1) O documento discute como a vida do cristão deve ser vista como uma "viagem" ou "peregrinação" rumo ao céu, e não se apegar aos prazeres terrenos.
2) Os cristãos devem buscar o céu acima de tudo, viajando pelo caminho da santidade com diligência e perseverança.
3) Todas as outras preocupações da vida terrena devem ser subordinadas a esta jornada rumo ao céu.
2. 2
“Confessaram que eram estrangeiros e peregrinos
na terra. Porque, os que isto dizem, claramente
mostram que buscam uma pátria.” (Hebreus
11:13, 14)
O apóstolo está aqui estabelecendo as
excelências da graça na fé, pelos seus efeitos
gloriosos e resultado feliz nos santos do Antigo
Testamento. Ele havia falado na parte anterior do
capítulo particularmente, de Abel, Enoque, Noé,
Abraão e Sara, Isaque e Jacó. Tendo enumerado
essas instâncias, ele toma conhecimento de que
“todos estes morreram na fé, sem terem recebido
as promessas, mas, vendo -as de longe, crendo-as
e abraçando-as, confessaram que eram
estrangeiros...” [Hebreus 11:13]. Nestas
palavras, o apóstolo parece ter um respeito
mais particular a Abraão e Sara, e a seus
parentes, que vieram com eles de Harã, e de Ur
dos caldeus, como aparece no versículo 15, onde
o apóstolo diz, “E se, na verdade, se
lembrassem daquela de onde haviam saído,
teriam oportunidade de tornar”. Duas coisas
podem ser observadas aqui:
1. Que estes santos confessaram de si mesmos:
que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Assim, temos um relato particular a respeito
de Abraão: “Estrangeiro e peregrino sou entre
3. 3
vós” [Gênesis 23:4]. E isso parece ter sido o
sentimento geral dos patriarcas, pelo que Jacó
diz a Faraó. “E Jacó disse a Faraó: Os dias
dos anos das minhas peregrinações são cento e
trinta anos, poucos e maus foram os dias dos anos
da minha vida, e não chegaram aos dias dos
anos da vida de meus pais nos dias das suas
peregrinações” [Gênesis 47:9]. “Porque sou um
estrangeiro contigo e peregrino, como todos os
meus pais” [Salmos 39:12].
2. A inferência que o apóstolo tira daqui: que eles
procuravam outro país como sua casa.
“Porque, os que isto dizem, claramente
mostram que buscam uma pátria” [Hebreus
11:14]. Confessando que eram estrangeiros, eles
claramente declararam que este não é o seu país,
que este não é o lugar onde eles estão em casa. E
ao confessarem ser peregrinos, declararam
claramente que esta não é a sua morada definitiva,
mas que eles pertencem a algum outro país, que
eles procuravam, e para o qual eles estavam
viajando”.
SEÇÃO 1 – Que esta vida seja assim gasta,
como sendo apenas uma jornada ou
peregrinação em direção ao céu. Aqui eu observo:
4. 4
1. Que não devemos descansar neste mundo e em
seus prazeres, mas devemos desejar o céu.
Devemos “buscar primeiro o reino de Deus”.
