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RESERVA FLORESTAL INGAZEIRA
PROPOSTA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E VALORAÇÃO
DOS SERVIÇOS ECOSSISTEMICOS NO BIOMA CERRADO
	
  
1. INTRODUÇÃO
	
  
As florestas que fazem parte dos mais diversos ecossistemas têm
inúmeras funções: fornecem madeira e outros produtos, áreas de lazer e
também desempenham funções úteis, notadamente por sua ação reguladora
sobre o solo, a água e o ar. As repercussões das atividades humanas sobre a
saúde das florestas, assim como sobre seu desenvolvimento e sua
regeneração, suscitam preocupações amplamente partilhadas. Numerosos
recursos florestais são ameaçados pela exploração excessiva, pelo
inadequado uso do solo, acarretando consequentemente a degradação da
qualidade do meio ambiente e insustentabilidade dos ecossistemas locais.
Dessa forma, conservar a biodiversidade e utilizá-la de forma
sustentável e equilibrada pode ser a base para proposições exequíveis,
permitindo que os diversos setores das atividades produtivas desenvolvam
negócios ecologicamente rentáveis. A visão da biodiversidade como uma
oportunidade de negócio é mais evidenciada no ecoturismo, na agricultura
orgânica e no manejo florestal sustentável, onde a demanda é crescente por
bens e serviços “sustentáveis”.
Contudo, estimativas sugerem que a sustentabilidade relacionada com
oportunidades de negócios globais de recursos naturais (incluindo a energia,
a silvicultura, a alimentação e a agricultura, água e metais) chegará a US$
2,6 trilhões em 2050 (a preços de 2008). Caso estejam precisas, estas
projeções sugerem que o setor privado desempenhará um papel cada vez
mais importante na gestão dos recursos naturais (TEEB, 2010).
Dentre os biomas brasileiros, calcula-se que o Cerrado 1
seja
responsável por aproximadamente 5% da biodiversidade mundial, havendo
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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O cerrado ocupa cerca de 23% do território brasileiro, totalizando uma área de 2.000.000 Km²,
atingindo os estados da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo e Tocantins . Ocorrendo também em formas de
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
uma grande variedade de ambientes, o que contribui para a grande
diversidade de espécies animais e vegetais. O Cerrado apresenta ainda altos
índices de endemismos para as plantas, das 12.356 de suas espécies, 4.400
são endêmicas o que representa 1,5% de toda flora mundial. Entre as
espécies animais esta região abriga 1.268, das quais 117 são endêmicas.
Deste número 1.200 são peixes; 837 são aves com 29 espécies endêmicas;
199 espécies de mamíferos com 19 endêmicas; 180 de répteis com 24
espécies endêmicas. Os anfíbios são o grupo com maior endemismo com 45
das 150 espécies classificadas como endêmicas (www.bioeste.org.br. Acesso
em 21.12.2010).
O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e por outro
lado pouco se conhece sobre a distribuição das espécies dentro deste bioma.
Assim, sua destruição é ainda mais grave visto que as limitações das áreas
protegidas são pequenas e os números são concentrados em poucas regiões
(MMA, 2002). Com toda “esta excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao
lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots2
mundiais, isto é, um
dos biomas mais ricos e ameaçados do Planeta” (MMA, 2002, p. 177).
A abertura e expansão da fronteira agrícola na região Oeste do estado
da Bahia implicaram em supressão da vegetação nativa em extensa
superfície, até então, de aproximadamente 1,3 milhões de hectares, onde o
bioma Cerrado, em extensas áreas, foi ocupado para instalação do
agronegócio: grãos, frutas, agricultura familiar e pecuária, especialmente no
vale, com perspectiva de expansão para mais de 3 milhões de hectares a
serem ocupados e incrementados também por demandas induzidas pelo
programa de produção de biocombustíveis. Os gerais baianos compreendem
as bacias hidrográficas dos afluentes da margem esquerda do Rio São
Francisco, que constituem cursos d’água perenes que garantem a
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
disjunções nas regiões Norte, Nordeste e nos Estados de São Paulo e Paraná (www.bioeste.org.br.
Acesso em 21.12.2010).
2
Uma área para ser designada de hotspot deve conter pelo menos 0,5% ou 1.500 de todas as 300.000
espécies de plantas do mundo como endêmicas além ter perdido 70% ou mais de sua vegetação
primária. Essa destruição no Cerrado, já é tão catastrófica que a extinção de algumas espécies figura
uma lista sendo uma das 25 áreas do mundo consideradas críticas para a conservação (MMA, 2002).
	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
disponibilidade hídrica regularizada para usos múltiplos pela sociedade no
médio e baixo São Francisco.
Neste contexto está inserida a Reserva Florestal Ingazeira,
propriedade particular com área de 6.350 ha, sendo 5.250 ha de floresta em
excelente estado de conservação. As matas ai situadas, que em alguns
trechos são quase intocadas, abriga uma variedade de espécies da fauna e
flora regional, muitas delas já quase extinta na região, como a onça pintada,
o jacaré de papo amarelo, a anta, a sucuri, papagaios, etc., citando algumas
espécies animais ou mesmo representantes vegetais, tais como o vinhático, a
peroba, o cedro, a massaranduba, também já bastante raros na área ou
mesmo no seu entorno.
