Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Instituto agornômico também pesquisa uvas
1. ASCIDADESQUEFORMAM OPOLO
TURÍSTICOCIRCUITODAS FRUTAS:
Produtores investem em ações de marketing para atrair visitantes e vender os seus rótulos
Os produtores rurais de São
Paulo querem ganhar espaço
no gosto dos apreciadores de
vinhos. Eles apostam na me-
lhoria do produto, em ações
de marketing e no turismo ru-
ral.
O Circuito das Frutas será
oferecido como um dos desti-
nos turísticos do Interior pau-
lista durante a Copa do Mun-
do de 2014. O presidente da
Associação de Vitiviniculto-
res de Valinhos (Aviva), Nival-
do Tordin, afirma que as be-
bidas de uvas comuns são as
que mais agradam o paladar
dos consumidores brasileiros
- embora tenha notado um
crescimento na parcela de
consumidores interessados
em vinhos de uvas finas.
“A associação tem hoje 40
participantes e abrange 12
municípios da região de Cam-
pinas. Metade dos associa-
dos produz uva e vinho e a
outra apenas vinho. Eu te-
nho uma adega que fabrica
10 mil litros por ano. Come-
cei a produzir em 2004”, con-
ta.
O preço médio da garrafa
de 750 mililitros dos rótulos
Villa Tordin varia de R$ 12,00
a R$ 15,00. Seus rótulos le-
vam a assinatura Villa Tordin
e têm embalagens especiais.
Ele acrescenta que outro
produto muito demandado
pelos turistas - cujo número
vem crescendo nos últimos
anos - é o suco de uva. O viti-
vinicultor afirma que o Cir-
cuito das Frutas será traba-
lhado como um destino no
Estado de São Paulo durante
a Copa do Mundo.
“O Sebrae (Serviço Brasilei-
ro de Apoio às Micro e Peque-
nas Empresas) está preparan-
do um catálogo mostrando
as propriedades que ofere-
cem turismo rural dentro da
área do Circuito das Frutas.
Ele é um parceiro importan-
te para dar suporte aos nos-
sos negócios”, afirma.
O Sítio Santa Rita, coman-
dado por Daniel Miqueletto
e Luis Antônio dos Santos,
em Louveira, produz vinho
com a uva syrah. Os agriculto-
res decidiram sofisticar as be-
bidas oferecidas aos visitan-
tes da propriedade rural.
“São duas safras por ano.
Temos uma colheita no inver-
no, quando as condições pa-
ra a produção da uva que se-
rá usada na fabricação dos vi-
nhos é melhor. A concentra-
ção de açúcar é maior do que
a uva do período de chuvas”,
explica Daniel Miqueleto.
Ele comenta que foram
realizados testes com diver-
sas variedades, até se chegar
à que melhor se adaptou às
condições locais - a syrah. O
preço médio da garrafa, que
leva o rótulo Vinhos Michelet-
to, é de R$ 45,00.
O sítio também oferece vi-
nhos de uva comum - mas
nesse caso, as frutas são com-
pradas de quatro sítios par-
ceiros da vinícola. “Nós co-
meçamos produzindo vinho
com uva comum e depois fo-
mos aprimorando. Gradativa-
mente, fomos aliando a pro-
dução rural ao turismo. Hoje,
produzimos 30 mil litros por
ano”, diz.
Com a ampliação da fabri-
cação, os agricultores investi-
ram em equipamentos mo-
dernos para elevar a capaci-
dade da vinícola. “Só vende-
mos na propriedade. Não dis-
tribuímos o nosso vinho no
mercado”, comenta. (Adria-
na Leite /Da Agência Anhan-
guera)
Instituto
Agronômico
também
pesquisa uvas
Bela lição
Enoturismo é outra arma da região
Custo dos chamados ‘finos’
impede maior popularização
O pesquisador do Instituto Agro-
nômico de Campinas (IAC), Jo-
sé Luiz Hernandes, afirma que a
instituição realiza um trabalho
de agregação de valor à cadeia
de cultivo da uva.
“A ideia é elevar o rendimen-
to das propriedades rurais. Com
o fenômeno do turismo rural, é
importante para os agricultores
oferecer mais produtos além
das frutas in natura”, ressalta.
