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Product: OGlobo PubDate: 12-03-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_G User: Schinaid Time: 03-11-2012                20:33 Color: K




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Segunda-feira, 12 de março de 2012                                                                                                                                                                      OPINIÃO           •   7
                                                                                                  O GLOBO

Salários:                                                                                                  PAULO GUEDES
interferência
indevida                                                                                                     A China e nós

                                                 A
                                                          percepção é a mesma nos dois la-                  primários e pelas altas de preços agríco-                também que devem continuar em alta os
JOSÉ PASTORE                                              dos do Atlântico. Os países avan-                 las na esteira do avanço chinês?                         níveis absolutos dos preços da comida e



N
                                                          çados se excederam, e agora o                       É simples descartar os piores receios                  dos produtos primários, e não apenas
         o Brasil, nem o passado é
         previsível. Essa frase, tan-                     conserto vai levar alguns anos.                   quanto aos efeitos desfavoráveis da de-                  seus preços em relação aos salários. A
         tas vezes repetidas, seria               Os países emergentes são as novas fron-                   saceleração econômica chinesa. Foi a                     atuação particularmente pirotécnica do
         apenas engraçada se não                  teiras de crescimento da economia
fosse verdadeira. Isso é o que se vê
                                                                                                            entrada dos eurasianos nos mercados                      Federal Reserve, o banco central ameri-
no projeto de lei 6.393/2009 que o
                                                  mundial. Assim, permanece enorme o                        globais que empurrou para cima os pre-                   cano, ao desvalorizar continuamente
Congresso Nacional está examinan-                 interesse pelo Brasil, como pude cons-                    ços relativos da energia e da comida. A                  sua moeda, contribui para a aceleração
do. Se transformado em lei, as em-                tatar em rápido giro pelo exterior neste                  taxa de crescimento dos chineses afeta                   da alta de preços expressos em dólar.
presas serão multadas retroativa-                 início de 2012.
mente toda vez que uma mulher ga-                                                                           apenas o ritmo dessa entrada, calibran-                  Ainda que caíssem esses preços com a
nhar menos do que um homem. A                       Uma pergunta que me fora feita com in-                  do sua migração interna de uma econo-                    desaceleração chinesa, subiria nosso
multa será de cinco vezes a diferen-              sistência em Londres, Zurique e Genebra                   mia de subsistência rumo aos grandes                     câmbio flexível, aumentando as exporta-
ça verificada em todo o período de                foi também a mais frequente em Nova                       centros urbanos. Mesmo que se abran-                     ções e reduzindo as importações de mó-
contratação.                                      York, Boston, Chicago, São Francisco e
  O efeito retroativo é apenas um                                                                           de o ritmo de aumento das compras, a                     veis, calçados, têxteis, automóveis,
dos absurdos que habitam aquele                   Los Angeles: “A desaceleração econômi-                    demanda por comida continuará em al-                     agroindústria — e freando a desindustri-
projeto de lei. Outro é o direciona-              ca da China pode derrubar a dinâmica do                   ta. Por uma aplicação da Lei de Walras,                  alização em curso.
mento da multa à empregada preju-                 crescimento brasileiro?” Ou seja, em que
dicada. Eu sempre soube que as
                                                                                                            as condições de equilíbrio geral nesta                     Foi mais fácil desmontar a sinodepen-
multas são sempre recolhidas aos
                                                  medida a economia brasileira tem uma                      economia globalizada indicam preços                      dência do que falar das reformas de mo-
cofres do governo.                                dinâmica própria de crescimento, com                      de energia e de alimentação subindo em                   dernização, que, assegurando aumentos
  Por aí se vê as confusões que uma               base em seu mercado interno de consu-                     relação aos salários por muitos anos.                    de produtividade, sustentariam a dinâ-
lei mal feita pode acarretar. Ade-                mo de massas? Ou teria sido apenas “re-
mais, quem vai determinar a aludi-                                                                            Ademais, as políticas de reflação dos                  mica de crescimento baseada no merca-
da diferença de salários e o valor da             bocada” pelas exportações de produtos                     bancos centrais avançados indicam                        do interno.
multa? Serão os auditores do traba-
lho ou os juízes? Com base em quê?


                                            Concessões de qualidade
É mais um complicador.