[Mateus 6:33] Devemos acima de todas as
coisas desejar uma felicidade celestial: estar
com Deus, e habitar com Jesus Cristo. Embora
rodeado de prazeres exteriores, e estabelecidos em
famílias com amigos desejáveis e
relacionamentos; embora tenhamos
companheiros cuja amizade é agradável, e as
crianças, em quem vemos muitas qualidades
promissoras, embora vivemos com bons
vizinhos, e sejamos geralmente amados onde
conhecidos, ainda assim não devemos ter o
nosso descanso nestas coisas como nossa
porção. Devemos estar tão longe de descansar
nessas coisas, a ponto de desejar deixar todas elas,
no tempo devido de Deus. Devemos possuir,
gozar e usá-los sem nenhum outro fim, mas
estarmos prontos para deixá-los, sempre que
somos chamados para isso, e para trocá-los de
bom grado e alegremente pelo o céu. Um
viajante não tem o hábito de descansar com o
que ele encontra na estrada, ainda que seja
confortável e agradável. Se ele passa por
lugares agradáveis, prados floridos, ou bosques
sombrios; ele não tem a sua satisfação nessas
coisas, mas apenas tem uma visão transitória delas
enquanto ele segue sozinho. Ele não está seduzido
pelas aparências finas a ponto de adiar a ideia de
5. 5
prosseguir. Não, mas o fim de sua viagem está em
sua mente. Se ele se encontra com acomodações
confortáveis em um hotel, ele não entretém
pensamentos de se estabelecer ali. Ele
considera que estas coisas não são suas, mas que
ele é um estranho ali, e quando ele tiver
revigorado a si mesmo, ou permanecido por
uma noite, ele seguirá adiante. E é agradável
para ele pensar que um tanto do caminho já ficou
para trás. Semelhantemente devemos desejar o
céu mais do que os confortos e prazeres desta
vida. O apóstolo menciona isso como uma
consideração encorajadora, confortável para os
cristãos, que eles se aproximam de sua
felicidade. “A nossa salvação está agora mais
perto de nós do que quando aceitamos a fé”
[Romanos 13:11]. Nossos corações devem estar
desprendidos destas coisas, como o de um homem
em uma viagem; que possamos tão alegremente
partir delas, sempre que Deus chamar. “Isto,
porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia;
o que resta é que também os que têm mulheres
sejam como se não as tivessem; e os que choram,
como se não chorassem; e os que folgam, como se
não folgassem; e os que compram, como se não
possuíssem; e os que usam deste mundo, como
se dele não abusassem, porque a aparência
deste mundo passa” [1 Coríntios 7:29-31].
Estas coisas são apenas emprestadas a nós por
um pouco de tempo, para servirem por um
6. 6
momento, mas devemos colocar nossos corações
no céu, como nossa herança para sempre.
2. Devemos buscar o céu, viajando no caminho
que leva até lá. Este é o caminho da santidade.
Devemos escolher e desejar viajar para lá desta
forma e não de outra; e nos separar de todos os
apetites carnais que, como pesos, tenderão a nos
atrapalhar. “Deixemos todo o embaraço, e o
pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos
com paciência a carreira que nos está proposta”
[Hebreus 12:1]. Não importando quão
prazerosa a gratificações de qualquer apetite
possa ser, temos de colocá-lo de lado, se for
um obstáculo ou uma pedra de tropeço no
caminho para o céu. Devemos viajar no caminho
da obediência a todos os mandamentos de Deus,
até mesmo do difícil, como também do fácil,
renunciando a todas as nossas inclinações e
interesses pecaminosos. O caminho para o céu
é ascendente, devemos nos contentar em viajar
montanha acima, ainda que seja difícil e
cansativo, e contrário ao viés natural de nossa
carne. Devemos seguir Cristo, o caminho ele
viajou era o caminho certo para o céu. Nós
devemos tomar a nossa cruz e segui-lO, em
mansidão e humildade de coração, em
obediência e amor, diligência para fazer o bem,
e paciência sob as aflições. O caminho para o céu
é uma vida celestial, uma imitação daqueles que
7. 7
estão no céu, em suas santas alegrias, amando,
adorando, servindo e louvando a Deus e ao
Cordeiro. Mesmo que pudéssemos ir para o céu
com a satisfação de nossos desejos, devemos
preferir um caminho de santidade e conformidade
e as regras espirituais de abnegação do evangelho.
3. Devemos viajar neste caminho de maneira
laboriosa. As viagens longas são percorridas
com trabalho e fadiga, especialmente se por
meio de um deserto. Pessoas em tal caso
esperam não nada além de sofrer dificuldades
e cansaço. Assim, devemos viajar neste
caminho de santidade, remindo o nosso tempo e
força, para superar as dificuldades e os obstáculos
que estão no caminho. A terra que devemos
atravessar é um deserto, há muitas montanhas,
pedras e lugares ásperos que devemos passar
por cima, e portanto, há uma necessidade de que
devemos despender a nossa força.
4. Nossas vidas inteiras deveriam ser gastas em
viajar nesta estrada. Devemos começar cedo. Isso
deve ser a primeira preocupação, quando as
pessoas se tornam capazes de agir. Quando
estabelecido pela primeira vez no mundo, eles
deveriam começar esta jornada. E nós devemos
viajar com diligência. Este deve ser o trabalho
de cada dia. Nós deveríamos com frequência
pensar no final de nossa jornada, e fazer disso
8. 8
nosso trabalho diário: viajar no caminho que
conduz a esse fim. Aquele que está em uma
jornada, está frequentemente pensando no lugar
destinado, e é o seu cuidado diário e interesse
prosseguir bem, e aproveitar o seu tempo para
ficar mais perto do fim de sua jornada.
