Se eu morresse amanhã, a autora levaria as memórias de sua juventude, amores, amizades e maternidade, além da gratidão pelo seu trabalho e fé que a ajudou a superar os desafios. Apesar de reconhecer que ainda não chegou sua hora e que sua vida ainda não está completa, ela abençoa a vida e cada momento precioso.
1. Se eu Morresse Amanhã Se eu morresse amanhã, eu levaria o gosto de muitas venturas. Levaria alegrias infindas das serestas da mocidade, dos arpejos do meu violão e das canções que eu entoava com alma... Levaria a lembrança de bailes inesquecíveis, da leveza de meu corpo deslizando pelo salão, como se embaixo de meus pés sequer houvesse chão...
2. Levaria o prazer das caminhadas matutinas pelos campos da minha terra, recebendo o beijo do sol, das árvores, das nascentes ao som da sinfonia de passarinhos, sapos na lagoa, folhas farfalhando ao vento e o aroma inconfundível da natureza pura, intocada... Ah! levaria também o êxtase do nascer do sol dourando a praia e de todas as vezes que este espetáculo, pela rara formosura, me fez chorar... Levaria gravado no espírito, o conhecimento dos muitos livros inspirados que me chegaram às mãos e que do "Supremo Arquiteto" vieram me falar ...
3. Levaria a lembrança dos amores que tive e não me pesa agora, saber que amada eu fui poucas vezes, mas importa saber que todas as vezes que o amor bateu na minha porta , a ele eu me entreguei por completo, sem nenhum medo de amar ... Levaria o carinho e a fidelidade dos muitos amigos e amigas que fiz e de tudo o que, ao longo dos anos, pudemos compartilhar... Levaria recordações incríveis da minha infância e do carinho inigualável que permeou meu primeiro lar... Levaria a suprema ventura da maternidade... é bem verdade que "ser mãe é sofrer no paraíso" mas a lembrança dos olhos negros dos meus filhos me chamando de mãe em amplo sorriso, que dinheiro no mundo pode pagar?
4. Levaria gratidão infinda pelo meu trabalho que a princípio, me pareceu desdita... eu, dada às letras e à música, lidando com números por décadas a fio e, pela incompatibilidade, fazendo esforços de monta para me adequar... mas reconheço, não houve escola melhor do que esta para na arte da vida, me adestrar. Percalços? Os tive, sim . Por vezes incontáveis vi-me derrotada, sentada à beira do caminho e porque não dizer, estirada ao chão ... mas se eu morresse amanhã eu levaria a mais absoluta convicção de que, uma "força" muito além das minhas próprias forças, sempre cuidou de me levantar.
5. Mas, se eu morresse amanhã, morreria abençoando a Vida e cada instante deste precioso ano escolar ! Fátima Irene Pinto® Por certo, não morrerei amanhã. Ainda não é hora. Na tela da minha vida faltam pontos a bordar. No livro da minha estória existem páginas em branco, por completar. Música: Richard Clayderman - My Way Montagem; [email_address] http://www.fatimairene.com/