Objetiva-se com essa proposta evidenciar as potencialidades da
diversidade ecológica da Reserva Ingazeira, localizada na região Oeste da
Bahia, no intuito de sensibilizar organismos financiadores/investidores para a
necessidade de proteção desse sítio, rico em belezas cênicas e portador de
espécies raras da fauna e flora do cerrado brasileiro, sítio que encontra-se
ainda bastante conservado, apesar das constantes intervenções antrópicas
no seu	
  entorno.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS LOCAIS
A região Oeste da Bahia possui importância estratégica para Cerrado
brasileiro, uma vez que tem função de zona de produção de água com
significativo aporte de vazão regularizadora ao Rio São Francisco, estocagem
de água subterrânea na formação hidrogeológica Urucuia e por abrigar uma
intensa, importante e crescente atividade agropecuária3
, caracterizada pelo
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
3
As formações de veredas, tipo de vegetação particular que se desenvolve na região do cerrado,
é utilizada principalmente para a pecuária, gado bovino e em alguns casos o caprino, e para a
agricultura comercial. Essas áreas se caracterizam pelo acúmulo de matéria orgânica vegetal que
vai formar os horizontes orgânicos, e as turfas são os reguladores naturais do fluxo das águas nas
nascentes, particularmente no período seco, devido ao poder de esponja característico desse
material residual orgânico.
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
agronegócio de grande e médio porte e a agricultura familiar com notórios e
visíveis indicadores de impactos sócio-econômicos positivos e preocupantes
impactos ambientais que vem afetando o patrimônio natural da região
(biodiversidade, solo e água).
O desenvolvimento econômico regional se dar pelo processo de
exploração da terra com agricultura intensiva no Bioma Cerrado, região rica e
povoada de incontáveis nascentes. Esses corpos d’água garantem a
perenidade do fluxo dos rios locais, disponibilizando recursos hídricos para
atender as múltiplas demandas de usos sócio econômicos e ambientais e
aportam significativos volumes de água que alimenta e regulariza a vazão do
médio rio São Francisco.
A Reserva Ingazeira desempenha um papel importantíssimo para a
manutenção dos serviços ecossistêmicos locais. O que impressiona a
primeira vista é a beleza cênica da região, onde se pode deslumbrar uma
imensa formação florestal, basicamente florestas estacionais e formações de
cerrado, ainda em ótimas condições de conservação, entrecortadas por uma
variedade de cursos d’água, entre eles o rio Preto, caudaloso e de uma
limpidez singular, onde podemos visualizar sem maiores problemas,
tambaquis, pintados, piranhas, traíras e até mesmo raros surubins
desfrutando da pureza de suas águas.
A formação florestal mais característica é a Floresta Estacional
(regionalmente conhecida como Mata Seca), cujo conceito ecológico está
ligado ao clima, condicionado às suas estações bem definidas, uma chuvosa
e outra seca, com estacionalidade foliar dos indivíduos arbóreos dominantes,
os quais têm adaptação à deficiência hídrica. Trata-se de uma vegetação
desenvolvida em área de solos litólicos e de afloramento rochoso de arenitos
metamorfizados, apresentando sinais de antropismo e constituída por árvores
de porte médio e alto, com alturas que variam de 15 a 20m. As áreas de
altitudes mais elevadas caracterizam-se por extratos vegetais de pequeno a
médio porte, principalmente nos locais onde ocorrem os afloramentos
rochosos, enquanto que nas encostas predomina uma vegetação mais
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
  
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
adensada, caracterizada por árvores de médio a grande porte caracterizando
a Floresta Estacional.
A área da Reserva Ingazeira desempenha um papel de corredor
ecológico, fazendo a conectividade entre os vários fragmentos florestais
existentes na região e com dois espaços legalmente protegidos: a Estação
Ecológica do Rio Preto, unidade de conservação de proteção integral e a
Área de Proteção Ambiental do Rio Preto, ambas criadas pelo governo do
estado da Bahia, atestando as potencialidades ambientais e o valor da
biodiversidade local. A propriedade serve ainda como uma espécie de zona
tampão, diminuindo os impactos negativos que as atividades produtivas
impõem a esses espaços protegidos.
Conforme levantamentos florísticos realizados no local, foram
catalogadas 62 famílias, 165 gêneros e 228 espécies vegetais, ocorrendo
com mais freqüência o Jacarandá (Manchaerium), Angico (Piptadenia sp),
Aroeira (Astronium urundeuva), Tamboril (Enterolobium tamboril), Itapicuru
(Goniorchachis marginata), algumas colônias de cactáceas, destacando-se o
xiquexique (Pilocereus gounelli), Ingá do Brejo (Ingá uruguensis), Sucupira
(Boudichia virgilioides), Licuri (Syagreis coronata), Mogno (Swietenia
macrophylla) e Unha-de-gato (Acácia bonariensis) entre outras. Com relação
a fauna foram identificados entre os mamíferos 05 ordens, 10 famílias e 14
especies. Para o grupo aves identificou-se 20 ordens, 42 famílias e 140
espécies, que em sua maioria, vem sofrendo grandes pressões antrópicas
advindas das atividades produtivas, principalmente àquelas vinculadas a
agropecuária.
