O documento discute os sistemas construtivos utilizados na construção civil, dividindo as obras em três partes principais: infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura. Ele explica os principais tipos de fundações, como baldrame, sapata e radier, e descreve as etapas da locação, fundações e elevação da estrutura. O objetivo é fornecer conhecimentos sobre esses sistemas para melhor análise e taxação de seguros relacionados à construção civil.
Os métodos de prospecção de cenários e sua importância nas organizações apl...
Cadernos de Seguro: Análise dos riscos de SMS na Construção Civil
1.
2. o objetivo do conhecimento
dos sistemas construtivos
utilizados na construção civil
Antonio Fernando
Navarro
.Engenheiro Civil
·Engenheiro de Segurança do Trabalho
·Gerente de Riscos do Banco Nacional
·Professor da Funenseg
Objetivo
I
U I m dos problemas com o qualos engenheiros se defrontam
no mercado segurador é o de verificar
que a maioria dos profissionais ligados
à análise e taxação de seguros, que en-
volvem construção civil,desconhe-
cemos aspectos ligadosaesses siste-
Parte II
mas construtivos. Quando muito,
após trabalharem anos a fio nesses ra-
mos de seguro, fazem apenas compa-
rações com outros tipos de obras já
concluídas e cuja experiência em rela-
ção aos sinistros foi boa.
Não nos cabe aqui fazer compara-
ções entre as várias modalidades de
seguros que tratam deste assunto
(Riscos de Engenharia, Garantia de
Obrigações Contratuais e Responsa-
bilidade Civildo Construtor e Geral) e
nem comentar sobre suas coberturas,
uma vez que acreditamos fazer parte
do conhecimento obrigatório de todos
quanto trabalham com o assunto. Pro-
curamos, sim, comentar sobre as vá-
rias fases distintas existentes numa
construção civil, no afã de que estes
conhecimentos possam trazer ao res-
ponsável pela tarifação inúmeras van-
tagens, traduzidas como:
a) Perfeito enquadramento da obra
na tarifa;
b) _Menorescustos de seguro, em
virtude desse enquadramento;
c) Coberturas de seguro mais
abrangentes.
Como existe à venda em todas as
livrariasum infindávelnúmero de boas
publicações sobre o assunto, porém
bastante técnicas e em alto nível de
entendimento, procuramos na prepa-
ração deste trabalho não nos aprofun-
dar muito nos assuntos doravante tra-
tados, para que todos possam ter um
nívelde el'Jtendimento que considera-
mos mínimo, sobre o assunto. Desta
forma, dividimos o trabalho nos se-
guintes temas:
CADERNOS DE SEGURO 11
I
3. J
.
VIGA CAIXÃO
. "", ' 1:.;. .Í'.,' .
P
I
L
A
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SUPE RESTRUTURA
MESOESTRUTURA
BLOCO DE
COROAMENTO
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ROCHA
INFRA-ESTRUTURA
Fig. 1 - Seção transversal de um viaduto (esquemática)
PLANO DE MATÉRIAS
DO TRABALHO
1. Locação de Obra;
2. Fundações;
3. Elevação da estrutura;
4. Serviços de acabamento;
5. Comentários gerais sobre o grau
de sinistralidade de cada evento;
6. Conclusão.
Apresentação
do assunto
~ oda e qualquer obra civil pode
~ ser dividida em três partes,
quer seja para a divisão de tarefas co-
mo também para a execução.
A primeira parte denomina-se in-
fra-estrutura, ou a parte inferior à es-
trutura. Nelaestá compreendida afun-
dacão ou o alicerce da construcão.
Asegunda parte é conhecida éomo
mesoestrutura, ou a estrutura inter-
mediária. No caso de pontes e viadu-
tos, a mesoestrutura compreende os
pilares. No caso de edifícios, a me-
soestrutura recebe adenominação de
estrutura.
Finalménte tem-se a super~strutu-
ra, coroando todos os trabalhos já de-
senvolvidos. Nas pontes, a superes-
trutura é a pista de rolamento ou o ta-
buleiro.
12 ruNMG
Locação da obra
I
U I ma.grande construção com-preende a preparação de vários
eventos, correJatos ou não. O grau de
correlação depende de:
· Disponibilidade financeira;
· Disponibilidade de materiais e
equipamentos;
· Prazo de entrega da obra;
· Facilidade de transportes;
· Existência de área para canteiro
de obra.