Assim deve o céu estar continuamente em nossos
pensamentos, e a entrada imediata ou passagem
para ele, ou seja, a morte, deve estar presente
conosco. Devemos perseverar neste caminho,
enquanto vivemos. “Corramos com paciência a
carreira que nos está proposta”. Embora a
estrada seja difícil e trabalhosa, é preciso aguentar
com paciência, e permanecer contente ao suportar
dificuldades. Apesar da viagem ser longa, ainda
assim não podemos parar de repente; mas suportar
até que chegamos ao lugar que buscamos.
Também não devemos desanimar com o
comprimento e as dificuldades do caminho, como
os filhos de Israel fizeram, desejando voltar
para trás. Todo nosso pensamento e objetivo
devem seguir avante até chegarmos.
5. Devemos estar crescendo continuamente em
santidade, e, nesse aspecto chegando cada vez
mais perto do céu. Devemos estar nos esforçando
para chegarmos mais perto para o céu, sendo mais
celestiais, nos tornando mais e mais como os
9. 9
habitantes do Céu, em relação à santidade e
conformidade com Deus; e o conhecimento de
Deus e de Cristo, em uma visão clara da glória
de Deus, da beleza de Cristo e da excelência
das coisas divinas, nos leva a chegarmos mais
perto da visão beatífica. Devemos trabalhar
para estar crescendo continuamente no amor
divino – que esta possa ser uma chama
crescente em nossos corações, até que eles sejam
consumidos totalmente nesta chama, em
obediência e em uma vida celestial; para que
possamos fazer a vontade de Deus na terra como
os anjos fazem no céu; em conforto e alegria
espiritual; em comunhão sensível com Deus e
Jesus Cristo, nosso caminho deve ser como “a
luz da aurora, que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito”. Devemos ter fome e sede
de justiça, por crescimento da justiça. “Desejai
afetuosamente, como meninos novamente
nascidos, o leite racional, não falsificado, para
que por ele vades crescendo” [1 Pedro 2:2].
A perfeição dos céus deve ser a nossa marca.
“Uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das
coisas que atrás ficam, e avançando para as que
estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo
prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus” [Filipenses 3:13-14].
6. Todas as outras preocupações da vida
devem ser inteiramente subordinadas a esta.
10. 10
Quando um homem está em uma jornada,
todos os passos que ele toma são subordinados
ao objetivo de chegar ao fim de sua jornada.
E se ele traz dinheiro ou provisões consigo, é
para supri-lo em sua jornada. Então devemos
subordinar totalmente todos os outros interesses e
todos os nossos prazeres temporais, por causa de
estarmos viajando para o céu. Quando qualquer
coisa que temos torna-se uma obstrução e
obstáculo para nós, devemos abandoná-la
imediatamente. O uso de nossos prazeres
mundanos e posses devem ser com tal visão
e de tal maneira a nos fazer avançar em nosso
caminho para o céu. Assim, devemos comer e
beber e vestir-nos, e melhorar a conversa e
divertimento com os amigos. E em tudo quanto
pretendermos, qualquer projeto em que
estivermos envolvidos, devemos perguntar a nós
mesmos se este projeto ou plano nos fará avançar
no nosso caminho para o céu? E se não, devemos
abandonar este nosso plano.
SEÇÃO 2 – Por que a vida do cristão é uma
viagem, ou peregrinação?
1. Este mundo não é o nosso lugar permanente.
Nossa permanência aqui é muito curta.