Em função principalmente de incentivos públicos a região vem
crescendo muito economicamente, provocando um aumento considerável
nas externalidades negativas que estas atividades vêm causando ao meio
ambiente. Em favor da expansão agrícola retira-se a vegetação nativa,
acarretando perdas a biodiversidade, desmata-se as margens e nascentes
dos rios, causando o assoreamento dos mananciais hídricos, além da
destinação indevida das embalagens dos agrotóxicos e resíduos sólidos que
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
contaminam as águas e os solos (www.bioeste.org.br. Acesso em
21.12.2010).
3. CONSEQUENCIAS RELACIONADAS COM A PERDA DA BIODIVERSIDADE
LOCAL.
É uníssono o entendimento no meio científico sobre a importância da
função reguladora da cobertura vegetal no ciclo hidrológico, protegendo o
solo pela interceptação das chuvas, e regulando a transferência de
significativo volume de precipitação pluviométrica até a superfície do solo,
proporcionando condições que favorecem a infiltração, retarda e reduz
volume e velocidade das enxurradas, protegendo os solos da erosão hídrica
e suas consequências ambientais negativas sobre os recursos naturais solo e
água.
Pode-se afirmar que projetos e ações que coíbam a supressão da
vegetação e/ou estimulem o reflorestamento ou restauração da cobertura
vegetal em áreas degradadas, constituem-se em estratégias necessárias e
indispensáveis para combater á degradação dos recursos naturais solo, água
e conservar a biodiversidade, mitigando os riscos e processos acelerados de
degradação das terras e esgotamento dos recursos hídricos, o avanço da
desertificação, arenização e outras formas de degradação ambiental.
Algumas conseqüências são de imediato identificadas após a
supressão de fragmentos florestais: o declínio na população de polinizadores,
como abelhas, borboletas e outros insetos, deixando de fertilizar inúmeras
espécies de plantas; impactos na disponibilidade de alimentos; diminuição do
mecanismo de processamento de gases de efeito estufa; prevenção à erosão
do solo; perda de habitat para diversas; impactos na qualidade do ar e da
água; redução do acesso à diversidade genética; impactos culturais, entre
outros de maior ocorrência.
Se imaginarmos que aproximadamente 50% dos medicamentos
sintéticos tem origem na natureza e que 70% das plantas em todo o mundo
estão ameaçadas de extinção, podemos ter uma noção dos prejuízos que as
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
atividades humanas não sustentáveis estão impondo a diversidade biológica
do planeta. Some-se a isso a crescente demanda por alimentos que aumenta
a pressão para a conversão de ecossistemas e intensificação de produções
existentes. Quando essa demanda não é atendida gera, na maioria das
vezes, um aumento no preço dos alimentos, afetando as camadas mais
pobres da população (TEEB, 2010).
A primeira iniciativa que um empreender ecologicamente consciente
deve tomar é identificar os possíveis impactos ambientais que suas
atividades podem provocar e qual a relação de dependência com a
biodiversidade essas atividades possuem. Com essas questões identificadas,
começa-se a mensurar e reportar impactos, interdependências e respostas,
culminando com a descoberta de novos caminhos para reduzir os riscos
sobre a biodiversidade e os ecossistemas.
4. PROJETOS E AÇOES DIRECIONADOS PARA REDUÇÃO DE RISCOS
SOBRE A BIODIVERSIDADE E OS ECOSSISTEMAS
Esse é o caminho que a Fazenda Ingazeira vem trilhando em parceria
com o Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento do Oeste da Bahia –
BIOESTE. Essa entidade consiste em uma Associação Civil, sem fins
lucrativos, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, criado com a missão de atuar
na conservação e preservação da biodiversidade e do patrimônio ambiental
do oeste baiano, visando o desenvolvimento sustentável da região e a
qualidade de vida de sua população.
Alguns projetos e ações já vêm sendo desenvolvidos pelo BIOESTE
visando tornar a Fazenda Ingazeira uma referência na prática de inovações
sócio ecológicas, transformando o empreendimento numa área prioritária
para conservação e polo de conectividade com os ecossistemas vizinhos. O
objetivo principal das ações é apresentar um olhar “de fora para dentro”, que
permita identificar condicionantes de comportamento da área de interesse
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
que possam vir a se manifestar por força de políticas de desenvolvimento
cujas metas estejam dirigidas ao conjunto da região; e um olhar “de dentro
para fora”, que possa identificar as potencialidades, vocações e
vulnerabilidades específicas dessa porção territorial, de modo a inseri-la de
forma sustentável nesse processo maior de planejamento idealizado para a
região.
A parceria já consolidada gerou vários projetos e ações, entre estas
citamos: composição, aspectos ecofisiológicos e estrutura da comunidade
dos Anfíbios da Área de Proteção Ambiental Estadual do Rio Preto, Formosa
do Rio Preto, Ba; caracterização da vegetação de uma área entre os
municípios de Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, Ba;
incorporação, conservação e o uso sustentável da biodiversidade no
planejamento e nas práticas no setor privado; direcionamento e liderança no
processo de priorização da biodiversidade na região Oeste da Bahia;
promoção de estratégias e políticas no setor privado que apoiem a
conservação da biodiversidade; transversalidade da biodiversidade em
paisagens por meio da análise da importância da biodiversidade e das
estruturas produtivas locais.