  E os homens? O que dirão dessa
medida? O que podem eles fazer se
o seu salário for mais baixo do que
o de uma mulher? Essa lei dá ampa-
                                                                                                                                                                             Alvim
ro para uma reclamatória trabalhis-         RAUL VELLOSO                                                                                                                             dos outros países quando parece dizer:
ta por parte dos homens ou vale                                                                                                                                                      compre esse produto a um preço mais



                                            D
apenas para as mulheres? Será que                    iante da desaceleração do cres-                                                                                                 baixo do que os demais estão oferecen-
isso é democrático? É justiça soci-                   cimento do PIB que acaba de                                                                                                    do. Quem não quer isso? Para produzi-
al?                                                   ser anunciada, o governo pare-                                                                                                 los, ela financia o investimento necessá-
  Entrando no mérito, o autor do                      ce ter finalmente entendido                                                                                                    rio com poupança exclusivamente sua.
projeto de lei, deputado Marçal Fi-         que, sem atacar as carências e gargalos                                                                                                  Ou seja, quem tem poupança, vai longe.
lho (PMDB/MS), passou por cima              da infraestrutura de transportes fora do                                                                                                 Os chineses dizem que o Brasil chora à
de princípios sagrados da adminis-          seu minguado orçamento, será impossí-                                                                                                    toa, pois tem um setor de commodities
tração dos recursos humanos —               vel a economia brasileira crescer a taxas                                                                                                que vende cada vez mais lá fora a preços
que são o reconhecimento e a valo-          mais elevadas. Só que, aqui, a chave é fa-                                                                                               também mais altos, das quais ela é a
rização do mérito dos funcionários.         zer concessões de boa qualidade. Por is-                                                                                                 maior compradora. Em economia, uns
Isso é fundamental para estimular           so, é preocupante que, na rodada que                                                                                                     perdem e outros ganham. É sempre as-
os empregados e para gratificá-los          acaba de ser concluída, as escolhas te-                                                                                                  sim. O difícil é fazer os que ganham com-
à altura.                                   nham sido tão criticadas na mídia. Sem                                                                                                   pensarem os que perdem. Paralelamen-
  No projeto de lei há não apenas o         concessões eficientes, não se aumenta a                                                                                                  te, sendo senhores do poder de emitir
desprezo, mas um combate frontal            produtividade da economia, especial-                                                                                                     suas moedas, americanos e europeus
ao mérito. Levado às ultimas conse-         mente da indústria.                                                                                                                      não hesitarão em despejar liquidez no
quências, isso faria as empresas pa-          O governo quer que a economia cres-                                                                                                    mundo para suavizar a difícil transição
garem todos os seus funcionários            ça a 5 ou 5,5% ao ano. O próprio Banco                                                                                                   dos respectivos países para a normali-
pelo piso salarial da categoria. Sim,       Central parece ter mudado sua função-                                                                                                    dade. Até porque eles podem alegar que
porque nenhuma delas iria correr o          objetivo que, agora, conteria outros ob-                                                                                                 o Brasil perderia muito com o acirra-
risco de ser pesadamente punida             jetivos além das metas de inflação. O fa-                                                                                                mento da crise europeia.
por praticar salários diferenciados         to é que há uma onda pró-maior-cresci-                                                                                                      Como os novos investimentos em
entre empregados que apresentam             mento-econômico no país, e essa pare-                                                                                                    concessões são expressivos e uma reali-
desempenhos diferentes.                     ce se situar entre as maiores preocupa-        “invasão” de produtos mais baratos chi-     de direcionar suas baterias para cá,          dade, a inevitável pressão de entrada de
