo a ideia de transmitir em um livro algo de meu encontro pessoal com Jesus, para ajudar de alguma forma a

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ver, escutar e tocar ao Senhor, em quem Deus saiu ao nosso encontro para se deixar conhecer. De fato, Jesus mesmo,
aparecendo novamente aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos.
Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé" (Jo 20, 27). Também para nós é possível ter um
contato sensível com Jesus, colocar, por assim dizer, a mão nos sinais de Sua Paixão, os sinais de seu amor. Nos
Sacramentos, Ele vem até nós de uma forma particular, entrega-se a nós. Queridos jovens, aprendei a "ver", a
"encontrar" a Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até entregar-se como alimento para nosso caminho; no
Sacramento da Penitência, onde o Senhor manifesta sua misericórdia oferecendo-nos sempre seu perdão. Reconhecei e
servi a Jesus também nos pobres e enfermos, nos irmãos que estão em dificuldade e necessitam de ajuda.

Iniciai e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-O mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo
da Igreja Católica; falai com Ele na oração, confiai n'Ele. Nunca vos trairá. "A fé é, antes de tudo, uma adesão pessoal do
homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou"
(Catecismo da Igreja Católica, 150). Assim, podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não se funda unicamente em um
sentimento religioso ou em uma vaga recordação do catecismo de vossa infância. Podereis conhecer a Deus e viver
autenticamente d'Ele, como o apóstolo Tomé, quanto professou abertamente sua fé em Jesus: "Meu Senhor e meu
Deus".


5. Sustentados pela fé da Igreja, para ser testemunhas

Naquele momento, Jesus exclama: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20, 29).
Pensava no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos agora que
nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está vinculada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas
sim, mediante o Batismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que assegura nossa fé
pessoal. O Credo que proclamamos a cada domingo na Eucaristia protege-nos precisamente do perigo de crer em um
Deus que não é o que Jesus nos revelou: "Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem
ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé" (Catecismo da Igreja
Católica, 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela nos faz progredir com segurança na fé, que nos dá
a verdadeira vida (cf. Jo 20, 31).

Na história da Igreja, os santos e mártires tiraram da cruz gloriosa a força para serem fiéis a Deus até a entrega de si
mesmos; na fé, encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar toda a adversidade. De fato, como diz
o apóstolo João: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5, 5). A vitória
que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se expressa na
caridade. Foram artífices da paz, promotores da justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo
Deus; comprometeram-se em diferentes âmbitos da vida social, com competência e profissionalismo, contribuindo
eficazmente para o bem de todos. A caridade que brota da fé lhes levou a dar um testemunho muito concreto, com a
palavra e as obras. Cristo não é um bem somente para nós mesmos, mas é o bem mais precioso que temos para
compartilhar com os demais. Na era da globalização, sejais testemunhas da esperança cristã no mundo todo: são muitos
os que desejam receber esta esperança. Ante o sepulcro do amigo lázaro, morto há quatro dias, Jesus, antes de voltar a
chamá-lo a vida, diz a sua irmã Marta: "Se credes, vereis a glória de Deus" (Jo 11, 40). Também, vós, se credes, se
souberdes viver e dar, a cada dia, testemunho de vossa fé, sereis um instrumento que ajudará a outros jovens como vós a
encontrar o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo.


6. Rumo à Jornada Mundial de Madri

Queridos amigos, vos reitero o convite a participar da Jornada Mundial da Juventude em Madri. Com profunda alegria,
espero a cada um pessoalmente, Cristo quer assegurar-vos na fé por meio da Igreja. A escolha de crer em Deus e segui-Lo
não é fácil. Vê-se obstaculizada por nossas infidelidades pessoais e por muitas vozes que nos sugerem vias mais fáceis.
Não vos desanimeis, buscai o apoio da comunidade cristã, o apoio da Igreja. Ao longo deste ano, preparai-vos
intensamente para o encontro de Madri com vossos bispos, sacerdotes e responsáveis da pastoral juvenil nas dioceses,
nas comunidades paroquiais, nas associações e movimentos. A qualidade de nosso encontro dependerá, sobretudo, da
preparação espiritual, da oração, da escuta em comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco.

Queridos jovens, a Igreja conta convosco. Necessita de vossa fé viva, vossa caridade criativa e o dinamismo de vossa
esperança. Vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e lhe dá um novo impulso. Por isso, as Jornadas Mundiais da
Juventude são uma graça não somente para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está preparando-se
intensamente para acolher-vos e viver a experiência gozosa da fé. Agradeço às dioceses, paróquias, santuários,

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comunidades religiosas, associações e movimentos eclesiais que estão trabalhando com generosidade na preparação
deste evento. O Senhor não deixará de abençoá-los. Que a Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, no
anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu que a obra de Deus se cumprisse nele.
Pronunciando seu "fiat", recebeu o dom de uma caridade imensa, que a impulsionou a se entregar inteiramente a Deus.
Que Ela interceda por todos vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Asseguro-vos
minha recordação paterna na oração e vos bendigo de coração.

Dado no Vaticano, aos 6 de agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor.




                                                     ANGELUS
                                       Domingo, 5 de Setembro de 2010


Queridos irmãos e irmãs!



Quero apresentar brevemente a minha Mensagem - Publicada nos últimos dias - para os jovens do
mundo para XXVI Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada em Madrid, entre menos de um ano.

O tema que escolhi para esta Mensagem tem uma expressão de Carta aos Colossenses Apóstolo
Paulo: " Enraizados e fundados em Cristo, na fé " ( 2.7). É definitivamente uma proposta contra a
corrente! Quem , por exemplo, agora oferece aos jovens a " raiz "e "equilíbrio" ? Em vez disso, ele
destaca a incerteza , mobilidade, volatilidade ... que reflectem uma cultura de indecisão sobre os
valores básicos, princípios pelos quais a orientar e regular a sua vida. Na verdade, eu, pela minha
experiência e contactos que tenho com os jovens , sei que cada geração , na verdade cada pessoa só
é chamada a fazer novamente o caminho de descobrir o sentido da vida . E é precisamente por isso
que eu queria repetir uma mensagem, de acordo com o estilo bíblico, evoca imagens da árvore ea
casa. Para o jovem é como uma árvore crescente necessidade de desenvolver boas raízes profundas ,
que , em caso de tempestades de vento, manter firmemente plantados no solo. Assim, a imagem do
prédio em construção, recorda a necessidade de uma base sólida, porque a casa é sólida e segura.

E aqui é o coração da Mensagem: É na expressão "em Cristo" e " fé ". A maturidade da pessoa, a sua
estabilidade interna, têm suas raízes na relação com Deus, uma relação que passa pelo encontro com
Jesus Cristo. A relação de confiança profunda amizade, o verdadeiro com Jesus pode dar a um jovem
que eles precisam para enfrentar a boa vida, serenidade e luz interior, a capacidade de pensar
positivamente, a amplitude da mente para outros, a disponibilidade pessoalmente a pagar para a
justiça , o bem e a verdade. Por último, mas muito importante: para se tornar um crente , o jovem é
sustentada pela fé da Igreja , e se nenhum homem é uma ilha, muito menos que a Igreja Cristã em
descobrir a beleza da fé compartilhada e testemunha de outro em companheirismo e serviço da
caridade.

Minha Mensagem à juventude é datada de 06 de Agosto, festa da Transfiguração do Senhor . Que a
luz do rosto de Cristo brilha no coração de cada jovem! E a Virgem Maria, acompanhada de sua
maneira de proteger a comunidade e grupos de jovens para a assembleia geral Madrid 2011.


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OS “DEUSES” EM QUE NÃO CREIO                                                           B
Gostava de fazer-te uma pergunta antiga: acreditas em Deus? E depois deixar-te a pensar…
Mas, antes de te deixar a pensar, ou talvez a conversar com Ele, deixa-me despertar a tua atenção
para um perigo: andam por aí muitos ídolos e falsos deuses de quem se fala. Não porque haja muitos
deuses, mas sim porque há muitas imagens distorcidas de Deus. É que ninguém espreita pelo buraco
da fechadura do Céu para ver quem é Deus. A única hipótese que temos de o conhecer é Ele revelar-
se por Amor a nós, gratuitamente.
Sem esta Revelação de Deus, a religião não é mais do que a construção de imagens de Deus, que
nada têm de Boa Notícia. O Homem põe-se a imaginar Deus à sua imagem e semelhança, elevando-o
ao infinito para o melhor e para o pior. Por isso, o cristianismo é antes de mais a revelação de Deus
em Jesus Cristo, como plenitude do Seu Projecto de Amor para todos os homens. Esta é a Fé que
professamos, este é o Deus que conhecemos, o revelado em Jesus de Nazaré.
Infelizmente, temos muitas vezes transformado esta Fé viva e vivificante no Deus Amor de Jesus
Ressuscitado, numa religiosidade vazia de vida, própria de figuras de cera feitas por encomenda e
imagens de santos com um ar adoentado.
Precisamos de acordar a Fé dos cristãos que adormeceram na religião das piedades fáceis e das
promessas descartáveis.
Precisamos de fazer renascer a Igreja para a sua missão profética no mundo de anúncio da Boa-Nova
de Jesus, sempre inquietante e provocadora para os corações abertos à Vida.
Precisamos de renascer nós, ao nível do Coração, porque esta Igreja, Corpo vivo de profetas, somos
nós.
O mundo precisa de ti, para se tornar um lugar mais habitável. O mundo precisa de Deus, para que a
vida ganhe sentido, nos horizontes largos, infinitos, plenos do Seu Amor. Sim, é verdade: o mundo
precisa de Deus, mas daquele que se revelou no Profeta incómodo de Nazaré. Por isso, se alguém te
voltar a perguntar, um dia destes, se tu acreditas em Deus, responde-lhe assim:
“Perguntas-me se acredito em Deus?
Diz-me primeiro por qual Deus me estás a perguntar, e eu te direi se acredito ou não.”
Porque andam por aí muitas caricaturas… É importante termos claro em quem não acreditamos! É
fundamental conhecer os rostos distorcidos a quem nos recusamos chamar “nosso Deus”!
Vou partilhar contigo as imagens de Deus nas quais eu me recuso a acreditar.
Recuso-me a acreditar no deus todo-poderoso, um deus que tem poder para fazer absolutamente
tudo, diante do qual a atitude sensata a ter é jogar à defesa e domesticá-lo com oferendas, cultos e
bons comportamentos, não vá ele virar-se contra nós…
Recuso-me a acreditar no deus merceeiro, um deus que tira o lápis de detrás da orelha e faz
permanentemente anotações no seu caderninho de deve-haver em que todos os nomes estão
registados e do qual todas as dívidas serão saldadas, mais tarde ou mais cedo…
Recuso-me a acreditar no deus bombeiro, um deus de emergência que só serve quando a vida nos
começa a arder, aquele que não interessa nada a ninguém em nenhum momento mas se torna
imprescindível quando já ninguém sabe como há-de resolver os problemas…
Recuso-me a acreditar no deus VIP, um deus que se retrai do trato com os humildes para se tornar
património de elites sabedoras dos seus segredos para as quais reserva as suas regras especiais e as
benesses correspondentes…


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Recuso-me a acreditar no deus catedrático, um deus complicado que só está ao alcance de
inteligentes e estudiosos, com quem dialogar é tarefa complicada que obedece a normas e rituais só
à mão de uns poucos versados nessas artes mas impossível aos homens simples, ainda que de
coração grande…
Recuso-me a acreditar no deus securita, um deus que permanentemente apanhamos a espreitar nos
buracos da fechadura da nossa vida, espiando e condenando os nossos sonhos, vontades e projectos
por não terem passado pelo seu crivo, e segue cada um dos nossos passos com um vinco na testa e
um dedo apontado…
Recuso-me a acreditar no deus sádico, um deus que pede aos homens agruras que nem ele estaria
disposto a aceitar, que para prometer uma qualquer vida depois da morte estraga a vida aos homens
antes da morte, com as suas imposições e leis castrantes…
Recuso-me a acreditar nestes deuses todos porque amesquinham o homem, empequenecem-no,
tiram-lhe dignidade!
Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas palavras são como espinhos que se cravam no
coração da gente, nunca trazendo consigo motivos para a alegria, a esperança ou o recomeço de
vida!
Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas vontades são como um lastro pesado que se
cola ao coração humano, amarrando-o, tolhendo-o, impedindo-o de aprender o gozo de viver, a arte
de ser livre e o risco de amar!
E, acima de tudo, recuso-me a acreditar nestes deuses e em todos os outros parecidos com estes,
porque nenhum deles se revelou em Jesus Cristo!
Fazem mal aos homens e estragam a vida àqueles que foram ensinados a acreditar neles, nunca
saboreando o abraço libertador de Cristo nem a força recriadora das suas palavras que brotam da
intimidade com um Deus Diferente…
Estes deuses fazem tanto mal aos homens e dizem tanto mal de Deus, que acho que a sorte que eles
têm é não existirem mesmo, porque se não eu ia atrás deles com uma pistola e havia de descobri-los
a todos, atrás de qualquer nuvem ou no cume de um rochedo e, então, matava-os, um por um e para
sempre:
        “BANG-BANG! ESTÁS MORTO, EM NOME DO DEUS DE JESUS DE NAZARÉ!!!”