Essas ações estão estrategicamente pensadas e articuladas para
reforçar as propostas de conservação regional, considerando os usos dos
bens ambientais e seus processos de apropriação e manejo, bem como visa
ampliar e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Pretende-se
ainda que estas ações estejam em sintonia com os processos de
planejamento, execução, monitoramento e controle social das intervenções
públicas, nas quais as ações de conservação ambiental seja o vetor de maior
relevância, e, que elas alcancem a integração das informações e das
intervenções dos órgãos federais, estaduais e municipais colegiados e
consórcios atuantes na região.
4.1. Potenciais projetos a serem desenvolvidos: A região Oeste do estado
da Bahia possui inúmeras potencialidades e atributos ambientais que
facilitam o desenvolvimento de várias iniciativas visando a conservação e
preservação do seu patrimônio natural. Dessa forma, projetos direcionados
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
para a proteção dos ecossistemas por meio da criação de novos espaços
protegidos, notadamente Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPNs; recuperação de áreas degradadas; captura de créditos de carbono
que podem ser obtidos a partir do desmatamento evitado; compensação
econômica pela renda originada por atividades de geração de energia,
abastecimento, uso público, exploração de produtos madeireiros e não
madeireiros e irrigação vinculadas a unidades de conservação, são vetores
que podem ser explorados visando conciliar o desenvolvimento das
atividades produtivas e a sustentabilidade ambiental.
Uma das grandes oportunidades de mercado é a redução de emissões
por desmatamento e degradação e a compensação de carbono baseada no
solo (REDD+). Embora tenha sido projetado principalmente para enfrentar a
mudança climática, o REDD+ deverá gerar benefícios significativos para a
biodiversidade por meio da conservação das florestas naturais. Outra
oportunidade de mercado potencial é o mecanismo de desenvolvimento
verde (MDV), um mecanismo financeiro inovador proposto atualmente e em
discussão no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica (TEEB,
2010).
Paralelo a essas iniciativas, o BIOESTE estará atento a dinâmica do
mercado viando captar novas oportunidades sustentáveis relacionadas com a
biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Assim, diretrizes relacionadas
com os padrões de desempenho de biodiversidade para os investidores, a
certificação relacionada com a biodiversidade, a avaliação e sistemas de
comunicação, os mecanismos de governança e medidas de incentivo ao
voluntariado, servirão como alicerces, subsidiando a elaboração e execução
dos futuros projetos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visando referendar as propostas aqui descritas com as tendências de
vanguarda que hoje norteiam a gestão da biodiversidade e dos ecossistemas,
adotaremos algumas diretrizes que deverão nortear futuras iniciativas,
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
consolidando nossa proposta de atrelar o desenvolvimento das atividades
socioeconômicas com a sustentabilidade ambiental. Assim, a observância de
estratégias de engajamento com as comunidades locais, dando prioridade a
subsistência humana, procurando mitigar fatores que colaboram com o
aumento da pobreza que afeta grande parcela da nossa população, fatores
esses que estimulam a pressão sobre os ecossistemas, facilitará o
envolvimento desses atores nos projetos direcionados para a região.
Atenção especial deverá também ser dada para a adoção de
mecanismos da boa governança, utilizando estratégias que envolvam a
sociedade civil organizada, governo, ONGs, iniciativa privada e demais partes
interessadas. De acordo com o relatório “A Economia dos Ecossistemas e da
Biodiversidade”, “o setor privado pode contribuir com significativa capacidade
para os esforços de conservação e tem um papel fundamental a
desempenhar na interrupção da degradação da biodiversidade. As empresas
precisam participar mais ativamente das discussões de políticas públicas
adequadas para defender reformas regulatórias, bem como desenvolver
diretrizes voluntárias complementares”.
Finalizando, as propostas e ações aqui evidenciadas são
indissociáveis de uma política de desenvolvimento sustentável para a região
Oeste da Bahia. Seus resultados só se tornam efetivos se forem conduzidos
de modo integrado com outros mecanismos de decisão. Entre os
instrumentos cujo emprego devemos manter certa compatibilidade, situam-se
os de promoção da sustentabilidade, como as estratégias nacionais de
sustentabilidade, os programas estaduais de política ambiental, os planos
operacionais de gestão ambiental, as Agendas 21, entre outros. A integração
das ações derivadas destes instrumentos permite tirar partido das sinergias
decorrentes da importância e dos objetivos de cada um deles.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FELFILI, Jeanine Maria; SAMPAIO, Júlio César; CORREIA, Carmem Regina
Mendes de Araujo. Bases para recuperação de áreas degradadas na bacia
 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
	
  
do são Francisco. Universidade de Brasília. Centro de Referência em
Conservação da Natureza e Recuperação de Áreas degradadas.
LIMA, Gilberto Tadeu. Naturalizando o capital, capitalizando a natureza: o
conceito de capital natural no desenvolvimento sustentável. IE/UNICAMP,
Campinas, n. 74, jun. 1999.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA
AMAZÔNIA LEGAL. Biodiversidade Brasileira: avaliação e identificação de
áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e
repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília:
MMA/SBF, 2002. 404p.
SCARIOT, A; SOUSA-SILVA, J.C & FELFILI, J. M. (orgs.). Cerrado: ecologia,
biodiversidade e conservação. Brasília. Ministério do Meio Ambiente.