  Será que uma lei desse tipo vai           ções da presidente da República.               neses e do “tsunami cambial”, expres-       quando a opção lá fora é uma taxa de          poupança externa para financiá-los im-
mesmo proteger as mulheres ou vai             Cabe, contudo, entender que, sem au-         são cunhada para a forte entrada de ca-     rendimento aproximadamente igual a            plicará encolhimento dos demais seto-
promover o nivelamento por baixo            mentar a produtividade — que, na mé-           pitais no Brasil nos últimos tempos, di-    zero? E tome, em consequência, maior          res, especialmente da indústria de
da remuneração de homens e mu-              dia dos setores vem estagnada há muito         ante da crise mundial. Poucos sabem,        custo de “carregamento das reservas”          transformação, que é o primo pobre
lheres?                                     tempo —, o Brasil só cresce mais se in-        mas a poupança externa só ingressa efe-     — ou seja, o custo de financiar sua com-      nessa briga. Sem se mexer na poupança
  Diferenciar salários não é discri-        vestir mais em relação ao PIB, ou seja,        tivamente no país se houver um déficit      pra —, que pressiona a dívida pública e       pública, só virá alívio se as concessões
minar. Os salários são diferencia-          aumentar, frente ao PIB, uma (ou mais)         externo — a outra face da mesma moe-        faz o governo arrecadar mais e mais,          tiverem boa qualidade e, assim, aumen-
dos segundo um conjunto muito               das três fontes de poupança: a pública, a      da — de idêntico valor. E isso implica      sob pena de perder o controle. Ao final,      tarem a produtividade dos usuários, es-
grande de atributos individuais dos         privada interna e a externa.                   maiores importações líquidas de produ-      é o contribuinte que, sem saber direito,      pecialmente a indústria. Além disso, a
empregados como é o caso, por                 A poupança privada interna é difícil         tos industrializados.                       encara a conta absurda.                       indústria deveria brigar junto ao gover-
exemplo:                                    de aumentar a curto prazo. O país gosta           Enquanto isso, embora consiga ape-         Isso a indústria precisa entender. En-      no não só pelo aumento da poupança
  (a) da experiência que o funcioná-        de consumir e o governo incentiva isso         nas apenas suavizar o processo de apre-     quanto o governo luta para conter o           pública, como pela busca de maior pro-
rio acumulou na profissão, no car-          por vários canais. Na pública, o governo       ciação cambial, o Banco Central adquire     “tsunami” com um dique frágil, a conta        dutividade via reformas microeconômi-
go e na empresa;                            não quer nem ouvir falar em tocar... Isso      toneladas de dólares financiando-as co-     existe e vai para o contribuinte. Uma ho-     cas, onde se destacam as que flexibili-
  (b) do conhecimento da sua pro-           seria abandonar o velho modelo de              locando títulos que pagam a ainda estra-    ra essa conta fica inviável, e, convenha-     zam o mercado de trabalho, reduzem a
fissão e das demais profissões com          crescimento dos gastos correntes, que          tosférica — em termos mundiais — taxa       mos, não há o que o Brasil possa fazer        burocracia, simplificam o sistema tribu-
as quais se relaciona;                      tem propiciado a viabilização de objeti-       de juros Selic, mesmo após ser ajustada     para impedir a invasão chinesa, nem a         tário e o que não mais. É só retomar o es-
  (c) do seu desempenho pessoal e           vos de alto valor político-eleitoral. E con-   para 9,75% a.a. Com taxas por aqui nes-     inundação de moeda estrangeira, a não         forço de reforma concebido e iniciado
da sua produtividade;                       tra o aumento da poupança externa              ses níveis, como evitar que os gestores     ser as declarações de praxe.                  pela dupla Palocci/Marcos Lisboa.
  (d) de assiduidade, pontualidade,         existe o lobby pesado da indústria de          financeiros no exterior, inundados de li-     A China vem implementando um mo-
zelo, relacionamento com colegas,           transformação, que quer se defender da         quidez à busca de rendimento, deixem        delo econômico em que ela só depende          RAUL VELLOSO é economista.
fregueses e clientes;
  (e) de sua formação geral, cursos


                                            A vez do investimento
feitos, domínio de língua, habilida-
des especiais;
  (f) da sua capacidade de liderar
pessoas e bem se entrosar com as
equipes de trabalho;                        ALBANO FRANCO                                  fato, a subida do Brasil para o 6, lugar    volvimento sustentável exibindo altas         todas as condições de pontificar na li-
  (g) de curiosidade, exposição a                                                          não se deveu apenas a méritos próprios,     taxas de crescimento. Em curto prazo,         nha de frente das quatro maiores eco-



                                            A
leituras, vontade de estudar conti-                recente ultrapassagem do PIB in-        a partir de taxas de crescimento eleva-     urge redirecionar o modelo de cresci-         nomias do mundo. Para tanto, seria
nuamente e inúmeros outros fato-                    glês guindou a economia brasilei-      das, como a China, que em duas déca-        mento, baseado na expansão do consu-          imprescindível elevar a taxa de inves-
res.                                                ra para o 6, lugar no ranking mun-     das se transformou na segunda econo-        mo, que já dá nítidos sinais de esgota-       timento, atualmente na pálida percen-
  A lista é infindável. E a lei atual diz           dial, fato que repercutiu interna-     mia do globo, mas, no baixo crescimen-      mento em face do elevado endividamen-         tagem de 20% do PIB.
