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Norberto Santos | CEGOT - Coimbra




   Sustentabilidade territorial
          e desenvolvimento
         Vida quotidiana e responsabilidade


                                                      CIDAADS
                                                 Encontro Regional de
                                                   Educação para o
                                              Desenvolvimento Sustentável

  18 de Março - Aveiro
Teoria
                                              malthusianista




- A população humana tende a crescer para além das
    popula
possibilidades do meio para a sustentar
(pegada)

- Cresce exponencialmente, enquanto que os recursos
alimentares crescem em progressão aritmética.

- Se factores externos como doenças e falta de alimento, não
limitassem o crescimento da população humana, esta duplicaria
de 25 em 25 anos.
• Diante dessa opinião e para evitar uma catástrofe, Malthus
  propôs uma “restrição moral” aos nascimentos, o que
  significaria:

   – proibir o casamento entre pessoas muito jovens;
   – limitar o número de filhos entre as populações mais pobres;
   – elevar o preço das mercadorias e reduzir os salários, a fim de
     pressionar os mais humildes a ter uma prole menos numerosa.



• Uns por necesidade outros por opção, as pessoas vão
  assumindo alguns dos princípios restritivos de Malthus
• As pessoas reconhecem a
  necessidade de

    • garantir aos seus
      descendentes a possibilidade
      de viverem em simbiose com o   Não têm
      espaço de que fazem uso,
                           uso,      conseguido, todavia,
                                     interpretar essa
      interpretando relações de      necessidade de
      integração entre o homem e a   forma eficaz.
      natureza.
Para isso é preciso
   –   A flexibilização,
   –   a reciprocidade,
   –   a solidariedade,
         solidariedade,
   –   a qualificação,
         qualificação,
                                       Paradigma ecológico
   –   o respeito pela alteridade,
         respeito
   –   a responsabilidade,

• precisam de estar presentes nas
  políticas de intervenção pública e
  ordenamento do território
• crescer primeiro para distribuir
  depois está desajustado perante o
  distribuir para crescer.
• ATÉ PORQUE:

     O homem baseia-se numa racionalidade
                baseia-
                                     limitada,
• não é possível dispor, em todos os
  momentos, de todas as informações
  necessárias para fazer a melhor escolha e
  procurar obtê-las pode ser custoso em
           obtê-
  tempo e dinheiro.
          dinheiro.



    Podemos cometer erros, dado que ser racional não significa
    ser infalível, mas devemos ser capazes de tirar
    ensinamentos dos erros (BIMONT, 1996).
O espaço, o tempo e os modos definem-nos:
                             definem-
classes sócio-espaciais: Alain Reynaud
        sócio-espaciais:




                                   Escala


               Articulação                   Consciência




                                                           Subjectivo
                                                           Subjectivo
 Objectivo




                              DESIGUALDADE




                Mobilidade                    Conflito
• Todas as escalas se
  entrelaçam sem se           Escala
  misturarem

• Cada uma tem a sua
  realidade e problemática

• O mundo não abole o local
 (Henri Lefèbvre)
        Lefèbvre)
• Cada classe sócio-espacial
              sócio-
  apresenta diferenças internas
  diversas

  – Homogeneidade
  – Funcionalidade
  – Planeamento




                                  Desigualdade
• Caixa negra
                                              Articulação

• O conjunto das relações forma uma
  estrutura

• Articulação
  – compreender o seu lugar, o seu papel,
                         lugar,      papel,
    a sua significação em relação a outras
    classes (anti-justaposição)
            (anti-
Mobilidade
• Trata-se da mobilidade geográfica
  Trata-

  – Depende da escala
  – Implica fluxos
  – Depende das redes e das hierarquias
• A noção de escala aumenta a sua
  importância. A pertença ao quarteirão, à
  cidade, à região ou à nação.
                                               Consciência

• Operários, comerciantes, professores,…

• Mas a consciência de classe sócio-espacial
                              sócio-
  reduz-
  reduz-se a um ou dois níveis da escala:
       •   Bairrismo
       •   Regionalismo
       •   Nacionalismo
       •   Supranacionalismo
       •   Cosmopolitanismo
• Presença de desigualdades
• Consciência facilita a sua percepção             Conflito
   – Procura de justiça sócio-espacial das
                        sócio-
     classes desfavorecidas

