Este documento discute estudos de redes sociais, definindo o que é uma rede social e analisando metodologias para pesquisar redes sociais, incluindo coleta e análise de dados sobre composição, estrutura e dinâmica de redes. Exemplifica com um estudo de caso sobre comentários em fotologs.
1. Programa de Pós-Graduação emComunicação (PPGCom-UFJF)Programa de Pós-Graduação emComunicação (PPGCom-UFJF)
Metodologias de Pesquisa emComunicaçãoMetodologias de Pesquisa emComunicação
Estudos deEstudos de
Redes SociaisRedes Sociais
Carolina LimaCarolina Lima
Mestranda emMestranda em
ComunicaçãoComunicação
Junho 2013Junho 2013
2. O que é uma rede social?O que é uma rede social?
““Uma rede é uma metáfora para observar os padrões deUma rede é uma metáfora para observar os padrões de
conexão de um grupo social, a partir das conexõesconexão de um grupo social, a partir das conexões
estabelecidas entre os diversos atores.”estabelecidas entre os diversos atores.”
(Recuero, 2011. pg 24)(Recuero, 2011. pg 24)
3. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
“A análise de redes sociais é inerentemente uma
empreitada interdisciplinar. Seus conceitos foram
desenvolvidos por um propício encontro da teoria social e
da aplicação da matemática formal, da estatística e dos
métodos computacionais” (apud Wasserman e Faust,
1994. pg10.)
“Estudar redes sociais, portanto, é estudar os padrões de
conexões expressos no ciberespaço. É explorar uma
metáfora estrutural para compreender elementos
dinâmicos e de composição de grupos sociais.” (Recuero,
2011. pg. 22)
4. Análise de Redes Sociais (ARS) - Tem cunho
estruturalista, pois parte do princípio que ao estudar as
estruturas decorrentes das ações e interações entre os
atores sociais é possível compreender elementos a
respeito desses grupos e fazer generalizações a seu
respeito.
Teoria das Redes (Barabási, 2003) – Foca,
principalmente, nas propriedades dinâmicas dessas
redes, tratando-as como estruturas em movimento e em
evolução constante.
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5. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Rede Social e suas estruturas
Composição:
Nós Atores
Conexões Interações construídas pelos atores
Tipos de Interações:
Redes Emergentes – construídas pelos atores (comentar)
Redes de Filiação – mantidas pelo sistema (curtir)
6. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Estudo de redes sociais retomados após surgimento de
Redes Sociais na Internet.
Construção de um perfil com características identitárias
(atores sociais);
Apresentação de novas conexões entre esses perfis
(arestas).
7. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
1. Marco Histórico
Jacob Levy Moreno – Trabalhou os primeiros gráficos
sociométricos, na tentativa de quantificar interações e
avaliar seu impacto no grupo, além de criar boa parte das
definições que regem ARS, bem como o conceito de
sociograma.
Kurt Lewin – Influência da Gestalt das dinâmicas de
grupos para as redes sociais. Concepção de grupo social
em um espaço percebido pelos membros do grupo. Este
espaço seria dotado de propriedades matemáticas e
estruturais.
8. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
“Embora os estudos sociométricos sejam anteriores à
Teoria das Redes, a diferença seria que a abordagem
sociológica concentraria suas forças em perceber as
redes como estruturas estáticas, enquanto a proposta da
teoria das redes focaria, principalmente, nas
propriedades dinâmicas dessas redes, tratando-as como
estruturas em movimento e evolução constante.”(pg. 118)
9. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
2. Primeiros Passos:
Delimitando o objeto
- Quem será o ator? Perfil, Fanpage, Blog, Comunidade, Grupo de
discussão, etc..
- O que será uma conexão? Link, Comentário, Comentários
recíprocos, Seguidores, etc..
(Ex. da minha pesquisa)
““Nenhuma rede tem fronteiras ‘naturais’, é o pesquisador quemNenhuma rede tem fronteiras ‘naturais’, é o pesquisador quem
as impõe.” Degenne e Forsé (1999, p. 22)as impõe.” Degenne e Forsé (1999, p. 22)
10. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
2.1. Formas de delimitação rede:
-Tipos de rede:
●Rede inteira: limite é institucional, externo. Ex: Fanpage ou
grupo de blogs do mesmo “condomínio”.
●Rede ego: traçada a partir de um ator. Ex: Perfil no Facebook
-Grau de conexão - Cada grau de separação é traçado a partir
de determinado ator. Ex: Rede com um grau de conexão (ego e
amigos de ego), Dois graus (ego, amigos do ego e amigos dos
amigos do ego).
-Outros níveis - ator, díades (dois atores e suas relações),
tríades (três atores e suas relações), subgrupos e um conjunto
de atores ou rede.
O que quero responderao olharpara esse objeto?
11. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
3. Dados
Coleta associada a um sistema de entrevistas ou
questionários (survey), com a posterior análise em
sociomatrizes e sociogramas. (...) Cabe ao pesquisador
selecionar o momento e as variáveis que serão
analisadas, que devem ser selecionados de acordo com
a problemática que será focada pelo pesquisador. p. 120-
1.
12. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
a)Sociomatrizes
Matrizes utilizadas com as conexões entre os diversos atores. De
um lado ficam os sujeitos observados e, entre eles, são marcadas
as interações/relações.
Ator A Ator B Ator C
Ator A -- 2 5
Ator B 3 -- 4
Ator C 6 4 --
13. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
b) Sociogramas
Sociogramas são modos de representação de uma rede social.
Geralmente essa representação é feita através de um grafo, onde as
conexões são linhas e os atores pontos.
Ferramentas para coleta de dados: NodeXL.
Ferramentas para desenho das redes: NetDraw, Pajek.
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3.1. Propriedades dos dados
Dados coletados podem ser analisados com relação a:
Composição – refere-se à qualidade da forma, ou seja, os
atores determinados e à qualidade de suas conexões.
Estrutura – compreende a forma da rede e as
características que podem ser extraídas desta;
Dinâmica – consequência direta do processo de interação
entre os atores.
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3.1.1. Dados de Composição
Laços Sociais - São conexões estabelecidas entre os atores
sociais.
● Fortes – conectam indivíduos que são íntimos, grupos sociais
próximos e amizades.
● Fracos – conectam conhecidos, ou atores cujas relações
focam menos a intimidade e o aprofundamento.
Capital Social – Conjunto de valores criados por um grupo
social, que está embutido nas relações sociais e é determinado
pelo conteúdo delas. Portanto, para que se estude o capital
social das redes, é preciso estudar não apenas suas relações,
mas o conteúdo das mensagens que são trocadas através delas.
16. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Mas como se apresenta o capital social?
Capital Social Descrição
a) Relacional Compreenderia a soma das relações, laços
e trocas que conectam os indivíduos de uma
determinada rede.
b) Normativo Compreenderia as normas de
comportamento de um determinado grupo
e os valores deste grupo.
c) Cognitivo Compreenderia a soma do conhecimento e
das informações colocadas em comum por
um determinado grupo.
17. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Capital Social Descrição
d) Confiança no ambiente social Compreenderia a confiança no
comportamento de indivíduos em um
determinado ambiente.
e) Institucional Inclui as instituições formais e informais,
que se constituem na estruturação
geral dos grupos, onde é possível
conhecer as “regras” da interação
social, e onde o nível de cooperação e
coordenação é bastante alto.
18. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
O capital social pode ainda ser classificado em dois níveis distintos:
Níveis de Capital Socialor
Primeiro Nível – aspectos individuais,
que variam de acordo com os
atores sociais
Relacional (a)
Normativo (b)
Cognitivo (c)
Segundo Nível – aspectos que
podem ser desfrutados pela
coletividade
Confiança no ambiente social (d)
Presença das instituições (e)
A existência de capital social do primeiro nível é requisito para aA existência de capital social do primeiro nível é requisito para a
constituição do capital social de segundo nível. Um segundo nívelconstituição do capital social de segundo nível. Um segundo nível
de capital social demonstra uma maior maturidade da rede social,de capital social demonstra uma maior maturidade da rede social,
além de maior densidade e existência no tempo de seus laços. (p.além de maior densidade e existência no tempo de seus laços. (p.
124)124)
19. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
3.1.2. Dados de Estrutura
Grau de Conexão – É a quantidade de conexões que um
determinado nó possui. Perfil Twitter: 50 seguidores, segue 20.
Centralidade – É a medida da popularidade de um determinado
nó. Quanto mais conexões, maior centralidade.
Densidade – É a medida que descreve o grau de conexão de
uma determinada rede. Grupo no Face em que todos são
amigos (cluster).
Centralização – É a medida de centralidade do grafo com
relação a outros grafos.
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3.1.3. Dados dinâmicos
Os processos dinâmicos das redes são consequência
direta dos processos de interação entre os atores.
Característicos de sistemas complexos, os
comportamentos emergentes como a propagação de
memes, a cooperação, a adaptação, a auto-organização,
aparecimento clusters precisam ser adequadamente
estudados nas redes sociais.
““Redes são sistemas dinâmicos e, como tais, sujeitos aRedes são sistemas dinâmicos e, como tais, sujeitos a
processos de ordem, caos, agregação, desagregação eprocessos de ordem, caos, agregação, desagregação e
ruptura.” (Nicolis e Prigogine, 1989)ruptura.” (Nicolis e Prigogine, 1989)
21. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
4. Exemplo emestudo de caso: Fotologs
Delimitação:
Nós (atores) – Indivíduos: 2.485 nós
Conexões –Comentários: 15.859 interações
Tipo de rede – Rede emergente egocentrada
Grau de conexão - Dois graus de conexão:
78 conexões 1° nível
2.406 conexões 2° nível
22. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
- A escolha do grau de separação interfere no tamanho da
rede analisada. Delimitou em comentários recíprocos do 1°
grau de separação.