que os salários devem ser iguais pa-        cionalmente. Sem dúvida, uma conquis-          to da ultrapassada Inglaterra, pois, en-    to das famílias, cuja inadimplência de          Nesse sentido, alguns sinais positivos
ra trabalhos de igual valor.                ta importante, digna de comemoração.           quanto a economia brasileira, no perío-     2010 a 2011 aumentou 21,5%; e, também,        foram dados pela presidente e também
  Com todo respeito, nobre deputa-          Convém relembrar, que nos anos do              do 2007-2011, cresceu 23%, o PIB inglês     pela rigidez da oferta de uma economia        economista Dilma Rousseff ao decidir
do. Vejo no seu projeto de lei uma          “milagre”, chegamos a alcançar a 8+ po-        cresceu apenas 5%.                          bem próxima do pleno emprego e com            cortar gastos, especialmente de custeio,
tentativa de acabar com o sistema           sição, um feito também significativo pa-         O desafio agora é manter esta posição     inflação em alta, tendo, em 2011, atingi-     no montante de R$ 55 bilhões este ano e
de mérito. Isso é muito perigoso. O         ra uma época de grandes avanços na             e mesmo ultrapassar a França e a Ale-       do 6,5%, o topo da meta estabelecida pe-      destinar mais recursos para obras de in-
comunismo ruiu por vários moti-             economia mundial, subitamente freada           manha nos próximos anos. Para tanto,        lo Banco Central.                             fraestrutura e também prosseguir com
vos, mas o combate ao mérito foi            pelos dois choques do petróleo e pela          potencial de crescimento da produção e        Essas informações indicam que para          a política de redução da taxa básica de
um dos principais. Quando se com-           crise da dívida externa com a forte ele-       mercado interno não nos faltam. Faltam-     crescer 5% ao ano, sem pressões inflaci-      juros, desonerar a importação de má-
bate o mérito, aniquila-se a criativi-      vação dos juros. Despencamos, então,           nos infraestrutura e reformas microeco-     onárias, o Brasil vai ter que elevar as im-   quinas e equipamentos e retomar as pri-
dade, o esforço próprio, o progres-         para a 12+ ou 13+ posição.                     nômicas necessárias ao aumento da           portações de bens de consumo, o que           vatizações com a realização dos leilões
so individual e o crescimento de              Hoje, o mundo desenvolvido, especi-          poupança interna, da produtividade e,       irá intensificar ainda mais o processo de     dos aeroportos de Brasília-DF, Guaru-
uma sociedade livre. Tenho certeza          almente a Europa (Zona do Euro), atra-         consequentemente, da competitividade        desindustrialização e aumentar o déficit      lhos-SP e Viracopos-SP. Que outras me-
que não foi essa a intenção de Vos-         vessa forte crise de endividamento de          da economia brasileira; e, naturalmente,    da balança comercial. Seria uma forma         didas como estas venham a ser adota-
sa Excelência: mas, ao tentar prote-        governos, bancos e famílias, que não se        uma educação de qualidade. As nossas        insensata de crescimento e sem nenhu-         das como a total desoneração dos in-
ger as mulheres, o seu projeto des-         resolverá apenas com o aumento da li-          carências são de geração e distribuição     ma sustentabilidade. Por outro lado, se-      vestimentos. E, finalmente, com as mu-
protege a todos e a própria demo-           quidez a exemplo do que ocorreu com a          de energia, rodovias, saneamento bási-      ria uma imprudência crescer com afrou-        danças ministeriais e a casa arrumada, a
cracia. Essa proposta é descabida e         crise da                                       co, portos e aeroportos. Somem-se a is-     xamento fiscal e monetário, já que o re-      presidente Dilma poderia avançar, reto-
inoportuna.                                   subprime, em 2008, nos Estados Uni-          to as relações de trabalho ultrapassa-      sultado seria mais inflação.                  mando as reformas microeconômicas,
                                            dos. Esta levará tempo, pois, como afir-       das, sistemas previdenciários deficitári-     Resta, pois, priorizar o investimen-        tão necessárias à modernização da eco-
JOSÉ PASTORE é professor da FEA-USP,        mou a chairman do FMI, Christine Lagar-        os, carga tributária exorbitante, setor     to, na perspectiva de a economia bra-         nomia brasileira.