TEEB (2010) The Economics of Ecosystems and Biodiversity: Mainstreaming
the Economics of Nature: A synthesis of the approach, conclusions and
recommendations of TEEB.
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  

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Reserva Florestal Ingazeira - Proposta de Conservação da Biodiversidade e Valoração dos Serviços Ecossistênicos

  • 1.                                                                                                                                                                                                                                                 RESERVA FLORESTAL INGAZEIRA PROPOSTA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E VALORAÇÃO DOS SERVIÇOS ECOSSISTEMICOS NO BIOMA CERRADO   1. INTRODUÇÃO   As florestas que fazem parte dos mais diversos ecossistemas têm inúmeras funções: fornecem madeira e outros produtos, áreas de lazer e também desempenham funções úteis, notadamente por sua ação reguladora sobre o solo, a água e o ar. As repercussões das atividades humanas sobre a saúde das florestas, assim como sobre seu desenvolvimento e sua regeneração, suscitam preocupações amplamente partilhadas. Numerosos recursos florestais são ameaçados pela exploração excessiva, pelo inadequado uso do solo, acarretando consequentemente a degradação da qualidade do meio ambiente e insustentabilidade dos ecossistemas locais. Dessa forma, conservar a biodiversidade e utilizá-la de forma sustentável e equilibrada pode ser a base para proposições exequíveis, permitindo que os diversos setores das atividades produtivas desenvolvam negócios ecologicamente rentáveis. A visão da biodiversidade como uma oportunidade de negócio é mais evidenciada no ecoturismo, na agricultura orgânica e no manejo florestal sustentável, onde a demanda é crescente por bens e serviços “sustentáveis”. Contudo, estimativas sugerem que a sustentabilidade relacionada com oportunidades de negócios globais de recursos naturais (incluindo a energia, a silvicultura, a alimentação e a agricultura, água e metais) chegará a US$ 2,6 trilhões em 2050 (a preços de 2008). Caso estejam precisas, estas projeções sugerem que o setor privado desempenhará um papel cada vez mais importante na gestão dos recursos naturais (TEEB, 2010). Dentre os biomas brasileiros, calcula-se que o Cerrado 1 seja responsável por aproximadamente 5% da biodiversidade mundial, havendo                                                                                                                           1 O cerrado ocupa cerca de 23% do território brasileiro, totalizando uma área de 2.000.000 Km², atingindo os estados da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo e Tocantins . Ocorrendo também em formas de
  • 2.                                                                                                                                                                                                                                                 uma grande variedade de ambientes, o que contribui para a grande diversidade de espécies animais e vegetais. O Cerrado apresenta ainda altos índices de endemismos para as plantas, das 12.356 de suas espécies, 4.400 são endêmicas o que representa 1,5% de toda flora mundial. Entre as espécies animais esta região abriga 1.268, das quais 117 são endêmicas. Deste número 1.200 são peixes; 837 são aves com 29 espécies endêmicas; 199 espécies de mamíferos com 19 endêmicas; 180 de répteis com 24 espécies endêmicas. Os anfíbios são o grupo com maior endemismo com 45 das 150 espécies classificadas como endêmicas (www.bioeste.org.br. Acesso em 21.12.2010). O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e por outro lado pouco se conhece sobre a distribuição das espécies dentro deste bioma. Assim, sua destruição é ainda mais grave visto que as limitações das áreas protegidas são pequenas e os números são concentrados em poucas regiões (MMA, 2002). Com toda “esta excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots2 mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Planeta” (MMA, 2002, p. 177). A abertura e expansão da fronteira agrícola na região Oeste do estado da Bahia implicaram em supressão da vegetação nativa em extensa superfície, até então, de aproximadamente 1,3 milhões de hectares, onde o bioma Cerrado, em extensas áreas, foi ocupado para instalação do agronegócio: grãos, frutas, agricultura familiar e pecuária, especialmente no vale, com perspectiva de expansão para mais de 3 milhões de hectares a serem ocupados e incrementados também por demandas induzidas pelo programa de produção de biocombustíveis. Os gerais baianos compreendem as bacias hidrográficas dos afluentes da margem esquerda do Rio São Francisco, que constituem cursos d’água perenes que garantem a                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             disjunções nas regiões Norte, Nordeste e nos Estados de São Paulo e Paraná (www.bioeste.org.br. Acesso em 21.12.2010). 2 Uma área para ser designada de hotspot deve conter pelo menos 0,5% ou 1.500 de todas as 300.000 espécies de plantas do mundo como endêmicas além ter perdido 70% ou mais de sua vegetação primária. Essa destruição no Cerrado, já é tão catastrófica que a extinção de algumas espécies figura uma lista sendo uma das 25 áreas do mundo consideradas críticas para a conservação (MMA, 2002).  