Os dias do homem sobre a terra são como a
sombra. Nunca foi o planejado por Deus que este
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mundo fosse a nossa casa. Deus também não
nos deu essas acomodações temporárias para
esse fim. Se Deus nos deu amplas propriedades, e
filhos ou outros amigos agradáveis, não é com tal
desígnio, a saber, que estejamos acomodados
aqui, como se fosse uma morada estabelecida;
mas com um desígnio de que devemos usá-los
para o presente, e, em seguida, deixá-los em breve
tempo. Quando somos chamados para qualquer
negócio secular, ou encarregados do cuidado
de uma família, se nós empregamos nossas
vidas para qualquer outra finalidade, do que como
uma viagem para o céu, todo o nosso trabalho
será perdido. Se passamos a vida em busca de
felicidade terrena: como riquezas ou prazeres
sensuais; crédito e estima dos homens; alegrar-nos
com os nossos filhos, e na perspectiva de vê-
los bem educados e bem estabelecidos, etc.
todas estas coisas serão de pouca significância
para nós. A morte vai acabar com todas as
nossas esperanças, e vai colocar um fim nestes
prazeres. “Os lugares que nos conheciam, não
nos conhecerão mais” e “o olho que nos viu,
não nos verá mais”. Devemos ser levados para
sempre de todas essas coisas, e é incerto
quando isto acontecerá: pode ser logo depois
que somos colocados na posse delas, e então,
onde estarão todas as nossas ocupações
mundanas e prazeres, quando formos colocados
na silenciosa sepultura?
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2. Todo o mundo futuro foi projetado para ser a
nossa morada estabelecida e eterna. Lá foi
pretendido que nós fôssemos estabelecidos; e
apenas o céu é uma habitação permanente e uma
herança duradoura. O estado atual é curto e
transitório; mas o nosso estado no outro mundo
é eterno. E assim que chegarmos ali, não
haverá alterações. Nosso estado no mundo
futuro, portanto, sendo eterno, é de muito
maior importância do que o nosso estado aqui,
que todas as nossas preocupações neste mundo
devem estar totalmente subordinadas a isto.
3. Céu é aquele único lugar onde nosso mais
elevado fim, e mais elevado bem, devem ser
obtidos. Deus nos fez para Si mesmo. “Porque
dele e por ele, e para ele, são todas as coisas”
[Romanos 11:36]. Por isso, então podemos
alcançar nosso mais elevado propósito, quando
somos levados a Deus, mas isso é por ser levado
para o céu, para o trono de Deus, o lugar de sua
presença especial. Há apenas uma união muito
imperfeita com Deus a ser tida no mundo atual,
um conhecimento muito imperfeito dEle no meio
de muita escuridão; uma conformidade muito
imperfeita a Deus, misturada com abundância de
escórias. Aqui podemos servir e glorificar a Deus,
mas de uma forma muito imperfeita; nosso
serviço está misturado com o pecado, que
desonra a Deus. Mas quando chegarmos ao céu,
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(se formos de fato) seremos levados a uma união
perfeita com Deus, e teremos uma visão mais
clara dEle. Lá seremos totalmente conformados
com Deus, sem qualquer pecado remanescente,
pois “assim como é o veremos” [1 João 3:2].
Devemos, então, servir a Deus perfeitamente;
e glorificá-lo sobremaneira, até o máximo dos
poderes e capacidade da nossa natureza. Então
vamos perfeitamente desistir de nós mesmos a
Deus; nossos corações serão ofertas puras e
santas, apresentados em uma chama do amor
Divino. Deus é o maior bem da criatura
racional, e o desfrutar dEle é a única felicidade
com que nossas almas podem ser satisfeitas.
Pois ir para o céu, totalmente para desfrutar de
Deus, é infinitamente melhor do que as
acomodações mais agradáveis aqui. Pais e
mães, maridos, esposas ou filhos, ou a
companhia de amigos terrenos, são apenas
sombras; mas o gozo de Deus é a substância.
Esses são apenas raios; mas Deus é o sol.
Estes são apenas córregos; mas Deus é a fonte.
Estes são apenas gotas; mas Deus é o oceano. Por
isso nos convém gastar esta vida apenas como
uma jornada para o céu, como nos convém
buscar o nosso mais elevado propósito e bem,
o pleno trabalho de nosso viver, ao qual
devemos subordinar todas as outras
preocupações da vida. Por que devemos
14. 14
trabalhar, ou pôr em nosso coração, qualquer
outra coisa além do que é nosso próprio fim e
verdadeira felicidade?