presidente do Conselho de Emprego e         de, “não há uma só economia no mundo           público ineficiente; além de outras co-     sileira crescer com maior robustez, de
Relações do Trabalho da Fecomercio/SP.      que esteja imune à crise, que inclusive        nhecidas deficiências no campo políti-      maneira prolongada e sustentável nos          ALBANO FRANCO FOi deputado federal,
                                            está se intensificando”. Parece não ha-        co-institucional.                           anos vindouros. Sem dívida externa a          senador, governador de Sergipe e
     O GLOBO NA INTERNET                    ver dúvidas de que um novo tempo de              Enfim, há uma extensa agenda a ser        ser resgatada e com confortável lastro        presidente da Confederação Nacional
     OPINIÃO Leia mais artigos              baixo crescimento mundial ou mesmo             cumprida nos anos vindouros a fim de        de reservas, o país hoje, diferente-          da Indústria e integra o Conselho Superior
    oglobo.com.br/opinião                   recessão à vista está em andamento. De         que trilhemos os caminhos do desen-         mente dos anos pós “milagre”, enfeixa         de Economia da Fiesp.

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Opinião 12 mar 2

  • 1. Product: OGlobo PubDate: 12-03-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_G User: Schinaid Time: 03-11-2012 20:33 Color: K h Segunda-feira, 12 de março de 2012 OPINIÃO • 7 O GLOBO Salários: PAULO GUEDES interferência indevida A China e nós A percepção é a mesma nos dois la- primários e pelas altas de preços agríco- também que devem continuar em alta os JOSÉ PASTORE dos do Atlântico. Os países avan- las na esteira do avanço chinês? níveis absolutos dos preços da comida e N çados se excederam, e agora o É simples descartar os piores receios dos produtos primários, e não apenas o Brasil, nem o passado é previsível. Essa frase, tan- conserto vai levar alguns anos. quanto aos efeitos desfavoráveis da de- seus preços em relação aos salários. A tas vezes repetidas, seria Os países emergentes são as novas fron- saceleração econômica chinesa. Foi a atuação particularmente pirotécnica do apenas engraçada se não teiras de crescimento da economia fosse verdadeira. Isso é o que se vê entrada dos eurasianos nos mercados Federal Reserve, o banco central ameri- no projeto de lei 6.393/2009 que o mundial. Assim, permanece enorme o globais que empurrou para cima os pre- cano, ao desvalorizar continuamente Congresso Nacional está examinan- interesse pelo Brasil, como pude cons- ços relativos da energia e da comida. A sua moeda, contribui para a aceleração do. Se transformado em lei, as em- tatar em rápido giro pelo exterior neste taxa de crescimento dos chineses afeta da alta de preços expressos em dólar. presas serão multadas retroativa- início de 2012. mente toda vez que uma mulher ga- apenas o ritmo dessa entrada, calibran- Ainda que caíssem esses preços com a nhar menos do que um homem. A Uma pergunta que me fora feita com in- do sua migração interna de uma econo- desaceleração chinesa, subiria nosso multa será de cinco vezes a diferen- sistência em Londres, Zurique e Genebra mia de subsistência rumo aos grandes câmbio flexível, aumentando as exporta- ça verificada em todo o período de foi também a mais frequente em Nova centros urbanos. Mesmo que se abran- ções e reduzindo as importações de mó- contratação. York, Boston, Chicago, São Francisco e O efeito retroativo é apenas um de o ritmo de aumento das compras, a veis, calçados, têxteis, automóveis, dos absurdos que habitam aquele Los Angeles: “A desaceleração econômi- demanda por comida continuará em al- agroindústria — e freando a desindustri- projeto de lei. Outro é o direciona- ca da China pode derrubar a dinâmica do ta. Por uma aplicação da Lei de Walras, alização em curso. mento da multa à empregada preju- crescimento brasileiro?” Ou seja, em que dicada. Eu sempre soube que as as condições de equilíbrio geral nesta Foi mais fácil desmontar a sinodepen- multas são sempre recolhidas aos medida a economia brasileira tem uma economia globalizada indicam preços dência do que falar das reformas de mo- cofres do governo. dinâmica própria de crescimento, com de energia e de alimentação subindo em dernização, que, assegurando aumentos Por aí se vê as confusões que uma base