Ele salienta que a região tem
adegas tradicionais que estão
aprimorando a tecnologia de
produção. “A vitivinicultura tem
mais de 100 anos na região”,
afirma.
Hernandes pontua que o se-
tor vem introduzindo novas es-
pécies aos cultivares locais para
melhorar a qualidade do vinho
paulista. “A produção de vinho
é feita com uvas de mesa co-
muns, como niagara, isabel e
bordô, trazidas da região Sul do
País. Mas agora já começam a
surgir produtos de variedades fi-
nas. Nós introduzimos cultiva-
res europeus. Antigamente, o vi-
nho era produzido com o des-
carte das uvas de mesa. Hoje, a
bebida é preparada com uvas se-
lecionadas. Os agricultores es-
tão aprendendo que podem ge-
rar renda com o vinho artesa-
nal”.
O IAC criou quatro cultivares
(dois tintos e dois brancos). Ele
reforça que, além de precisar
melhorar o produto, os agricul-
tores esbarram em outros obstá-
culos para aumentar a produ-
ção de vinho em São Paulo. “A
falta de mão de obra para traba-
lhar no campo prejudica a ex-
pansão do plantio de uva e tam-
bém encarece a produção”. (AL/
AAN)
Algum dia, vão escrever, em
detalhes, a história do trio
Jorge Paulo Lemann, Marcel
Herrmann Telles, e Carlos Al-
berto Sicupira - o trio origi-
nal do grupo 3G Capital.
Não por causa das histó-
rias pessoais de cada um de-
les (embora todas valessem
belas biografias), mas por
causa da visão de gestão de
negócios que norteia a em-
presa - e que tem a marca
mais forte de Lemann, que
foi quem, afinal, começou
com tudo.
Não se veem muitas decla-
rações deles na imprensa.
Nenhum gosta muito de apa-
recer, ao contrário de um Ei-
ke Batista, por exemplo, que
usa o marketing pessoal co-
mo arma de conquista de
mercado.
Também não se fala mui-
to deles fora dos círculos
mais estreitos dos grandes
negócios - e grandes, aqui,
significam realmente gran-
des - coisas como Ambev,
Burguer King, Budweiser e,
mais recentemente, a Heinz.
É incrível o que esses bra-
sileiros fizeram - e ainda fa-
zem. Jogam o jogo lindamen-
te, e até agora, sempre ven-
cem. Mais do que isso, jo-
gam o jogo limpamente, al-
go extraordinariamente raro
de se ver, e mais ainda no
Brasil.
Lemann e seus sócios
não gostam de aparecer -
mas isso não os faz menos
brilhantes. O tino para negó-
cios do trio é algo ainda a
ser classificado. Mas seu sis-
tema de trabalho, suas re-
gras de gestão, essas já são
bastante conhecidas.
E o mais engraçado é que
não foram eles que inventa-
ram nem uma nem outra - o
mérito, nesse caso, cabe aos
romanos, praticantes primei-
ros da meritocracia. Lemann
e associados simplesmente fi-
zeram levar a sério o concei-
to.
Pode parecer simples,
mas não é. Toda empresa ju-
ra de pés juntos que a merito-
cracia é o que a norteia; qual-
quer promoção é por mereci-
mento, qualquer reconheci-
mento é por justiça, qual-
quer aumento no salário é
por rendimento.
Bom, a realidade passa
um tanto longe disso. Sem-
pre haverá o cupincha, o pa-
rente do dono, o amigão do
diretor, o puxa-saco eficiente
e toda uma vasta fauna de
outros seres que tais que, in-
variavelmente, levarão um
crédito que não merecem, re-
ceberão um salário ao qual
não fazem jus e serão promo-
vidos sem nada terem feito
de concreto para embasar
sua ascenção.
Lemann e seus sócios, po-
rém, não deixam brechas pa-
ra este tipo de corrosão cor-
porativa, pelo menos até on-
de se sabe. Os funcionários
das empresas compradas
por eles sempre tiveram a
mesma reação de qualquer
funcionário de qualquer em-
presa que muda de mãos:
medo de demissão em mas-
sa, medo de mudanças radi-
cais no gerenciamento, me-
do de injustiças e toda uma
série de outros temores.