4. Nosso estado presente, e tudo o que pertence a
ele, é designado por Aquele que fez todas as
coisas, para serem totalmente subservientes
para o mundo vindouro. Este mundo foi feito
como um lugar de preparação para outro. A vida
mortal do homem foi -lhe concedida, para que
pudesse estar preparado para seu estado
permanente. E tudo o que Deus nos deu aqui é
dado para essa finalidade. O sol brilha e a
chuva cai sobre nós, a terra produz o seu fruto
para nós, para esse fim. Assuntos civis,
eclesiásticas e da família, e todos os nossos
interesses pessoais, são projetados e ordenados
em subordinação ao mundo futuro, pelo criador e
ordenador de todas as coisas. Por isso, portanto,
eles devem ser subordinados por nós.
SEÇÃO 3 – A Instrução conferida pela
consideração de que a vida é uma viagem, ou
peregrinação, em direção ao céu.
1. Esta doutrina pode nos ensinar a moderação
em nosso luto pela perda de queridos amigos,
que, enquanto viveram, otimizaram suas vidas
para os propósitos corretos, se é que eles viveram
uma vida santa, então suas vidas eram uma
15. 15
jornada para o céu. E por que deveríamos ser
imoderados no luto, quando eles chegaram ao
final de sua jornada?
A morte, apesar de parecer para nós um aspecto
terrível, é para eles uma grande bênção.
Seu fim é feliz, e melhor do que o seu início. “O
dia da sua morte é melhor para eles do que o dia
de seu nascimento” [Eclesiastes 7:1]. Enquanto
viviam, eles desejavam o céu, e o escolhiam
antes do que este mundo, ou qualquer um dos
seus prazeres. Eles sinceramente o desejavam,
então por que devemos lamentar que tenham
obtido isso?
Agora eles chegaram à casa de seu Pai. Eles têm
milhares de vezes mais confortos agora que eles
chegaram em casa, do que eles tiveram em sua
jornada. Neste mundo presente eles passaram por
muito trabalho e labuta, como por um deserto.
Houve muitas dificuldades no caminho;
montanhas e lugares ásperos. Foi trabalhoso e
cansativo percorrer o caminho, e eles tiveram
muitos dias e noites cansativas. Mas agora eles
chegaram ao seu descanso eterno “e ouvi uma
voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-
aventurados os mortos que desde agora morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que
descansem dos seus trabalhos, e as suas obras
16. 16
os seguem” [Apocalipse 14:13]. Eles olham
para trás, para as dificuldades e tristezas, e
perigos da vida, regozijando-se de terem
superado todos eles. Estamos prontos para encarar
a morte como sua calamidade, e para lamentar,
que aqueles que eram tão queridos por nós,
estejam numa cova escura carcomidos por
corrupção e vermes, tirados de seus queridos
filhos, prazeres e etc. em circunstâncias
terríveis, porém isso se dá por causa de nossa
fraqueza – eles estão em uma condição feliz,
inconcebivelmente abençoados. Eles não
choram, mas se regozijam com extrema alegria:
suas bocas estão cheias de canções alegres, e
bebem em rios de prazer.
Eles não encontram nenhuma tristeza pelo fato
de trocaram suas alegrias terrenas, e a
companhia dos mortais, pelo céu. Sua vida aqui na
terra, embora nas melhores circunstâncias, foi
marcada por muitas adversidades e aflições, mas
agora todas estas chegaram ao fim. “Nunca mais
terão fome, nunca mais terão sede; nem sol
nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o
Cordeiro que está no meio do trono os
apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes
vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos
toda a lágrima” [Apocalipse 7:16-17]. É
verdade que não mais os veremos neste
mundo, mas devemos considerar que estamos
17. 17
viajando em direção a mesma paz, e por que
devemos entristecer nossos corações porque eles
têm chegado lá antes de nós? Estamos seguindo
após eles, e esperamos, assim que chegarmos
ao final de nossa jornada, estarmos com eles
de novo, em melhores circunstâncias. Um grau de
luto por parentes próximos quando falecidos não
é incompatível com o cristianismo, mas muito
conforme com ele, pois enquanto somos de carne
e sangue, temos propensões e afeições animais.
Mas temos justa razão para que nosso luto
deva ser misturado com alegria. “Não quero,
porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos
que já dormem, para que não vos entristeçais,
como os demais, que não têm esperança” [1
Tessalonicenses 4:13]. Por isso não devemos
sofrer como os gentios, que não tinham
conhecimento de uma felicidade futura. Isso
aparece pelo seguinte versículo: “Porque, se
cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também aos que em Jesus dormem, Deus os
tornará a trazer com ele”. [1 Tessalonicenses
4:14].