                                                                               Rui Santiago cssr
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          Reuniões de grupo JEF – 2010/2011
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Abraão, o homem do Eis-me, Senhor
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Abraão, o homem do Eis-me, Senhor

  • 1.
  • 2. 6 Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: 7 enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças. (Col 2) Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 2
  • 3. Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês de agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez uma parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem que voltar a encontrar suas raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada um de nós. (Papa Bento XVI) TEMA - "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (Col 2,7) OBJECTIVO GERAL Descobrir na vida do Povo de Israel o caminho de fé que conduz a Cristo Objectivos específicos Conhecer a caminhada de fé de alguns personagens bíblicos. Reconhecer a fé como dom divino Aderir a Jesus Cristo como projecto de vida Assumir na vida pessoal e social as exigências da fé Critérios de acção Encontro de formação: irmãs, animadores e outros. Dia de deserto Encontro vocacional Visitas aos grupos Formação bíblica Participação nas Jornadas Mundiais da Juventude Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 3
  • 4. Meios ao dispor Circulares, Encontros de formação Semeando, Retiro espiritual, Dia de Deserto Formação Bíblica Subsídios para as Reuniões de grupos Subsídios para as Jornadas Mundiais da Juventude CALENDARIZAÇÃO Data Acçao Tema Local Notas Enraizados e Encontro de edificados em Levar a Bíblia, caderno de 30 de Outubro Mirandela Abertura Cristo, firmes na fé. apontamentos e almoço. (Col 2,7) Grupos de: Macedo (D. 13 de Novembro C. D. Abílio Abílio), Macedo (Cidade) Pereira, Mirandela Grupos de: Ligares, Freixo 1º Ciclo de O meu projecto de Freixo de de E. à Cinta, Sendim, 20 de Novembro visitas aos vida: aderir a Jesus Espada à Cinta Miranda do Douro, grupos Cristo. Bragança Grupos de: Loivos. Vilar de 04 de Dezembro Celhariz, Vilar de Nantes Nantes Braga Encontro de As parábolas de Levar a Bíblia, caderno de 15 de Janeiro formação/ Mirandela Jesus na minha vida apontamentos e almoço. animadores Grupos de: Macedo (D. 12 de Fevereiro Pereira Abílio), Macedo (Cidade) Pereira, Mirandela Grupos de: Ligares, Freixo 2º Ciclo de Assumir na vida Miranda do de E. à Cinta, Sendim, 19 de Fevereiro visitas aos pessoal e social as Douro Miranda do Douro, grupos exigências da fé Bragança Grupos de: Loivos. 26 de Fevereiro Loivos Celhariz, Vilar de Nantes Braga Dia de A fé que me Tempo de trabalho 5 de Março Sr. do Campo Deserto transforma individual Encontro de Participação nos 8 e 15 de Maio Visitadores encontros de zona Levar a Bíblia, caderno de Rezar com os 10 e 11 de Junho Retiro Mirandela apontamemtos e saco- Salmos cama Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 4
  • 5. Enraizados e Jornadas 16 a 21 de edificados em Em sintonia com a Mundiais da Madrid Agosto Cristo, firmes na fé. Diocese juventude (Col 2,7) SÍMBOLO A PERCORRER PELOS GRUPOS– Vela, presença de fé. Escolher e escrever uma frase bíblica relacionada com a fé. CATEQUESES PARA OS GRUPOS 1. Abraão, o homem do «Eis-me, Senhor» 2. Moisés, o homem que carregou com um povo 3. David, um coração parecido com o de Deus 4. Rute, a mulher que soube ser fiel 5. Jeremias: um profeta conflitivo 6. Maria a Melhor discípula 7. João; saber-se amado 8. Mulher transformada 9. Bartimeu começa a ver 10. Zaqueu: perder para ganhar 11. Samaritano: tornar-se próximo 12. A viúva pobre: entrega tudo Estrutura das reuniões a) Ambientação – Acolhimento dos jovens. Actividades de acolhimento e abertura do tema. b) Palavra de Deus – Passagem bíblica que pode ser apresentada de várias formas e lida com uma vela acesa. Os jovens devem levar a Bíblia para as reuniões. c) Meditação – Partilhas para estudo e meditação da Palavra apresentada. Diálogo sobre o tema. d) Para reflexão pessoal e de grupo – Propostas de trabalho individual e/ou de grupo. e) Oração – Oração proposta que pode ser rezada de diferentes formas. f) Compromisso – Proposta de compromisso para viver a Palavra até ao próxmo encontro. Nota: Nas reuniões ou noutros momentos de formação/oração podem ser utilizados os materiais de apoio que estão na segunda parte deste dossier. Contactos: Ir. Emília Seixas – 278461112 - cunsp@portugalmail.pt Ir. Conceição Borges – 273300200 - conceicaoborges@gmail.com Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 5
  • 6. ABRAÃO, O HOMEM DO «EIS-ME, SENHOR» 1 Ambientação Inicar a reunião com os olhos fechados e partilhar as sensações que se vivenciaram. Palavra de Deus 1 Após estas ocorrências, Deus pôs Abraão à prova e chamou-o: «Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 2Deus disse: «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à região de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar.» 3 No dia seguinte de manhã, Abraão aparelhou o jumento, tomou consigo dois servos e o seu filho Isaac, partiu lenha para o holocausto e pôs-se a caminho para o lugar que Deus lhe tinha indicado. 4 Ao terceiro dia, erguendo os olhos, viu à distância aquele lugar. 5Disse então aos servos: «Ficai aqui com o jumento; eu e o menino vamos até além, para adorarmos; depois, voltaremos para junto de vós.» 6 Abraão apanhou a lenha destinada ao holocausto, entregou-a ao seu filho Isaac e, levando na mão o fogo e o cutelo, seguiram os dois juntos. 7 Isaac disse a Abraão, seu pai: «Meu pai!» E ele respondeu: «Que queres, meu filho?» Isaac prosseguiu: «Levamos fogo e lenha, mas onde está a vítima para o holocausto?» 8Abraão respondeu: «Deus proverá quanto à vítima para o holocausto, meu filho.» E os dois prosseguiram juntos. 9 Chegados ao sítio que Deus indicara, Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha. 10 Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo, para degolar o filho. 11Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do céu: «Abraão! Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 12O mensageiro disse: «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho.» 13Erguendo Abraão os olhos, viu então um carneiro preso pelos chifres a um silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em substituição do seu filho. l 14Abraão chamou a este lugar: «O Senhor providenciará»; e dele ainda hoje se diz: «Na montanha, o Senhor providenciará.» 15 O mensageiro do Senhor chamou Abraão do céu, pela segunda vez, 16e disse-lhe: «Juro por mim mesmo, declara o Senhor, que, por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, 17abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Os teus descendentes apoderar-se-ão das cidades dos seus inimigos. 18E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência, porque obedeceste à minha voz.» 19 Abraão voltou para junto dos servos, e regressaram juntos a Bercheba, onde Abraão fixou residência. (Gen 22) Eis-me, Senhor Muitos homens e mulheres ao longo da história viveram numa atitude de «eis-me aqui» diante de Deus, mas nalguns essa disponibilidade foi marcada a fogo: são aqueles que souberam manter o seu «Eis-me, Senhor» até nos momentos terríveis em que os pés bordejam o abismo do desespero. Nessas ocasiões, nem todos são capazes de aguentar a pé firme e de esperar contra toda a esperança; aqueles que se atrevem a fazê-lo, encontram debaixo dos pés a rocha sólida que sustém a sua fidelidade. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 6
  • 7. A aventura de Abraão Nas origens do povo de Israel, houve um homem que soube viver assim, na presença de Deus. Abraão sai à procura de uma terra e de uma descendência. Deus chama-o, Abraão não vacila e acredita no impossível. Escuta o Senhor e põe-se em marcha e a sua fé é recompensada pelo nascimento de Isaac. Mas chega a prova decisiva. O sacrifício do seu próprio e único filho. Este relato quer transmitir-nos a grandeza e o valor da atitude de disponibilidade, abandono e confiança. Abraão está sempre aberto à escuta, disposto sempre a obedecer e a caminhar na presença do seu Deus com absoluta integridade. Seguindo as pegadas de Abraão Abraão não nos é apresentado para brilhar por si mesmo nem para ser modelo absoluto: o único Mestre e Senhor a quem seguimos é Jesus. Mas todos os que, de alguma forma, se foram parecendo com ele, mesmo sem o conhecer, deixaram as suas pegadas no caminho para que nos seja mais acessível. Seremos hoje capazes de dizer a Deus: «Eis-me, Senhor», seguindo as pegadas de Abraão? Para reflexão pessoal e de grupo Recorda algumas situações de perturbação, insegurança, resistência, medo…? É-te fácil ou difícil estar todo no que fazes e aberto aos outros, à vida e, portanto, a Deus que te chama através de tudo isso? Porquê? Desenhar numa folha grande a expressão «Eis-me, Senhor»,de forma que ela exprima de um modo gráfico como é que cada um vive a atitude de disponibilidade para com Deus e para com os outros. Escrever uma carta pessoal a Abraão, contando-lhe as reacções que teve ao conhecer/recordar a sua história, a sua maneira de agir e de responder a Deus, fazendo-lhe perguntas, etc. Podem ler-se as cartas em voz alta e comentar. Oração final – Sl 119 1 Felizes os que seguem o caminho da rectidão e vivem segundo a lei do Senhor. 2 Felizes os que cumprem os seus preceitos e o procuram com todo o coração, 3 que não praticam o mal, mas andam nos caminhos do Senhor. 4 Promulgaste os teus preceitos para se cumprirem fielmente. 5 Oxalá os meus passos sejam firmes no cumprimento dos teus decretos. 6 Então não terei de que me envergonhar, se observar os teus mandamentos. 7 Poderei louvar-te de coração sincero, instruído pelos teus justos juízos. 8 Hei-de cumprir as tuas leis; não me abandones mais! Compromisso Escolher uma frase ou expressão da oração e meditá-la ao longo da semana. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 7
  • 8. MOISÉS, O HOMEM QUE CARREGOU COM UM POVO 2 Ambientação Iniciar a reunião falando de cargos de responsabilidade na Igreja e na sociedade. Aspectos positivos e negativos dos mesmos. Palavra de Deus 4 O Senhor viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!» Ele disse: «Eis-me aqui!» 5Ele disse: «Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa.» 6E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para Deus. 7O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. 8Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel, terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu. 9E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e vi também a tirania que os egípcios exercem sobre eles. 10E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de Israel.» 11Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?» 12Ele disse: «Eu estarei contigo. Este é para ti o sinal de que Eu te enviei: quando tiveres feito sair o povo do Egipto, servireis a Deus sobre esta montanha.» (Ex 3) Um encontro decisivo Moisés tenta recuar ante a imensidade da tarefa que lhe é encomendada:«Quem sou eu?» Ele procurava sacudir dos ombros aquela enorme responsabilidade e refugiava-se no terreno da sua própria incapacidade. Mas Deus não cedeu e Moisés teve de acabar por aceitar e “carregar” com aquela tarefa. A saída não foi fácil. O Faraó não podia tolerar que se lhe escapasse mão-de-obra tão barata. Na outra margem está o deserto:um clima duro, falta de água, uma terra ingrata; avivam-se as tensões entre clãs e famílias. Queixam-se, protestam, querem voltar para trás… Moisés, no entanto, aguenta serenamente as queixas, procura sanar as divergências, luta contra a dispersão. A força de um homem tímido Por vezes, Moisés, sente-se no limite das suas forças e desabafa com Deus, falando-lhe como a um amigo: «Que faço deste Povo? Por pouco não me apedrejam…»(Ex 17,4). Quando parece que é Deus quem perde a paciência com aquele Povo (Ex 32,10), Moisés reage com uma valentia e uma audácia inesperada: …«Se achei graça a Teus olhos, digna-te caminhar no meio de nós, embora sejamos um povo teimoso…»(Ex 34, 8-9). Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 8
