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A Alma de Todo
Apostolado
Dom Jean-Baptiste Chautard
Alex Angelo Batistela Júnior
Richard Alisson Ferreira
NOSSO ITINERÁRIO...
O AUTOR
PARTE I  DEUS QUER AS OBRAS E A VIDA INTERIOR
PARTE II  UNIÃO DA VIDA ATIVA E DA VIDA INTERIOR
PARTE III  A VIDA ATIVA, PERIGOSA SEM A VIDA INTERIOR, UNIDA A
ESTA ASSEGURA O PROGRESSO NA VIRTUDE
PARTE IV  A VIDA INTERIOR É CONDIÇÃO DA FECUNDIDADE DAS OBRAS
PARTE V  ALGUMAS ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
Dom Jean-Baptiste Chautard
DOM JEAN-BAPTISTE CHAUTARD (Augostinho Chautard)
nasceu em Briançon, na França, em março de 1858.
Ingressou como noviço no mosteiro trapista de
Aiguebelle em 1877, e ordenou-se sacerdote em 1884.
Uma das figuras mais proeminentes da Ordem de Cister,
foi responsável por diversas fundações no século XIX,
além de ter contribuído para a recuperação da Abadia
de Cister, que havia sido tomada na Revolução Francesa.
Sua obra A alma de todo apostolado, escrita em uma
viagem ao Brasil, foi traduzida para inúmeras línguas e
recomendada por muitos bispos e pontífices. Dom
Chautard faleceu durante um capítulo geral no mosteiro
de Sept-Fons em setembro de 1935.
PARTE I – DEUS QUER AS OBRAS
E A VIDA INTERIOR
1. AS OBRAS E, PORTANTO, O ZELO, SÃO DESEJADOS POR DEUS
 Deus, que é infinita bondade, comunica o bem que desfruta (“Passou fazendo o bem” At
10, 38)
 Esta chama do apostolado foi comunicada a Igreja. A Esposa mística de Cristo continua a
obra do apostolado do seu Divino Exemplar.
 É por meio do Homem que o homem deve conhecer a salvação. Por isso quis a Divina
Providência deixar a Eucaristia e colaboradores para distribuir seus benefícios.
 Nascida da cruz, saída do lado traspassado do Salvador, a Igreja perpetua a ação
benéfico-redentora do Homem-Deus.
2. DEUS QUER QUE JESUS SEJAA VIDA DAS OBRAS
 3 domínios:
(i) vegetal/animal
(ii) Racional
(iii) sobrenatural  emanado da vida divina comunicada à humanidade pelo Verbo
Encarnado, que pela Redenção Pascal, torna-se a fonte única dessa vida
sobrenatural.
 Perigo: achar que deixamos algum rastro, próprias forças  “heresia das obras”.
3. QUE É A VIDA INTERIOR?
(i) normal  acessível a todos
(ii)extraordinária  êxtases, visões.
 1ª VERDADE: a vida sobrenatural é vida crística  inaugurada no Batismo,
aperfeiçoada pela Confirmação, conservada e enriquecida pela Eucaristia.
 2ª VERDADE: Jesus comunica-me seu Espírito, principio de atividade superior
 (aversio ad creaturi) regula as inclinações naturais e (conversio ad Deum)
esforço para adquirir o hábito de julgar e a dirigir em tudo à luz do Evangelho.
 3ª VERDADE: ter Jesus por luz, ideal, conselho, apoio, recurso, força, médico,
consolação, alegria, amor.
 4ª VERDADE: a vida interior cresce em proporção com a intensidade do meu
amor a Deus  (i) atos meritórios (virtude, trabalho, sofrimentos), (ii)
sacramentos.
 5ª VERDADE: pecados atuais são elementos de morte.
 6ª VERDADE: tibieza da vontade  reavivar meu temor de Deus e reviver
minha compulsão de amor.
 7ª VERDADE: a vida interior que Jesus exige de mim  meditação, exames
particulares, leitura espiritual, missa, sacramentos.
 8ª VERDADE: solicitude habitual  preservar meus atos é um
trabalho do coração e da vontade.
 9ª VERDADE: Jesus Cristo reina na alma  vontade de Deus e
Christus non sibi placuit (Rm 15, 3) [Cristo não agradou a si próprio]
– ação contra a natureza.
 10ª VERDADE: Jesus oferece-me os meios para regressar.
 11ª VERDADE: Sine me nihil potestis facere (Jo 15, 5).
A vida interior é uma vida predestinada:
(i) ao fim que Deus se propôs ao criar-nos, e
(ii) ao fim que a Encarnação permite que ‘vivamus per eum’
(1Jo 4, 5).
4. A VIDA INTERIOR É DESCONHECIDA
 S. Gregório Magno: “secum vivebat”, S. Bento [‘viva consigo
mesmo’].
 Relegamos para o segundo plano o essencial.
5. A VIDA INTERIOR É OCIOSA?
 A vida de oração é sempre em si. Foi comunicada aos apóstolos no
cenáculo.
 Dom Sebastien Wyart = 3 espécies de trabalho:
a. físico: manufaturas, lavrador, artista...
b. intelectual: sábio, pensador...
c. vida interior: não é uma profissão, mas sim o próprio homem.
 “Quo vidam et ad quid?” Para onde e a quem irei? (Sto. Inácio de
Antioquia).
 Tomás de Aquino: “O homem está colocado entre as coisas deste
mundo e os bens espirituais, nos quais reside a felicidade eterna.