2. Se a nossa vida deveria ser apenas uma
jornada para o céu; quão mal cultivam as suas
vidas, aqueles que a gastam viajando para o
inferno! Alguns homens passam a vida inteira,
desde a sua infância até o dia da morte,
descendo o amplo caminho para a destruição.
Eles não só se aproximam para o inferno
18. 18
quanto ao tempo, mas a cada dia apressam-se
para a destruição, eles estão mais assemelhados
aos habitantes do mundo infernal. Enquanto
outros avançam no caminho estreito e apertado
para a vida, e laboriosamente viajam até o
morro em direção a Sião, contra as inclinações
e tendência da carne; estes correm com pés
velozes para a morte eterna, este é o emprego de
todos os deveres, com todos os homens ímpios; e
todo o dia deles é gasto nisto. Assim que eles
acordam de manhã, eles partem de novo no
caminho para o inferno, e gastar seu tempo nele.
Eles começam nos primeiros dias. “Alienam-
se os ímpios desde a madre; andam errados
desde que nasceram, falando mentiras” [Salmos
58:3] Eles se apegam a elas com perseverança.
Muitos deles que chegam à velhice, nunca
estão cansados delas; apesar de chegarem aos
cem anos de idade, eles não vão deixar de
viajar no caminho para o inferno até que eles
cheguem lá. E todas as preocupações da vida
estão subordinadas a este empreendimento. Um
homem mau é um servo do pecado, seus poderes
e faculdades estão empregados no serviço do
pecado, e na aptidão para o inferno. E todas as
suas posses são assim usadas por ele, para ser
subserviente ao mesmo propósito.
Homens gastam seu tempo entesourando ira
para o dia da ira. Assim fazem todas as
pessoas impuras, que vivem em práticas
19. 19
lascivas em segredo, todas as pessoas mal-
intencionadas; todas as pessoas profanas, que
negligenciam os deveres da religião. Assim
fazem todas as pessoas injustas; e aqueles que
são fraudulentos e opressivos em suas
transações. Assim fazem todos os caluniadores e
os maldizentes, todas as pessoas avarentas, que
põe seus corações principalmente nas riquezas
deste mundo. Assim fazem frequentadores de
tavernas; e frequentadores das más
companhias; e muitos outros tipos que
poderiam ser mencionados. Assim, a maior
parte da humanidade se apressa no amplo
caminho para a destruição; que é, como também
já foi, preenchido com a multidão que está indo no
mesmo caminho em acordo. E eles estão todos os
dias indo para o inferno neste largo caminho aos
milhares. Multidões estão continuamente
fluindo para dentro do grande lago de fogo e
enxofre, como um poderoso rio que
constantemente esvazia suas águas no oceano.
3. Assim, quando as pessoas são convertidas, eles
já começam seu trabalho, e partem no caminho
que eles devem prosseguir. Eles nunca até
então, fizeram alguma coisa nesse trabalho no
qual toda a sua vida deve ser gasta. Pessoas
antes da conversão nunca dão um passo nessa
direção. Assim um homem é posto inicialmente
em sua jornada, quando ele é trazido para casa
20. 20
a Cristo; e tão longe ele está de ter feito o seu
trabalho, que o seu cuidado e labuta em seu
trabalho cristão é então iniciado; no qual ele deve
passar o restante de sua vida. As pessoas
fazem o mal, quando elas são convertidas e
obtiveram uma esperança de estarem em boas
condições, não se esforçam com tanto fervor
como faziam antes, enquanto estavam
despertados. Eles devem, daqui em diante e
enquanto viverem, ser tão sérios e diligentes, tão
vigilantes e cuidadosos como nunca; sim, devem
aumentar cada vez mais. Não é uma desculpa
justa, que agora eles obtiveram a conversão.