No entanto, o que se vê
nas companhias adquiridas
pela 3G? Que se saiba, nada
de demissões em massa - ao
contrário, valoriza-se quem
sabe fazer o seu trabalho;
não há lógica em dispensar
um funcionário que domina
sua arte para substituí-lo
por outro, ainda imaturo,
apenas porque a empresa
mudou de mãos.
Pode ter passado para ou-
tros donos, mas continuará
fabricando os mesmos pro-
dutos - e se seu nome já es-
tá consolidado no mercado,
mais importante ainda é
mantê-lo assim. Mudanças,
aqui, só se for para ganhar
ainda mais projeção - e isso
se faz mantendo ou melho-
rando padrões de qualida-
de.
E não apenas se mantém
os bons funcionários, como
ainda se promovem os me-
lhores. Os novos donos não
conhecem ninguém, salvo
um ou outro integrante da
cúpula, e portanto não tem
compromisso com qualquer
pessoa dentro da organiza-
ção. Isso dá uma isenção fe-
nomenal na hora de mexer
no organograma, porque a
única coisa que vai contar é
a qualidade do trabalho, o
rendimento, o conhecimen-
to, o domínio daquilo que
se faz. Premia-se quem faz
mais e melhor, quem se
compromete a avançar,
quem não teme a mudança.
Premia-se por mérito, e ape-
nas por mérito - e isso é me-
ritocracia em seu estado
mais puro.
Se funciona? Basta olhar
os números das compa-
nhias adquiridas por Le-
mann e seus sócios depois
que eles as assumiram. To-
das, sem exceção, melhora-
ram; nenhum, sem exceção,
o fez às custas de demissões
ou enxugamentos.
Claro, houve trocas de
pessoal em cargos-chave -
mas também esses estão
nessas funções por mereci-
mento, que conquistaram
junto a seus superiores, nu-
ma cadeia que chega até o
trio principal, que não se in-
teressa em promover gente
acomodada, cheia de empá-
fia mas oca de capacidade.
Mas dispensas em gran-
de número, essas até hoje
não se viu nas empresas da
3G.Pode ser que em algum
momento isso até aconteça
- mas não será por princí-
pio; gente que pensa como
pensa esse trio não gosta da
ideia de andar para trás - e
demitir pessoal a rodo é fa-
zê-lo a passos largos.
Conhecer os dados das
empresas controladas pela
3G é conhecer um pouco do
pensamento de seus funda-
dores. E qualquer um que
goste de gestão empresarial
se sentirá irremediavelmen-
te atraído por esses dados,
querendo descobrir como é
que eles foram atingidos.
Esta talvez seja a maior li-
ção de todas em um mundo
onde muito se fala, muito se
prega, mas pouco se faz de
fato: é possível, ora veja, fa-
zer muito - e sem precisar de
tambores nem trombetas.
Admirável.
o
O custo dos vinhos
finos brasileiros ainda é
um empecilho para a
bebida chegar às mesas dos
consumidores. O sommelier
do restaurante Bellini,
Antonio Carlos Ferraz,
afirma que o
estabelecimento trabalha
muito com vinhos argentinos
e chilenos. “Os vinhos do
Novo Mundo também
ganham espaço no mercado,
com produtos fabricados na
Nova Zelândia, Austrália e
África. Eles são mais leves e
frutados”, diz. O especialista
comenta que a maioria das
vinícolas brasileiras está na
região Sul. “As propriedades
são pequenas e há vinhos tão
bons quanto os chilenos e
italianos. O problema é o
custo. Quando oferecemos
um produto nacional de alta
qualidade para os clientes do
restaurante, uma boa parte
deles recusa o produto,
alegando que o preço é
elevado”, pontua. A carta de
vinhos do Bellini tem duas
opções nacionais. (AL/AAN)
Carlos Sousa Ramos/AAN
helio paschoal
MERCADO ||| VINHOS
Santos, do Sítio Santa Rita: investimento na uva syrah para sofisticar o vinho feito no local e conquistar o consumidor mais exigente
Circuito das Frutas
já está de olho na
Copa do Mundo
ECONOMIA CORREIO POPULAR B3
Campinas, domingo, 26 de maio de 2013
I I Helio Paschoal é Editor de Economia
do Correio Popular
E-mail: helio@rac.com.br