Quanto mais adere a uns, tanto mais se afasta dos outros, e vice-
versa”.
6. A VIDA INTERIOR É EGOÍSTA?
 Com Jesus, a alma ouve a voz dos crimes do mundo até ao céu e atrai sobre
os outros o castigo divino.
 “As mãos erguidas desbaratam mais batalhões do que as mãos que ferem”
Bossuet.
 Uma oração curta, mas fervorosa, contribui muito mais para apressar uma
conversão do que longas discussões. Aquele que ora trata com a Causa
Primeira.
 Obra das Carmelitas, das Trapistas, das Clarissas.
 “Quero trapistas neste vicariato apostólico” Mons. Favier, bispo de Pequim.
 Eclo 10, 2a  “Tal o juiz do povo, tais os seus ministros” = Qualis pastor,
talis paróchia.
7. SALUS ANIMARUM
 S. Gregório: “O zelo das almas é o mais agradável sacrifício
oferecido a Deus”.
 Quereis agradar a Deus, tende piedade de vossa alma.
 Prima sibi cháritas  caridade primeiro consigo mesmo.
 S. Afonso de Ligório: “Eu amo a Jesus Cristo, e por isso abraso-me
em desejos de lhe dar almas, primeiramente a minha”.
 S. Bernardo: “Sede para vós o primeiro e o último”.
PARTE II – União da vida ativa e da vida interior
Em Deus se encontra o princípio e o fim da vida. Toda vida vem Dele
e retorna, têm como Deus como objeto, para Ele. Aliás a Sagrada Escritura
nos certifica que Deus é a própria vida (cf. Jo 14,6). A economia divina se
insere justamente nesta dinâmica, o próprio Deus comunica, vida e nos
chama a fazer parte de sua vida. Podemos nos perguntar, como essa vida
divina se insere na minha vida?
1. PRIORIDADE DA VIDA ATIVA SOBRE A VIDA INTERIOR
O autor ainda ressalta que a chamada
“vida interior” tem certa predominância
sobre a “vida ativa”. Visto que Deus é a
origem de tudo, a “vida” que nos põe em
relação com Deus é a predominante sobre
todos os outros aspectos da existência
humana (cf. Lc, 10, 42). E mostra esse claro
entendimento partindo da experiência
evangélica de Marta e Maria, da qual Maria
faz a primeiro a opção pela “vida interior”
ao estar aos pés do Mestre e sua atitude é
louvada por Jesus após receber a represaria
da irmã que está atarefada com as coisas da
“vida ativa”.
2. AS OBRAS DEVEM TRANSBORDAR DA VIDA INTERIOR
O “apóstolo” deve ser a primeira pessoa a ter experiência de
vida interior e então seu exercício eclesial e ministerial será profícuo.
Aqueles que tem por missão serem dispensadores das graças e dons
de Deus, que são chamados e consagrados a isso, devem primeiro
participar dos benefícios destas graças e isso se dá numa vida interior
verdadeira e constante.
3. A BASE, O FIM E OS MEIOS DE
UMA OBRA DEVEM ESTAR
IMPREGNADOS DE VIDA INTERIOR
Toda “obra” católica deve ter a salvação das
almas como seu objetivo principal. Visto que para o
autor a “obra” que não visa este fim, na igreja, não
tem razão de existir. Fica claro no pensamento do
autor que o “ideal” de toda ação apostólica é Deus,
Ele é o fim e princípio de nossas ações. Deus é o
autor de toda “obra” sendo Ele que inspira a
atividade a conversão é o propósito de Deus. Deus é
quem sustenta e anima os trabalhos, pois sem Ele
todo empreendimento se esvai, é inútil. O apóstolo
deve cravar em sua alma este entendimento a
“obra” de Deus provém e para Deus retorna.
O autor exemplifica que
é muito salutar usar de jogos,
brincadeiras, instrumentos
musicais ou atividades diversas
para atrair os jovens. Isto é
muito bom e válido. Entretanto
só fará sentido os meios se em
vista deles tivermos o fim, que
como já dissemos é Deus, e esta
economia divina se dá na
aquisição de uma vida interior
madura.
Todos os meios de que a
“obra” obtiver para a realização
de seu apostolado deve estar
iluminada pela busca da vida
interior.
4. A VIDA INTERIOR E A VIDA ATIVA RECLAMAM-SE MUTUAMENTE
É insensatez pensarmos a “vida interior” desassociada da “vida
ativa”. Ambas se reclamam. Não existe uma dicotomia entre a vida de
Deus e vida dos homens. Deus nos criou e desde toda eternidade está
inserido na vida ativa do homem, quer ele reconheça ou não.
Na Sagrada Escritura é fato que o amor a Deus está
intrinsecamente ligado ao amor ao próximo. E aquele que procura
amar aos irmãos também ama a Deus, pois o amor é reflexo de Deus.
Não existe vida interior verdadeira sem conversão verdadeira, a vida
interior tem seu campo de ação nas relações e na vida moral.
5. EXCELÊNCIA DESTA UNIÃO
O apostolado verdadeiro se caracteriza pela união fecunda e
sadia destas duas modalidades de vida: a interior e a ativa. Continua
o autor afirmando que o apóstolo deve ser inflamado e incendiado
pela “obra”, todavia esta deve ter como fim Deus, sendo assim o
“apóstolo” tem a obrigação de proporcionar as almas um verdadeiro
encontro com o Senhor. É a vida divina que legitima e consagra toda
ação humana, principalmente as feitas em prol da sallus animarum. A
ascensão gloriosa do homem se dá, em tornar perfeito tudo que tem
contato.