  • 3.                                                                                                                                                                                                                                                 disponibilidade hídrica regularizada para usos múltiplos pela sociedade no médio e baixo São Francisco. Neste contexto está inserida a Reserva Florestal Ingazeira, propriedade particular com área de 6.350 ha, sendo 5.250 ha de floresta em excelente estado de conservação. As matas ai situadas, que em alguns trechos são quase intocadas, abriga uma variedade de espécies da fauna e flora regional, muitas delas já quase extinta na região, como a onça pintada, o jacaré de papo amarelo, a anta, a sucuri, papagaios, etc., citando algumas espécies animais ou mesmo representantes vegetais, tais como o vinhático, a peroba, o cedro, a massaranduba, também já bastante raros na área ou mesmo no seu entorno. Objetiva-se com essa proposta evidenciar as potencialidades da diversidade ecológica da Reserva Ingazeira, localizada na região Oeste da Bahia, no intuito de sensibilizar organismos financiadores/investidores para a necessidade de proteção desse sítio, rico em belezas cênicas e portador de espécies raras da fauna e flora do cerrado brasileiro, sítio que encontra-se ainda bastante conservado, apesar das constantes intervenções antrópicas no seu  entorno. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS LOCAIS A região Oeste da Bahia possui importância estratégica para Cerrado brasileiro, uma vez que tem função de zona de produção de água com significativo aporte de vazão regularizadora ao Rio São Francisco, estocagem de água subterrânea na formação hidrogeológica Urucuia e por abrigar uma intensa, importante e crescente atividade agropecuária3 , caracterizada pelo                                                                                                                           3 As formações de veredas, tipo de vegetação particular que se desenvolve na região do cerrado, é utilizada principalmente para a pecuária, gado bovino e em alguns casos o caprino, e para a agricultura comercial. Essas áreas se caracterizam pelo acúmulo de matéria orgânica vegetal que vai formar os horizontes orgânicos, e as turfas são os reguladores naturais do fluxo das águas nas nascentes, particularmente no período seco, devido ao poder de esponja característico desse material residual orgânico.
  • 4.                                                                                                                                                                                                                                                 agronegócio de grande e médio porte e a agricultura familiar com notórios e visíveis indicadores de impactos sócio-econômicos positivos e preocupantes impactos ambientais que vem afetando o patrimônio natural da região (biodiversidade, solo e água). O desenvolvimento econômico regional se dar pelo processo de exploração da terra com agricultura intensiva no Bioma Cerrado, região rica e povoada de incontáveis nascentes. Esses corpos d’água garantem a perenidade do fluxo dos rios locais, disponibilizando recursos hídricos para atender as múltiplas demandas de usos sócio econômicos e ambientais e aportam significativos volumes de água que alimenta e regulariza a vazão do médio rio São Francisco. A Reserva Ingazeira desempenha um papel importantíssimo para a manutenção dos serviços ecossistêmicos locais. O que impressiona a primeira vista é a beleza cênica da região, onde se pode deslumbrar uma imensa formação florestal, basicamente florestas estacionais e formações de cerrado, ainda em ótimas condições de conservação, entrecortadas por uma variedade de cursos d’água, entre eles o rio Preto, caudaloso e de uma limpidez singular, onde podemos visualizar sem maiores problemas, tambaquis, pintados, piranhas, traíras e até mesmo raros surubins desfrutando da pureza de suas águas. A formação florestal mais característica é a Floresta Estacional (regionalmente conhecida como Mata Seca), cujo conceito ecológico está ligado ao clima, condicionado às suas estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca, com estacionalidade foliar dos indivíduos arbóreos dominantes, os quais têm adaptação à deficiência hídrica. Trata-se de uma vegetação desenvolvida em área de solos litólicos e de afloramento rochoso de arenitos metamorfizados, apresentando sinais de antropismo e constituída por árvores de porte médio e alto, com alturas que variam de 15 a 20m. As áreas de altitudes mais elevadas caracterizam-se por extratos vegetais de pequeno a médio porte, principalmente nos locais onde ocorrem os afloramentos rochosos, enquanto que nas encostas predomina uma vegetação mais                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              
  • 5.                                                                                                                                                                                                                                                 adensada, caracterizada por árvores de médio a grande porte caracterizando a Floresta Estacional. A área da Reserva Ingazeira desempenha um papel de corredor ecológico, fazendo a conectividade entre os vários fragmentos florestais existentes na região e com dois espaços legalmente protegidos: a Estação Ecológica do Rio Preto, unidade de conservação de proteção integral e a Área de Proteção Ambiental do Rio Preto, ambas criadas pelo governo do estado da Bahia, atestando as potencialidades ambientais e o valor da biodiversidade local. A propriedade serve ainda como uma espécie de zona tampão, diminuindo os impactos negativos que as atividades produtivas impõem a esses espaços protegidos. Conforme levantamentos florísticos realizados no local, foram catalogadas 62 famílias, 165 gêneros e 228 espécies vegetais, ocorrendo com mais freqüência o Jacarandá (Manchaerium), Angico (Piptadenia sp), Aroeira (Astronium urundeuva), Tamboril (Enterolobium tamboril), Itapicuru (Goniorchachis marginata), algumas colônias de cactáceas, destacando-se o xiquexique (Pilocereus gounelli), Ingá do Brejo (Ingá uruguensis), Sucupira (Boudichia virgilioides), Licuri (Syagreis coronata), Mogno (Swietenia macrophylla) e Unha-de-gato (Acácia bonariensis) entre outras. Com relação a fauna foram identificados entre os mamíferos 05 ordens, 10 famílias e 14 especies. Para o grupo aves identificou-se 20 ordens, 42 famílias e 140 espécies, que em sua maioria, vem sofrendo grandes pressões antrópicas advindas das atividades produtivas, principalmente àquelas vinculadas a agropecuária. Em função principalmente de incentivos públicos a região vem crescendo muito economicamente, provocando um aumento considerável nas externalidades negativas que estas atividades vêm causando ao meio ambiente. Em favor da expansão agrícola retira-se a vegetação nativa, acarretando perdas a biodiversidade, desmata-se as margens e nascentes dos rios, causando o assoreamento dos mananciais hídricos, além da destinação indevida das embalagens dos agrotóxicos e resíduos sólidos que