   – Egoísmo das classes sócio-espaciais
                         sócio-
     mais favorecidas
      • (é preciso tratar o lixo, mas não no meu
        quintal)
Homo-
Homo-chamaeleon
 • detentor de uma parafernália de materiais complexos
   (cultura material) de utilidade individual simbólica
 • postula doutrinas éticas de procedimento moral justo



 • integra-se numa intensa rede de relações, de sociabilidade,
   integra-                                     sociabilidade,
 • preocupa-se mais com os bens do que com as pessoas,
   preocupa-



 • faz das relações espaciais de proximidade o seu ‘mundo’
 • simultanamente, assume-se como ‘cidadão do mundo’;
   simultanamente, assume-            ‘cidadão    mundo’;
• permite comportamentos anormais pela indiferença
  relativamente ao mundo assente na aquisição de bens
  e pelo individualismo,
• criam cada vez mais situações de exclusão social.
                                            social.



• transformam a sua vida numa corrida contra o tempo,
• Esvaziam a vida no consumo e no lazer
O homo-chamaeleon
  homo-



é o reflexo de uma sociedade dominada
 pela perspectiva de maximização da
 exploração do lucro capitalista, através
                       capitalista,
 não apenas dos modos, mas também dos
 tempos e dos espaços.
Centro dom  inante
                                                          Periferia dom inada
                                                                                     D inação
                                                                                      om
                                                         Centro hipertrofiado
                                                         Periferia abandonada

                                                         Centro dom   inante
                                                         Periferia integrada
                                                             e anexada

                                                                                     Integração
                                                            H ipercentro
                                                         Periferia integrada
                                                             e anexada

                                                         Centro emdeclínio
                                                         Periferia valorizando       Periferias
                                                         os capitais do centro       contando
                                                                                      com as
                                                           Centro e Periferia           suas
                                                          autónom (umem
                                                                   os                próprias
                                                           avanço outroem              forças
                                                              retrocesso)
Relações
Centro                                                   Inversão de hierarquia
                                                       das classes sócio-espaciais
Periferia                 Fonte: Reynaud, 1981

            Utilização e controlono local de toda ou
            partedos capitais existentes localm ente             Fluxos de hom e capitais
                                                                              ens
                                                                 Fluxos importantes de
              Espírito empreendedor                                  matéria-prima
A expressão no consumo e no
lazer
– o consumo sustentável e o consumo responsável
    são dois conceitos com enorme intersecção
                                                         Beja Santos



• Atenção:
  – aos direitos sociais dos produtores,
  – à natureza da fileira produtiva numa perspectiva de justiça
    social,
  – ao compromisso com a qualidade e a responsabilidade
    social,
  – à adopção de escolhas do comércio justo.

Não há homem que não seja natural nem natureza que não seja
humana

Carácter simbiótico permanente.
Que público, que consumidores, que clientela?
•   A empresa de pesquisas de mercado The Marketing Insider traçou o perfil do público
    verde nos EUA e denominou-o Lohas (Estilos de Vida de Saúde e Sustentabilidade, na
                     denominou-
    sigla em inglês Lifestyles of Health and Sustainability).
                                             Sustainability).




    CONSUMO dos Lohas
     – Produtos de alimentação e de beleza orgânicos.
                                            orgânicos.
     – Produtos de limpeza biodegradáveis
     – Lâmpadas de baixo consumo de energia
     – Ao viajar, optam por roteiros de ecoturismo
     – Procuram companhias aéreas que neutralizem as emissões
       de CO2
     – Estão atentos à toda tentativa de greenwash (discurso
       ambiental sem acções concretas) por parte da indústria.
•
                                                               http://www.greeneconomic.com/
Que público, que consumidores, que clientela?


       O Lohas é:
       60% feminino,
       de escolaridade superior
       pouco preocupado com o preço
       opções de consumo com base em
    critérios de sustentabilidade
       aceita pagar até 20% mais por isso.