  • 9. O segredo de Moisés De onde tirava Moisés aquela força misteriosa, aquela capacidade para seguir em frente sem se cansar com aquele povo tão teimoso e tão rebelde? Todos os dias, «Moisés saía em direcção à “tenda do encontro”… e quando ele entrava, a nuvem descia e ficava à entrada da tenda, enquanto o Senhor falava com Moisés como um amigo fala com o seu amigo… e o seu rosto estava radiante porque tinha falado com o Senhor»(Ex 33,8.1; 34,29) Talvez invejemos esta familiaridade, esta relação tão estreita e tão fiel. Era daquele encontro com Deus que Moisés tirava a sua força para manter a fidelidade à sua missão, como também era a sua decisão de permanecer fiel ao compromisso com aquele povo e a defendê-lo acima de tudo o que o punha em sintonia com Deus e o preparava para se encontrar com Ele. Para reflexão pessoal e de grupo Olha as responsabilidades que tens: familiares, de trabalho, sobre alguma pessoa ou grupo… Como as vives? Cansas-te e queixas-te com frequência? Como reages quando não vês resposta? Desanimas facilmente? Acreditas que é possível manter uma atitude parecida com a de Moisés neste ponto? Procura traços de Moisés em alguns homens ou mulheres de hoje. Explica no teu grupo o porquê da tua escolha. Oração final – Sl 119 49 Lembra-te da palavra que deste ao teu servo, pois nela me fizeste colocar a minha esperança. 50 É esta a consolação na minha angústia: que a tua palavra me dê vida! 51 Os soberbos zombaram de mim, mas não me afastei da tua lei. 52 Recordo-me dos teus decretos de outrora; neles encontro consolação, ó Senhor. 53 Fico indignado à vista dos ímpios, que rejeitam a tua lei. 54 Os teus preceitos são o motivo dos meus cânticos na terra do meu peregrinar. 55 Durante a noite lembro-me do teu nome, Senhor, e penso muito na tua lei. 56 Só isto conta para mim: obedecer às tuas instruções! Compromisso Procurar ter uma experiência profunda com Deus no início da semana, retirando daí coragem e força para o restantes dias. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 9
  • 10. DAVID, UM CORAÇÃO PARECIDO COM O DE DEUS 3 Ambientação Imaginar o coração de Deus e desenhar numa cartolina. Palavra de Deus Deus escolhe os pequenos 1 O Senhor disse a Samuel: «Até quando chorarás Saul, tendo-o Eu rejeitado para que não reine em Israel? Enche o teu chifre de óleo e vai. Quero enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os seus filhos.» Samuel respondeu: «Como hei-de ir? Se Saul souber, irá tirar-me a vida.» 2O Senhor disse: «Levarás contigo um novilho e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor. 3Convidarás Jessé para o sacrifício e Eu te revelarei o que deverás fazer. Darás por mim a unção àquele que Eu te indicar.» 4Fez Samuel como o Senhor ordenara. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade saíram-lhe ao encontro, inquietos, e disseram: «É de paz a tua vinda?» 5 Ele respondeu: «Sim. Venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos e acompanhai-me para o sacrifício.» Ele mesmo purificou Jessé e os filhos e convidou-os para o sacrifício. 6 Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido do Senhor.» 7 Mas o Senhor disse a Samuel: «Que te não impressione o seu belo aspecto, nem a sua alta estatura, pois Eu rejeitei-o. O que o homem vê não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração.» 8 Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel, que disse: «Não é este o que o Senhor escolheu.» 9 Jessé trouxe-lhe, também, Chamá. E Samuel disse: «Ainda não é este o que o Senhor escolheu.» 10 Jessé apresentou-lhe, assim, os seus sete filhos, mas Samuel disse: «O Senhor não escolheu nenhum deles.» 11E acrescentou: «Estão aqui todos os teus filhos?» Jessé respondeu: «Resta ainda o mais novo, que anda a apascentar as ovelhas.» Samuel ordenou a Jessé: «Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa antes de ele ter chegado.» 12Jessé mandou então buscá-lo. David era louro, de belos olhos e de aparência formosa. O Senhor disse: «Ei-lo, unge-o: é esse.» 13Samuel tomou o chifre de óleo e ungiu-o na presença dos seus irmãos. E, a partir daquele dia, o espírito do Senhor apoderou-se de David. E Samuel voltou para Ramá. (1 Sam 16) A balança de Deus Na bíblia encontramos as características da “balança de Deus” que avalia e “pesa” a vida das pessoas. O que interessa a Deus não é tanto que a pessoa seja inatacável, mas sobretudo generosa, magnânima, autêntica, humilde, mesmo que se tenha enganado muitas vezes. Uma personalidade complexa Se não nos acostumarmos a este tipo de balança, dificilmente poderemos entender algo da figura de David. A sua personalidade é complexa e cheia de ambiguidades; sensível, vulnerável, poeta, capaz de grandes amizades e de habilidades e astúcias de político. Corajoso e valente, é também débil e cai nos pecados mais desprezíveis. A sua história está cheia de equívocos e acertos, de fracassos e de êxitos, de pecado e de graça. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 10
  • 11. Mas ao fazer o balanço da sua vida, Samuel dá a seguinte avaliação: «O Senhor procurou alguém com o coração semelhante ao seu e encontrou David» (1Sam13,14). Esta semelhança está nas qualidades de espírito que o poderiam caracterizar: a magnanimidade, a transparência, a capacidade de amar. Conhecendo mais David, chegamos a conhecer melhor como é o coração de Deus. Para reflexão pessoal e de grupo Que palavras do Evangelho se podiam aplicar a David? Se pudésseis conversar com ele, que perguntas lhe faríeis? Se quisésseis simbolizar a sua personalidade com uma paisagem, qual escolheríeis? Oração final – Sl 57 2 Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão, porque em ti me refugio e me abrigo à sombra das tuas asas, até que passe o perigo. 3 Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que faz tudo por mim. 4 Que Ele me envie do céu a sua ajuda e me salve dos que procuram destruir-me; que Ele envie do céu o seu amor e fidelidade. 5 Encontro-me rodeado de leões, dispostos a devorar os seres humanos; os seus dentes são como lanças e flechas, e a sua língua, como uma espada afiada. 6 Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza, e, sobre toda a terra, a tua glória. 7 Armaram um laço para os meus pés para me fazerem cair; cavaram um fosso diante de mim, mas foram eles que lá caíram. 8 O meu coração está firme, ó Deus, o meu coração está firme; quero cantar e salmodiar. 9 Ó minha alma, desperta! Despertai, lira e cítara! Quero despertar a aurora! 10 Hei-de louvar-te, Senhor, entre os povos, hei-de cantar-te salmos entre as nações. 11 O teu amor é tão grande que chega aos céus e até às nuvens se estende a tua fidelidade. 12 Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza, e, sobre toda a terra, a tua glória. Compromisso Colocar coragem nos momentos mais difíceis do dia-a-dia. Acreditar que Deus olha mais às nossas vitórias que às derrotas. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 11
  • 12. RUTE, A MULHER QUE SOUBE SER FIEL 4 Ambientação Inciar o encontro tentando encontrar definições para fidelidade. Desenhar a fidelidade. Palavra de Deus 8 Booz disse a Rute: «Já ouviste, minha filha. Não vás respigar noutro campo; não te afastes deste e junta-te às minhas servas. 9Repara no campo por onde vão a ceifar e vai atrás delas. Pois ordenei aos meus servos que não te incomodem. E se tiveres sede, vai à bilha e bebe da água que eles tiverem trazido.» 10Rute, prostrando-se por terra, disse-lhe: «Porque encontrei tal bondade da tua parte, tratando-me como natural, a mim que sou uma estrangeira?» 11Replicando, Booz disse-lhe: «Já me contaram tudo o que fizeste pela tua sogra, depois da morte do teu marido: como deixaste o teu pai, a tua mãe e a terra onde nasceste e vieste para um povo que há bem pouco nem conhecias. 12O Senhor te pague por todo o bem que fizeste; que o Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te acolheste, te dê a recompensa merecida.» 13Ela respondeu: «Que eu encontre sempre bondade da tua parte, meu senhor, pois me reconfortaste e falaste ao coração desta tua escrava, embora não seja digna de vir a ser sequer uma das tuas escravas.» (Rut 2, 8-13) 9 Booz disse aos anciãos e a todo o povo: «Sois hoje testemunhas de que comprei, da mão de Noemi, tudo o que pertencia a Elimélec, a Quilion e a Maalon. 10Com isto adquiro, igualmente, por mulher Rute, a moabita, viúva de Maalon, para conservar o nome do defunto, sobre a sua herança e para que este nome não seja eliminado de entre os seus irmãos e da porta da sua cidade. Vós sois, hoje, testemunhas disso.» 11Então, todo o povo que estava junto da porta respondeu com os anciãos: «Somos testemunhas! O Senhor torne essa mulher, que entra na tua casa, semelhante a Raquel e a Lia, que juntas fundaram a casa de Israel! Que sejas próspero em Efrata e o teu nome seja famoso em Belém! 12Seja a tua casa como a casa de Peres, filho que Tamar deu a Judá, pela posteridade que o Senhor te der por esta jovem.» 13Booz tomou, pois, Rute, que se tornou sua mulher. Juntou-se a ela e o Senhor concedeu-lhe a graça de conceber e dar à luz um filho. 14As mulheres diziam a Noemi: «Bendito seja o Senhor, que não te recusou um parente de resgate, neste dia. Que o seu nome seja proclamado em Israel. 15Ele te dará a vida e será o arrimo da tua velhice, porque nasceu um menino da tua nora, que te ama e é para ti mais preciosa do que sete filhos.» 16Noemi recebeu o menino e colocou-o no seu regaço, tornando-se a sua ama. 17As suas vizinhas, congratulando-se com ela, diziam: «Nasceu um filho a Noemi.» E deram-lhe o nome de Obed. Este foi pai de Jessé e avô de David. (Rut 4, 9-17) O provisório Pertencemos a uma civilização em que nos rodeia mais o efémero do que o duradoiro. A publicidade inculca-nos uma mentalidade de «usar e deitar fora». Quando podemos mudamos de penteado, de telemóvel… procuramos o novo e o diferente. Tudo o que dura muito aborrece-nos. A sociedade leva-nos a interrogar-nos sobre a própria possibilidade de uma vinculação que dure para sempre: o matrimónio indissolúvel, a profissão perpétua num instituto religioso, são consideradas como opções de vida do passado porque – dizem-nos – «deve-se viver dia-a-dia». Neste elogio do provisório, do plástico, apela-se para o espontâneo, reivindica-se uma falsa liberdade. Mas também encontramos outras pessoas cuja existência é-nos oferecida como uma grande árvore de raízes grossas e Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 12
  • 13. profundas, como uma presença de estabilidade fiel, de permanência inamovível. É essa qualidade que melhora o amor ou a amizade. Comunica uma segurança, uma solidez em que nos podemos apoiar, uma fidelidade onde nos acolhermos. Rute A fidelidade de Rute atraiu sobre ela a protecção e o amor de um homem justo. No relato aparecem fome, miséria, morte, solidão, tristeza, amargura, medo do futuro, incerteza. Mas a força de Deus actua quando os homens são fiéis. Filhos de uma cultura em que a fidelidade está desvalorizada, temos esta chamada urgente para descobrir esse valor que nos torna tão parecidos com o próprio Deus porque nos faz oferecer aos outros o que ele nos oferece: uma rocha sólida em que nos apoiemos, umas asas debaixo das quais nos possamos sentir seguros. Para reflexão pessoal e de grupo Divide uma folha de papel em duas colunas e, depois de ler o livro de Rute (tem apenas quatro capítulos e pode ser atribuído um capítulo a cada grupo), anota na coluna da esquerda tudo o que são situações negativas (fome, …); na da direita, as situações positivas (fidelidade, acolhimento, etc.). 14 Elas choraram novamente em alto pranto. Entretanto, Orpa beijou a sua sogra e retirou-se, mas Rute permaneceu na sua companhia. 15Noemi disse-lhe: «Vês, a tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai tu também com a tua cunhada.» 16Mas Rute respondeu:«Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores, eu irei contigo e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. 17Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultada. Que o Senhor me trate com rigor e ainda o acrescente, se até mesmo a morte me separar de 18 ti.» Vendo que ela estava assim decidida, Noemi não insistiu mais com ela. (Rut 1) Actualiza estas palavras de Rute. A quem as dirias? Oração final – Sl 91 1 Aquele que habita sob a protecção do Altíssimo e mora à sombra do Omnipotente, 2 pode exclamar: «Senhor, Tu és o meu refúgio, a minha cidadela, o meu Deus, em quem confio!» 3 Ele há-de livrar-te da armadilha do caçador e do flagelo maligno. 4 Ele te cobrirá com as suas penas; debaixo das suas asas encontrarás refúgio; a sua fidelidade é escudo e couraça. 5 Não temerás o terror da noite, nem da seta que voa de dia, 6 nem da peste que alastra nas trevas, nem do flagelo que mata em pleno dia. 14 «Porque acreditou em mim, hei-de salvá-lo; hei-de defendê-lo, porque conheceu o meu nome. 15 Quando me invocar, hei-de responder-lhe; estarei a seu lado na tribulação, para o salvar e encher de honras. Compromisso Repetir e rezar a frase de Rute, atribuindo-a a tua relação com Deus: «onde tu fores, eu irei contigo». Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 13