  • 6.                                                                                                                                                                                                                                                 contaminam as águas e os solos (www.bioeste.org.br. Acesso em 21.12.2010). 3. CONSEQUENCIAS RELACIONADAS COM A PERDA DA BIODIVERSIDADE LOCAL. É uníssono o entendimento no meio científico sobre a importância da função reguladora da cobertura vegetal no ciclo hidrológico, protegendo o solo pela interceptação das chuvas, e regulando a transferência de significativo volume de precipitação pluviométrica até a superfície do solo, proporcionando condições que favorecem a infiltração, retarda e reduz volume e velocidade das enxurradas, protegendo os solos da erosão hídrica e suas consequências ambientais negativas sobre os recursos naturais solo e água. Pode-se afirmar que projetos e ações que coíbam a supressão da vegetação e/ou estimulem o reflorestamento ou restauração da cobertura vegetal em áreas degradadas, constituem-se em estratégias necessárias e indispensáveis para combater á degradação dos recursos naturais solo, água e conservar a biodiversidade, mitigando os riscos e processos acelerados de degradação das terras e esgotamento dos recursos hídricos, o avanço da desertificação, arenização e outras formas de degradação ambiental. Algumas conseqüências são de imediato identificadas após a supressão de fragmentos florestais: o declínio na população de polinizadores, como abelhas, borboletas e outros insetos, deixando de fertilizar inúmeras espécies de plantas; impactos na disponibilidade de alimentos; diminuição do mecanismo de processamento de gases de efeito estufa; prevenção à erosão do solo; perda de habitat para diversas; impactos na qualidade do ar e da água; redução do acesso à diversidade genética; impactos culturais, entre outros de maior ocorrência. Se imaginarmos que aproximadamente 50% dos medicamentos sintéticos tem origem na natureza e que 70% das plantas em todo o mundo estão ameaçadas de extinção, podemos ter uma noção dos prejuízos que as
  • 7.                                                                                                                                                                                                                                                 atividades humanas não sustentáveis estão impondo a diversidade biológica do planeta. Some-se a isso a crescente demanda por alimentos que aumenta a pressão para a conversão de ecossistemas e intensificação de produções existentes. Quando essa demanda não é atendida gera, na maioria das vezes, um aumento no preço dos alimentos, afetando as camadas mais pobres da população (TEEB, 2010). A primeira iniciativa que um empreender ecologicamente consciente deve tomar é identificar os possíveis impactos ambientais que suas atividades podem provocar e qual a relação de dependência com a biodiversidade essas atividades possuem. Com essas questões identificadas, começa-se a mensurar e reportar impactos, interdependências e respostas, culminando com a descoberta de novos caminhos para reduzir os riscos sobre a biodiversidade e os ecossistemas. 4. PROJETOS E AÇOES DIRECIONADOS PARA REDUÇÃO DE RISCOS SOBRE A BIODIVERSIDADE E OS ECOSSISTEMAS Esse é o caminho que a Fazenda Ingazeira vem trilhando em parceria com o Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento do Oeste da Bahia – BIOESTE. Essa entidade consiste em uma Associação Civil, sem fins lucrativos, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, criado com a missão de atuar na conservação e preservação da biodiversidade e do patrimônio ambiental do oeste baiano, visando o desenvolvimento sustentável da região e a qualidade de vida de sua população. Alguns projetos e ações já vêm sendo desenvolvidos pelo BIOESTE visando tornar a Fazenda Ingazeira uma referência na prática de inovações sócio ecológicas, transformando o empreendimento numa área prioritária para conservação e polo de conectividade com os ecossistemas vizinhos. O objetivo principal das ações é apresentar um olhar “de fora para dentro”, que permita identificar condicionantes de comportamento da área de interesse
  • 8.                                                                                                                                                                                                                                                 que possam vir a se manifestar por força de políticas de desenvolvimento cujas metas estejam dirigidas ao conjunto da região; e um olhar “de dentro para fora”, que possa identificar as potencialidades, vocações e vulnerabilidades específicas dessa porção territorial, de modo a inseri-la de forma sustentável nesse processo maior de planejamento idealizado para a região. A parceria já consolidada gerou vários projetos e ações, entre estas citamos: composição, aspectos ecofisiológicos e estrutura da comunidade dos Anfíbios da Área de Proteção Ambiental Estadual do Rio Preto, Formosa do Rio Preto, Ba; caracterização da vegetação de uma área entre os municípios de Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, Ba; incorporação, conservação e o uso sustentável da biodiversidade no planejamento e nas práticas no setor privado; direcionamento e liderança no processo de priorização da biodiversidade na região Oeste da Bahia; promoção de estratégias e políticas no setor privado que apoiem a conservação da biodiversidade; transversalidade da biodiversidade em paisagens por meio da análise da importância da biodiversidade e das estruturas produtivas locais. Essas ações estão estrategicamente pensadas e articuladas para reforçar as propostas de conservação regional, considerando os usos dos bens ambientais e seus processos de apropriação e manejo, bem como visa ampliar e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Pretende-se ainda que estas ações estejam em sintonia com os processos de planejamento, execução, monitoramento e controle social das intervenções públicas, nas quais as ações de conservação ambiental seja o vetor de maior relevância, e, que elas alcancem a integração das informações e das intervenções dos órgãos federais, estaduais e municipais colegiados e consórcios atuantes na região. 4.1. Potenciais projetos a serem desenvolvidos: A região Oeste do estado da Bahia possui inúmeras potencialidades e atributos ambientais que facilitam o desenvolvimento de várias iniciativas visando a conservação e preservação do seu patrimônio natural. Dessa forma, projetos direcionados