                                   http://www.greeneconomic.com/
Consumo Responsável
• O consumo responsável leva a que:




  – nos informemos sobre os processos (participação ou não
    participação)

  – identifiquemos o impacto social, cultural e político

  – assumamos a sustentabilidade das sociedades

  – consumamos com consciência da proveniência, qualidade e
                                  proveniência,
    condições da produção
A actual sociedade de consumo

• Herdeira dos mercados em massa
• E dos consumos em massa
• presenteia-nos hoje com um consumo emocional
  presenteia-
  (Lipovetsky, 2006. A Felicidade Paradoxal)
   Lipovetsky,




         Substituição nas relações socioeconómicas
         valor experimental,
               experimental,

         no sentido da qualificação de um consumo
                   individualista.
         hedonista individualista.
Transparência radical
• Quando pudermos tomar decisões com base em
  informações completas, o poder será transferido              • A análise do ciclo
  dos que vendem para os que compram:
    –   Uma mãe num supermercado
                                                                 de vida (ACV)
    –   Um gestor de marca                                     • Decomposição
    –   Um turista em viagem                                     sistemática de
    –   Um qualquer consumidor que goza a sua noite de lazer
                                                                 qualquer
                                                                 produto/serviço
• A importância do consumidor e da sua
  responsabilidade.
  responsabilidade.                                            • Com avaliação dos
                                                                 impactos
• O método de negócios do último século – produzir
  o mais barato possível – é substituído por outro
  lema:
    – Sustentável é melhor
    – Mais saudável é melhor                                   •   Parte significativa da
    – Mais humano é melhor                                         hotelaria de luxo está em
                                                                   países com deficits de
                                                                   desenvolvimento elevado
• A importância da ACV
Lazer e tempo livre
• O lazer torna-se
          torna-                                                      Langman
   – valor social                                                        transformação das
   – tempo produtivo em si mesmo (Roger Sue, 1982.                    pessoas de
      Vers une société du temps libre?)
                                libre?)                               em
   – tempo livre crescentemente orientado pela                        modernos num mercado
     quantidade e qualidade dos produtos de lazer                     global
     oferecidos no mercado                                               As estratégias e relações
                                                                      quotidianas são um nunca
• Ganha um significado nunca antes                                    acabar de celebrações de
                                                                      diversão
  atingido
   – Langman (1992. Neon Cages.. Shopping for Subjectivity) refere-
                         Cages                Subjectivity) refere-   Há:
     se à sociedade do divertimento,                                    amor para os solitários,
   – Linda Nazareth (2007. The Leisure Economy) a
                                           Economy)                     sexo para os excitados,
     substituição de uma economia de                                    excitação para os
                                                                      aborrecidos,
     violentação/compactação do tempo pela
                                                                        identidades para os vazios
     economia do lazer.                                                 dever para os responsáveis
   – Lipovetsky e o hipermoderno
Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis
• Expressas em modos de relação promotores do
  desenvolvimento local,
                    local,
• através da valorização dos recursos endógenos
  ancorados na cultura e na natureza.
                            natureza.

    – A política aposta em esquemas de actuação de
      responsabilização (Verdoreca),
                         (Verdoreca),

    – Os responsáveis pela oferta assumem comportamentos
      ecológicos (do greenbuilding, aos consumos verdes, à
                     greenbuilding,
      utilização de energias renováveis),

    – Quem procura vê nestas iniciativas, um dos factores de
      escolha do produto lazer.
Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis

 – A procura expressa na vontade de
   um consumo prudente (Lipovetsky,
                          Lipovetsky,
   2006)                                       Aparecimento do
                                               ecoconsumismo

• Consumo prudente                             Expresso nos Planos
      opção consciente                         estratégicos ligados ao
                                               turismo
      discernimento
      capacidade de questionar o existente,    touring cultural
                                               paisagístico
      promoção do aparecimento de novos        turismo natureza
      produtos e novas roupagens               enoturismo
      ecologicamente responsáveis.             turismo cinegético
                                               turismo em espaço rural
                                               geoturismo
                                               turismo aventura
Economia do lazer: Modelos de Turismo Social
• Agência Nacional Cheque-Vacance (1982) (França)
                   Cheque-

    – Realização de viagens pelo maior número possível de pessoas,
      especialmente as de menores rendimento
    – Oferta de uma ampla rede de prestadores de serviços turísticos, capaz
      de responder com qualidade à procura
    – Colaboração no processo de desenvolvimento do turismo das regiões.
    – Promoção de bolsas de viagens para consumidores especiais: grupos
      sociais com precariedade económica, pessoas portadoras de deficiência,
      jovens e outros.

• Movimento financeiro gerado – mil milhões de euros (apoio a 2,5 milhões
  de pessoas e beneficio de sete milhões de turistas)
• Envolvimento - mais de 21 mil organizações e 135 mil profissionais de
  turismo e outros relacionados ao lazer


                                        • Porque em turismo não há stocks
                                                      http://www.letrasbrasileiras.com.br/
Modelos de Turismo Social

Espanha
• Mais de um milhão de idosos e aposentados beneficiam
  anualmente de viagens em períodos de época baixa.
                                             baixa.