em seu mercado interno de consu- relação aos salários por muitos anos. de produtividade, sustentariam a dinâ- lei mal feita pode acarretar. Ade- mo de massas? Ou teria sido apenas “re- mais, quem vai determinar a aludi- Ademais, as políticas de reflação dos mica de crescimento baseada no merca- da diferença de salários e o valor da bocada” pelas exportações de produtos bancos centrais avançados indicam do interno. multa? Serão os auditores do traba- lho ou os juízes? Com base em quê? Concessões de qualidade É mais um complicador. E os homens? O que dirão dessa medida? O que podem eles fazer se o seu salário for mais baixo do que o de uma mulher? Essa lei dá ampa- Alvim ro para uma reclamatória trabalhis- RAUL VELLOSO dos outros países quando parece dizer: ta por parte dos homens ou vale compre esse produto a um preço mais D apenas para as mulheres? Será que iante da desaceleração do cres- baixo do que os demais estão oferecen- isso é democrático? É justiça soci- cimento do PIB que acaba de do. Quem não quer isso? Para produzi- al? ser anunciada, o governo pare- los, ela financia o investimento necessá- Entrando no mérito, o autor do ce ter finalmente entendido rio com poupança exclusivamente sua. projeto de lei, deputado Marçal Fi- que, sem atacar as carências e gargalos Ou seja, quem tem poupança, vai longe. lho (PMDB/MS), passou por cima da infraestrutura de transportes fora do Os chineses dizem que o Brasil chora à de princípios sagrados da adminis- seu minguado orçamento, será impossí- toa, pois tem um setor de commodities tração dos recursos humanos — vel a economia brasileira crescer a taxas que vende cada vez mais lá fora a preços que são o reconhecimento e a valo- mais elevadas. Só que, aqui, a chave é fa- também mais altos, das quais ela é a rização do mérito dos funcionários. zer concessões de boa qualidade. Por is- maior compradora. Em economia, uns Isso é fundamental para estimular so, é preocupante que, na rodada que perdem e outros ganham. É sempre as- os empregados e para gratificá-los acaba de ser concluída, as escolhas te- sim. O difícil é fazer os que ganham com- à altura. nham sido tão criticadas na mídia. Sem pensarem os que perdem. Paralelamen- No projeto de lei há não apenas o concessões eficientes, não se aumenta a te, sendo senhores do poder de emitir desprezo, mas um combate frontal produtividade da economia, especial- suas moedas, americanos e europeus ao mérito. Levado às ultimas conse- mente da indústria. não hesitarão em despejar liquidez no quências, isso faria as empresas pa- O governo quer que a economia cres- mundo para suavizar a difícil transição garem todos os seus funcionários ça a 5 ou 5,5% ao ano. O próprio Banco dos respectivos países para a normali- pelo piso salarial da categoria. Sim, Central parece ter mudado sua função- dade. Até porque eles podem alegar que porque nenhuma delas iria correr o objetivo que, agora, conteria outros ob- o Brasil perderia muito com o acirra- risco de ser pesadamente punida jetivos além das metas de inflação. O fa- mento da crise europeia. por praticar salários diferenciados to é que há uma onda pró-maior-cresci- Como os novos investimentos em entre empregados que apresentam mento-econômico no país, e essa pare- concessões são expressivos e uma reali- desempenhos diferentes. ce se situar entre as maiores preocupa- “invasão” de produtos mais baratos chi- de direcionar suas baterias para cá, dade, a inevitável pressão de entrada de Será que uma lei desse tipo vai ções da presidente da República. neses e do “tsunami cambial”, expres- quando a opção lá fora é uma taxa de poupança externa para financiá-los im- mesmo proteger as mulheres ou vai Cabe, contudo, entender que, sem au- são cunhada para a forte entrada de ca- rendimento aproximadamente igual a plicará encolhimento dos demais seto- promover o nivelamento por baixo mentar a produtividade — que, na mé- pitais no Brasil nos últimos tempos, di- zero? E tome, em consequência, maior res, especialmente da indústria de da remuneração de homens e mu- dia dos setores vem estagnada há muito ante da crise mundial. Poucos sabem, custo de “carregamento das reservas” transformação, que é o primo pobre lheres? tempo —, o Brasil só cresce mais se in- mas a poupança externa só ingressa efe- — ou seja, o custo de financiar sua com- nessa briga. Sem se mexer na poupança Diferenciar salários não é discri- vestir