PARTE III – A VIDA ATIVA, PERIGOSA SEM A VIDA
INTERIOR, UNIDA A ESTA ASSEGURA O
PROGRESSO NA VIRTUDE
1. As obras, meio de santidade para as almas interiores, tornam-se perigo para a salvação das
outras almas
a. Meio de santidade: serve conservar, progredir na virtude. Ou o apostolado, se é desejado por Deus,
tem o efeito de alterar a atmosfera da virtude na qual deve andar a alma ou a pessoa escolhida por
Deus como cooperadora teria o direito de alegar a atividade apostólica.
 “Aqueles que se consagram às obras de caridade, não devem pensar que elas lhe fecharão a porta
da contemplação” – Álvares de Paz.
 Os sacrifícios exigidos pela caridade haurem na glória divina, e o homem pode ir-se elevando a
um maior grau de caridade e de união a Deus.
 A santidade reside antes de tudo na caridade.
 Probatio amoris, exhibitio est óperis (o amor prova-se pelas obras de
abnegação).
 Vida ativa => (Jesus) obreiro, pastor, missionário, taumaturgo,
remediador, médico, dispensador. “Eu vim para servir” (Mc 10, 45).
b. Perigo para a salvação: “Foi a dedicação que me perdeu”, diz o
operário de Deus que deixara esvanecer em si a vida divina.
 S. Bernardo ao Papa Eugênio III: “Temo que no meio de vossas
ocupações (...) deixeis endurecer vossa alma. Andarei com muito
mais prudência subtraindo-vos, por alguns instantes que seja”.
2. Do homem de obras sem a vida interior
- Ser tíbio de vontade é pactuar com a disposição e a negligência consentida ou não combatida.
- Para um apóstolo não há meio termo entre a santidade completa e a perversão absoluta.
- Como cai a alma nesse estado de tibieza? Inexperiência, presunção, vaidade, imprevidência e relaxação.
- Não pensando em seus parcos recursos espirituais, lança-se através dos perigos.
1ª Etapa  a alma vai progressivamente perdendo a nitidez e a força das convicções sobre a vida sobrenatural – ausência
de base sobrenatural.
2ª Etapa  o homem sem vida sobrenatural é escravo do dever – abandono da meditação e de qualquer regulamento.
3ª Etapa  negligência na recitação do Breviário.
4ª Etapa  sacramentos: não se sente palpitar a vida que eles encerram – a própria Missa torna-se um jardim cerrado.
3. A vida interior, base da santidade do obreiro apostólico
 Como a vida interior, através de 6 características, se infiltra numa alma:
a. Acautela-se contra os perigos do ministério exterior: ter consciência do perigo; a vida interior
tornar-se-á escudo, armadura.
b. A vida interior restaura as forças do apóstolo (Mt 11, 28).
c. A vida interior multiplica suas energias e seus méritos (II Tim 2, 1). “Ó Jesus, somente em vós
reside toda a minha força” (S. Gregório de Nazianzo). “Fora de Cristo, eu sou de todo impotente”
(S. Jerônimo).
- Santo Tomás de Aquino: (i) enfrentar resolutamente os obstáculos; (ii) desprezar as
coisas terrenas; (iii) paciência na tribulação; (iv) resistência nas tentações; (v)
martírio interior.
d. A vida interior dá-lhe alegria e consolação: se o apóstolo não está convencido
que Jesus o ama, muitíssimas serão as horas tristes.
e. A vida interior acrisola a pureza de intenção: considerar-se simples instrumento.
f. A vida interior é um escudo contra o desânimo: nada ofende mais a Deus tanto
como o orgulho. Quão diferente é o espetáculo do verdadeiro sacerdote, cujo ideal é
reproduzir Nosso Senhor.
PARTE IV – A VIDA INTERIOR É CONDIÇÃO DA
FECUNDIDADE DAS OBRAS
1. A vida interior atrai as bênçãos de Deus
O abade ainda desenvolve, que muitos dos apóstolos
que se confiam à oração e a oferecer sacrifícios e expiações
pela fecundidade de seu apostolado experimentam uma
assistência sobrenatural da Divina Providência nos seus
exercícios. Conta que o exemplo de que o padre Monsabré
antes de ministrar a palavra ao povo se detinha a meditação a
recitação do rosário. Para colocar-nos aos olhos desta prática
ilustra através de São Boaventura: “Os segredos do apostolado
fecundo vão haurir-se muito mais aos pés de um crucifixo do
que na ostentação de qualidades brilhantes”.
Mesmo diante das limitações
dos apóstolos a graça sobrepõe e
torna fecundo seu trabalho. Essas
bênçãos são hauridas na vida íntima
a Deus. “Todos os argumentos de
célebre oratoriano podem aplicar-se
a fecundidade das obras pela união
dos sacrifícios do obreiro evangélico
ao sacrifício do Gólgota, e desta sorte
pela sua participação na eficácia
infinita do sangue divino.”