  • 14. JEREMIAS: UM PROFETA CONFLITIVO 5 Ambientação Conversar, no início da reunião, sobre as queixas mais comuns dos jovens e da sociedade. Apontar possíveis causas. Palavra de Deus Um homem que pergunta Porque alcançam os maus tanto sucesso e os pérfidos vivem tranquilos na sua malvadez? (Jer 12, 1-3) 18 Porque se tornou perpétua a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Serás para mim como um riacho enganador de água inconstante? (Jer 15,18) Um homem que se queixa 7 Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste. Sou objecto de contínua irrisão, e todos escarnecem de mim. 9 A mim mesmo dizia: «Não pensarei nele mais! Não falarei mais em seu nome!» Mas, no meu coração, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia. 14Maldito seja o dia em que eu nasci! 18 Porque saí do seu seio? Somente para contemplar tormentos e misérias, e consumir os meus dias na confusão? (Jer 20, 7-17) Um home que denuncia 9 Roubais, matais, cometeis adultérios, jurais falso, ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos; 10e depois, vindes apresentar-vos diante de mim, neste templo, onde o meu nome é invocado, e exclamais: 'Estamos salvos!' Mas seguidamente voltais a cometer todas essas abominações. 11Porventura, este templo, onde o meu nome é invocado, é a vossos olhos, um covil de ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas estas coisas - oráculo do Senhor. (Jer 7, 1-11) Jeremias escolhido Um dos maiores problemas da nossa vida cristã é o de fabricarmos um Deus à nossa medida. A melhor prenda que Deus nos pode dar é fazer os nossos deuses em pedaços e dar-se-nos a conhecer como Aquele que é sempre maior que qualquer imagem que possamos fazer dele. Jeremias procura evitar o peso do chamamento, da responsabilidade, da missão. Pensa que talvez possa convencer Deus com os seus argumentos e manejar os seus planos com as suas razões. Mas a insistência de Deus é peremptória (Jer 1,7-10). O silêncio de Jeremias foi a sua primeira rendição diante daquele que verificara ser mais forte. A tarefa A tarefa é dura: antes de construir ou criar algo de positivo, tinha de arrancar tudo o que em Israel eram falsas raízes de segurança e de confiança, derrubar os muros da injustiça e derreter os gelos das infidelidades. E para esse trabalho tão ingrato, uma só garantia: «Eu estarei contigo». Jeremias lança-se com coragem, mas nada do que diz é do agrado do povo. A reacção do rei e dos sacerdotes foi fulminante e Jeremias acaba preso. Experimenta amargamente a incompreensão, a solidão, a hostilidade, o fracasso. E é no fundo desse abismo que faz a experiência mais profunda de Deus. Um Deus que não admite resistências quando envia, que arrasta para caminhos perigosos e Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 14
  • 15. escuros e que exige também uma total certeza de que ele é um companheiro misterioso nesse caminho. Jeremias lutou com esse Deus: protestou, queixou-se… mas Deus entrou na vida de Jeremias e cumpriu a sua promessa. Ao observarmos a vida de Jeremias, não nos encontramos com as histórias de um herói, mas com a história de um homem que se rendeu ao poder desse amor. Para reflexão pessoal e de grupo Estas seis imagens pertencem à missão de Jeremias. Ampliai-as num cartaz e escrevei, em cada uma, as situações da vossa vida, do vosso grupo ou do vosso mundo, que precisam dessa acção. Talvez também tenhais queixas ou perguntas que não tendes coragem de fazer. Reconhecei e exprimi os vossos sentimentos. Tentai depois chegar a uma atitude mais profunda de adoração silenciosa diante de Deus, cujo mistério nos inunda… Construí uma oração onde reflictais o que sentis diante de Deus Amor. São lidas as orações dos grupos após a oração proposta e antes do compromisso. Oração - Sir 36 1 Tem piedade de nós, ó Senhor, Deus de todas as coisas; olha para nós e espalha o teu temor sobre todas as nações. 4 Que reconheçam, como também nós reconhecemos, que fora de ti, Senhor, não há outro Deus. 5 Renova os teus prodígios, faz novos milagres, glorifica a tua mão e o teu braço direito. 10 Reúne todas as tribos de Jacob, toma-as como tua herança, como no princípio. 11 Tem piedade, Senhor, do teu povo, que foi chamado pelo teu nome, e de Israel, que trataste como filho primogénito. 12 Tem piedade da cidade do teu santuário, de Jerusalém, lugar do teu repouso. 13 Enche Sião do louvor das tuas maravilhas, e o teu povo com a tua glória. Compromisso Debruçar-me sobre qual será a missão que Deus me propõe e ir colocando-a em prática. Confiar que, mesmo na tribulação, Deus está. Repetir até ao próximo encontro esta certeza: «Eu estarei contigo». Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 15
  • 16. MARIA, A MELHOR DISCÍPULA 6 Ambientação Começar o encontro falando sobre presentes especiais que cada um recebeu e a forma que costuma utilizar para agradecer. Palavra de Deus 46 Maria disse, então:«A minha alma glorifica o Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. 49 O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome. 50 A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. 51 Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. 52 Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53 Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55 como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.» (Lc 1, 46, 55) Maria, a grande discípula O Magnificat é o hino de louvor que o evangelho de Lucas põe na boca de Maria na visita a sua prima Isabel (Lc 1,46-56). O que o Magnificat nos oferece, mais que um conjunto de palavras possivelmente proferido por Maria, é a canção profunda da alma de Maria, a melodia com que ela conseguiu entrar em harmonia com a música de Deus. O louvor de Maria sobe para Deus com a velocidade de uma flecha, convidando-nos a lançarmo-nos no espaço aberto da admiração, do assombro, do agradecimento transbordante por Deus ser como é e por nos amar como nos ama. Maria educa o nosso olhar para o dirigir para a glória de Deus: ensina-nos também a deixarmo-nos observar por ele. Ajuda-nos a perceber que sobre a nossa pequenez gravita a imensa ternura de Alguém que nos ama, precisamente porque somos pequenos e não se cansa de fazer em nós coisas maravilhosas, se consentirmos a sua acção. Maria converte-nos também em educadores e ensina-nos a comunicar a todos a alegria de sermos olhados assim, pelo olhar de um Deus-Mãe que nos encoraja e de um Deus-Artista que se alegra com a sua obra. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 16
  • 17. Para reflexão pessoal e de grupo Lê em Mt 13,1-51 as parábolas do Reino que encerram grande parte da sabedoria do Evangelho para quem queira tornar-se discípulo de Jesus. Lê devagar cada uma delas, procurando imaginar como é que Maria as ouviu e viveu, ou melhor, deixa que seja ela, que as conservou no seu coração, a recordar-tas. Como nas ladainhas que fazem parte da tradição da Igreja, podes dirigir-te a Maria invocando-a: «Maria, terra boa que acolheste a semente da Palavra e deste cem por um, roga por nós.» Continua as invocações a Maria, a partir das parábolas em Mt 13, 1-51. Oração – 1Sam 2 «Exulta o meu coração de júbilo no Senhor. Nele se ergue a minha fronte, a minha boca desafia os meus adversários, porque me alegro na tua salvação. 2 Ninguém é santo como o Senhor. Não há outro Deus fora de ti, ninguém é tão forte como o nosso Deus. 3 Não multipliqueis as vossas palavras orgulhosas. Não saia da vossa boca a arrogância, porque o Senhor é um Deus de sabedoria. Só Ele sabe descobrir as vossas acções. 4 O arco dos fortes foi quebrado e os fracos foram revestidos de vigor. 5 Os saciados tiveram que ganhar o pão e os famintos foram saciados. Até a estéril foi mãe de sete filhos e a mulher que os tinha numerosos, ficou estéril. 6 O Senhor é que dá a morte e a vida, leva à habitação dos mortos e tira de lá. 7 O Senhor despoja e enriquece, humilha e exalta. 8 Levanta do pó o mendigo e tira da imundície o pobre, para os sentar com os príncipes e ocupar um trono de glória; porque são do Senhor as colunas da terra e sobre elas assentou o mundo. 9 Ele dirige os passos dos seus santos, mas os ímpios perecerão nas trevas; porque homem algum vencerá pela sua própria força. 10 Tremerão diante do Senhor os seus inimigos, trovejará do céu sobre eles. O Senhor julga os confins da terra! Ele dará o império ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.» Compromisso Cultivar um coração agradecido a Deus e aos irmãos, e praticar a palavra «obrigado». Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 17
  • 18. JOÃO: SABER-SE AMADO 7 Ambientação Iniciar o encontro falando e tentando definir a amizade. Escolher três frases que resumam o que se discutiu. Palavra de Deus 1 O que existia desde o princípio,o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida, 2 de facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho e anunciamo-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que se manifestou a nós 3 o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco. E nós estamos em comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Escrevemo-vos isto para que a nossa alegria seja completa. (1 Jo, 1-4) Saber-se amado Quem é o homem que escreve estas coisas? Ao lê-las temos a impressão de que no seu autor há uma grande certeza de serenidade, e que quer transmitir uma mensagem que é a conclusão de uma experiência única. É alguém que se chama a si mesmo «o discípulo que Jesus amava». No seu evangelho realça a sua condição de discípulo e o que constitui o núcleo mais profundo da sua experiência crente: saber-se amado por Jesus. João deixou-se amar por Jesus e o seu conhecimento do Mestre leva a marca desse amor. João fora testemunha privilegiada de que o mistério do amor recíproco de Jesus e do Pai nos está aberto, nos é oferecido e entregue. Um Jesus a descobrir No tempo que passou com o Mestre, João foi testemunha da humanidade tão próxima de um Jesus que se cansa de caminhar e tem sede (Jo 4,6), que chora pela morte de um amigo (Jo 11,33), que se angustia perante a iminência da sua paixão (Jo 12,27). Jesus dissera: 12 É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. 13Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. (Jo 15) E João fará deste mandamento o motivo quase único da sua pregação: 7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. 8Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. (1 Jo 4) Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 18
  • 19. Para reflexão pessoal e de grupo Como exprimirias com palavras tuas estas frases de João: - «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» (Jo 7,17) - «Vim para que as minhas ovelhas tenham vida e vida em abundância» (Jo 10,10) João é o único evangelista que narra a cena do lava-pés onde os outros evangelistas colocam o relato da instituição da Eucaristia. Que significado te parece ter isto? Ser discípulo é ter um encontro pessoal com Jesus. Ser discípulo é sentir-se amado, é confiar a própria vida segundo a Palavra de Jesus. (Continua a definição de discípulo) Oração – Sl 63 2 Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti; todo o meu ser anela por ti, como terra árida, exausta e sem água. 3 Quero contemplar-te no santuário, para ver o teu poder e a tua glória. 4 O teu amor vale mais do que a vida; por isso, os meus lábios te hão-de louvar. 5 Quero bendizer-te toda a minha vida e em teu louvor levantar as minhas mãos. 6 A minha alma será saciada com deliciosos manjares, com vozes de júbilo te louvarei. 7 Lembro-me de ti no meu leito, penso em ti, se fico acordado, 8 porque Tu és o meu auxílio, e à sombra das tuas asas eu exulto. 9 A minha alma está unida a ti, a tua mão direita me sustenta. 10 Os que procuram a minha ruína, cairão nas profundezas do abismo. 11 Eles morrerão à espada e serão transformados em pasto de chacais. 12 Mas o rei há-de alegrar-se em Deus, cantarão louvores os que juram por Ele, enquanto a boca dos mentirosos será fechada. Compromisso Colocar em prática o mandamento do Senhor: 12 É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 19