- De 44 fotos postadas no período analisado, há média de 8
comentários por foto e 78 comentaristas.
- Média de 5 comentários por comentarista, o que é alto.
- Maioria das interações concentrada em n° pequeno de nós.
- N° grande de comentários únicos e n° menor de
comentários habituais ou frequentes.
- Observando comentários habituais, percebeu que muitos
eram mesmos que comentavam fo to lo g e eram comentados
por ele.
Considerações preliminares:
23. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
- A presença dos comentaristas frequentes demonstraria
que, possivelmente aquelas interações poderiam auxiliar a
construir laços sociais e prover tais laços de capital social;
- As relações recíprocas serão consideradas como indício
de um laço social, uma vez que indicam laços mais
dialógicos entre os atores da rede.
- Os comentários e sua frequência são capazes de revelar
laços sociais e tornar perceptível o capital social entre os
nós.
Conclusões:
24. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Reciprocidade
Granovetter (1973), apontou a reciprocidade como um
indicativo dos laços mais fortes. Neste trabalho, os laços
mais fortes são compreendidos como aqueles que
contêm mais comentários recíprocos, pois a frequência
do contato, a duração e a reciprocidade que advém desta
medida são indicativos aceitos por grande parte da
literatura como importantes para a definição de laços
sociais. (p. 130)
25. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Grafo de Rede Inteira Grafo apenas com
comentários recíprocos
Grafos da rede analisada
26. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Tipos de Interação (de acordo com a ação da interação sobre o
laço social)
Interações de Construção – Interações que visam construir
o laço. Utilizadas para criar uma determinada conexão,
construir intimidade e aprofundar a relação.
Ator 24 @ diz:
Ooii
O show tava muito legal =D
Te add, ok?
*************
27. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Interações de Manutenção – São aquelas interações
que visam manter o laço social. Não buscam aumentar a
intimidade nem aprofundar um relacionamento, visam
apenas manter o laço no patamar em que está.
Ator @ 3 diz:
haha que tri...
Que blusa bonita =******
28. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Interações de Desgaste – Mais raras, especificam
uma briga ou conflito entre os atores. Normalmente,
acabam gerando o fim da conexão ou, mesmo, a
redução dos comentários entre ambos.
Ator 6 @ diz:
Vim me despedir de você. Passar bem.
Avisa seu amiguinho que seu fotolog é sem br, tá?!
29. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Consequências dos tipos de interação na estrutura do grafo:
Comentários de construção podem gerar uma ampliação e
uma aproximação da rede (clusterização);
Comentários de manutenção podem simplesmente manter
aberto o canal de comunicação, mantendo os nós
conectados, sem aproximar ou afastar cada um deles;
Comentários de desgaste podem gerar o afastamento dos
nós e a desestabilização do cluster (dependendo da
importância do nó).
30. Estudos de Redes SociaisEstudos de Redes Sociais
Tipos de Capital Social encontrado:
Capital Social Relacional – Aparece tanto nas interações dos
comentaristas esporádicos, quanto nas interações dos
comentaristas habituais e únicos.
Capital Social Normativo – compreende as regras de
comportamento. As interações sociais nos fo to lo g s (e nas redes
sociais na internet) são baseadas em regras implícitas e não
escritas. Primeira regra para receber comentários é comentar.
Capital Social Cognitivo – relaciona-se à informação presente na
rede, que se torna acessível aos usuários por meio de suas
interconexões. O mais encontrado em redes sociais.
31. Capital Social de Segundo Nível:
Confiança no ambiente social – relacionado ao comportamento do
indivíduo em um grupo e dos elementos do grupo que podem
auxiliar o individuo no ambiente da rede. Ex. exposição de si
mesmo, quando ator fala que tinha sido assaltado. Ex. Pg 136.
Capital Social Institucional – Instituições formais e informais que
emergem da criação dos grupos, com grande nível de cooperação
e coordenação. Típica das comunidades virtuais Ex: organização
de festas e churrascos. Reconhecer grupo e levá-lo para mundo
off-line.
IDENTIFICA CLUSTERIZAÇÃO DA REDE, COM MAIOR
CONCENTRAÇÃO DE COMENTÁRIOS ENTRE OS MESMOS
NÓS.
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32. Referências:
FRAGOSO, S.; RECUERO, R.; AMARAL, A. Métodos
de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.
RECUERO, R. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre,
Sulina, 2009.
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