• Investimento de 75 milhões de euros

• Retorno de 125 milhões de euros em impostos e
  poupança do seguro desemprego,
   – Grande rentabilidade económica do investimento no Turismo Social.
   – Criação de emprego directo na época baixa (mais de 10 mil)
   – Boa aceitação do utilizador (conhecimento de outros lugares e realidades,
     ampliar de relações sociais e melhoria do estado físico e emocional)
                                                      http://www.letrasbrasileiras.com.br/
Modelos de Turismo Social
• Chile
(desde 2001 - projecto de Turismo Social)

• Proporcionar o acesso de idosos e pessoas com deficiência
  ao turismo.
• Incremento do turismo interno em época baixa
• Aumento do emprego e da distribuição da renda
• Melhoria das infra-estrutura de turismo.
               infra-



•   O Serviço Nacional de Turismo destinou, para a temporada 2007-2008, mais de
                                                               2007-
    US$ 5 milhões, dando oportunidade para que 30 mil pessoas pudessem
    conhecer melhor seu país e vivenciar a experiência de fazer turismo com
    qualidade.                                                  http://www.letrasbrasileiras.com.br/
Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria
• Estação de tratamento de esgotos para           • Accor Hotels
                                                    (Novohotel e Ibis)
                                                                 Ibis)
  reutilização de água não potável                  Jogos Olímpicos de
                                                    Sydney (2000)
• Captação água das chuvas para reutilização      • Preservação dos
                                                    recursos naturais
                                                  • Minimização dos
• Painéis solares para aquecimento de água          impactos ambientais




                                                         Medidas
                                                         Medidas
• Sistemas inteligentes de ar condicionado (desligar
  com janela aberta)


• Colecta selectiva de lixo e encaminhamento para
  reciclagem
Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria




                                                     Pesquisa interna da
                                                     Pesquisa interna da
                                                     Pesquisa interna da Accor Hotels a
                                                     Pesquisa interna da Accor Hotels a
                                                     respeito das práticas responsáveis
                                                     respeito das práticas responsáveis
                                                     respeito das práticas responsáveis
                                                     respeito das práticas responsáveis
Hóspedes dispostos a participar:

• 95% - separação de lixo para reciclagem

• 57% - usar as toalhas mais do que uma vez

• 35% - dormir nos mesmos lençóis

• 85% - substituir sabonetes individuais por sabão
  líquido em distribuidor


• 90% - preferem hotéis com atitude responsável
Acções concretas (ACV)
• Alterar os padrões de consumo

• Exigir responsabilidade e ética a quem produz

• Procurar apoio nas organizações de consumidores

• Promover o Comércio Justo

• Exigir uma gestão eficiente do meio ambiente

• Indagar quais os ciclos de vida que produzem os bens
  e fornecem os serviços
Norberto Santos | CEGOT - Coimbra




Sustentabilidade territorial
       e desenvolvimento



                                            CIDAADS
                 Obrigado              Encontro Regional de
                                         Educação para o
                                    Desenvolvimento Sustentável

18 de Março - Aveiro

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Painel I - Sustentabilidade Territorial e Desenvolvimento – Norberto Santos (Universidade de Coimbra)