Desta forma, é na locação da obra
que procuramos dirimir todas as dúvi-
das existentes sobre o projeto, monta-
mos a equipe técnica, providenciamos
máquinas e equipamentos auxiliares
etc. A organização do canteiro é cal-
cada em três princípios fundamentais,
que são: a qualidade na execução da
obra, o cronograma físico-financeiro e
a área disponível para as instalações.
A locação da obra, ou o trabalho da
construção, consiste em se marcar so-
bre o terreno previamente limpo a si-
tuação exata e e~ real grandeza da fu-
tura construção. E nessa operação que
são marcados os eixos das fundações,
o recuo do arruamento e os afasta-
mentos, se existentes, das edificações
vizinhas. Para tanto, lança-se mão dos
seguintes equipamentos:
· Fitasmagnéticas;
· Piquetes;
· Réguas-nível;
· Esquadros;
· Borracha de nível;
. Mira e teodolito, para o caso de
grandes construções ou de constru-
ções de grande responsabilidade.
O emprego da mira e do teodolito
se faz sempre necessário quando a
edificação for locada topograficamen-
te.
Depois de definidos todos os pon-
tos importantes, cravam-se no terre-
no os cavaletes,de marcação e cru-
zam-se os arames, que sesituam exa-
tamente nos eixos das fundacões. Os
pontos de cruzamento dos arámessão
transportados para o solo por fios de
prumo. Por razões de construção, os
cavaletes deverão estar a 1,60m de al-
tura do solo.
Paralelamente aessa atividade são
construídos os galpões do almoxarifa-
do, do alojamento e da administração
do canteiro.
Fig. 2 - Terreno escavado, já com os
cavaletes de marcação cravados e os
arames-guia esticados
Fundações
I D I efinimos por "fundação" osegmento da edificação que
transmite ao solo todos os esforços re-
cebidos, em termos de carregamento.
Eladeveser suficientemente resisten-
te para suportar aesforços de toda na-
tureza, sob pena de danificar ou mes-
mo arruinar toda a estrutura.
Os esforcos transm-itidos a uma
fundação cómpreendem:
a) Carga Permanente: é o carre-
gamento constituído pelo peso pró-
prio da estrutura e por todas as sobre-
cargas fixas;
b) Carga Acidental: é o carrega-
mento constituído pelas cargas fixa-
das nas respectivas normas, posicio-
nadas na estrutura na forma mais des-
favorável;
c) Ação do Vento: é um tipo de
carregamento que considera nos cál-
culos a pressãoexercida pelo vento so-
bre a estrutura;
4. I
d) Em alguns casos são considera-
dos os efeitos da variação de tempe-
ratura, re!ração, deformação lenta,
choques, vibrações efadiga e influên-
cia do processo de construção.
As normas de construção prescre-
vem qual deve ser a parcela de carga
que deverá ser considerada nos cálcu-
los dos esforços, por metro quadrado
de construcão.
A execúcão das fundacões é o
evento que se segue imediátamente
após a locação da obra. É nessa fase
que são feitas as escavações e a mo-
vimentação de terra, visando a cons-
trucão das fundacões.
Á escolha do tipo de fundação de-
verá ser de acordo com o tipo de car-
regamento, como também da capaci-
dade de suporte do solo. De'nada
adianta optar-se por uma fundação
que tenha maior capacidade de carga,
se o carregamento a ela transmitido é
pequeno. Da mesma forma também
não adianta optar-se por uma funda-
ção superficial, se a primeira camada
do solo é pouco resistente. Desse mo-
do, a escolha deve ser coerente, de for-
ma a não onerar muito o custo da
obra, como também oferecer a máxi-
ma segurança.
O cálculo do carregamento é feito
levando-se em conta o volume e o pe-
so dos materiais a serem utilizados, as
prescrições de norma com relação à
atividade, eassobrecargas acidentais.
A capacidade de suporte do solo é de-
finida através de ensaios, em amostras
extraídas por sondagens. Estes en-
saios demonstram a capacidade má-
xima de resistência, nas condicões
mais adversas. .
As fundacões mais comumente
usadas são: .
a) Fundação direta: baldrame, sa-
pata, radier etc.;
b) Fundação profunda: estacas e
tubulões encamizados ou escavados.