2. TORNA O APÓSTOLO SANTIFICADOR, PELO BOM EXEMPLO
É imprescindível que o apostolo tenha que procurar por uma
vida reta. E os fiéis gozam do direito de exigir dos seus apóstolos, que
tem a pretensão de ensinar, uma vida interior verdadeira. Expomos o
seguinte pensamento do abade: “Como será grande o poder que o
sacerdote há de ter para falar da oração, se o povo o vir
frequentemente em colóquios íntimos com o hóspede do tabernáculo,
as mais das vezes abandonado? Como será ouvida sua palavra se,
pregando o trabalho, a penitência, ele próprio for laborioso e
mortificado? Apologista da caridade fraternal, encontrará corações
atentos se, cuidadoso em difundir pelo rebanho o bom odor de Jesus
Cristo, refletir na própria conduta a doçura e a humildade do divino
exemplo”.
3. PRODUZ NO APÓSTOLO UMA
IRRADIAÇÃO SOBRENATURAL
Nós sabemos que a realidade de Deus oculto é
uma das dificuldades para que o homem creia
na sua existência e que emende a vida na
direção do divino. Todavia Deus não nos é
alheio, esconde-se e fica inerte esperando no
seu “ócio” eterno que o homem a “palpadelas”
o encontre na escuridão. Deus quis se revelar e
usa dos apóstolos para transparecer sua
imagem. O abade afirma que os apóstolos têm a
obrigação de revelar ao mundo a imagem de
Deus. A eles foi dada essa missão pois depois de
eles mesmos terem experenciado este encontro
com o Sagrado pode então apontar e indicar o
caminho de como vê-lo e reconhecê-lo na vida.
São João Maria Vianney era
visto como custódia de Deus, sua
santidade de vida mostrava e
exalava Deus: “Voltara de Ars um
advogado. Como lhe perguntassem
o que mais o tinha impressionado,
respondeu: “Vi Deus num homem”’.
4. DÁ AO APÓSTOLO A
VERDADEIRA ELOQUÊNCIA
É lindíssimo ver como o autor usa a
figura do apóstolo João para ilustrar sua
explanação. João fora o discípulo amado,
aquele que recostou a cabeça no peito do
Senhor. Eis o inestimável segredo, João é o
evangelista representado pela águia porque
em seus escritos e na eloquência de seu
discurso voou alto, expos mistérios
profundíssimos da fé. De onde advinha
tamanha sabedoria de João? Da escuta
atenta das batidas do coração de Jesus.
5. A VIDA INTERIOR DO APÓSTOLO GERA NAS ALMAS A VIDA INTERIOR
Neste ponto o autor se dirige especialmente aos sacerdotes. Na
sua elaboração afirma que a falta de oração e de meditação são causa
da esterilidade de ministério de muitos sacerdotes. É enfático em mais
uma vez afirmar que somente uma vida interior verdadeira do apóstolo
pode produzir nos fiéis vida fecunda da graça. O sacerdote deve no
exercício de seu ministério deixar transparecer o Senhor, tomando
como exemplo São João Batista, que tinha o desejo de que o Cristo
crescesse e ele mesmo diminuísse.
6. IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO DAS ELITES E
DA DIREÇÃO ESPIRITUAL
O Autor enfatiza que depois da
oração e dos sacrifícios (mortificações) o
melhor caminho para suscitar essas “elites
cristãs” como no alvorecer da Igreja é pela
ação do sacerdote através da confissão e da
direção espiritual.
7. A vida eucarística resume a fecundidade do apostolado
Dom Chautard afirma: “Impossível é meditarmos sobre as consequências
do dogma da Presença real, do Sacrifício do altar, da Comunhão, sem sermos
levados a concluir que Nosso Senhor quis instituir este sacramento para fazer dele
o foco do apostolado verdadeiramente útil à Igreja”.
PARTE V – ALGUNS PRINCÍPIOS E AVISOS PARA
A VIDA INTERIOR
1. Alguns conselhos aos homens de obras sobre a vida interior
CONVICÇÕES 
(i) o zelo só eficaz na medida em que a ação de Jesus Cristo se lhe vier juntar.
(ii) Jesus Cristo é o agente principal; nós apenas somos seus instrumentos.
(iii) Jesus Cristo não abençoa as obras em que o homem não confia senão nos seus próprios
meios.
(iv) Jesus Cristo não abençoa as obras mantidas unicamente pela atividade natural.
(v) Jesus Cristo não abençoa as obras em que o amor próprio é maior que o amor divino.
(vi) Ai daquele que se nega às obras a que Deus o chama.
(vii) Ai daquele que se intromete nas obras sem estar certo da vontade
de Deus.
(viii) Ai daquele que, nas obras, quer governar sem verdadeiramente
depender de Deus.
(ix) Ai daquele que, no exercício das obras, não envida esforços para se
conservar ou recobrar a vida interior.
(x) Ai daquele que não sabe ordenar a vida interior e a vida ativa de tal
sorte que esta não prejudique aquela.
1º Princípio  não se lançar nas obras por mera atividade natural, mas consultar a Deus a fim de se poder ter a
consciência de que se procede imperado pela graça.
2º Princípio  é imprudente e nocivo ficar durante muito tempo num período de ocupações excessivas.
3º Princípio  à efusão desregrada da vida ativa deve impor-se um regulamento determinado.
4º Princípio  é mister cultivar a vida interior.
5º Princípio  termômetro para lhe indicar se realmente se mantém no fervor.
6º Princípio  enquanto o homem de ação não se mantém no recolhimento, encontra-se num estado de insuficiente de
vida interior.
AVISOS PRÁTICOS:
(i) sem o regulamento e a vontade, a alma não pode continuar a vida interior.