  • 1. Norberto Santos | CEGOT - Coimbra Sustentabilidade territorial e desenvolvimento Vida quotidiana e responsabilidade CIDAADS Encontro Regional de Educação para o Desenvolvimento Sustentável 18 de Março - Aveiro
  • 2. Teoria malthusianista - A população humana tende a crescer para além das popula possibilidades do meio para a sustentar (pegada) - Cresce exponencialmente, enquanto que os recursos alimentares crescem em progressão aritmética. - Se factores externos como doenças e falta de alimento, não limitassem o crescimento da população humana, esta duplicaria de 25 em 25 anos.
  • 3. • Diante dessa opinião e para evitar uma catástrofe, Malthus propôs uma “restrição moral” aos nascimentos, o que significaria: – proibir o casamento entre pessoas muito jovens; – limitar o número de filhos entre as populações mais pobres; – elevar o preço das mercadorias e reduzir os salários, a fim de pressionar os mais humildes a ter uma prole menos numerosa. • Uns por necesidade outros por opção, as pessoas vão assumindo alguns dos princípios restritivos de Malthus
  • 4. • As pessoas reconhecem a necessidade de • garantir aos seus descendentes a possibilidade de viverem em simbiose com o Não têm espaço de que fazem uso, uso, conseguido, todavia, interpretar essa interpretando relações de necessidade de integração entre o homem e a forma eficaz. natureza.
  • 5. Para isso é preciso – A flexibilização, – a reciprocidade, – a solidariedade, solidariedade, – a qualificação, qualificação, Paradigma ecológico – o respeito pela alteridade, respeito – a responsabilidade, • precisam de estar presentes nas políticas de intervenção pública e ordenamento do território • crescer primeiro para distribuir depois está desajustado perante o distribuir para crescer.
  • 6. • ATÉ PORQUE: O homem baseia-se numa racionalidade baseia- limitada, • não é possível dispor, em todos os momentos, de todas as informações necessárias para fazer a melhor escolha e procurar obtê-las pode ser custoso em obtê- tempo e dinheiro. dinheiro. Podemos cometer erros, dado que ser racional não significa ser infalível, mas devemos ser capazes de tirar ensinamentos dos erros (BIMONT, 1996).
  • 7. O espaço, o tempo e os modos definem-nos: definem- classes sócio-espaciais: Alain Reynaud sócio-espaciais: Escala Articulação Consciência Subjectivo Subjectivo Objectivo DESIGUALDADE Mobilidade Conflito
  • 8. • Todas as escalas se entrelaçam sem se Escala misturarem • Cada uma tem a sua realidade e problemática • O mundo não abole o local (Henri Lefèbvre) Lefèbvre)
  • 9. • Cada classe sócio-espacial sócio- apresenta diferenças internas diversas – Homogeneidade – Funcionalidade – Planeamento Desigualdade
  • 10. • Caixa negra Articulação • O conjunto das relações forma uma estrutura • Articulação – compreender o seu lugar, o seu papel, lugar, papel, a sua significação em relação a outras classes (anti-justaposição) (anti-
  • 11. Mobilidade • Trata-se da mobilidade geográfica Trata- – Depende da escala – Implica fluxos – Depende das redes e das hierarquias
  • 12. • A noção de escala aumenta a sua importância. A pertença ao quarteirão, à cidade, à região ou à nação. Consciência • Operários, comerciantes, professores,… • Mas a consciência de classe sócio-espacial sócio- reduz- reduz-se a um ou dois níveis da escala: • Bairrismo • Regionalismo • Nacionalismo • Supranacionalismo • Cosmopolitanismo
  • 13. • Presença de desigualdades • Consciência facilita a sua percepção Conflito – Procura de justiça sócio-espacial das sócio- classes desfavorecidas – Egoísmo das classes sócio-espaciais sócio- mais favorecidas • (é preciso tratar o lixo, mas não no meu quintal)
  • 14. Homo- Homo-chamaeleon • detentor de uma parafernália de materiais complexos (cultura material) de utilidade individual simbólica • postula doutrinas éticas de procedimento moral justo • integra-se numa intensa rede de relações, de sociabilidade, integra- sociabilidade, • preocupa-se mais com os bens do que com as pessoas, preocupa- • faz das relações espaciais de proximidade o seu ‘mundo’ • simultanamente, assume-se como ‘cidadão do mundo’; simultanamente, assume- ‘cidadão mundo’;
  • 15. • permite comportamentos anormais pela indiferença relativamente ao mundo assente na aquisição de bens e pelo individualismo, • criam cada vez mais situações de exclusão social. social. • transformam a sua vida numa corrida contra o tempo, • Esvaziam a vida no consumo e no lazer
  • 16. O homo-chamaeleon homo- é o reflexo de uma sociedade dominada pela perspectiva de maximização da exploração do lucro capitalista, através capitalista, não apenas dos modos, mas também dos tempos e dos espaços.
