2. Sexualidade e Sexo
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Sexualidade: Modo como o ser humano
responde a estímulos eróticos e obtém prazer
por meio de atividade sexual
Sexo: Conjunto de caracteres estruturais e
funcionais segundo os quais um ser vivo se
classifica como macho ou fêmea e desempenha
papel específico de uma dessas condições na
reprodução da espécie
3. Perturbações sexuais
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Qualquer distúrbio ou dor associada ao ato
sexual pode caraterizar uma disfunção sexual
Segundo o DSM-IV-TR as disfunções sexuais
podem ocorrer desde o início da vida sexual do
indivíduo (disfunção primária) ou depois de um
evento como o tratamento de um cancro
(disfunção secundária)
4. Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Perturbações
sexuais
femininas
Tipos de Perturbações Critérios diagnósticos
(Critério A)
Perturbação do desejo
sexual
Desejo sexual hipoacivo Ausência de fantasias
sexuais e desejo de
atividade sexuais
Aversão Sexual Aversão e evitamento ativo
do contato sexual
Perturbação da excitação
sexual
Excitação sexual na mulher Incapacidade para atingir
ou manter até completar a
atividade sexual
Perturbação do orgasmo Orgasmo na mulher Atraso ou ausência de
orgasmo
a seguir a uma fase de
excitação sexual normal
Perturbação de dor
sexual
Dispareunia Dor associada à atividade
sexual
Vaginismo Espasmo involuntário da
5. Ana Rita Mesquita Junho - 2012
Perturbações
sexuais
Masculinas
Tipos de Perturbações Critérios diagnósticos
(Critério A)
Perturbação do desejo
sexual
Desejo sexual hipoactivo Ausência de fantasias
sexuais e desejo de
atividade sexuais
Aversão Sexual Aversão e evitamento
ativo do contato sexual
Perturbação da excitação
sexual
Disfunção eréctil Incapacidade persistente
ou recorrente para atingir
ou manter uma adequada
ereção
Perturbação do orgasmo Orgasmo no homem Atraso ou ausência de
orgasmo
a seguir a uma fase de
excitação sexual normal
7. Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A sexualidade e a intimidade são
essenciais ao bem-estar e à
qualidade de vida (Organização
Mundial de Saúde)
8. Sexualidade em oncologia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
O diagnóstico de cancro e os seus diferentes
tratamentos afetam:
o bem-estar psicológico
a qualidade de vida do paciente, da família e
principalmente do parceiro(a)
9. Sexualidade em oncologia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Cancro
Fatores físicos psíquicos
sociais
resultam em prejuízos significativos à
função sexual, ao estado emocional e ao
relacionamento do casal
10. Sexualidade em oncologia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Fatores físicos (alterações anatômicas):
amputação
colorretal, peniana, testicular, mamária, estenos
e vaginal
Alterações fisiológicas: desequilíbrio
hormonal, incontinência urinária ou
fecal, alteração do peso, fistulas, estomas
Efeitos dos tratamentos:
náuseas, vómitos, diarreia, fadiga e alopecia)
podem impedir o funcionamento sexual ativo
mesmo quando existe desejo
11. Ciclo de resposta sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Modelo tradicional: 4 Fases
1. Excitação
2. Platô
3. Orgasmo
4. Resolução
Este modelo preconizava que o estímulo sexual
(fantasias ou sensações) promoveria a
excitação por ereção (no homem) e
vasocongestão vulvovaginal (na mulher)
12. Ciclo de resposta sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Modelo tradicional: 4 Fases
Se o estímulo fosse mantido, o indivíduo seria
conduzido à fase de platô e, na sequência ao
orgasmo acompanhado de ejaculação, no
homem
Sucederia um período refratário (fase de
resolução), quando o organismo retornaria às
condições anteriores ao início do estímulo
sexual
13. Ciclo de resposta sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Numa revisão crítica desse modelo, Kaplan
valorizou o desejo por sexo como “gatilho” para
o início do ciclo de resposta sexual,
antecedendo a fase de excitação
A fase de platô não se justificaria, dado que se
a excitação fosse mantida progressivamente,
culminaria no orgasmo
14. Ciclo de resposta sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A Associação Psiquiátrica Americana define o ciclo de
resposta sexual como um esquema constituído por 4
fases lineares, indistintas entre homens e mulheres, o
qual é admitido até hoje:
1. desejo (inclui as fantasias sexuais e o interesse na
atividade sexual)
2. excitação (caracteriza-se pelo prazer e pelas
mudanças fisiológicas associadas)
3. orgasmo (o clímax do prazer)
4. resolução (sensação de bem-estar
geral, relaxamento e retorno às condições
fisiológicas anteriores ao início da atividade sexual)