(ii) meditação evangélica matutina
(iii) missa, comunhão, breviário, funções litúrgicas
(iv) exame particular e geral
(v) orar sem cessar
(vi) piedoso estudo da Sagrada Escritura
(vii) confissão hebdomadária
(viii) retiro anual e mensal
2. A meditação, elemento indispensável da vida interior, portanto, do apostolado
1ª Resolução  quero ser fiel à meditação matutina
2ª Resolução  vida litúrgica: missa, breviário, funções litúrgicas
a. Espírito litúrgico:
1º Princípio  quando tomo parte em cerimonias litúrgicas, estou unido a toda Igreja
(assembleia dos fiéis).
2º Princípio  virtude de religião.
3º Princípio  quando celebro a Eucaristia reavivo o alter Christus.
b. Vantagem da vida litúrgica:
 Favorece a permanência do sobrenatural em todas as minhas ações;
 Ajuda-me eficazmente a conformar a minha vida interior com a de Jesus Cristo;
 Faz-me viver a vida celeste.
c. Prática da vida litúrgica:
 Preparação remota: estudo das leituras da missa, dos salmos do breviário, reflexão litúrgica.
 Preparação próxima: ante orationem praeparam anima tuam (Ecle 18, 23); ato de recolhimento, temor
reverencial.
 Desempenho das funções litúrgicas: desempenhá-las bem; digne (atitude respeitosa, pronúncia exata das
palavras, tom da voz, gestos), attente (aos textos, às orações), devote (ponto capital “Cada cerimônia torna-se
uma diversão acalmadora, verdadeira respiração da alma. Santa liturgia, que balsamo não trazes tu à minha
alma, mediante as diversas funções! Longe de serem servidão onerosa, elas hão de constituir uma das maiores
consolações da minha vida”).
3ª Resolução  guarda do coração
 Elemento negativo: repudiar toda e qualquer mácula;
 Elemento positivo: intensificar a fé, a esperança e a caridade.
a. Necessidade da guarda do coração
 Preguiça espiritual, afeição desordenada pela criatura, modos ríspidos e impaciências, rancor, caprichos, moleza,
dissipação, curiosidade, tagarelice, juízos vãos e temerários, crítica da conduta alheia, ciúme, falta de respeito,
murmurações, falta de mortificação no beber e no comer  invadir-me-ão se deixar de vigiar sobre minhas ações e minha
vida interior.
 Se a minha meditação diária e minha vida litúrgica não me levarem a conservar minha alma minha vontade começa a
afrouxar.
 Se não guardo o meu coração, quão pavorosas e prolongadas não serão as expiações que eu estou preparando no
purgatório! E que perigo não corro sem essa resolução! E que responsabilidade! É tão escorregadio o declive para o
pecado mortal!
b. Presença de Deus, base da guarda do coração
 Com que frequência penso na habitação trinitária em mim?
 Tenho aproveitado minhas meditações diárias e a vida litúrgica?
 Que lugar ocupam em minha vida as comunhões espirituais?
c. A devoção a Nossa Senhora facilita a guarda do coração
• “Eu quero que as invocações, cada vez mais frequentes, que vos hei de
dirigir vigem sobretudo a essa guarda do coração, a fim de purificar as
tendências, as intenções, os afetos e os desejos”
d. Aprendizagem da guarda do coração
 Lamentos por ficar fora da presença divina por longos períodos.
 5 minutos pela manhã e 5 minutos pela tarde farei uma revisão das minhas
resoluções e falhas.
e. Condições da guarda do coração
 Vigilância enérgica, calma, doce e leal;
 Renovação frequente das resoluções;
 Novos começos incansáveis;
 Certeza que não estou lutando sozinho.
4ª Resolução  Devoção a Nossa Senhora
 Coração firmemente convencido das grandezas, privilégios e funções
de Maria;
 Coração compenetrado nas verdades marianas;
 Coração transbordante de confiança filial.
# Isolar Maria do apostolado equivale ao desconhecimento de uma parte
essencial do plano divino.
# “Todos os predestinados estão ocultos no seio da santíssima Virgem, onde
são guardados, alimentados, conservados e engrandecidos por essa boa Mãe
até que ela os gere para a glória depois da morte” (Santo Agostinho).
# Ladainha lauretana.
# Raptix cordium, ora pro nobis (São Bernardo).
# Virgo sacerdos, ora pro nobis (Pio IX).

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A alma do apostolado: a união da vida ativa e interior

  • 1. A Alma de Todo Apostolado Dom Jean-Baptiste Chautard Alex Angelo Batistela Júnior Richard Alisson Ferreira
  • 2. NOSSO ITINERÁRIO... O AUTOR PARTE I  DEUS QUER AS OBRAS E A VIDA INTERIOR PARTE II  UNIÃO DA VIDA ATIVA E DA VIDA INTERIOR PARTE III  A VIDA ATIVA, PERIGOSA SEM A VIDA INTERIOR, UNIDA A ESTA ASSEGURA O PROGRESSO NA VIRTUDE PARTE IV  A VIDA INTERIOR É CONDIÇÃO DA FECUNDIDADE DAS OBRAS PARTE V  ALGUMAS ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
  • 3. Dom Jean-Baptiste Chautard DOM JEAN-BAPTISTE CHAUTARD (Augostinho Chautard) nasceu em Briançon, na França, em março de 1858. Ingressou como noviço no mosteiro trapista de Aiguebelle em 1877, e ordenou-se sacerdote em 1884. Uma das figuras mais proeminentes da Ordem de Cister, foi responsável por diversas fundações no século XIX, além de ter contribuído para a recuperação da Abadia de Cister, que havia sido tomada na Revolução Francesa. Sua obra A alma de todo apostolado, escrita em uma viagem ao Brasil, foi traduzida para inúmeras línguas e recomendada por muitos bispos e pontífices. Dom Chautard faleceu durante um capítulo geral no mosteiro de Sept-Fons em setembro de 1935.