  • 17. Centro dom inante Periferia dom inada D inação om Centro hipertrofiado Periferia abandonada Centro dom inante Periferia integrada e anexada Integração H ipercentro Periferia integrada e anexada Centro emdeclínio Periferia valorizando Periferias os capitais do centro contando com as Centro e Periferia suas autónom (umem os próprias avanço outroem forças retrocesso) Relações Centro Inversão de hierarquia das classes sócio-espaciais Periferia Fonte: Reynaud, 1981 Utilização e controlono local de toda ou partedos capitais existentes localm ente Fluxos de hom e capitais ens Fluxos importantes de Espírito empreendedor matéria-prima
  • 18. A expressão no consumo e no lazer
  • 19. – o consumo sustentável e o consumo responsável são dois conceitos com enorme intersecção Beja Santos • Atenção: – aos direitos sociais dos produtores, – à natureza da fileira produtiva numa perspectiva de justiça social, – ao compromisso com a qualidade e a responsabilidade social, – à adopção de escolhas do comércio justo. Não há homem que não seja natural nem natureza que não seja humana Carácter simbiótico permanente.
  • 20. Que público, que consumidores, que clientela? • A empresa de pesquisas de mercado The Marketing Insider traçou o perfil do público verde nos EUA e denominou-o Lohas (Estilos de Vida de Saúde e Sustentabilidade, na denominou- sigla em inglês Lifestyles of Health and Sustainability). Sustainability). CONSUMO dos Lohas – Produtos de alimentação e de beleza orgânicos. orgânicos. – Produtos de limpeza biodegradáveis – Lâmpadas de baixo consumo de energia – Ao viajar, optam por roteiros de ecoturismo – Procuram companhias aéreas que neutralizem as emissões de CO2 – Estão atentos à toda tentativa de greenwash (discurso ambiental sem acções concretas) por parte da indústria. • http://www.greeneconomic.com/
  • 21. Que público, que consumidores, que clientela? O Lohas é: 60% feminino, de escolaridade superior pouco preocupado com o preço opções de consumo com base em critérios de sustentabilidade aceita pagar até 20% mais por isso. http://www.greeneconomic.com/
  • 22. Consumo Responsável • O consumo responsável leva a que: – nos informemos sobre os processos (participação ou não participação) – identifiquemos o impacto social, cultural e político – assumamos a sustentabilidade das sociedades – consumamos com consciência da proveniência, qualidade e proveniência, condições da produção
  • 23. A actual sociedade de consumo • Herdeira dos mercados em massa • E dos consumos em massa • presenteia-nos hoje com um consumo emocional presenteia- (Lipovetsky, 2006. A Felicidade Paradoxal) Lipovetsky, Substituição nas relações socioeconómicas valor experimental, experimental, no sentido da qualificação de um consumo individualista. hedonista individualista.
  • 24. Transparência radical • Quando pudermos tomar decisões com base em informações completas, o poder será transferido • A análise do ciclo dos que vendem para os que compram: – Uma mãe num supermercado de vida (ACV) – Um gestor de marca • Decomposição – Um turista em viagem sistemática de – Um qualquer consumidor que goza a sua noite de lazer qualquer produto/serviço • A importância do consumidor e da sua responsabilidade. responsabilidade. • Com avaliação dos impactos • O método de negócios do último século – produzir o mais barato possível – é substituído por outro lema: – Sustentável é melhor – Mais saudável é melhor • Parte significativa da – Mais humano é melhor hotelaria de luxo está em países com deficits de desenvolvimento elevado • A importância da ACV
  • 25. Lazer e tempo livre • O lazer torna-se torna- Langman – valor social transformação das – tempo produtivo em si mesmo (Roger Sue, 1982. pessoas de Vers une société du temps libre?) libre?) em – tempo livre crescentemente orientado pela modernos num mercado quantidade e qualidade dos produtos de lazer global oferecidos no mercado As estratégias e relações quotidianas são um nunca • Ganha um significado nunca antes acabar de celebrações de diversão atingido – Langman (1992. Neon Cages.. Shopping for Subjectivity) refere- Cages Subjectivity) refere- Há: se à sociedade do divertimento, amor para os solitários, – Linda Nazareth (2007. The Leisure Economy) a Economy) sexo para os excitados, substituição de uma economia de excitação para os aborrecidos, violentação/compactação do tempo pela identidades para os vazios economia do lazer. dever para os responsáveis – Lipovetsky e o hipermoderno