Não deveríamos ser tão diligentes para que
possamos servir e glorificar a Deus, enquanto
que nós mesmos podemos ser felizes? E se
temos obtido graça, devemos lutar mais para
que possamos alcançar os outros graus que
estão adiante, como fizemos para obter esse
pequeno grau que alcançado. O apóstolo nos diz
que ele esqueceu o que estava atrás, e avançou
para o que estava à frente. Sim, aqueles que são
convertidos, têm agora mais uma razão para lutar
por graça; pois eles têm visto algo da sua
excelência. Um homem que uma vez provou as
bênçãos de Canaã, tem mais um motivo para
marchar em sua direção do que tinha
anteriormente. E aqueles que são convertidos,
deve se esforçar para “fazer firme sua vocação e
eleição” Todos aqueles que são convertidos não
21. 21
tem certeza absoluta disso; e aqueles que tem
certeza, não sabem se sempre haverão de
possuir certeza, e assim continuar buscando e
servindo a Deus com a máxima diligência, é o
caminho para ter certeza, e para tê-la mantida.
SEÇÃO 4. Uma exortação, assim viva a vida
presente de modo que possa ser apenas um
caminho para o céu. Trabalhe para obter tal
disposição de espírito que você possa escolher
o céu por herança e casa; e possa sinceramente
esperar por isso, e estar disposto a trocar o
mundo, e todos os seus prazeres, pelo céu.
Trabalhe para ter o seu coração tão enlaçado
pelo céu, e os prazeres celestiais, que você
possa se alegrar quando Deus te chamar para
deixar os seus melhores amigos e conforto
terrestres pelo céu, para desfrutar de Deus e
Cristo. Convença-se a viajar no caminho que leva
ao céu, em santidade, abnegação, mortificação e
obediência a todos os mandamentos de Deus,
seguindo o exemplo de Cristo, em forma de uma
vida celestial, ou imitação dos santos e anjos no
céu. Que seja o seu trabalho diário, desde a manhã
até a noite, e persevere nele até o fim, não deixe
nada parar, desencorajar ou tirar você deste
caminho. E deixe todas as outras preocupações
serem subordinadas a isso. Considere as razões
que foram mencionadas sobre o porquê você deve
assim passar a sua vida; que este mundo não é o
22. 22
seu lugar de permanência, que o mundo futuro
é para ser sua morada eterna; e que os prazeres
e preocupações deste mundo são dados
inteiramente em subordinação para o próximo
mundo. E considere mais pelo motivo:
1. Quão digno é o céu de que a sua vida seja
totalmente gasta como uma viagem em direção
a ele. Para que melhor propósito você pode gastar
a sua vida, se você respeita o seu dever ou o seu
interesse? Que final melhor você pode propor para
sua viagem do que obter o céu? Você é colocado
neste mundo, com uma escolha que lhe é dada,
você pode viajar no caminho que você quiser; e
um caminho que leva para o céu. Agora, você
pode direcionar o seu curso melhor do que este
caminho? Todos os homens têm algum objetivo
ou outro na vida. Alguns procuram,
principalmente, as coisas do mundo; eles
passam seus dias em tais atividades, mas não é o
céu, onde há plenitude de alegria para sempre,
muito mais digno de ser procurado por você?
Como você pode melhor empregar sua força, usar
seus meios e passar os seus dias do que viajando
na estrada que leva ao gozo eterno de Deus; à Sua
presença gloriosa; à nova Jerusalém celestial, ao
monte Sião onde todos os seus desejos serão
preenchidos, e não há jamais perigo de perder a
sua felicidade? Nenhum homem está em casa
neste mundo, se ele escolher o céu ou não;
23. 23
aqui ele nada é senão uma pessoa transitória. Que
outro lugar você poderia escolher por sua casa que
seria melhor do que o céu?
2. Esta é a maneira da morte ser confortável para
nós. Para gastarmos nossas vidas, de modo a ser
apenas uma jornada para o céu, é o caminho para
ser livre da escravidão, e ter a perspectiva e
premeditação da morte confortável. Será que o
viajante pensa no fim de sua jornada com medo
e terror? É terrível para ele pensar que ele
está prestes a chegar ao final de sua jornada?
Estiveram os filhos de Israel pesarosos, depois
de quarenta anos de viagem no deserto, quando
eles estavam prestes a chegar à Canaã?
Esta é a maneira de participarmos deste mundo
sem sofrimento. Será que o viajante lamenta
quando ele chega em casa, para deixar seu bastão
e carga de provisões que ele possuía para sustentá-
lo pelo caminho?
3. Nada mais de sua vida será agradável pensar
quando você estiver para morrer, do que tê-la
gastado desta maneira. Se você não passou nada
em sua vida dessa maneira, toda a sua vida vai ser
terrível para você pensar, a não ser que você morra
em alguma grande ilusão. Você vai ver, então, que
toda a sua vida que foi gasta de outra forma está
perdida.