  • 4. PARTE I – DEUS QUER AS OBRAS E A VIDA INTERIOR 1. AS OBRAS E, PORTANTO, O ZELO, SÃO DESEJADOS POR DEUS  Deus, que é infinita bondade, comunica o bem que desfruta (“Passou fazendo o bem” At 10, 38)  Esta chama do apostolado foi comunicada a Igreja. A Esposa mística de Cristo continua a obra do apostolado do seu Divino Exemplar.  É por meio do Homem que o homem deve conhecer a salvação. Por isso quis a Divina Providência deixar a Eucaristia e colaboradores para distribuir seus benefícios.  Nascida da cruz, saída do lado traspassado do Salvador, a Igreja perpetua a ação benéfico-redentora do Homem-Deus.
  • 5. 2. DEUS QUER QUE JESUS SEJAA VIDA DAS OBRAS  3 domínios: (i) vegetal/animal (ii) Racional (iii) sobrenatural  emanado da vida divina comunicada à humanidade pelo Verbo Encarnado, que pela Redenção Pascal, torna-se a fonte única dessa vida sobrenatural.  Perigo: achar que deixamos algum rastro, próprias forças  “heresia das obras”.
  • 6. 3. QUE É A VIDA INTERIOR? (i) normal  acessível a todos (ii)extraordinária  êxtases, visões.  1ª VERDADE: a vida sobrenatural é vida crística  inaugurada no Batismo, aperfeiçoada pela Confirmação, conservada e enriquecida pela Eucaristia.  2ª VERDADE: Jesus comunica-me seu Espírito, principio de atividade superior  (aversio ad creaturi) regula as inclinações naturais e (conversio ad Deum) esforço para adquirir o hábito de julgar e a dirigir em tudo à luz do Evangelho.
  • 7.  3ª VERDADE: ter Jesus por luz, ideal, conselho, apoio, recurso, força, médico, consolação, alegria, amor.  4ª VERDADE: a vida interior cresce em proporção com a intensidade do meu amor a Deus  (i) atos meritórios (virtude, trabalho, sofrimentos), (ii) sacramentos.  5ª VERDADE: pecados atuais são elementos de morte.  6ª VERDADE: tibieza da vontade  reavivar meu temor de Deus e reviver minha compulsão de amor.  7ª VERDADE: a vida interior que Jesus exige de mim  meditação, exames particulares, leitura espiritual, missa, sacramentos.
  • 8.  8ª VERDADE: solicitude habitual  preservar meus atos é um trabalho do coração e da vontade.  9ª VERDADE: Jesus Cristo reina na alma  vontade de Deus e Christus non sibi placuit (Rm 15, 3) [Cristo não agradou a si próprio] – ação contra a natureza.  10ª VERDADE: Jesus oferece-me os meios para regressar.  11ª VERDADE: Sine me nihil potestis facere (Jo 15, 5).
  • 9. A vida interior é uma vida predestinada: (i) ao fim que Deus se propôs ao criar-nos, e (ii) ao fim que a Encarnação permite que ‘vivamus per eum’ (1Jo 4, 5).
  • 10. 4. A VIDA INTERIOR É DESCONHECIDA  S. Gregório Magno: “secum vivebat”, S. Bento [‘viva consigo mesmo’].  Relegamos para o segundo plano o essencial.
  • 11. 5. A VIDA INTERIOR É OCIOSA?  A vida de oração é sempre em si. Foi comunicada aos apóstolos no cenáculo.  Dom Sebastien Wyart = 3 espécies de trabalho: a. físico: manufaturas, lavrador, artista... b. intelectual: sábio, pensador... c. vida interior: não é uma profissão, mas sim o próprio homem.
  • 12.  “Quo vidam et ad quid?” Para onde e a quem irei? (Sto. Inácio de Antioquia).  Tomás de Aquino: “O homem está colocado entre as coisas deste mundo e os bens espirituais, nos quais reside a felicidade eterna. Quanto mais adere a uns, tanto mais se afasta dos outros, e vice- versa”.
  • 13. 6. A VIDA INTERIOR É EGOÍSTA?  Com Jesus, a alma ouve a voz dos crimes do mundo até ao céu e atrai sobre os outros o castigo divino.  “As mãos erguidas desbaratam mais batalhões do que as mãos que ferem” Bossuet.  Uma oração curta, mas fervorosa, contribui muito mais para apressar uma conversão do que longas discussões. Aquele que ora trata com a Causa Primeira.  Obra das Carmelitas, das Trapistas, das Clarissas.  “Quero trapistas neste vicariato apostólico” Mons. Favier, bispo de Pequim.  Eclo 10, 2a  “Tal o juiz do povo, tais os seus ministros” = Qualis pastor, talis paróchia.