  • 20. MULHER TRANSFORMADA 8 Ambientação Começar a renuão falando do que mais se condena na sociedade e porquê? Como reagem quando se vêem perante alguma condenação? Palavra de Deus 40 Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» - respondeu ele. 41 «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. 42 Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» 43 Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. 45Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. 46Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu- me os pés com perfume. 47Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» 48 Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» 49 Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» 50 E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.» (Lc 7, 40-50) A mulher pecadora O retrato da mulher pecadora é pintado pelo evangelista Lucas como um perfil luminoso sobre um fundo de sombras: a figura do fariseu. O perfil do fariseu é feito de lei, correcção, equilíbrio, ponderação, compostura, digna severidade perante o pecado… Convidou Jesus, mas não deve conceder excessivas gentilezas àquele galileu que convive com a gentalha. E diante dele, a mulher: um exagero de esbanjamento, perfume derramado, beijos e lágrimas. Ela nem sequer fala, mas os seus gestos gritam o enorme perdão que lhe foi concedido. Estava perdida à beira do mal e alguém lhe deitou a mão. A novidade que apreendemos na vida desta mulher é para nós um factor invisível, mas é precisamente isso que chama a atenção de Jesus e lhe causa admiração. «Coração contrito e humilhado», essa consciência de valer pouco e não merecer nada, mas ser imensamente amado por Deus; esse agradecimento entusiasmado por ter sido perdoado e refeito e acolhido de novo numa relação de amizade. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 20
  • 21. Para reflexão pessoal e de grupo A figura da pecadora perdoada mostra o respeito de Jesus pelas mulheres que a sociedade despreza orgulhosamente. Perante ela ressalta a frieza do fariseu, alguém que se crê justo, mas que «ama pouco porque pouco lhe foi perdoado». À luz deste texto, façamos uma revisão da nossa vida: - Considero-me «pecador» ou «justo? - Sou capaz, sem necessidade de muito esforço, de recordar algumas experiências de ter sido perdoado? - Qual é a minha maneira concreta de exprimir a alegria de ter sido perdoado? - Uma boa maneira de tomar consciência da nossa verdade seria escrever ou repensar graficamente a nossa história de amor com Deus, essa história em que pusemos tudo o que é turbulento e negativo, pobreza e incapacidade, mas Jesus interrompeu nela com toda a sua misericórdia torrencial, com a sua capacidade de perdão que supera os nossos cálculos. Tenta então escrever ou repensar graficamente a tua história de amor com Deus, depois de uns momentos de oração. Oração – Sl 43 2 Como suspira a corça pelas águas correntes, assim a minha alma suspira por ti, ó Deus. 3 A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Quando poderei contemplar a face de Deus? 5 A minha alma estremece ao recordar quando passava em cortejo para a Casa do Senhor, entre vozes de alegria e de louvor da multidão em festa. 6 Porque estás triste, minha alma, e te perturbas? Confia em Deus: ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador. 7 A minha alma está abatida: por isso, penso muito em ti, desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar. 9 Durante o dia, o Senhor há-de enviar-me os seus favores, para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida. 12 Porque estás triste, minha alma, e te perturbas? Confia em Deus: ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador. Compromisso Experimentar o perdão de Deus na oração pessoal. Praticar o perdão na vida do dia-a-dia. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 21
  • 22. BARTIMEU COMEÇA A VER 9 Ambientação Começar o encontro dialogando sobre os vários tipos de cegueira que podem existir. O que nos pode impedir de ver os outros? Palavra de Deus 46 Chegaram a Jericó. Quando ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão, um mendigo cego, Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. 47E ouvindo dizer que se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!» 48Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!» 49Jesus parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» 50E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus. 51Jesus perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, que eu veja!» - respondeu o cego. 52 Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho. (Mc 10, 46-52) Bartimeu, o crente Bartimeu é descrito com uns traços comovedores que fazem com que nos identifiquemos espontaneamente com a sua situação: é mendigo, é cego e está sentado, envolvido no seu manto, à beira do caminho. Ele é quem tem a iniciativa de chamar e consegue que seja essa mesma gente, que antes o tinha impedido, que se converta agora em transmissora da sua palavra: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» E, sob o impulso dessa chamada, Bartimeu lança fora o seu manto, como se fosse uma pele velha, e corre alegremente ao encontro de Jesus. Mendicidade e panos ficaram para trás. Continua cego, mas agora está a caminho para a luz. Aproximou-se de Jesus que lhe faz uma pergunta estranha, quase surpérflua: «Que queres que te faça?» Bartimeu tinha gritado antes: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!», mas já não repete, porque se sente envolvido agora pela onda de compaixão que a proximidade de Jesus irradia sobre quem dele se aproxima. Agora só lhe falta ver com os seus próprios olhos esse homem que parou e o mandou chamar. «Mestre, que eu veja!» Bartimeu sente-se discípulo, começa a reconhecer a palavra de Jesus como caminho e verdade e está seguro de que essa palavra é também a luz que pode tirá-lo da sua noite. «Vai, a tua fé te salvou». E uma maré de luz sobe aos olhos de Bartimeu e desperta-o das trevas. Talvez só houvesse uma troca de olhares, porque Jesus retoma imediatamente a caminhada para Jerusalém. Atrás dele, quase pisando as suas pegadas, vai um novo discípulo, alguém que começou a ver o mundo à sua maneira, alguém que não parece ter medo de seguir Jesus. Bartimeu aprendeu que ver é escolher e olhar com intensidade uma só coisa: a vontade de Deus. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 22
  • 23. Para reflexão pessoal e de grupo Também nós somos como que mendigos sentados à beira do caminho. Torna-te consciente das tuas zonas escuras, das tuas cegueiras, daquilo que não te deixa ver a vida em profundidade, os outros e Deus em tudo isso. Enumera algumas. Também nos são dirigidas essas palavras de Jesus que têm a mesma força criadora do Deus do Génesis: «Coragem, levanta-te!». Em que momentos já sentiste este imperativo? A pergunta de Jesus: «Que queres que te faça?» é uma mão estendida em direcção a ti, para começar contigo um diálogo. É um convite para que ponhas diante dele a tua cegueira e a tua pobreza e que deixes que ele te cure e te devolva a luz e a possibilidade de o seguires pelo caminho. Coninua o diálogo imaginando que Jesus te pergunta: «Que queres que te faça?». Oração – Como o cego do caminho Estou aqui, Senhor, como o cego do caminho. Passas ao meu lado e não te vejo. Tenho os olhos fechados à luz E sinto neles como duras escamas que me impedem de ver. Ao sentir os teus passos, ao ouvir a tua voz, Sinto em mim um manancial a nascer, Como uma ave que foge, a voar, Como uma vida que grita por ti. Procuro-te, desejo-te, preciso de ti Para atravessar tantos caminhos na minha vida. Senhor, cegam-me tantas coisas. É a vida com as suas luzes de cores. É o prazer com a sua força irresistível. É o dinheiro com as suas cadeias que acorrentam. Sinto em mim uma luta dura e sem piedade. Senhor, abre-me os olhos da tua vida. Quero pôr os meus olhos nos teus E ler neles a tua amizade. Quero ver o teu rosto, abrir os meus olhos à luz do Evangelho. Quero olhar a vida de frente e com sentido. Quero que a fé seja farol no meu caminho. Quero ver em cada homem um irmão. Quero procurar em tudo as tuas pegadas. Como o cego do caminho, assim te procuro. Compromisso Olhar a vida com os olhos de Deus. Dar valor às coisas mais simples. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 23
  • 24. ZAQUEU: PERDER PARA GANHAR 10 Ambientação Iniciar o encontro discutindo sobre aquilo de que cada um sente mais falta. Palavra de Deus 1 Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. 2Vivia ali um homem rico, chamado Zaqueu, que era chefe de cobradores de impostos. 3Procurava ver Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. 4Correndo à frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque Ele devia passar por ali. 5Quando chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» 6Ele desceu imediatamente e acolheu Jesus, cheio de alegria. 7Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo que tinha ido hospedar-se em casa de um pecador. 8Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: «Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.» 9Jesus disse-lhe: «Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; 10pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.» (Lc 19, 1-10) Zaqueu As pessoas vêem em Zaqueu um homem rico, de negócios duvidosos, colaborador dos romanos, chefe de publicanos. Olham para ele tal como era fisicamente: pequeno de estatura, como se o seu físico fosse a expressão da sua condição íntima. Esse Jesus itinerante e incansável atravessa Jericó a caminho de Jerusalém e o povo acotovelava-se para o ver passar. Zaqueu também tentava, mas era inútil, pois entre ele e a comitiva que passava levantava-se uma muralha de gente. Só lhe restavam duas possibilidades: ou voltar para casa ou subir para aquela árvore à beira do caminho. Na árvore Decidiu-se a ficar e subir. No meio da poeira aproximava-se Jesus, que Zaqueu queria conhecer e que ia passar mesmo ali. Mas o que Zaqueu não esperava era que Jesus se detivesse inesperadamente para o procurar. Os olhos de Zaqueu abriram-se como enormes janelas por onde entrou um assombro infinito: era para ele que Jesus olhava! Era o seu nome que pronunciava! Era a ele que se dirigia: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» Um novo Zaqueu O resto da narração descreve uma cena luminosa a destacar-se sobre um fundo sombrio: a murmuração dos que se empenham em continuar a ler a vida de Zaqueu como sempre fizeram. E a crítica rancorosa inclui também Jesus, o homem das «más companhias». Sobre estas sombras briha calorosamente a atitude de Zaqueu: a sua pressa jubilosa, a sua alegria, a explosão da sua generosidade. Jesus devolveu a Zaqueu o código secreto da sua identidade. A palavra de Jesus vence uma vez mais e Zaqueu renasce, graças a ela. O olhar de Jesus tranformou o olhar sedento de Zaqueu. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 24