15. Ciclo de resposta sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Alterações ou bloqueios em uma ou mais das
fases do ciclo de resposta sexual podem
desencadear as disfunções sexuais
Definidas como a incapacidade do indivíduo de
realizar o ato sexual de forma satisfatória, para
si, sua(seu) parceira(o) ou para ambos
Para tal situação, concorrem elementos de
ordem somática e/ou psíquica, caracterizando
diferentes causas da disfunção sexual
16. Impacto do cancro e dos
tratamentos na função sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A resposta sexual pode ser afetada por vários
fatores:
presença de doenças crónicas debilitantes ou
incapacitantes
medicamentos que inibem a libido
alterações fisiológicas
cirurgias
sintomatologia negativa
17. Impacto do cancro e dos
tratamentos na função sexual
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
No paciente oncológico existem 3 aspetos da
sexualidade que estão comprometidos:
1. Imagem corporal
2. Habilidade reprodutiva
3. Funcionamento sexual
18. Quimioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Durante este tratamento surgem diversos
efeitos secundários:
vômitos
fadiga
alopecia
mucosite
Estes efeitos variam em intensidade e duração
19. Quimioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Este tratamento afeta a função gonadal
(homens e mulheres) e leva à inibição do
desejo e da excitação, anorgasmia, perda da
sensação de bem-estar e de reação a estímulos
prazerosos
20. Quimioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Na mulher:
falência da função ovariana que pode levar à
menopausa prematura
diminuição da lubrificação
atrofia vaginal
dispareunia
21. Quimioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
No homem:
atrofia testicular
infertilidade
disfunção eréctil, devido a alterações hormonais
e neuropatia autonômica
22. Radioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Efeitos adversos comuns em homens e
mulheres:
fadiga
diarreia
náusea
vómitos
danos na pele
Estes exercem impacto negativo sobre a
autoimagem, a libido e o funcionamento sexual
23. Radioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Na mulher: danos vasculares ou nervosos
dificultam
a lubrificação
a excitação
o orgasmo
causam dispareunia
24. Radioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
No homem: a irradiação pélvica pode causar
ejaculação precoce
a excitação
o orgasmo
causam dispareunia
25. Cirurgia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
As cirurgias causam frequentemente prejuízo à
inervação e ao suprimento vascular dos órgãos
pélvicos, o que afeta a resposta fisiológica ao
estímulo sexual, tanto em homens quanto em
mulheres
26. Cirurgia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
No homem:
disfunção erétil
distúrbios ejaculatórios
infertilidade
São complicações sexuais comuns em homens
submetidos às cirurgias colorretal, de
testículo, próstata, pênis e bexiga
27. Cirurgia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Na mulher:
inibição do desejo sexual
falta de lubrificação
dispareunia
São frequentemente acometem mulheres
submetidas à histerectomia, vulvectomia,
mastectomia e ostomia
28. Hormonioterapia
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Na mulher:
problemas musculoesqueléticos
ondas de calor
anorgasmia
dificuldade de excitação (por falta de
lubrificação
vaginal) e consequente dispareunia
31. Psico-oncologia e disfunções sexuais
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
O cancro e os seus tratamentos podem causar
disfunções sexuais posteriores
O cancro da mama, próstata ou genitais pode
afetar a sexualidade de forma direta. Outros
podem afetar a resposta sexual, embora não
tenham interferência no desejo e interesse
Existem outros que podem ter efeitos diretos
sobre a auto-imagem, como o cancro da
cabeça e pescoço
32. Psico-oncologia e disfunções sexuais
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A sexualidade é um aspeto muito importante da
qualidade de vida. Contudo só alguns pacientes
falam espontaneamente sobre esta temática
Os casais perante um diagnóstico de cancro e
ameaça de morte consideram a sexualidade um
aspeto menor
Cabe aos profissionais de saúde abordar
aspetos íntimos da vida dos pacientes, abrir um
espaço em que as preocupações sobre a
sexualidade possam ser legitimadas
33. Psico-oncologia e disfunções sexuais
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Perguntas frequentes sobre a qualidade
das relações íntimas:
De que forma a sua condição atual influencia os
seus sentimentos sobre si enquanto
homem/mulher?
De que forma o momento que está a atravessar
influencia os seus relacionamentos?
De que forma a sua condição atual interfere
com os seu parceiro?
De que a forma a doença afeta ou afetou a sua
vida sexual?
