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O Brasil precisa de continuidade (de negócios)?
Plagiando uma figura que está no epicentro do noticiário “nunca
antes na história deste país” vivenciamos uma crise político-
econômica como a que o Brasil está passando nos últimos
tempos.
Esta crise é profunda? Com certeza é.
Chegamos ao fundo do poço? Como diz a revista The
Economist, sim já chegamos. O problema é que continuamos
afundando o poço.
Esta crise vai passar? Certamente que sim, o
problema é quanto tempo ele irá demorar para passar.
O Brasil é maior que esta crise? Certamente que sim,
todos os países, inclusive o Brasil, já passaram por crises antes
e mais cedo ou mais tarde conseguiram sair delas, o problema
é a que custo?
O Brasil precisa de continuidade (de negócios)? Bem,
aí já depende,vamos analisar a necessidade ou não de ter
continuidade (de negócios).
Quais são os objetivos de um Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios? Vamos às definições
descritas na norma brasileira ABNT NBR ISO 22301 Segurança da sociedade — Sistema de gestão de
continuidade de negócios — Requisitos.
Capítulo 3 - Item 3.4
gestão de continuidade de negócios
processo abrangente de gestão que identifica ameaças potenciais para uma organização e os
possíveis impactos nas operações de negócio caso estas ameaças se concretizem. Este
processo fornece uma estrutura para que se desenvolva uma resiliência organizacional que
seja capaz de responder eficazmente e salvaguardar os interesses das partes interessadas, a
reputação e a marca da organização e suas atividades de valor agregado.
Destrinchando:
Processo abrangente de gestão: infelizmente estamos vivenciando já há algum tempo um
desgoverno,com muito pouca ou nenhuma capacidade de gestão, muito menos abrangente e
longe de ser um processo estabelecido que ao invés de agir pró ativamente reage
atabalhoadamente a cada incidente que ocorre.
que identifica ameaças potenciais para uma organização: aqui precisamos fazer uma
adequação de organização para o país, a federação. Quais são as ameaças potenciais para o
2. 18/3/2016 Confidencial Página 2 de 3
nosso país? Recessão, inflação, desemprego, acirramento da luta de classes, coxinhas x
mortadelas ...
e os possíveis impactos nas operações de negócio caso estas ameaças se concretizem:
no nosso caso várias destas ameaças já estão se concretizando. Em 2015 a economia
encolheu 3,8%, 10,67% de inflação oficial, 2.600.000 desempregados,perda do grau de
investimento tão duramente conquistado e desdenhado pelo atual governo... Para 2016 as
previsões são tão ruins quanto e muito próximas a isto, até -4% de PIB, 7,5%, ou mais, de
inflação e mais 2.500.000 desempregados. A inflação, como os mais antigos sabem, é um
imposto nefasto, que afeta principalmente as classes de menor renda, com pouca ou nenhuma
capacidade de investimento para preservar o seu patrimônio financeiro, além de pagaremas
maiores taxas de juros do mercado, justamente por serem tomadores de crédito de maior risco.
As ameaças concretizadas estão aípara todos verem, negócios fechando,maior quantidade de
pessoas morando nas ruas ou em invasões, inadimplência, falta de perspectiva, investimentos
em queda vertical e por aívai.
Vejo com certa frequência, principalmente no LinkedIn, posts motivacionais do tipo “A crise não
vai me atingir” ou textos semelhantes, que são tentativas de manter a moral elevada e tentar
impedir o pessimismo que tende a agravar ainda mais a crise. O problema aqui é justamente
o inverso, e se a crise te atingir, ou no seu emprego, ou no seu negócio,ou com algum parente
próximo, o que você vai fazer? Nos projetos que estou participando somente neste ano,
todos, sem nenhuma exceção, já fizeram cortes de pessoal, investimentos, fecharam fábricas
etc. e ainda com o aviso, se as coisas não melhorarem rapidamente, haverá novos ajustes.
Este processo fornece uma estrutura para que se desenvolva uma resiliência
organizacional que seja capaz de responder eficazmente: até temos uma estrutura e esta
estrutura se chama governo, em várias esferas e alçadas, mas que está muito longe de
responder eficazmente às ameaças potenciais,pelo contrário, na maioria das vezes reagindo
atabalhoadamente e sem planejamento, agravando ainda mais a crise já estabelecida.
e salvaguardar os interesses das partes interessadas: quem são as partes interessadas?
As empreiteiras, milhares de contas secretas em paraísos fiscais, os amigos que devem
mostrar gratidão ou o povo, que é o objeto fim de um governo? As recentes investigações dos
ministérios públicos,polícia federal e receita federal vêm demonstrando que as partes
interessadas visavam e ainda visam o aparelhamento do estado, amigos, companheiros,
apadrinhados etc. e isto não é só deste governo não, isto está no DNA do estado brasileiro.
Quando era criança, algumas vezes meu pai, que trabalhava numa empresa de engenharia
rodoviária, aparecia em casa com um saco de pão e mais tarde da noite ia entregar este
pacote numa casa no Morumbi. Só muito mais tarde fui entender a frase “roubo mas faço”.
e finalmente, a reputação e a marca da organização e suas atividades de valor agregado:
parece que a marca e a reputação não são importantes, haja visto os comentários oficiais
quando o país foi rebaixado no grau de investimento, ou um pouco mais para trás as
trapalhadas diplomáticas quando tentamos intermediar a favor do Irã, ou nas eternas crises
árabes-israelenses.
Ou seja, falhamos, ou em termos normativos, temos não conformidades,em todos os requisitos da
definição da gestão de continuidade de negócios.
Voltando à pergunta inicial “o Brasil precisa de continuidade (de negócios)?”
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Por todo o exposto, sim precisamos.
Vamos ter? Tudo indica que não, pelo menos no curtíssimo prazo.
Então, se me permite, faça você a sua, e da sua família, continuidade (de negócios). Se não precisar
usar, melhor, mas se a crise te pegar, você estará melhor preparado e posicionado para responder
eficazmente e salvaguardar os interesses das partes interessadas, você e sua família.
Muito obrigado pela sua leitura e não deixe de aproveitar o final de semana com a sua família.
Sidney R. Modenesi, MBCI
Brasileiro, que viveu boa parte da sua juventude nos governosmilitares, atravessou todos os planos econômicos e há 20 anos é um especialista em
Continuidade de Negócios.