  • 9.                                                                                                                                                                                                                                                 para a proteção dos ecossistemas por meio da criação de novos espaços protegidos, notadamente Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs; recuperação de áreas degradadas; captura de créditos de carbono que podem ser obtidos a partir do desmatamento evitado; compensação econômica pela renda originada por atividades de geração de energia, abastecimento, uso público, exploração de produtos madeireiros e não madeireiros e irrigação vinculadas a unidades de conservação, são vetores que podem ser explorados visando conciliar o desenvolvimento das atividades produtivas e a sustentabilidade ambiental. Uma das grandes oportunidades de mercado é a redução de emissões por desmatamento e degradação e a compensação de carbono baseada no solo (REDD+). Embora tenha sido projetado principalmente para enfrentar a mudança climática, o REDD+ deverá gerar benefícios significativos para a biodiversidade por meio da conservação das florestas naturais. Outra oportunidade de mercado potencial é o mecanismo de desenvolvimento verde (MDV), um mecanismo financeiro inovador proposto atualmente e em discussão no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica (TEEB, 2010). Paralelo a essas iniciativas, o BIOESTE estará atento a dinâmica do mercado viando captar novas oportunidades sustentáveis relacionadas com a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Assim, diretrizes relacionadas com os padrões de desempenho de biodiversidade para os investidores, a certificação relacionada com a biodiversidade, a avaliação e sistemas de comunicação, os mecanismos de governança e medidas de incentivo ao voluntariado, servirão como alicerces, subsidiando a elaboração e execução dos futuros projetos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Visando referendar as propostas aqui descritas com as tendências de vanguarda que hoje norteiam a gestão da biodiversidade e dos ecossistemas, adotaremos algumas diretrizes que deverão nortear futuras iniciativas,
  • 10.                                                                                                                                                                                                                                                 consolidando nossa proposta de atrelar o desenvolvimento das atividades socioeconômicas com a sustentabilidade ambiental. Assim, a observância de estratégias de engajamento com as comunidades locais, dando prioridade a subsistência humana, procurando mitigar fatores que colaboram com o aumento da pobreza que afeta grande parcela da nossa população, fatores esses que estimulam a pressão sobre os ecossistemas, facilitará o envolvimento desses atores nos projetos direcionados para a região. Atenção especial deverá também ser dada para a adoção de mecanismos da boa governança, utilizando estratégias que envolvam a sociedade civil organizada, governo, ONGs, iniciativa privada e demais partes interessadas. De acordo com o relatório “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, “o setor privado pode contribuir com significativa capacidade para os esforços de conservação e tem um papel fundamental a desempenhar na interrupção da degradação da biodiversidade. As empresas precisam participar mais ativamente das discussões de políticas públicas adequadas para defender reformas regulatórias, bem como desenvolver diretrizes voluntárias complementares”. Finalizando, as propostas e ações aqui evidenciadas são indissociáveis de uma política de desenvolvimento sustentável para a região Oeste da Bahia. Seus resultados só se tornam efetivos se forem conduzidos de modo integrado com outros mecanismos de decisão. Entre os instrumentos cujo emprego devemos manter certa compatibilidade, situam-se os de promoção da sustentabilidade, como as estratégias nacionais de sustentabilidade, os programas estaduais de política ambiental, os planos operacionais de gestão ambiental, as Agendas 21, entre outros. A integração das ações derivadas destes instrumentos permite tirar partido das sinergias decorrentes da importância e dos objetivos de cada um deles. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FELFILI, Jeanine Maria; SAMPAIO, Júlio César; CORREIA, Carmem Regina Mendes de Araujo. Bases para recuperação de áreas degradadas na bacia
  • 11.                                                                                                                                                                                                                                                 do são Francisco. Universidade de Brasília. Centro de Referência em Conservação da Natureza e Recuperação de Áreas degradadas. LIMA, Gilberto Tadeu. Naturalizando o capital, capitalizando a natureza: o conceito de capital natural no desenvolvimento sustentável. IE/UNICAMP, Campinas, n. 74, jun. 1999. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL. Biodiversidade Brasileira: avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília: MMA/SBF, 2002. 404p. SCARIOT, A; SOUSA-SILVA, J.C & FELFILI, J. M. (orgs.). Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Brasília. Ministério do Meio Ambiente. TEEB (2010) The Economics of Ecosystems and Biodiversity: Mainstreaming the Economics of Nature: A synthesis of the approach, conclusions and recommendations of TEEB.