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36• REVISTA O GLOBO• 4 DE MARÇO DE 2012
convidado
Colunista
Thogun Teixeira*
Divulgação
Essa tal felicidade
‘‘
Engraçado ver o quanto é possível evoluir a trânsito para. Mas tem graça viver sem sentir?
partir dos obstáculos que aparecem na vida. E Viver sem rir? Viver sem gargalhar de si mesmo?
acredito que esse hábito tem que vir de berço, Tem sentido ficar chateado durante o dia todo
respeitando a sabedoria popular. Determinar e por causa de uma discussão no trabalho? Tem
lutar pela vida tem que ser uma vontade pri- graça não olhar com verdade para você, pelo
mordial e absoluta. E querer tem que ser poder, menos uma vez por dia? Viver cada momento
decidido pelo não abandono de si mesmo. deve e pode ser melhorado. Desaprendemos a
Interessante ver a força de uma mãe, por esperar o melhor do outro e esquecemos de
exemplo, quando tenta defender a sua cria como esperar o melhor de nós.
Viver cada uma leoa. Eu, com 2 anos, fui acometido pela
meningite. Eunicéa Felippe dos Santos Teixeira
Passamos por muitas coisas boas e vitórias,
mas também estamos cercados de obstáculos,
momento deve e (sergipana e minha mãe) teve que correr de
camisola e penhoar para o hospital no centro do
problemas e desilusões. Natural. Muda o século,
o tempo, o lenço e o documento, mesmo assim,
Rio, ajudada somente pelo vizinho e padrinho homens e mulheres são cheios de imperfeições e
pode ser Eliphas. Enquanto isso, meu pai, Sergio Teixeira a natureza tem a sua própria personalidade, que
(mais conhecido como Sergio Moreno), e meus nem sempre é a que a gente deseja.
‘‘
melhorado.
Desaprendemos
a esperar o
melhor do outro
e esquecemos
de esperar o
melhor de nós
tios, Tito e Jorge Moreno, disputavam naquele
momento com seu grupo de samba, “Os Ca-
buletes”, na Império Serrano.
Foi a partir desse cenário que se desenvolveu
minha vida: minha mãe, determinada e cons-
trutiva, que me estruturava e me impulsionava; e
a criatividade e o jogo de cintura de meu pai, que
me preenche até hoje. Cada um a seu jeito,
influenciaram e estimularam, de dentro para
fora, a minha revolução humana.
Nascido de 8 meses, recém-chegado da ma-
ternidade, já virava de bruços, para espanto de
todos. Já havia um movimento interno que
acontecia e fazia parte da minha personalidade.
Uma inquietação constante.
O barato da vida é olhar para trás, permitindo
Este ano, do Dragão e de Iemanjá, será
importante para nos transformar. Os budistas,
assim como eu, acreditam que seja o ano no
qual não cabe o pessimismo e que será perfeito
para se levantar e decidir avançar pela única e
melhor decisão: ser feliz. Que saibamos trans-
formar tudo em boa experiência e que con-
sigamos perdoar o desconhecido sem pre-
conceitos. Não culpe fulano ou beltrano por ter
acabado com seu dia. Nós também já de-
cepcionamos alguém. Pessoas passam pela
nossa vida. Poucas ficam. E é importantíssimo
escolher estas poucas. É como o grande com-
panheiro de cena, Jece Valadão, me disse: “Na
vida ou em cena, detalhe é tudo.” Cuidemos de
nossos desejos. Fatalmente podem se tornar
viver cada momento como se a receita da realidade. Que permitamos olhar tudo com
felicidade fosse a sua decisão aqui e agora. A vida generosidade, benevolência e diferença. Que
é mutável e prega muitas peças. E lógico que, por possamos melhorar, entender o outro e cres-
muitas vezes, o pneu fura, chove demais ou o cer sem medo das sombras.
*ThogunTeixeiraérappereator