  • 25. Para reflexão pessoal e de grupo A narração do encontro continua aberta. A porta da casa onde se celebra o banquete está aberta para que entremos. Tens coragem de entrar e fazer tua a sua experiência? Revê as «tuas riquezas», a tua «pequena estatura». De que forma estes elementos da tua vida tornam difícil o acesso a Jesus? Descobre que situações, ideias, atitudes, talvez pessoas, representam um obstáculo para o teu encontro com Jesus. Qual a árvore, isto é, aquilo que na tua vida é meio para te encontrares com Jesus? Lês a vida dos outros olhando as aparências ou com profundidade, com os olhos de Jesus? Oração – Sl 143 Escuta, Senhor, a minha oração; pela tua fidelidade, atende as minhas súplicas; responde-me, pela tua justiça. 2 Não chames a contas o teu servo, pois ninguém é justo na tua presença. 3 Os meus inimigos perseguiram-me e deitaram-me por terra; obrigaram-me a viver nas trevas, como os que já morreram há muito tempo. 4 O meu espírito desfalece dentro de mim, gelou-se-me o coração dentro do peito. 5 Recordo os dias de outrora, medito em todas as tuas obras e penso nas maravilhas que realizaste. 6 Ergo para ti as minhas mãos; como terra seca, a minha alma está sedenta de ti. 7 Senhor, responde-me depressa; estou prestes a desfalecer! Não escondas de mim a tua face, pois seria como os que descem à sepultura. 8 Faz que eu sinta, desde a manhã, a tua bondade, porque é em ti que eu confio. Mostra-me o caminho a seguir, porque para ti elevo a minha alma. 9 Livra-me, Senhor, dos meus inimigos, porque em ti me refugio. 10 Ensina-me a cumprir a tua vontade, pois Tu és o meu Deus. Que o teu espírito bondoso me conduza pelo caminho recto. Compromisso Repetir e actualizar a seguinte expressão: 6 Ergo para ti as minhas mãos; como terra seca, a minha alma está sedenta de ti. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 25
  • 26. O SAMARITANO: TORNAR-SE PRÓXIMO 11 Ambientação Começar a reunião com todos os elementos o mais separados possível uns dos outros e partilhar o que sentem nessa posição. Palavra de Deus 25 Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29 Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31 Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32 Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34 Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» 37 Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» (Lc 10, 25-37) O samaritano Os juízos de Jesus sobre as pessoas coincidem tão pouco com as nossas reacções espontâneas… Jesus entra em provocação, ao escolher a terceira personagem que, só de nomeá-la, já despertava rejeição e prevenção receosa. Nenhuma consideração sobre as virtudes deste samaritano é dada, apenas uma referência à sua sensibilidade. Na bíblia as funções essenciais do homem e da mulher são designadas pelos seus órgãos corporais (coração, boca, mãos…). Os olhos do samaritano: estava um homem ferido na valeta e o samaritano «viu-o». Também «o viram» o sacerdote e o levita, mas tinham passado adiante. A particularidade do olhar do samaritano foi a sua «conexão» com o coração: «viu-o e teve compaixão». Mas não vai ficar num mero sentimento de pena. Agora o seu coração põe-se em «conexão» com os pés, que o conduzem para o homem da valeta: «aproximou-se». É nesse momento que o samaritano começa a tornar-se «próximo». As mãos do samaritano põem-se agora em acção: «fez os curativos», derramando azeite e vinho nas feridas; e sentando-o na sua montada, levou-o a uma pensão e tratou dele. Finamente vai ser a sua boca, a sua palavra, a comprometer-se até ao fim com a sorte do homem de quem se tornou Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 26
  • 27. definitivamente, próximo: «No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’» O nome do samaritano ficou no anonimato. Não recebeu agradecimentos nem felicitações de ninguém, seguiu o seu caminho. Mas foi o homem que conseguiu cumprir todos os mandamentos da Lei e os Profetas, ser próximo. A medida do cristão é a da sensibilidade, pôr em estado alerta todo o seu ser, para responder afectivamente às chamadas que lhe vêm do concreto e ser próximo. Para reflexão pessoal e de grupo Lede em grupo a parábola e actualizai-a, mudando para hoje as suas personagens e circunstâncias. Que propostas concretas faríeis aos cristãos da vossa comunidade, no sentido de serem na sociedade de hoje os «bons samaritanos»? Já alguma vez vos aconteceu fazer de «bom samaritano»? Comentai essa experiência em grupo. Oração – Sl 119 9 Como poderá um jovem manter puro o seu caminho? Só guardando as tuas palavras. 10 Eu procuro-te com todo o coração; não deixes que me afaste dos teus mandamentos. 11 Guardo no meu coração as tuas promessas, para não pecar contra ti. 12 Bendito sejas, Senhor! Ensina-me as tuas leis. 13 Anuncio com os meus lábios todos os decretos da tua boca. 14 Alegro-me mais em seguir as tuas ordens, do que em possuir qualquer riqueza. 15 Meditarei nos teus preceitos e prestarei atenção aos teus caminhos. 16 Hei-de alegrar-me com as tuas leis; não esquecerei as tuas palavras. 17 Concede ao teu servo uma longa vida e eu cumprirei as tuas palavras. 18 Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei. 19 Sou um peregrino nesta terra; não me escondas os teus mandamentos. 20 A minha alma suspira sem cessar, desejando conhecer os teus juízos. 24 Os teus preceitos são as minhas delícias; são eles os meus conselheiros. Compromisso Fazer o compromisso de ajudar alguém necessitado, tornar-se próximo de alguém. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 27
  • 28. A VIÚVA POBRE: ENTREGA TUDO 12 Ambientação Começar o encontro partilhando as experiências surgidas do compromisso da reunião anterior. Palavra de Deus 1 Levantando os olhos, Jesus viu os ricos deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas. 2 Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas 3e disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4 pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.» (Lc 21, 1-4) Ostentação Jesus está sentado diante do lugar onde se depositam as oferendas. As pessoas importantes vão-se aproximando para cumprir o dever da esmola e fazem-no com solenidade. Têm de se comportar como verdadeiros cumpridores da Lei. Jesus vê e guarda silêncio. Simplicidade Depois, quase que uma sombra, chega uma mulher. O seu modo de vestir revela a sua condição de viúva (nenhuma ajuda, nenhum apoio, todas as dificuldades). Leva na mão tudo o que tem e, seja qual for a sua oferta, será demasiado para as suas posses. Mas…não deixou apenas uma parte do tudo, deixou cair tudo o que guardava e perdeu-se na multidão. Quando o muito é pouco Jesus deixou-a seguir o seu caminho, não a felicita, Ele sabe que o nome da mulher já está escrito no coração do Pai. Contentou-se com um comentário sóbrio de admiração dirigido aos seus discípulos: «Esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.» Mais uma vez o mestre exige uma mudança de critérios, de sentimentos, de juízos. A explicação de Jesus é também dirigida a cada um de nós. É um convite a uma avaliação diferente, a preferir outros critérios, a inclinar o coração para outra maneira de viver, que não a ostentação. Quem alguma vez fez a experiência de dar tudo, sabe que entra no caminho de uma alegria que ninguém pode arrebatar, pois só Deus basta. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 28
  • 29. Para reflexão pessoal e de grupo Lede este poema de R.Tagore e comentai-o a partir da vossa experiência: «Andava eu a mendigar de porta em porta, pelo caminho do povoado, quando apareceu à distância o teu carro dourado como um sonho brilhante. Fiquei maravilhado, perguntando-me quem seria esse rei dos reis. Cresceram bem alto as minhas esperanças e pensei com os meus botões que os meus dias maus tinham acabado; e fiquei à espera das esmolas dadas sem ser pedidas e de um monte de riquezas espalhadas pelo chão. O carro deteve-se ao meu lado. Olhaste-me e desceste com um sorriso nos lábios. Senti que, por fim, tinha chegado a sorte à minha vida. De repente estendeste a mão direita, dizendo: - Tens alguma coisa que me dês? Que gesto de realeza tão estranho o teu de estender a palma da mão para pedir a um mendigo! Eu estava confuso e fiquei indeciso. Depois, lentamente, tirei do meu saco um grãozinho de milho e dei- to. Mas qual não foi a minha surpresa quando, no fim do dia, esvaziei o meu saco no chão e encontrei um grãozito de ouro no meio do pobre monte. Como chorei amargamente e como desejei ter tido coração para te dar tudo o que sou!» Comentários ao poema. Ligações com a vida real. Que lições tirar do poema à luz da passagem evangélica. Construir uma oração de entrega ao Senhor. Oração – Sl 23 1 O Senhor é meu pastor: nada me falta. 2 Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes. 3 Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. 4 Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado dão-me confiança. 5 Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos; ungiste com óleo a minha cabeça; a minha taça transbordou. 6 Na verdade, a tua bondade e o teu amor hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre. Compromisso Analisar a caminhada feita até ao momento e oferecer ao Senhor tudo o que poderei ainda dar. Perante a caminhada de fé realizada, elaborar um projecto de vida para o próximo ano. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 29
  • 30. Neste espaço apresentamos vários tipos de subsídios que podem ser utilizados pelos grupos nas reuniões ou em outro tipo de eventos: celebrações, encontros paroquiais, etc. A – Mensagens do Papa B – Os “deuses” em que não creio C – Um lago chamado “FÉ” D – Acreditar em Deus E – A fé “desfeinada” F – Os cinco sentidos da fé G – Crer e querer… H – Lectio Divina I – Para que os jovens rezem J – Bíblia, uma longa história K - Maria L - Credo Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 30
  • 31. MENSAGENS DO PAPA A MENSAGEM DO SANTO PADRE BENTO XVI PARA O DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE XXVI 2011 " arraigados e fundados em Cristo, na fé " (cf. Col 2:07) Queridos amigos, Penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney, em 2008. Ali, vivemos uma grande festa da fé, na qual o Espírito de Deus agiu com força, criando uma intensa comunhão entre os participantes, vindos de todas as partes do mundo. Aquele encontro, como os precedentes, produziu frutos abundantes na vida de muitos jovens e de toda a Igreja. Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês de agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez uma parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem que voltar a encontrar suas raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada um de nós. 1. Nas fontes de vossas maiores aspirações Em cada época, também em nossos dias, numerosos jovens sentem o profundo desejo de que as relações interpessoais sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração de construir relações autênticas de amizade, de conhecer o verdadeiro amor, de fundar uma família unidade, de adquirir uma estabilidade pessoal e uma segurança real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Ao recordar minha juventude, vejo que, na verdade, a estabilidade e a segurança não são as questões que mais ocupam a mente dos jovens. Sim, a questão do lugar de trabalho, e com ela a de ter o futuro assegurado, é um problema grande e premente, mas ao mesmo tempo a juventude segue sendo a idade na qual se busca uma vida maior. Ao pensar em meus anos de então, simplesmente, não queríamos perder-nos na mediocridade da vida aburguesada. Queríamos o que era grande, novo. Queríamos encontrar a vida mesma em sua imensidão e beleza. Certamente, isso dependia também de nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e a guerra, estivemos, por assim dizer, "encerrados" pelo poder dominante. Por isso, queríamos ir para fora, para entrar na abundância das possibilidades do ser homem. Mas creio que, em certo sentido, este impulso de ir mais além do habitual está em cada geração. Desejar algo mais que a cotidianidade regular de um emprego seguro e sentir o desejo do que é realmente grande faz parte do ser jovem. Trata-se somente de um sonho vazio que desaparece quando uma pessoa se torna adulta? Não, o homem, na verdade, está criado para o que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: nosso coração está inquieto, até que não descanse em Ti. O desejo da vida maior é um sinal de que Ele nos criou, de que levamos sua "marca". Deus é vida, e cada criatura tem a vida; de um modo único e especial, a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira ao amor, à alegria e à paz. Então, compreendemos que Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 31