mais em relação ao PIB, ou seja, tivamente no país se houver um déficit pra —, que pressiona a dívida pública e pública, só virá alívio se as concessões minar. Os salários são diferencia- aumentar, frente ao PIB, uma (ou mais) externo — a outra face da mesma moe- faz o governo arrecadar mais e mais, tiverem boa qualidade e, assim, aumen- dos segundo um conjunto muito das três fontes de poupança: a pública, a da — de idêntico valor. E isso implica sob pena de perder o controle. Ao final, tarem a produtividade dos usuários, es- grande de atributos individuais dos privada interna e a externa. maiores importações líquidas de produ- é o contribuinte que, sem saber direito, pecialmente a indústria. Além disso, a empregados como é o caso, por A poupança privada interna é difícil tos industrializados. encara a conta absurda. indústria deveria brigar junto ao gover- exemplo: de aumentar a curto prazo. O país gosta Enquanto isso, embora consiga ape- Isso a indústria precisa entender. En- no não só pelo aumento da poupança (a) da experiência que o funcioná- de consumir e o governo incentiva isso nas apenas suavizar o processo de apre- quanto o governo luta para conter o pública, como pela busca de maior pro- rio acumulou na profissão, no car- por vários canais. Na pública, o governo ciação cambial, o Banco Central adquire “tsunami” com um dique frágil, a conta dutividade via reformas microeconômi- go e na empresa; não quer nem ouvir falar em tocar... Isso toneladas de dólares financiando-as co- existe e vai para o contribuinte. Uma ho- cas, onde se destacam as que flexibili- (b) do conhecimento da sua pro- seria abandonar o velho modelo de locando títulos que pagam a ainda estra- ra essa conta fica inviável, e, convenha- zam o mercado de trabalho, reduzem a fissão e das demais profissões com crescimento dos gastos correntes, que tosférica — em termos mundiais — taxa mos, não há o que o Brasil possa fazer burocracia, simplificam o sistema tribu- as quais se relaciona; tem propiciado a viabilização de objeti- de juros Selic, mesmo após ser ajustada para impedir a invasão chinesa, nem a tário e o que não mais. É só retomar o es- (c) do seu desempenho pessoal e vos de alto valor político-eleitoral. E con- para 9,75% a.a. Com taxas por aqui nes- inundação de moeda estrangeira, a não forço de reforma concebido e iniciado da sua produtividade; tra o aumento da poupança externa ses níveis, como evitar que os gestores ser as declarações de praxe. pela dupla Palocci/Marcos Lisboa. (d) de assiduidade, pontualidade, existe o lobby pesado da indústria de financeiros no exterior, inundados de li- A China vem implementando um mo- zelo, relacionamento com colegas, transformação, que quer se defender da quidez à busca de rendimento, deixem delo econômico em que ela só depende RAUL VELLOSO é economista. fregueses e clientes; (e) de sua formação geral, cursos A vez do investimento feitos, domínio de língua, habilida- des especiais; (f) da sua capacidade de liderar pessoas e bem se entrosar com as equipes de trabalho; ALBANO FRANCO fato, a subida do Brasil para o 6, lugar volvimento sustentável exibindo altas todas as condições de pontificar na li- (g) de curiosidade, exposição a não se deveu apenas a méritos próprios, taxas de crescimento. Em curto prazo, nha de frente das quatro maiores eco- A leituras, vontade de estudar conti- recente ultrapassagem do PIB in- a partir de taxas de crescimento eleva- urge redirecionar o modelo de cresci- nomias do mundo. Para tanto, seria nuamente e inúmeros outros fato- glês guindou a economia brasilei- das, como a China, que em duas déca- mento, baseado na expansão do consu- imprescindível elevar a taxa de inves- res. ra para o 6, lugar no ranking mun- das se transformou na segunda econo- mo, que já dá nítidos sinais de esgota- timento, atualmente na pálida percen- A lista é infindável. E a lei atual diz dial, fato que repercutiu interna- mia do globo, mas, no baixo crescimen- mento em face do elevado endividamen- tagem de 20% do PIB. que os salários devem ser iguais pa- cionalmente. Sem dúvida, uma conquis- to da ultrapassada Inglaterra, pois, en- to das famílias, cuja inadimplência de Nesse sentido, alguns sinais positivos ra trabalhos de igual valor. ta importante, digna de comemoração. quanto a economia brasileira, no perío- 2010 a 2011 aumentou 21,5%; e, também, foram dados pela presidente e também Com todo