Ecologia da paisagem sob o ponto de vista de restauração ambiental
1. ECOLOGIA DA PAISAGEM E ASPECTOS DA DEGRADAÇÃO E
RECUPERAÇÃO ECOSSISTÊMICA*
Monteiro, Carlos Alberto
Pós-graduando em Ciências Ambientais e Florestais – UFRRJ
theologian.monteiro@gmail.com
*Trabalho realizado para a disciplina IF Téc. Silviculturais para a restauração florestal.
Professor Dr. Paulo Sergio Leles
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é articular um posicionamento e fornecer um
referencial teórico sobre a importância da Ecologia da Paisagem como instrumento
de gestão ambiental e planejamento territorial com enfoque das duas abordagens
tanto espacial, ou geográfica, quanto aos aspectos ecológicos. O caráter desta nova
perspectiva como disciplina traz o fato da mesma possuir um caráter interdisciplinar
e transdisciplinar como instrumento de gestão territorial. Adotou-se a metodologia
qualitativa descritiva de levantamento, análise e discussão de referencial
bibliográfico contemporâneo sobre a temática proposta. Concluiu-se que a ecologia
da paisagem deve enfocar a relação entre os processos ecológicos levando em
conta o espaço explicito como modulador das dinâmicas e dos processos ambientais
e biológicos. A ecologia da paisagem poderá vir a ser uma importante ferramenta
interdisciplinar, ajudando a desenvolver uma consciência do ambiente como uma
heterogeneidade da qual se bem manejada com os conhecimentos e técnicas
aliadas a conservação e preservação dos recursos naturais poderá tornar as
praticas humanas mais éticas sobre todas as formas de vida com as quais
compartilhamos este planeta.
PALAVRAS-CHAVE: paisagem, ecologia, escala, conservação ambiental, meio
ambiente,.
TEMA CENTRAL:Ecologia da paisagem.
2. ABSTRACT
The aim of this work is to articulate a position and provide a theoretical framework on
the importance of Landscape Ecology as an environmental management tool and
territorial planning with a focus of the two approaches both spatial or geographic, as
the ecological aspects. The character of this new perspective as a discipline brings
the fact that it has an interdisciplinary and transdisciplinary character as a land
management tool. Adopted the descriptive qualitative methodology of survey,
analysis and contemporary literature reference for discussion on the proposed
theme. It was concluded that the landscape ecology should focus on the relationship
between the ecological processes taking into account the explicit space as a
modulator of the dynamics and the environmental and biological processes. The
ecology of the landscape could become an important interdisciplinary tool, helping to
develop an environmental consciousness as a heterogeneity which is well managed
with the knowledge and techniques combined with conservation and preservation of
natural resources can make the most ethical human practices on all forms of life with
which we share this planet.
KEYWORDS: landscape, ecology, range, environmental conservation, environment .
1. INTRODUÇÃO
A ecologia de paisagens é uma disciplina nova, no contexto da ecologia como
é um instrumento fundamental para a gestão e planejamento ambiental, promovendo
um novo olhar sobre as relações e processos ecológicos e daquilo que ocorre nos
ambientes naturais. A paisagem é determinada por atributos naturais da
geomorfologia, clima, uso da terra e também pela própria percepção do que vemos.
Historicamente, a paisagem tem sido amplamente modificada pela ação do
homem fazendo com que os elementos naturais sejam cada vez mais raros. Com o
avanço tecnológico a “paisagem natural" foi rapidamente substituída pela “paisagem
urbana" e pela "paisagem rural". (MAGRO, 1996).
Por sua vez, a ecologia da paisagem é algo visual, ela tem a possibilidade de
juntar outras formas de conhecimento aliado ao conhecimento da ecologia auxiliar a
gestão do ambiente e com um novo olhar em termos de uma escala geoespacial e
temporal para compreender as complexidades do ambiente e envolver-se em
3. alternativas que promovam medidas acertadas e sustentáveis de uso dos recursos
naturais. O levantamento de informações relativas à paisagem como moduladora
dessas relações leva a uma interpretação mais completa unindo conhecimentos
interdisciplinares e transdisciplinares para uma avaliação de impactos e a
possibilidade de um planejamento territorial. Sendo assim, alguns instrumentos de
gestão podem se utilizar de ferramentas tecnológicas como imagens de satélite,
SIG, bem como se utilizar de indicadores biológicos da qualidade ambiental para
interpretar as relações ecológicas moduladas pela estrutura da paisagem.
No entanto, Metzger (2001) chama a atenção de que as análises
interpretativas sobre as relações e interações ecológicas da heterogeneidade devem
considerar a escala de observação, a exemplo disso, a heterogeneidade depende da
escala de alcance das espécies estudadas. Para SANTOS (1996), a dimensão da
paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos. Por isso, o
aparelho cognitivo tem importância crucial nessa apreensão, pelo fato de que toda
nossa educação, formal ou informal, é feita de forma seletiva, pessoas diferentes
apresentam diversas versões do mesmo fato. Por exemplo, coisas que um arquiteto,
um artista vêem, outros não podem ver ou o fazem de maneira distinta. Isso é válido
também, para profissionais com diferente formação e para o homem comum. Se é
assim cada pesquisador pode acrescentar abordagens para entender os padrões
espaciais com os processos ecológicos com fins para a conservação.