34. Diagnóstico
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
O diagnóstico da disfunção sexual deve
abordar 3 dimensões:
1)fatores preexistentes
2)implicações de cada tipo de cancro
3)reação do (a) paciente e da (o) parceira (o) à
doença
35. Diagnóstico
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
1. fatores preexistentes (função e satisfação
sexual, idade, imagem corporal e bem-estar
geral);
2. implicações de cada tipo de cancro
(risco, grau de comprometimento, incapacidade
e dor, alterações fisiológicas e
estéticas, intensidade da doença e
medicamentos utilizados);
3. reação do(a) paciente e da(o) parceira(o) à
doença (resposta afetiva, coping, impacto da
imagem corporal e alterações na dinâmica do
36. Diagnóstico
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Critério A- disfunção sexual clinicamente
significante que resulte em acentuado
sofrimento ou dificuldade interpessoal
Critério B- evidência que a disfunção sexual é
plenamente explicada pelo efeito direto da
condição médica geral
Critério C – não pode ser melhor explicada por
uma perturbação mental ou perturbações
depressivas
(American Pyschiatric Association, 2002)
37. Protocolo de avaliação
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
O tratamento das disfunções sexuais
oriundas da terapêutica oncológica deve
considerar os itens:
1. Realizar uma entrevista antes do início do
tratamento, investigando sobre a sexualidade
2. Avaliar a existência de disfunção sexual
anterior ao cancro
3. Avaliar o relacionamento do casal antes do
cancro
4. Verificar o momento em que surgiu a
disfunção (ex: lesão cirúrgica)
38. Protocolo de avaliação
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
5. Associar as queixas às questões sexuais: os
pacientes que estão a realizar quimioterapia
podem ter uma diminuição do desejo sexual
e secura vaginal o que requer o uso de
cremes (gel) lubrificantes à base de água
6. A fertilidade pode estar
comprometida, podendo ser necessário
recorrer à criopreservação
39. Protocolo de avaliação
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
7. A alteração da imagem corporal pode
provocar diminuição do desejo sexual devido
à diminuição da auto-estima
8. Observar sintomas secundários associados
às disfunções sexuais como a depressão
9. Encaminhar para profissionais
especializados sempre que o paciente relatar
sofrimento relacionado com as alterações na
sexualidade
41. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A qualidade de vida pode ser melhorada se, no
acompanhamento do(a) paciente com cancro
existir a avaliação da função sexual e, em caso
de disfunção recomendado o seu tratamento
Geralmente os(as) pacientes não expressam as
suas preocupações com a vida sexual,
preferindo que o profissional tome a iniciativa
de perguntar
42. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
As abordagens atuais para avaliação da
disfunção sexual são baseadas em modelos
que combinam aspetos psicológicos e
biológicos
43. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Modelo Cognitivo-Emocional de Nobre e
Pinto-Gouveia (2000, 2002)
Os homens e mulheres sexualmente
disfuncionais, ativam com maior frequência
esquemas cognitivos negativos, quando
confrontados com situações de insucesso
sexual (à semelhança da teoria cognitiva de
Beck).
Proposta de intervenção cognitiva das
disfunções sexuais:
identificação do sistema cognitivo
44. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
A - Identificação do sistema cognitivo
Identificação de pensamentos automáticos
explicar o conceito
explicar que a modificação das emoções negativas e
comportamentos sexuais
disfuncionais, pode passar pela modificação dos
pensamentos automáticos em contexto sexual
identificação e monitorização: diários de pensamentos
(pensamentos, grau de
crença nos mesmos (0 a 100), emoções e sua
intensidade ( 0 a 100); questionário de modos sexuais
45. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Identificação de estruturas cognitivas
nucleares
apresentar a primeira parte de uma proposição
pedindo para o sujeito a completar – “Se falhar a
ereção…”
analisar os temas recorrentes e comuns nos
pensamentos automáticos do cliente
questionar diretamente atitudes e crenças face a
temas sexuais
recorrer a questionários de atitudes e crenças face ao
sexo
46. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
B – Estratégias de intervenção cognitiva
Avaliação das vantagens e desvantagens das crenças
apresentadas pelos indivíduos
Confrontação com a evidência: debate e análise
lógica;
fornecimento de informação e formação específica na
área sexual; teste da realidade; técnica do ponto-
contraponto (role play racional – emotivo): o indivíduo
pode começar por representar o seu papel
habitual, trocando em seguida com o
terapeuta, colocando-se na sua posição
(descentração). Depois transportar para as situações
reais de vida.
47. Intervenção
Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
Apesar de existirem alterações sexuais que não
são ultrapassáveis:
Devemos:
Promover a comunicação no casal
Redefinir o conceito de relação sexual
Identificação de outras zonas erógenas
Promover a intimidade
Reinventar a sua sexualidade
48. Ana Rita Mesquita
Junho - 2012
“Não há nada mais característico na
resposta sexual humana, do que o
facto de ser diferente em quaisquer
dois indivíduos” A.
Kinsey