  • 32. é um contrassenso pretender eliminar a Deus para que o homem viva. Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, privar-se da plenitude e da alegria: "sem o Criador, a criatura se dilui" (Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Gaudium et Spes, 36). A cultura atual, em algumas partes do mundo, sobretudo no Ocidente, tende a excluir a Deus, ou a considerar a fé como um ato privado, sem nenhuma relevância na vida social. Embora o conjunto dos valores, que são o fundamento da sociedade, provenha do Evangelho – como o sentido da dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família -, constata-se uma espécie de "eclipse de Deus", uma certa amnésia, mais ainda, uma verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder aquilo que mais profundamente nos caracteriza. Por esse motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja. Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é vital ter raízes e bases sólidas. Isso é verdade, especialmente hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis para construir sua vida, sentindo-se assim profundamente inseguros. O relativismo que se difundiu, e para o qual tudo dá no mesmo e não existe nenhuma verdade, nem um ponto de referência absoluto, não gera verdadeira liberdade, mas instabilidade, desajuste e um conformismo com as modas do momento. Vós, jovens, tendes o direito de receber das gerações que vos precedem pontos firmes para fazer vossas opções e construir vossa vida, do mesmo modo que uma planta necessita de um apoio sólido até que cresçam suas raízes, para se converter em uma árvore robusta, capaz de produzir fruto. 2. Enraizados e edificados em Cristo Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de deter-me em três termos que São Paulo utiliza em: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Aqui, podemos distinguir três imagens: "enraizado" evoca a árvore e as raízes que a alimentam; "edificado" refere-se à construção; "firme" alude ao crescimento da força física ou moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de comentá-las, é preciso assinalar que no texto original as três expressões, desde o ponto de vista gramatical, estão no passivo: quer dizer, que é Cristo mesmo quem toma a iniciativa de enraizar, edificar e tornar firmes os crentes. A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo por meio de raízes, que lhe dão estabilidade e alimento. Sem as raízes, seria levada pelo vento, e morreria. Quais são nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura de nosso país são um componente muito importante de nossa identidade. A Bíblia mostra-nos outro mais. O profeta Jeremias escreve: "Bendito quem confia no Senhor e coloca no Senhor sua confiança. Será uma árvore planta junto á água, que junto às correntes lança suas raízes. Quando chega a estiagem, não a sentirá, sua folha estará verde; no ano da seca, não se inquieta, não deixa de dar fruto" (Jer 17, 7-8). Enraizar, para o profeta, significa voltar a colocar sua confiança em Deus. D'Ele vem nossa vida. Sem Ele, não poderíamos viver de verdade. "Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho" (1 Jo 5, 11). Jesus mesmo apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso, a fé cristã não é somente crer na verdade, mas, sobretudo, é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O encontro com o Filho de Deus proporciona um dinamismo novo a toda a existência. Quando começamos a ter uma relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos nossa identidade e, com sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Existe um momento na juventude em que cada um se pergunta: qual sentido tem minha vida, que finalidade, que rumo devo lhe dar? É uma fase fundamental que pode perturbar a mente, às vezes durante muito tempo. Pensa-se em qual será nosso trabalho, as relações sociais que devem se estabelecer, que afetos devem se desenvolver... Neste contexto, volto a pensar em minha juventude. De certo modo, logo percebi que o Senhor me queria sacerdote. Mas, mais adiante, depois da guerra, quando no seminário e na universidade me dirigia até essa meta, tive que reconquistar essa certeza. Tive que me perguntar: é esse, de verdade, meu caminho? É, de verdade, a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de permanecer-lhe fiel e estar totalmente à disposição d'Ele, a Seu serviço? Uma decisão assim também causa sofrimento. Não pode ser de outra maneira. Mas, depois, tive a verdade: está certo! Sim, o Senhor me quer, por isso me dará também a força; Escutando-lhe, estando com Ele, chego a ser eu mesmo. Não conta a realização de meus próprios desejos, mas sim Sua vontade. Assim, a vida torna-se autêntica. Como as raízes da árvore a mantém plantada firmemente na terra, assim os alicerces dão à casa uma estabilidade perdurável. Mediante a fé, estamos enraizados em Cristo (cf. Col 2, 7), assim como uma casa está construída sobre os alicerces. Na história sagrada, temos numerosos exemplos de santos que edificaram sua vida sobre a Palavra de Deus. O primeiro: Abraão. Nosso pai na fé obedeceu a Deus, que lhe pedia que deixasse a casa paterna para encaminhar-se a um país desconhecido. "Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus" (Tg 2, 23). Estar enraizados em Cristo significa responder concretamente ao chamado de Deus, confiando-se a Ele e colocando em prática Sua Palavra. Jesus mesmo repreende a seus discípulos: "Por que me chamais 'Senhor, Senhor!' e não fazeis o que vos digo?" (Lc 6, 46). E recorrendo à imagem da construção da casa, complementa: "Todo aquele que vem a mim ouve as Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 32
  • 33. minhas palavras e as pratica [...] é semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída" (Lc 6, 47-48). Queridos amigos, construí vossa casa sobre a rocha, como o homem que "cavou bem fundo". Tentai também vós acolher a cada dia a Palavra de Cristo. Escutai-o como ao verdadeiro Amigo com quem compartilhar o caminho de vossa vida. Com Ele ao vosso lado, sereis capazes de afrontar com valentia e esperança as dificuldades, os problemas, também as desilusões e os fracassos. Continuamente apresentar-vos-ão propostas mais fáceis, mas vós mesmos percebereis que se revelam como enganosas, não dão serenidade nem alegria. Somente a Palavra de Deus mostra-nos o caminho autêntico, somente a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que haveis recebido de vossas famílias e esforçai-vos para responder com responsabilidade ao chamado de Deus, convertendo-vos em adultos na fé. Não creiais nos que dizem que não necessitais dos outros para construir vossa vida. Apoiai-vos, ao contrário, na fé de vossos entes queridos, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por tê-la recebido e tê-la feito vossa. 3. Firmes na fé Estai "enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). A carta, da qual foi tirado esse convite, foi escrita por São Paulo para responder a uma necessidade concreta dos cristãos da cidade de Colossos. Aquela comunidade, de fato, estava ameaçada pela influência de certas tendências culturais da época, que afastavam os fiéis do Evangelho. Nosso contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o dos colossenses de então. Com efeito, há uma forte corrente de pensamento laicista que deseja afastar Deus da vida das pessoas e da sociedade, lançando as bases e tentando criar um "paraíso" sem Ele. Mas a existência ensina que o mundo sem Deus converte-se em um "inferno", onde prevalece o egoísmo, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e os povos, a falta de amor, alegria e esperança. Ao contrário, quando as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, Lhe adoram em verdade e escutam Sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, onde cada um é respeitado em sua dignidade e cresce a comunhão, com os frutos que isso implica. Há cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes religiosas que lhes afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem deixar-se seduzir por elas, simplesmente deixaram que se esfriasse a sua fé, com as inevitáveis consequências negativas no plano moral. O apóstolo Paulo recorda aos irmãos, contagiados pelas ideias contrárias ao Evangelho, o poder de Cristo morto e ressuscitado. Esse mistério é o fundamento de nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram, considerando-o "loucura" (1 Co 1, 23), mostram seus limites antes as grandes perguntas presentes no coração do homem. Por isso, também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32), Cremos firmemente que Jesus Cristo se entregou na Cruz para oferecer-nos Seu amor; em sua paixão, suportou nossos sofrimentos, carregou nossos pecados, alcançou-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da vida eterna. Deste modo, fomos libertados do que mais paralisa nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a todos, inclusive aos inimigos, e compartilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade. Queridos amigos, a cruz geralmente provoca medo, porque parece ser a negação da vida. Na verdade, é o contrário. É o "sim" de Deus ao homem, a expressão máxima de seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna. De fato, do coração de Jesus aberto na cruz brotou a vida divina, sempre disponível para quem aceita olhar ao Crucificado. Por isso, quero convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Sem Cristo, morto e ressuscitado, não há salvação. Somente Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino da justiça, paz e amor, ao que todos aspiramos. 4. Crer em Jesus Cristo sem vê-Lo No Evangelho, é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé quando acolhe o mistério da cruz e ressurreição de Cristo. Tomé, um dos doze apóstolos, seguiu a Jesus, foi testemunha direta de suas curas e milagres, escutou suas palavras, viveu o espanto ante sua morte. Na tarde da Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, mas Tomé não está presente, e quando lhe contam que Jesus está vivo e apareceu a eles, diz: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei" (Jo 20, 25). Também nós gostaríamos de poder ver a Jesus, poder falar com Ele, sentir mais intensamente ainda sua presença. Muitos hoje acham difícil ter acesso a Jesus. Muitas das imagens que circulam de Jesus, e que se fazem passar por científicas, lhe tiram sua grandeza e a singularidade de sua pessoa. Por isso, ao longo de meus anos de estudo e meditação, fui amadurecendo a ideia de transmitir em um livro algo de meu encontro pessoal com Jesus, para ajudar de alguma forma a Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 33