Fundacão direta
Éaqúela que se apóia diretamente
na superfície do solo, ou requer uma
pequena escavação paratal fim. Pode-
mos dizer que se trata de uma funda-
ção superficial. Os meios empregados
em tais escavações são manuais, ou,
quando a área a ser escavada é bem
grande, utilizam-se meios mecânicos
como retroescavadeira, pá carregadei-
ra, bulldozers. Essetipo de fundação
não é recomendado nos casos em que
há ocorrência de água próxima à su-
perfície do solo.
a) Baldrame: é a denominação
que recebe um "pequeno muro", de
dimensões na seção transversal redu-
zidas, e assentado sob as paredes da
estrutura. Pode ser construido com
pedras de mãos (pedras em forma de
paralelepípedos, com dimensão máxi-
ma de 40 cm) - também conhecido
como muro de cantaria ou muro de al-
venaria de pedra aparelhada -, con-
creto ciclópico (concreto em cUJa
composição entra no máximo 35% em
volume de pedra de mão, e neste ca-
so as pedras têm forma irregular, com
um diâmetro máximo de 35 cm), alve-
naria de tijolos de barro e alvenaria de
blocos de cimento. É uma fundação
utilizada em construções de pequena
importância, tais como residências de
um pavimento, galpões etc., e em lo-
cais onde o solo apresenta razoável
compacidade e pouca possibilidade
de apresentar recalques (afundamen-
to do solo). O maior inimigo deste ti-
po de fundação é o recalque do solo,
já que se trata de uma fundação corri-
da e solidária a estrutura, e que uma
fratura na fundacão irá necessaria-
mente se projetar' na edificação.
Em terrenos que apresentam mui-
ta umidade é recomendável que se uti-
lize algum material repelente à água,
sobre o embasamento do baldrame, a
fim de evitar que essa mesma umida-
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5. h
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Fig. 2 - Representação esquemática de um
baldrame
1 - variável de acordo com a espessura da
parede e com a carga
h - de 40a 60cm a -de 10a 20cm
1) camada de regularização de concreto
com 10 cm de espessura
2) estrutura do baldrame
3) camada drenante de areia
4) solo onde está assentada a fundação
5) parede de alvenaria de tijolo da construção
de atinja as paredes da edificação, su-
bindo por capilaridade. Épor esse mo-
tivo que se vê, nas construções anti-
gas, o afofamento das paredes na re-
gião mais próxima ao rodapé.
b) Sapata: é o elemento estrutural
utilizado como fundação, no qual re-
corre-se a transmissão da carga pelo
pilar diretamente para o solo, através
de um alargamento da base do mes-
mo. A esse alargamento denomina-
mos de sapata. As sapatas podem ser
de concreto armado ou mistas, sendo
que nesta última a base da sapata é de
concreto ciclópico e o pescoço de
concreto armado.
É empregada em terrenos que te-
nham pouca possibilidade de recal-
que.
A
ESTRUTURA DE CONCRETO
ARMADO
NIVELDO
~TERRENO
NfvEL DO LENÇOL
DAGUA
Fig. 3 - Ilustração do acidente ocorrido em
função da elevacão do nfvel dágua
A - Situação antes da elevação do N.A.
B - Situação após a elevação do N.A.
14 rUNMG
Como o pilar-transmissor das car-
gas nasce na sapata, ela deve ser di-
mensionada de forma a absorver to-
dos os esforcos recebidos e os trans-
mitir para o solo. No dimensionamen-
to da base devemos levar em conta
que a pressão suportada pelo solo de-
ve ser maior ou igual ao produto da
força transmitida pelo pilarcom a área
da base da sapata. Podemos resumir
dizendo que o esforço transmitido pelo
pilar,dividido pela capacidade de car-
ga do terreno, dá a área da base da sa-
pata.
Quando numa fundação o número
de sapatas projetadas é tal que elas
chegam a se tocar nas bordas, opta-se
pela construção de um radier, por ra-
zões construtivas. Radier é uma gran-
de lajede concreto armado, de espes-
sura mínima de 20 cm, com vigamen-
to invertido cruzando-se nos dois sen-
tidos, e sobre os quais estão assenta-
das as colunas da edifkacão.