De acordo com CONSTANZA et al. (1990), a paisagem tem sido “utilizada”
para a modelagem ecológica de forma a predizer mudanças nos padrões de
mudança da sua cobertura (uso do solo), ao longo de grandes regiões (de dezenas
a centenas de quilômetros) ao longo da escala do tempo (dezenas a centenas de
anos) como o resultado de várias alternativas possíveis de gestão específicas de
algumas áreas, tanto naturais como antrópicas.
Portanto, os princípios “chave” da ecologia da paisagem podem resumir-se
em termos de estrutura, função e comportamento biológico levando em conta os
padrões espaciais bem como a escala temporal dos processos ecossistêmicos, esta
visão é advinda da escola americana, mas nessa vertente os processos ecológicos
ou ambientais deverão apresentar uma série de hipóteses ou situações possíveis do
que demonstrações seguras.
4. De acordo com Metzger (2001) a ecologia da paisagem, é uma ciência
emergente com características transdisciplinares e inclui, gestores, sociedade como
um todo pois o homem faz parte da paisagem. A importância disso é que esta nova
ciência, possui um grande potencial para processo de planejamento territorial como
instrumento de gestão, permite a sociedade inserir seus problemas na formulação
das perguntas e ansiedade do homem e o fluxo de conhecimento pode se dar muito
melhor, trazendo a ecologia da paisagem a integrar aspectos científicos com a
pratica. Portanto, por meio das análises e interpretações da heterogeneidade deve
considerar a multiplicidade das escalas e da adequada observação e da participação
de diversos ramos de conhecimento, poderá ser possível estabelecer um esforço
intensivo para “programas ambientais” ou uma gestão territorial de forma confiável
quando se pensa na aplicação da ecologia da paisagem.
O potencial da ecologia da paisagem como instrumento inclusive para a
administração dos recursos florestais, paisagísticos, conservação de recursos
naturais e preservação da fauna e flora, a possibilidade de considerar múltiplas
escalas é de fundamental importância para entender o ambiente e a
heterogeneidade ambiental, mitigando, assim, problemas evidenciados bem como
traçar estratégias futuras de uma determinada unidade territorial geográfica, tais
como uma microbacia, unidade de conservação ou ainda uma zona territorial de
forma horizontal. (Metzger, 2001)
Diante disso, o objetivo do presente trabalho é o de fornecer um referencial
teórico sobre a importância da ecologia da paisagem como considerando o ambiente
como a totalidade e como agente modulador das dinâmicas, processos, interações,
processos biológicos e abióticos. O enfoque é na heterogeneidade agregando uma
análise integradora, de forma que é uma ecologia espacialmente explicita.
Adotou-se a metodologia qualitativa descritiva de levantamento, análise e
discussão de referencial bibliográfico contemporâneo sobre a temática proposta.
2. CONTEÚDO
A ecologia da paisagem é uma ciência, ou uma atividade humana da qual
treina observar o ambiente em sua totalidade, ela já nasceu interdisciplinar e
5. transdisciplinar, um ecólogo da paisagem é atraído pelas relações entre o homem e
o ambiente, trazendo no seu arcabouço a perspectiva de construção de uma nova
ciência.
A visão integradora das relações espaciais já fazia parte da forma de
interpretação da natureza, podendo-se destacar, como exemplo, o médico e
geógrafo Alexander Von Humboldt (1769-1859), que descrevendo formalmente as
relações entre clima, latitude e altitude, chega, em 1805, ao conceito de geobotânica
cujo objeto era o estudo das relações das plantas com o ambiente, o que sugere
uma visão mais integradora da natureza.
A definição mais simples para paisagem é aquela encontrada no dicionário
Aurélio (Ferreira, 1986)
A chave da ecologia da paisagem é uma visão espacial da ecologia na sua
análise e agrega uma horizontalidade na interpretação dos processos ecológicos,
considerando uma nova abordagem, ou seja, dando uma ênfase para a paisagem
considerando toda a heterogeneidade da paisagem.
Neste sentido, a ecologia da paisagem enriquece as análises ecológicas, e
ela entende que a estrutura da paisagem modula as interações e relações
ecológicas e ambientais (Metzger, 2001).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A EA deve enfocar a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de
forma multi e interdisciplinar, ajudando a desenvolver uma consciência ética sobre
todas as formas de vida com as quais compartilhamos neste planeta. E utilizar como
estratégia a construção de trilhas interpretativas pode ser uma alternativa de
sensibilizar as pessoas para as questões ambientais e o conhecimento mais amplo
da natureza que nos envolve.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A. N. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EDUSP, 1996.
6. DIAS, G. F. Elementos para capacitação em educação ambiental. Ilhéus: Editus,
1999.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004.
DÍAZ, A. P. Educação ambiental como projeto. Porto Alegre: Artmed, 2002.
GUILLAUMON, J. R. Análise de trilhas de interpretação. Instituto Florestal (Bol.
Técnico 25), São Paulo, 57 p., 1977.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas, SP: Papirus,
1995 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
MINIMI, N. A formação dos professores em educação ambiental. Oficina
panorama da educação ambiental. Brasília: MEC-SEF-DPEF- Coordenação de
Educação Ambiental, 2000.
MOTA, I. M. Educação ambiental aplicada ao uso de trilhas interpretativas
como recurso pedagógico. Lavras: UFLA, 2007. 47p. (Monografia de pós
graduação Lato Sensu).
RUSCHEINSKY, A. Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SALVATI, S. S. Trilhas: conceitos, técnicas de implantação e impactos.
Disponível em: <http://ecosfera.sites.uol.com.br/trilhas.htm> Acesso em 15
maio/2007.
7. DIAS, G. F. Elementos para capacitação em educação ambiental. Ilhéus: Editus,
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