  • 34. ver, escutar e tocar ao Senhor, em quem Deus saiu ao nosso encontro para se deixar conhecer. De fato, Jesus mesmo, aparecendo novamente aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé" (Jo 20, 27). Também para nós é possível ter um contato sensível com Jesus, colocar, por assim dizer, a mão nos sinais de Sua Paixão, os sinais de seu amor. Nos Sacramentos, Ele vem até nós de uma forma particular, entrega-se a nós. Queridos jovens, aprendei a "ver", a "encontrar" a Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até entregar-se como alimento para nosso caminho; no Sacramento da Penitência, onde o Senhor manifesta sua misericórdia oferecendo-nos sempre seu perdão. Reconhecei e servi a Jesus também nos pobres e enfermos, nos irmãos que estão em dificuldade e necessitam de ajuda. Iniciai e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-O mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; falai com Ele na oração, confiai n'Ele. Nunca vos trairá. "A fé é, antes de tudo, uma adesão pessoal do homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou" (Catecismo da Igreja Católica, 150). Assim, podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não se funda unicamente em um sentimento religioso ou em uma vaga recordação do catecismo de vossa infância. Podereis conhecer a Deus e viver autenticamente d'Ele, como o apóstolo Tomé, quanto professou abertamente sua fé em Jesus: "Meu Senhor e meu Deus". 5. Sustentados pela fé da Igreja, para ser testemunhas Naquele momento, Jesus exclama: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20, 29). Pensava no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos agora que nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está vinculada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas sim, mediante o Batismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que assegura nossa fé pessoal. O Credo que proclamamos a cada domingo na Eucaristia protege-nos precisamente do perigo de crer em um Deus que não é o que Jesus nos revelou: "Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé" (Catecismo da Igreja Católica, 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela nos faz progredir com segurança na fé, que nos dá a verdadeira vida (cf. Jo 20, 31). Na história da Igreja, os santos e mártires tiraram da cruz gloriosa a força para serem fiéis a Deus até a entrega de si mesmos; na fé, encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar toda a adversidade. De fato, como diz o apóstolo João: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5, 5). A vitória que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se expressa na caridade. Foram artífices da paz, promotores da justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo Deus; comprometeram-se em diferentes âmbitos da vida social, com competência e profissionalismo, contribuindo eficazmente para o bem de todos. A caridade que brota da fé lhes levou a dar um testemunho muito concreto, com a palavra e as obras. Cristo não é um bem somente para nós mesmos, mas é o bem mais precioso que temos para compartilhar com os demais. Na era da globalização, sejais testemunhas da esperança cristã no mundo todo: são muitos os que desejam receber esta esperança. Ante o sepulcro do amigo lázaro, morto há quatro dias, Jesus, antes de voltar a chamá-lo a vida, diz a sua irmã Marta: "Se credes, vereis a glória de Deus" (Jo 11, 40). Também, vós, se credes, se souberdes viver e dar, a cada dia, testemunho de vossa fé, sereis um instrumento que ajudará a outros jovens como vós a encontrar o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo. 6. Rumo à Jornada Mundial de Madri Queridos amigos, vos reitero o convite a participar da Jornada Mundial da Juventude em Madri. Com profunda alegria, espero a cada um pessoalmente, Cristo quer assegurar-vos na fé por meio da Igreja. A escolha de crer em Deus e segui-Lo não é fácil. Vê-se obstaculizada por nossas infidelidades pessoais e por muitas vozes que nos sugerem vias mais fáceis. Não vos desanimeis, buscai o apoio da comunidade cristã, o apoio da Igreja. Ao longo deste ano, preparai-vos intensamente para o encontro de Madri com vossos bispos, sacerdotes e responsáveis da pastoral juvenil nas dioceses, nas comunidades paroquiais, nas associações e movimentos. A qualidade de nosso encontro dependerá, sobretudo, da preparação espiritual, da oração, da escuta em comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco. Queridos jovens, a Igreja conta convosco. Necessita de vossa fé viva, vossa caridade criativa e o dinamismo de vossa esperança. Vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e lhe dá um novo impulso. Por isso, as Jornadas Mundiais da Juventude são uma graça não somente para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está preparando-se intensamente para acolher-vos e viver a experiência gozosa da fé. Agradeço às dioceses, paróquias, santuários, Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 34
  • 35. comunidades religiosas, associações e movimentos eclesiais que estão trabalhando com generosidade na preparação deste evento. O Senhor não deixará de abençoá-los. Que a Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, no anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu que a obra de Deus se cumprisse nele. Pronunciando seu "fiat", recebeu o dom de uma caridade imensa, que a impulsionou a se entregar inteiramente a Deus. Que Ela interceda por todos vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Asseguro-vos minha recordação paterna na oração e vos bendigo de coração. Dado no Vaticano, aos 6 de agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor. ANGELUS Domingo, 5 de Setembro de 2010 Queridos irmãos e irmãs! Quero apresentar brevemente a minha Mensagem - Publicada nos últimos dias - para os jovens do mundo para XXVI Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada em Madrid, entre menos de um ano. O tema que escolhi para esta Mensagem tem uma expressão de Carta aos Colossenses Apóstolo Paulo: " Enraizados e fundados em Cristo, na fé " ( 2.7). É definitivamente uma proposta contra a corrente! Quem , por exemplo, agora oferece aos jovens a " raiz "e "equilíbrio" ? Em vez disso, ele destaca a incerteza , mobilidade, volatilidade ... que reflectem uma cultura de indecisão sobre os valores básicos, princípios pelos quais a orientar e regular a sua vida. Na verdade, eu, pela minha experiência e contactos que tenho com os jovens , sei que cada geração , na verdade cada pessoa só é chamada a fazer novamente o caminho de descobrir o sentido da vida . E é precisamente por isso que eu queria repetir uma mensagem, de acordo com o estilo bíblico, evoca imagens da árvore ea casa. Para o jovem é como uma árvore crescente necessidade de desenvolver boas raízes profundas , que , em caso de tempestades de vento, manter firmemente plantados no solo. Assim, a imagem do prédio em construção, recorda a necessidade de uma base sólida, porque a casa é sólida e segura. E aqui é o coração da Mensagem: É na expressão "em Cristo" e " fé ". A maturidade da pessoa, a sua estabilidade interna, têm suas raízes na relação com Deus, uma relação que passa pelo encontro com Jesus Cristo. A relação de confiança profunda amizade, o verdadeiro com Jesus pode dar a um jovem que eles precisam para enfrentar a boa vida, serenidade e luz interior, a capacidade de pensar positivamente, a amplitude da mente para outros, a disponibilidade pessoalmente a pagar para a justiça , o bem e a verdade. Por último, mas muito importante: para se tornar um crente , o jovem é sustentada pela fé da Igreja , e se nenhum homem é uma ilha, muito menos que a Igreja Cristã em descobrir a beleza da fé compartilhada e testemunha de outro em companheirismo e serviço da caridade. Minha Mensagem à juventude é datada de 06 de Agosto, festa da Transfiguração do Senhor . Que a luz do rosto de Cristo brilha no coração de cada jovem! E a Virgem Maria, acompanhada de sua maneira de proteger a comunidade e grupos de jovens para a assembleia geral Madrid 2011. Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 35
  • 36. OS “DEUSES” EM QUE NÃO CREIO B Gostava de fazer-te uma pergunta antiga: acreditas em Deus? E depois deixar-te a pensar… Mas, antes de te deixar a pensar, ou talvez a conversar com Ele, deixa-me despertar a tua atenção para um perigo: andam por aí muitos ídolos e falsos deuses de quem se fala. Não porque haja muitos deuses, mas sim porque há muitas imagens distorcidas de Deus. É que ninguém espreita pelo buraco da fechadura do Céu para ver quem é Deus. A única hipótese que temos de o conhecer é Ele revelar- se por Amor a nós, gratuitamente. Sem esta Revelação de Deus, a religião não é mais do que a construção de imagens de Deus, que nada têm de Boa Notícia. O Homem põe-se a imaginar Deus à sua imagem e semelhança, elevando-o ao infinito para o melhor e para o pior. Por isso, o cristianismo é antes de mais a revelação de Deus em Jesus Cristo, como plenitude do Seu Projecto de Amor para todos os homens. Esta é a Fé que professamos, este é o Deus que conhecemos, o revelado em Jesus de Nazaré. Infelizmente, temos muitas vezes transformado esta Fé viva e vivificante no Deus Amor de Jesus Ressuscitado, numa religiosidade vazia de vida, própria de figuras de cera feitas por encomenda e imagens de santos com um ar adoentado. Precisamos de acordar a Fé dos cristãos que adormeceram na religião das piedades fáceis e das promessas descartáveis. Precisamos de fazer renascer a Igreja para a sua missão profética no mundo de anúncio da Boa-Nova de Jesus, sempre inquietante e provocadora para os corações abertos à Vida. Precisamos de renascer nós, ao nível do Coração, porque esta Igreja, Corpo vivo de profetas, somos nós. O mundo precisa de ti, para se tornar um lugar mais habitável. O mundo precisa de Deus, para que a vida ganhe sentido, nos horizontes largos, infinitos, plenos do Seu Amor. Sim, é verdade: o mundo precisa de Deus, mas daquele que se revelou no Profeta incómodo de Nazaré. Por isso, se alguém te voltar a perguntar, um dia destes, se tu acreditas em Deus, responde-lhe assim: “Perguntas-me se acredito em Deus? Diz-me primeiro por qual Deus me estás a perguntar, e eu te direi se acredito ou não.” Porque andam por aí muitas caricaturas… É importante termos claro em quem não acreditamos! É fundamental conhecer os rostos distorcidos a quem nos recusamos chamar “nosso Deus”! Vou partilhar contigo as imagens de Deus nas quais eu me recuso a acreditar. Recuso-me a acreditar no deus todo-poderoso, um deus que tem poder para fazer absolutamente tudo, diante do qual a atitude sensata a ter é jogar à defesa e domesticá-lo com oferendas, cultos e bons comportamentos, não vá ele virar-se contra nós… Recuso-me a acreditar no deus merceeiro, um deus que tira o lápis de detrás da orelha e faz permanentemente anotações no seu caderninho de deve-haver em que todos os nomes estão registados e do qual todas as dívidas serão saldadas, mais tarde ou mais cedo… Recuso-me a acreditar no deus bombeiro, um deus de emergência que só serve quando a vida nos começa a arder, aquele que não interessa nada a ninguém em nenhum momento mas se torna imprescindível quando já ninguém sabe como há-de resolver os problemas… Recuso-me a acreditar no deus VIP, um deus que se retrai do trato com os humildes para se tornar património de elites sabedoras dos seus segredos para as quais reserva as suas regras especiais e as benesses correspondentes… Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 36
  • 37. Recuso-me a acreditar no deus catedrático, um deus complicado que só está ao alcance de inteligentes e estudiosos, com quem dialogar é tarefa complicada que obedece a normas e rituais só à mão de uns poucos versados nessas artes mas impossível aos homens simples, ainda que de coração grande… Recuso-me a acreditar no deus securita, um deus que permanentemente apanhamos a espreitar nos buracos da fechadura da nossa vida, espiando e condenando os nossos sonhos, vontades e projectos por não terem passado pelo seu crivo, e segue cada um dos nossos passos com um vinco na testa e um dedo apontado… Recuso-me a acreditar no deus sádico, um deus que pede aos homens agruras que nem ele estaria disposto a aceitar, que para prometer uma qualquer vida depois da morte estraga a vida aos homens antes da morte, com as suas imposições e leis castrantes… Recuso-me a acreditar nestes deuses todos porque amesquinham o homem, empequenecem-no, tiram-lhe dignidade! Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas palavras são como espinhos que se cravam no coração da gente, nunca trazendo consigo motivos para a alegria, a esperança ou o recomeço de vida! Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas vontades são como um lastro pesado que se cola ao coração humano, amarrando-o, tolhendo-o, impedindo-o de aprender o gozo de viver, a arte de ser livre e o risco de amar! E, acima de tudo, recuso-me a acreditar nestes deuses e em todos os outros parecidos com estes, porque nenhum deles se revelou em Jesus Cristo! Fazem mal aos homens e estragam a vida àqueles que foram ensinados a acreditar neles, nunca saboreando o abraço libertador de Cristo nem a força recriadora das suas palavras que brotam da intimidade com um Deus Diferente… Estes deuses fazem tanto mal aos homens e dizem tanto mal de Deus, que acho que a sorte que eles têm é não existirem mesmo, porque se não eu ia atrás deles com uma pistola e havia de descobri-los a todos, atrás de qualquer nuvem ou no cume de um rochedo e, então, matava-os, um por um e para sempre: “BANG-BANG! ESTÁS MORTO, EM NOME DO DEUS DE JESUS DE NAZARÉ!!!” Rui Santiago cssr http://www.jovensredentoristas.com Reuniões de grupo JEF – 2010/2011 37