Costuma-se empregár o radier
quando a superfície da construção é
pequena em relação ao seu volume e
quando o terreno é homogêneo em re-
lação a capacidade de carga. Aforaes-
tes casos, emprega-se o radier no ca-
so de construcões com um ou mais
pavimentos nó subsolo e no qual o ní-
vel dágua está próximo à superfície.
No caso de a construcão situar-se
abaixo do níveldágua, deve-se ter cui-
dado com o efeito da subpressão ou
empuxo. Asubpressão é o empuxo hi-
dráulico atuante nas fundacões de bai-
xo para cima. Algumas construções fi-
caram célebres por causa desse fenô-
meno. Cita-se comumente o caso de
uma caixa dágua elevada, conjugada
a um reservatório subterrâneo, cuja la-
je inferior era o radier da estrutura.
Aconteceu da estrutura estar em fase
finalde construção quando caíram pe-
sadas chuvas na região. Com o au-
mento da pluvíosidade subiu o níveldo
lençol freático, gerando como conse-
qüência o aumento do empuxo. O re-
sultado foi que a torre da caixa dágua
foi inclinando-se perigosamente, à
proporção que o radier era levantado
(ver figo3).
I
..J
-@
. ..j.j
Fig. 4 - Sapata de concreto armado, com a
ferragem tfpica
1) Camada de regularização de concreto
magro
2) Base da sapata
3) Pescoço da sapata ou pilar solidário à base
4) Ferragem de espera do pilar
Fig. 5 - Sapata mista
1) Base escalonada feita com concreto
ciclópico
2) Pescoço da sapata em concreto armado
PI LAR COM
FERRAGEM
DE ESPERA
V
..w~
Fig. 6 - Radier: constitui-se numa laje de concreto armado com vigamento invertido e sobre
o qual nascem os pilares, partindo do cruzamento das vigas
6.
7. 1
o objetivo do co~ecimento
dos sistemas construtivos
utilizados na construoão civil
Parte final
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Navarro. ...-. . ....
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solonãopossuicaracteristicas
{ de suporte para as cargas transmitidas! pelos edificios,e a camada de maior
... resistência está situada vários metros
abaixo do nivel do terreno, lança"se'" ..
mão da fundação profunda, que é de-
finida como sendo a fundação que.
- ...-. atravessa vários metros de solo."
.-,., .-_. .... __o 4 -.. ...- As fundações profundas são cons-
tituidas principalmente por estacas e
tubulões. Adiferença entre os dois ti-
.'-::.' .,."----- "--r_....-- "'r .... pos éstá no diâmetro, que na estaca
tem o valor máximo de 100cm e nos
tubulões tem valores acima deste limi-
te. Aoutra diferença, só que desta vez
é nos cálculos, está em considerar-se
a estaca trabalhando com atrito late-
rale o esforço de ponta. Notubulão a
carga é suportada pela ponta, despre-
zando-se o atrito lateral.
aI Estacas - Como fundação pro-
funda as estacas podem ser executa-
das com os seguintes materiais: con-
creto armado, pré-moldadas, metáli-
cas, madeira.
Estacas de concreto armado -
São as estacas concretadas "in situ",
após um processo de escavação me-
cânica. O processo construtivo para
esse tipo de fundação é o seguinte:
I - marca-senosoloo localdafu-
...
tura estaca;
""- -
.", 11 - começa-sea escavaçãodo-
8 ....ruNMG
8. solo através de um processo mecani-
co;
11I- após atingir-se a profundida-
de desejada e efetuada a limpeza do
furo, lança-se a ferragem da estaca;
IV - concreta-se o furo;
V - arrasa-se a estaca na cota de-
sejada para a.fund~ção.
Existem vários tipos de estacas de
concreto, que diferem entre sipela ma-
neira de execução, sendo, porém, que
o princípiode funcionamento é o mes-
mo para todas elas. Paraexemplificar,
citaremos alguns tipos de estacas
mais comumente utilizadas:
Estacas Franki - Osistema Franki
convencional se faz através da pene-
tração de um tubo metálico guia, no
solo, mediante a percursão de um mar-
telo ou pilão sobre uma rolha de con-
creto (tampão), situada no interior do
tubo. Aproporção que a rolha vaisen-
do apiloada, e o terreno comprimido,
faz-se a descida do tubo guia. Quan-
do se atinge a cota desejada e a nega
suficiente (capacidade de resistência
do solo avaliada pelo afundamento
que o terreno sofre, ao ser apiloado),
apiloa-se energicamente a rolha, sol-
tando-a do interiordo tubo a, a seguir,
enche-se o tubo a intervalos regulares
com concreto, que vaisendo compri-
mido pelo martelo. A proporção que o
nívelde concreto vaise elevando, o tu-
bo guia vai sendo retirado, sendo este
procedimento repetido até a concreta-
gem final.