  • 26. Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis • Expressas em modos de relação promotores do desenvolvimento local, local, • através da valorização dos recursos endógenos ancorados na cultura e na natureza. natureza. – A política aposta em esquemas de actuação de responsabilização (Verdoreca), (Verdoreca), – Os responsáveis pela oferta assumem comportamentos ecológicos (do greenbuilding, aos consumos verdes, à greenbuilding, utilização de energias renováveis), – Quem procura vê nestas iniciativas, um dos factores de escolha do produto lazer.
  • 27. Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis – A procura expressa na vontade de um consumo prudente (Lipovetsky, Lipovetsky, 2006) Aparecimento do ecoconsumismo • Consumo prudente Expresso nos Planos opção consciente estratégicos ligados ao turismo discernimento capacidade de questionar o existente, touring cultural paisagístico promoção do aparecimento de novos turismo natureza produtos e novas roupagens enoturismo ecologicamente responsáveis. turismo cinegético turismo em espaço rural geoturismo turismo aventura
  • 28. Economia do lazer: Modelos de Turismo Social • Agência Nacional Cheque-Vacance (1982) (França) Cheque- – Realização de viagens pelo maior número possível de pessoas, especialmente as de menores rendimento – Oferta de uma ampla rede de prestadores de serviços turísticos, capaz de responder com qualidade à procura – Colaboração no processo de desenvolvimento do turismo das regiões. – Promoção de bolsas de viagens para consumidores especiais: grupos sociais com precariedade económica, pessoas portadoras de deficiência, jovens e outros. • Movimento financeiro gerado – mil milhões de euros (apoio a 2,5 milhões de pessoas e beneficio de sete milhões de turistas) • Envolvimento - mais de 21 mil organizações e 135 mil profissionais de turismo e outros relacionados ao lazer • Porque em turismo não há stocks http://www.letrasbrasileiras.com.br/
  • 29. Modelos de Turismo Social Espanha • Mais de um milhão de idosos e aposentados beneficiam anualmente de viagens em períodos de época baixa. baixa. • Investimento de 75 milhões de euros • Retorno de 125 milhões de euros em impostos e poupança do seguro desemprego, – Grande rentabilidade económica do investimento no Turismo Social. – Criação de emprego directo na época baixa (mais de 10 mil) – Boa aceitação do utilizador (conhecimento de outros lugares e realidades, ampliar de relações sociais e melhoria do estado físico e emocional) http://www.letrasbrasileiras.com.br/
  • 30. Modelos de Turismo Social • Chile (desde 2001 - projecto de Turismo Social) • Proporcionar o acesso de idosos e pessoas com deficiência ao turismo. • Incremento do turismo interno em época baixa • Aumento do emprego e da distribuição da renda • Melhoria das infra-estrutura de turismo. infra- • O Serviço Nacional de Turismo destinou, para a temporada 2007-2008, mais de 2007- US$ 5 milhões, dando oportunidade para que 30 mil pessoas pudessem conhecer melhor seu país e vivenciar a experiência de fazer turismo com qualidade. http://www.letrasbrasileiras.com.br/
  • 31. Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria • Estação de tratamento de esgotos para • Accor Hotels (Novohotel e Ibis) Ibis) reutilização de água não potável Jogos Olímpicos de Sydney (2000) • Captação água das chuvas para reutilização • Preservação dos recursos naturais • Minimização dos • Painéis solares para aquecimento de água impactos ambientais Medidas Medidas • Sistemas inteligentes de ar condicionado (desligar com janela aberta) • Colecta selectiva de lixo e encaminhamento para reciclagem
  • 32. Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria Pesquisa interna da Pesquisa interna da Pesquisa interna da Accor Hotels a Pesquisa interna da Accor Hotels a respeito das práticas responsáveis respeito das práticas responsáveis respeito das práticas responsáveis respeito das práticas responsáveis Hóspedes dispostos a participar: • 95% - separação de lixo para reciclagem • 57% - usar as toalhas mais do que uma vez • 35% - dormir nos mesmos lençóis • 85% - substituir sabonetes individuais por sabão líquido em distribuidor • 90% - preferem hotéis com atitude responsável
  • 33. Acções concretas (ACV) • Alterar os padrões de consumo • Exigir responsabilidade e ética a quem produz • Procurar apoio nas organizações de consumidores • Promover o Comércio Justo • Exigir uma gestão eficiente do meio ambiente • Indagar quais os ciclos de vida que produzem os bens e fornecem os serviços
  • 34. Norberto Santos | CEGOT - Coimbra Sustentabilidade territorial e desenvolvimento CIDAADS Obrigado Encontro Regional de Educação para o Desenvolvimento Sustentável 18 de Março - Aveiro