respeito, nobre deputa- Convém relembrar, que nos anos do do 2007-2011, cresceu 23%, o PIB inglês pela rigidez da oferta de uma economia economista Dilma Rousseff ao decidir do. Vejo no seu projeto de lei uma “milagre”, chegamos a alcançar a 8+ po- cresceu apenas 5%. bem próxima do pleno emprego e com cortar gastos, especialmente de custeio, tentativa de acabar com o sistema sição, um feito também significativo pa- O desafio agora é manter esta posição inflação em alta, tendo, em 2011, atingi- no montante de R$ 55 bilhões este ano e de mérito. Isso é muito perigoso. O ra uma época de grandes avanços na e mesmo ultrapassar a França e a Ale- do 6,5%, o topo da meta estabelecida pe- destinar mais recursos para obras de in- comunismo ruiu por vários moti- economia mundial, subitamente freada manha nos próximos anos. Para tanto, lo Banco Central. fraestrutura e também prosseguir com vos, mas o combate ao mérito foi pelos dois choques do petróleo e pela potencial de crescimento da produção e Essas informações indicam que para a política de redução da taxa básica de um dos principais. Quando se com- crise da dívida externa com a forte ele- mercado interno não nos faltam. Faltam- crescer 5% ao ano, sem pressões inflaci- juros, desonerar a importação de má- bate o mérito, aniquila-se a criativi- vação dos juros. Despencamos, então, nos infraestrutura e reformas microeco- onárias, o Brasil vai ter que elevar as im- quinas e equipamentos e retomar as pri- dade, o esforço próprio, o progres- para a 12+ ou 13+ posição. nômicas necessárias ao aumento da portações de bens de consumo, o que vatizações com a realização dos leilões so individual e o crescimento de Hoje, o mundo desenvolvido, especi- poupança interna, da produtividade e, irá intensificar ainda mais o processo de dos aeroportos de Brasília-DF, Guaru- uma sociedade livre. Tenho certeza almente a Europa (Zona do Euro), atra- consequentemente, da competitividade desindustrialização e aumentar o déficit lhos-SP e Viracopos-SP. Que outras me- que não foi essa a intenção de Vos- vessa forte crise de endividamento de da economia brasileira; e, naturalmente, da balança comercial. Seria uma forma didas como estas venham a ser adota- sa Excelência: mas, ao tentar prote- governos, bancos e famílias, que não se uma educação de qualidade. As nossas insensata de crescimento e sem nenhu- das como a total desoneração dos in- ger as mulheres, o seu projeto des- resolverá apenas com o aumento da li- carências são de geração e distribuição ma sustentabilidade. Por outro lado, se- vestimentos. E, finalmente, com as mu- protege a todos e a própria demo- quidez a exemplo do que ocorreu com a de energia, rodovias, saneamento bási- ria uma imprudência crescer com afrou- danças ministeriais e a casa arrumada, a cracia. Essa proposta é descabida e crise da co, portos e aeroportos. Somem-se a is- xamento fiscal e monetário, já que o re- presidente Dilma poderia avançar, reto- inoportuna. subprime, em 2008, nos Estados Uni- to as relações de trabalho ultrapassa- sultado seria mais inflação. mando as reformas microeconômicas, dos. Esta levará tempo, pois, como afir- das, sistemas previdenciários deficitári- Resta, pois, priorizar o investimen- tão necessárias à modernização da eco- JOSÉ PASTORE é professor da FEA-USP, mou a chairman do FMI, Christine Lagar- os, carga tributária exorbitante, setor to, na perspectiva de a economia bra- nomia brasileira. presidente do Conselho de Emprego e de, “não há uma só economia no mundo público ineficiente; além de outras co- sileira crescer com maior robustez, de Relações do Trabalho da Fecomercio/SP. que esteja imune à crise, que inclusive nhecidas deficiências no campo políti- maneira prolongada e sustentável nos ALBANO FRANCO FOi deputado federal, está se intensificando”. Parece não ha- co-institucional. anos vindouros. Sem dívida externa a senador, governador de Sergipe e O GLOBO NA INTERNET ver dúvidas de que um novo tempo de Enfim, há uma extensa agenda a ser ser resgatada e com confortável lastro presidente da Confederação Nacional OPINIÃO Leia mais artigos baixo crescimento mundial ou mesmo cumprida nos anos vindouros a fim de de reservas, o país hoje, diferente- da Indústria e integra o Conselho Superior oglobo.com.br/opinião recessão à vista está em andamento. De que trilhemos os caminhos do desen- mente dos anos pós “milagre”, enfeixa de Economia da Fiesp.