.
Tubo guia -
o princípiode cravação consiste no
seguinte:
I - através de um pesado cone de
aço, que é solto de uma determinada
altura, faz-se a perfuração do terreno.
11 - após a execução do furo,
acrescentam-se camadas de concre-
to de 30 a 40 cm de altura, que são
comprimidas energicamente.
111- atingidaa alturanecessária,
está pronta a estaca.
eono.o_1
aço~
Nrveldo
terreno
2~fase
Estacas Zeissl - Éumaestacase-
melhante à estaca Frankino seu pro-
cesso de cravação, porém, além de le-
var uma armadura em todo o seu in-
terior, tem o concreto vibrado.
Estacas pré-moldadas - Quando
o processo de cravação de uma esta-
ca de concreto armado é trabalhoso
Ollproblemática, devido a exigüidade
de espaço no canteiro para a locomo-
ção dos equipamentos, utiliza-sea es-
taca pré-moldada.
São estacas de concreto arma<;lo
moldadas previamente em fôrmas de
madeira ou metálicas, e construídas
seguindo as determinações de proje-
to.
Osistema de cravação da estaca se
faz por meio de martelos pneumáticos
e, para tanto, protege-se a cabeça da
estaca com um capacete de madeira
ou corda (também.conhecida como
cepo de cravação), de modo a não da-
nificá-Ia. Se o terreno for muito resis-
tente, acopla-se à extremidade da es-
taca uma ponteira metálica, para faci-
litar a penetração.
Quanto à forma, as estacas podem
ser cilíndricas(maciças ou ocas), qua-
dradas (com cantos chanfrados) e de
. seção poligonal(sextavadas,octava-
das etc.).
Estacas metálicas - Sãoasfun-
dações que utilizamperfismetálicos
como estacas. Apresentam maior
vantagem em relação a outras estacas
pelo menor tempo de cravação, fácil
manuseio e facilidade de emendas.
Como desvantagens temos a menor
capacidade de carga e a maior proba-
bilidade de corrosão. Poresse motivo,
não devem ser utilizadas em solos
~ Ferragem da estaca
Cota de arrasamento
w-da estaca'"
Martelo
plllio
Rolha de ..
concreto
1~ fase
3~ fase
Fig. 7 - Estacas Franki sendo executadas
em três fases
1."fase: compreende o golpeamento
2~ fase: concretamento
3~ fase: estaca acabada
As estacas tipo Franki podem ser
utilizadas em terrenos duros (resisten-
tes) ou em terrenos que contenham
água.
Estacas Compressol'- Éum tipo
de estaca somente utilizado na Euro-
pa, e em terrenos constituídos de ater-
ro ou de fraca resistência, devido ao
grande atrito lateralfornecido pela es-
taca. Não é adequado, porém, para
terrenos argilosos.
Profundidade da cravação
Nlvel do terreno
1~ fase: tincamento da camisa metálica por meio de percUls§o
2~ fase: concretagem e vibramento
3~ fase: levantamento do tubo
4~ fase: realização do bulbo através de golpeamento, associada à introdução
da armadura
5~ fase: vibração e içamento completo do tubo
6~ fase: estaca acabada
Existem ainda outros tipos de esta-
cas que, em sua execuçã~, conjugam
procedimentos utilizados nas estacas
citadas anteriormente. São eles: esta-
ca simplex; estaca express; estaca
hochstrasser-weise.
O último tipo de estaca admite car-
gas de compressão de até 300t por es-
taca.
agressivos, próximas ao mar ou a li-
nhas férreas.
As estacas mais comumente co-
mercializadas são perfis metálicos sol-
dados ou não. Podem ser encontrados
perfis I, He U,ou então-a combinação
destes tipos. Também são encontra-
dos com alguma freqüência, até mes-
mo nas fundações de pequenas pon-
CADERNOSI;>ESEGURO9
I
I
9. 1
o
Ponteira
meÚllica
Fig. 10 - Aspectos usuais das estacas pré-moldadas
tas, os trilhosferroviários,podendo ser
simples, duplos ou triplos.