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Você verá então a vaidade de todos os outros
objetivos que você propôs para si mesmo.
O pensamento do que você aqui possuía e gozava
não será agradável, a menos que você possa
pensar também que os tenha subordinado à esta
finalidade.
4. Considere-se que aqueles que estão dispostos a
viverem suas como uma viagem para o céu,
podem obter o céu. O céu, ainda que alto e
glorioso, é atingível para tais criaturas inúteis
pobres como nós somos. Podemos alcançar essa
região gloriosa que é a morada dos anjos, sim, a
morada do Filho de Deus; e onde está a presença
da glória do grande Jeová. E podemos tê-lo
livremente, sem dinheiro e sem preço, se
estamos dispostos a viajar no caminho que
conduz a ele, e se nos convertermos do curso deste
caminho em que vivemos, podemos e teremos o
céu como o nosso lugar de descanso eterno.
5. Seja considerado que se nossas vidas não
forem uma viagem para o céu, elas serão uma
viagem para o inferno. Toda a humanidade,
depois de haver estado aqui por um pouco, irá para
um dos dois grandes destinos de todos os que
partem deste mundo, a saber, um é o céu, para
onde um pequeno número, em comparação, viaja;
e o outro é o inferno, para onde vai a maior
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parte da humanidade. Este ou aquele deve ser
o resultado de nosso curso neste mundo.
SEÇÃO 5 Vou concluir, dando algumas
indicações:
1. Trabalhe para ter uma noção da vaidade
deste mundo por conta da pouca satisfação que
há para ser apreciado aqui; sua curta
permanência e inutilidade para nos auxiliar
quando mais necessitamos de ajuda, em um leito
de morte. Todos os homens, que vivem qualquer
tempo considerável no mundo, podem ver o
suficiente para convencê-los de sua vaidade, se
eles se derem ao trabalho de refletir. Sejam
persuadidos, portanto, de exercer consideração,
quando você ver e ouvir ao longo do tempo
sobre a morte de outros.
Trabalhe para transformar seus pensamentos
deste e modo. Veja a vaidade do mundo sob
essa lente.
2. Trabalhe para estar bastante familiarizado
com o céu. Se você não está familiarizado
com ele, você não será capaz de gastar a sua vida
como uma viagem para lá. Você não será sensível
de seu valor, nem vai esperar muito por ele. A
menos que você esteja muito familiarizado em
sua mente com este bem maior, será muito
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mais difícil para você ter o coração
desprendido destas coisas e usá-las apenas em
subordinação a quaisquer outras coisas, e estar
pronto para partir delas por causa daquele bem
maior. Trabalhe, portanto, para obter um senso de
perceptivo de um mundo celestial, para obter uma
firme convicção de sua realidade e estar muito
familiarizado com ele em seus pensamentos.
3. Busque o céu somente por Jesus Cristo. Cristo
nos diz que Ele é o caminho, e a verdade, e a vida.
Ele nos diz que Ele é a porta das ovelhas. “Eu sou
a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e
entrará, e sairá, e achará pastagens” [João
10:9]. Se, portanto, aprimorarmos nossa vida
como uma viagem para o céu, devemos fazê-lo
através dEle, e não por nossa própria justiça;
esperando obtê-lo apenas por causa dEle,
olhando para Ele, dependendo nEle, que o tem
adquirido para nós por seu mérito. E somente
dEle esperemos por força para caminhar em
santidade, o caminho que conduz ao céu.
4. Que os cristãos ajudem uns aos outros nesta
jornada. Há muitas maneiras em que os cristãos
podem ajudar muito uns aos outros em seu
caminho para o céu, como por conferência
religiosa e etc. Portanto permita que sejam
exortados a ir por esse caminho como se fosse em
companhia, conversando juntos e ajudando uns
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aos outros. A companhia é muito desejável em
uma viagem, mas em nenhuma outra tanto
quanto nesta. Deixe-os irem unidos e não
caírem pelo caminho, o que seria para
embaraçar um ao outro; mas usem todos os
meios possíveis para ajudarem uns aos outros,
monte acima. Isso iria garantir uma viagem
mais bem sucedida e uma reunião mais alegre na
casa de seu Pai na glória.