  • 14. 7. SALUS ANIMARUM  S. Gregório: “O zelo das almas é o mais agradável sacrifício oferecido a Deus”.  Quereis agradar a Deus, tende piedade de vossa alma.  Prima sibi cháritas  caridade primeiro consigo mesmo.  S. Afonso de Ligório: “Eu amo a Jesus Cristo, e por isso abraso-me em desejos de lhe dar almas, primeiramente a minha”.  S. Bernardo: “Sede para vós o primeiro e o último”.
  • 15. PARTE II – União da vida ativa e da vida interior Em Deus se encontra o princípio e o fim da vida. Toda vida vem Dele e retorna, têm como Deus como objeto, para Ele. Aliás a Sagrada Escritura nos certifica que Deus é a própria vida (cf. Jo 14,6). A economia divina se insere justamente nesta dinâmica, o próprio Deus comunica, vida e nos chama a fazer parte de sua vida. Podemos nos perguntar, como essa vida divina se insere na minha vida? 1. PRIORIDADE DA VIDA ATIVA SOBRE A VIDA INTERIOR
  • 16. O autor ainda ressalta que a chamada “vida interior” tem certa predominância sobre a “vida ativa”. Visto que Deus é a origem de tudo, a “vida” que nos põe em relação com Deus é a predominante sobre todos os outros aspectos da existência humana (cf. Lc, 10, 42). E mostra esse claro entendimento partindo da experiência evangélica de Marta e Maria, da qual Maria faz a primeiro a opção pela “vida interior” ao estar aos pés do Mestre e sua atitude é louvada por Jesus após receber a represaria da irmã que está atarefada com as coisas da “vida ativa”.
  • 17. 2. AS OBRAS DEVEM TRANSBORDAR DA VIDA INTERIOR O “apóstolo” deve ser a primeira pessoa a ter experiência de vida interior e então seu exercício eclesial e ministerial será profícuo. Aqueles que tem por missão serem dispensadores das graças e dons de Deus, que são chamados e consagrados a isso, devem primeiro participar dos benefícios destas graças e isso se dá numa vida interior verdadeira e constante.
  • 18. 3. A BASE, O FIM E OS MEIOS DE UMA OBRA DEVEM ESTAR IMPREGNADOS DE VIDA INTERIOR Toda “obra” católica deve ter a salvação das almas como seu objetivo principal. Visto que para o autor a “obra” que não visa este fim, na igreja, não tem razão de existir. Fica claro no pensamento do autor que o “ideal” de toda ação apostólica é Deus, Ele é o fim e princípio de nossas ações. Deus é o autor de toda “obra” sendo Ele que inspira a atividade a conversão é o propósito de Deus. Deus é quem sustenta e anima os trabalhos, pois sem Ele todo empreendimento se esvai, é inútil. O apóstolo deve cravar em sua alma este entendimento a “obra” de Deus provém e para Deus retorna.
  • 19. O autor exemplifica que é muito salutar usar de jogos, brincadeiras, instrumentos musicais ou atividades diversas para atrair os jovens. Isto é muito bom e válido. Entretanto só fará sentido os meios se em vista deles tivermos o fim, que como já dissemos é Deus, e esta economia divina se dá na aquisição de uma vida interior madura. Todos os meios de que a “obra” obtiver para a realização de seu apostolado deve estar iluminada pela busca da vida interior.
  • 20. 4. A VIDA INTERIOR E A VIDA ATIVA RECLAMAM-SE MUTUAMENTE É insensatez pensarmos a “vida interior” desassociada da “vida ativa”. Ambas se reclamam. Não existe uma dicotomia entre a vida de Deus e vida dos homens. Deus nos criou e desde toda eternidade está inserido na vida ativa do homem, quer ele reconheça ou não. Na Sagrada Escritura é fato que o amor a Deus está intrinsecamente ligado ao amor ao próximo. E aquele que procura amar aos irmãos também ama a Deus, pois o amor é reflexo de Deus. Não existe vida interior verdadeira sem conversão verdadeira, a vida interior tem seu campo de ação nas relações e na vida moral.
  • 21. 5. EXCELÊNCIA DESTA UNIÃO O apostolado verdadeiro se caracteriza pela união fecunda e sadia destas duas modalidades de vida: a interior e a ativa. Continua o autor afirmando que o apóstolo deve ser inflamado e incendiado pela “obra”, todavia esta deve ter como fim Deus, sendo assim o “apóstolo” tem a obrigação de proporcionar as almas um verdadeiro encontro com o Senhor. É a vida divina que legitima e consagra toda ação humana, principalmente as feitas em prol da sallus animarum. A ascensão gloriosa do homem se dá, em tornar perfeito tudo que tem contato.
  • 22. PARTE III – A VIDA ATIVA, PERIGOSA SEM A VIDA INTERIOR, UNIDA A ESTA ASSEGURA O PROGRESSO NA VIRTUDE 1. As obras, meio de santidade para as almas interiores, tornam-se perigo para a salvação das outras almas a. Meio de santidade: serve conservar, progredir na virtude. Ou o apostolado, se é desejado por Deus, tem o efeito de alterar a atmosfera da virtude na qual deve andar a alma ou a pessoa escolhida por Deus como cooperadora teria o direito de alegar a atividade apostólica.  “Aqueles que se consagram às obras de caridade, não devem pensar que elas lhe fecharão a porta da contemplação” – Álvares de Paz.  Os sacrifícios exigidos pela caridade haurem na glória divina, e o homem pode ir-se elevando a um maior grau de caridade e de união a Deus.