O sistema de cravação é bastante
simples e se faz por percursão com
martelos pneumáticos ou bate-esta-
cas.
Este tipo de fundação, principal-
mente de perfis, é muito utilizado em
obras provisórias e até como estacas
prancha, no caso de escoramento de
taludes ou valas.
Madeira 1
ce.
I
',
~~ ~e.~e. Proteção
t;.«,O'l/ para
9~ a estaca
Cepo de cravação
Estacas de madeira - É o mais
simples e o mais antigo tipo de funda-
ção que se conhece, já que emprega
toras de madeira. Desde os tempos
pré-históricos, em que os homens mo-
ravam em palafitas, já as toras de ma-
deira sustentavam as casas, elevan-
do-as por sobre o solo, para resguar-
dar o homem dos animais.
Modernamente são utilizadas em
obras provisórias e de curta duração,
Fig. 11- Representação esquemática de perfis metálicos, sendo utilizados
no escoramento de valas (muito encontrados no metrô)
Perfil de trilhos Perfil "U" soldado
Fig. 12 - Seção de perfis utilizados como fundação
Perfil "H" soldado
já que a madeira requer um tratamen-
to especial com produtos químicos,
como também não estar sujeita a va-
riações de umidade para que seu tem-
po de vida útilseja grande. As madei-
ras mais utilizadas são o pinho e o eu-
calipto, sendo que as toras são comer-
cializadas com um diâmetro máximo
de 35 cm. Emobras no mar é comum
encontrar-se a maçaranduba, prove-
niente do Sul da Bahia.
Toda a cidade de Veneza, na Itália,
está assentada sobre estacas de ma-
deira há já pelo menos 1.000anos. Lá
as toras estão imersas permanente-
mente na água. Aqui no Brasiltemos
o Teatro Municipal do Riode Janeiro.
Quandó da escavação da galeria do
Metrô na vizinhança do teatro teve-se
que rebaixar o níveldágua do local e,
para que o teatro não sofresse danos
maiores com o ressecamento das es-
tacas, construiu-se uma parede ao re-
dor das fundações para que alia umi-
dade se mantivesse constante.
Osistema de cravação é semelhan-
te ao das estacas metálicas, só que,
neste caso, se protege a cabeça da es-
taca com um cepo, ou umafita de aço,
e afina-se a extremidade da mesma ou
acrescenta-se uma ponteira metálica.
Anel
Metálico
Estaca de
madeira
Fig. 13 - Tipos de cepos de cravação
10. .
... Fig. 14 - Estaca de madeira
..
Em se tratando de cargas recebi-
das, a estaca de madeira é a que tem
menor capacidade de suporte. A car-
ga máxima que pode ser suportada
por esse tipo de estaca é da ordem de
35 t, já computado o coeficiente de se-
gurança.
b) Tubulões - São elementos es-
truturais utilizados como fundação
profunda, possuindo grande diâmetro.
Ostubulões podem ser de váriostipos:
tubulão escavado; tubulão mecaniza-
do, com camisa perdida; tubulão com
base alargada.
Tubulio escavado - Éum tipo de
fundação semelhante a uma estaca,
quer seja quahto ao sistema constru-
tivo ou então quanto ao funcionamen-
to.
Existem duas maneiras de se esca-
var o solo para o posicionamento do
tubulão. A primeira maneira é a esca-
vação manual e a segunda a mecâni-
ca. O tubulão escavado segue usual-
mente a primeira maneira, já que pos-
sui diâmetros variando desde 1,80 a
2;50m.
Normalmente o tubulão escavado
é empregado em solos não sujeitos a
desmoronamentos e em locaisem que
o nivel do lençol dágua se encontra
bem abaixo da cota máxima de esca-
vação.Essasprecauçõessãotomadas 7"-
a fim de não sacrificar os operários.
Tubulio mecanizado - Quando
a profundidade de escavação é bem
grande e há presença de água na es-
cavação, utiliza-se o tubulão mecani-
zado. Nele há o emprego de equipa-
mentos mecânicos de escavação, co-
mo, por exemplo, o sistema bade.
wirth, clamshell, perfuratriz cald-
weld etc.
Quando há necessidade da verifica-
ção dos trabalhos visualmente, utili-
za-se a campânula a ar comprimido,
que é um equipamento a ser acopla-
do ao topo do tubulão e no qual inje-
ta-se ar comprimido a uma pressão tal
que impede a entrada de água para
dentro do tubulão.
I contrapesos
EJ
I Entrada ,de pessoal
Solo
Salda do material
escavado
Camisa metálica
do tubullo
Terrenoa ser pesquisado
Fig. 15- CampAnula a ar comprimido
Tubulio com base alargada - É
o mesmo tipo de tubulão, porém há o
alargamento da base, como forma de
se aumentar a capacidade de carga. O
processo inicialconsiste em se esca-
var o tubulão mecanicamente e, a se-
y
Fig. 16
-- -
Rocha
guir,enviaroperários ao fundo que vão
alargando a base manualmente.
No caso de concretagens espe-
ciais, na presença de água (concreta-
gem submersa), usa-se um processo
jábastante difundido, que utilizao tu-
bo Tremie. O sistema é o seguinte: 1 -
realiza-se a escavação mecânica; 2 -
faz-se a limpezapréviado tubo; 3 - in-
troduz-se a armação; 4 - lança-se o
tubo Tremie; 5 - concreta-se.
O tubo Tremieé um tubo ou man-
gueira de borracha, que tem preso na
extremidade um tampão. Quando se
coloca o tubo dentro do furo, deve-se
ter o cuidado, para que o mesmo es-
teja posicionado no furo. Depois des-
te cuidado, lança-se concreto dentro
do tubo cóm uma determinada pres-
são. O concreto solta o tampão e vai
ocupar todo o volume do furo. A pro-
porção que o niveldo concreto vaisu-
bindo, eleva-se gradualmente a man-
gueira, tendo-se o cuidado para que a
mesma permaneça permanentemen-
te dentro do concreto. Assim que se
atingir a altura determinada, retira-se
o tubo e remove-se a primeira cama-
da de concreto da superficie, também
conhecida como borra.
CADERNOS DE SEGURO 11
...
11. Elevação da
superestrutura
I Al pós a conclusão dos serviçosde fundação, tem início o le-
vantamento da superestrutura da edi-
ficação.
A superestrutura ou esqueleto do
prédio é composta de vigas, lajes, pi-
lares e paredes. Os pilares são os ele-
mentos portantes verticais, que trans-
ferem as cargas recebidas para as fun-
dações. Lajes ou tabuleiros são os ele-
mentos estruturais sobre os quais re-
pousam todos os ramos de' atividade
do prédio. As vigas são os elementos
intermediários entre as lajes e os pila-
res. Em resumo, temos que a laje trans-
mite os carregamentos para as vigas,
estas para os pilares e, finalmente, es-
tes para as fundações.
Fazendo parte da superestrutura te-
mos as paredes, que são os elementos
portantes vertica'is de seção delgada.
O término da superestrutura se dá
com a concretagem da última laje e a
elevação de todas as paredes.
Serviços de
acabamento
I A I pós o levantamento da estrutu-ra do prédio, têm início as ope-
rações de acabamento. Ela tem início
com a colocação das telas de proteção
estendidas sobre as fachadas e a co-
locação das pestanas (plataformas fi-
xadas externamente na estrutura, pe
três em três andares).
Terminad~ a atividade de seguran-
12 rUNEtffiJ
--
ça, começa-se a emboçar as paredes
externas e internas.
Entra em operação a equipe de ins-
taladores, para acolocação das insta-
lações de água, luz e esgoto.
A próxima seqüência é o reboco de
todas as paredes, após o qual são as-
sentados os pisos, revestimentos das
paredes, rebaixamento de tetos (quan-
do houver), colocação de portas eja-
nelas e, finalmente, a pintura.
A seqüência cronológica mais
usual é a seguinte: 1 - operação de
proteção; 2 - emboço; 3 - instala-
ções de luz, água e esgoto; 4 - tes-
tes nas instalações; 5 - reboco; 6 -
pisos eazulejos; 7 - portas ejanelas;
8 - pintura.
Comentários
gerais sobre o
grau de
sinistralidade
de cada evento
fCl ada even!o ou etapa de s~ryi-
~ ço pOSsUi uma carga de SInIS-
!r~lidade que pode variar de grau, de-
pendendo de uma série de fatores e in-
Local da futura
construção
clusive da equipe supervisora dos ser-
viços. Procuramos comentar, a seguir,
as etapas que podem ocasionar uma
maior quantidade de sinistros.
Locação da obra - Nessa etapa,
o maior índice de sinistros está na mo-
vimentação de terra visando a futuras
fundações. As causas dos sinistros po-
dem ser devidas aos seguintes fatores:
1. Sistema deficiente do rebaixa-
mento do nivel dágua. A súbita eleva-
ção do lençol freático poderá aluir o
terreno, provocando desmoronamen-
tos dos taludes.
2. Escavação de terra próxima à li-
nha divisória do terreno e sem a devi-
da proteção, por intermédio de esco-
ramentos; Neste caso, o peso das
construções vizinhas, anteriormente
suportado pelo terreno, nãopode mais
encontrar resistência e entrar em co-
lapso.
3. Movimentação de equipamen-
tos pesados próxima às edificações vi-
zinhas, que pela vibração do terreno
pode causar danos, como rachaduras.
Fundações - Se a fundação for
superficial, poderemos enquadrar os
acidentes no item 2 anterior; porém,
se a fundação for profunda teremos:
1. Rebaixamento do lençol, acarre-
tando recalques nas edificações vizi-
nhas.
Nível do lençol
dâgua antes
do rebaixamento
Nível do lençol dâgua
após o rebaixamento
Fig, 17- Rebaixamentodo lençoldágua por meio de ponteiras filtrantes
l'well-pointsJ para futura construção
~
Muro divisório ".../
Bate-estacas
Fig. 18 - Cravação de estacas próxima a uma edificação vizinha
c.- Estacaemcravação
12. 2. Vibração causada pelos bate-es-
tacas, provocando rachaduras nas ou-
tras construcões.
3. Desmonte de rochas tanto a frio
quanto a fogo. Odesmonte a frioéfei-
to com marretas e ponteiras e o des-
monte a fogo é com explosivos, após
ter sido feito um furo na rocha com
martelete pneumático.
Elevação da estrutura - Existe
uma série de fatores nesta etapa de
trabalho que pode resultar em sinistro,
e a maior parte dos quais é atribuída
a descuidos dos operários. São os se-
guintes:
1. Objetos e materiais que caem,
provocando acidentes em outras
construções, carros e pessoas. Os ob-
jetos mais comuns de cair são: pá de
pedreiro, martelo, talhadeira e baldes,
e os materiais são tinta e a massa de
emboço e reboço.
2. Falta de cuidado na montagem
das formas e na operação de desfor-
ma, quando então existe possibilida-
de de caírem pedaços de madeira e de
painéis. Esses tipos de acidentes po-
dem ser evitados com a colocação
correta das pestanas.
3. périgo na montagem dos andai-
mes, pelas mesmas causas anteriores.
4. Torrede ascensão e descida dos
operários mal fixada, podendo trazer
.
..
..
l-
I
i Tela metálica
Cabos estaiados
para suporte da lança
'-. Cabine
~ de comando
~
Carga
Base da grua
Solo
Fig.20 - Representação esquemática de uma grua de carga
perigo para os operários que a utili-
zam, assim como para outros bens lo-
calizados nas suas proximidades.
5. Grua trabalhando com excesso
de carga, podendo ocasionar a queda
da carga ou a queda da lança da grua.
Serviços de acabamento - Nes-
sa etapa de serviço é onde ocorre a
menor percentagem de sinistros. Os
que ocorrem são devido a acabamen-
tos externos. De qualquer forma, a
simples colocação dos equipamentos
de proteção já reduzem sensivelmen-
te os acidentes.
(/ Pestana/plataforma
I
./ Tapumeda obra
r
~---....-
Fig. 19- Exemp/o de proteções adotadas na construção de edifícios Conclusão
I A I creditamos ter de~crito aqui,mesmo que sumariamente, to-
das as etapas de uma construção sim-
ples. Se os tópicos foram comentados
superficialmente, o foram pelos moti-
vos já descritos anteriormente. Com
relação aos comentários sobre os si-
nistros, procuramos abordar os mais
corriqueiros e os de maior incidência.
o
CADERNOSDESEGURO 13