  • 23.  A santidade reside antes de tudo na caridade.  Probatio amoris, exhibitio est óperis (o amor prova-se pelas obras de abnegação).  Vida ativa => (Jesus) obreiro, pastor, missionário, taumaturgo, remediador, médico, dispensador. “Eu vim para servir” (Mc 10, 45).
  • 24. b. Perigo para a salvação: “Foi a dedicação que me perdeu”, diz o operário de Deus que deixara esvanecer em si a vida divina.  S. Bernardo ao Papa Eugênio III: “Temo que no meio de vossas ocupações (...) deixeis endurecer vossa alma. Andarei com muito mais prudência subtraindo-vos, por alguns instantes que seja”.
  • 25. 2. Do homem de obras sem a vida interior - Ser tíbio de vontade é pactuar com a disposição e a negligência consentida ou não combatida. - Para um apóstolo não há meio termo entre a santidade completa e a perversão absoluta. - Como cai a alma nesse estado de tibieza? Inexperiência, presunção, vaidade, imprevidência e relaxação. - Não pensando em seus parcos recursos espirituais, lança-se através dos perigos. 1ª Etapa  a alma vai progressivamente perdendo a nitidez e a força das convicções sobre a vida sobrenatural – ausência de base sobrenatural. 2ª Etapa  o homem sem vida sobrenatural é escravo do dever – abandono da meditação e de qualquer regulamento. 3ª Etapa  negligência na recitação do Breviário. 4ª Etapa  sacramentos: não se sente palpitar a vida que eles encerram – a própria Missa torna-se um jardim cerrado.
  • 26. 3. A vida interior, base da santidade do obreiro apostólico  Como a vida interior, através de 6 características, se infiltra numa alma: a. Acautela-se contra os perigos do ministério exterior: ter consciência do perigo; a vida interior tornar-se-á escudo, armadura. b. A vida interior restaura as forças do apóstolo (Mt 11, 28). c. A vida interior multiplica suas energias e seus méritos (II Tim 2, 1). “Ó Jesus, somente em vós reside toda a minha força” (S. Gregório de Nazianzo). “Fora de Cristo, eu sou de todo impotente” (S. Jerônimo).
  • 27. - Santo Tomás de Aquino: (i) enfrentar resolutamente os obstáculos; (ii) desprezar as coisas terrenas; (iii) paciência na tribulação; (iv) resistência nas tentações; (v) martírio interior. d. A vida interior dá-lhe alegria e consolação: se o apóstolo não está convencido que Jesus o ama, muitíssimas serão as horas tristes. e. A vida interior acrisola a pureza de intenção: considerar-se simples instrumento. f. A vida interior é um escudo contra o desânimo: nada ofende mais a Deus tanto como o orgulho. Quão diferente é o espetáculo do verdadeiro sacerdote, cujo ideal é reproduzir Nosso Senhor.
  • 28. PARTE IV – A VIDA INTERIOR É CONDIÇÃO DA FECUNDIDADE DAS OBRAS 1. A vida interior atrai as bênçãos de Deus O abade ainda desenvolve, que muitos dos apóstolos que se confiam à oração e a oferecer sacrifícios e expiações pela fecundidade de seu apostolado experimentam uma assistência sobrenatural da Divina Providência nos seus exercícios. Conta que o exemplo de que o padre Monsabré antes de ministrar a palavra ao povo se detinha a meditação a recitação do rosário. Para colocar-nos aos olhos desta prática ilustra através de São Boaventura: “Os segredos do apostolado fecundo vão haurir-se muito mais aos pés de um crucifixo do que na ostentação de qualidades brilhantes”.
  • 29. Mesmo diante das limitações dos apóstolos a graça sobrepõe e torna fecundo seu trabalho. Essas bênçãos são hauridas na vida íntima a Deus. “Todos os argumentos de célebre oratoriano podem aplicar-se a fecundidade das obras pela união dos sacrifícios do obreiro evangélico ao sacrifício do Gólgota, e desta sorte pela sua participação na eficácia infinita do sangue divino.”
  • 30. 2. TORNA O APÓSTOLO SANTIFICADOR, PELO BOM EXEMPLO É imprescindível que o apostolo tenha que procurar por uma vida reta. E os fiéis gozam do direito de exigir dos seus apóstolos, que tem a pretensão de ensinar, uma vida interior verdadeira. Expomos o seguinte pensamento do abade: “Como será grande o poder que o sacerdote há de ter para falar da oração, se o povo o vir frequentemente em colóquios íntimos com o hóspede do tabernáculo, as mais das vezes abandonado? Como será ouvida sua palavra se, pregando o trabalho, a penitência, ele próprio for laborioso e mortificado? Apologista da caridade fraternal, encontrará corações atentos se, cuidadoso em difundir pelo rebanho o bom odor de Jesus Cristo, refletir na própria conduta a doçura e a humildade do divino exemplo”.
  • 31. 3. PRODUZ NO APÓSTOLO UMA IRRADIAÇÃO SOBRENATURAL Nós sabemos que a realidade de Deus oculto é uma das dificuldades para que o homem creia na sua existência e que emende a vida na direção do divino. Todavia Deus não nos é alheio, esconde-se e fica inerte esperando no seu “ócio” eterno que o homem a “palpadelas” o encontre na escuridão. Deus quis se revelar e usa dos apóstolos para transparecer sua imagem. O abade afirma que os apóstolos têm a obrigação de revelar ao mundo a imagem de Deus. A eles foi dada essa missão pois depois de eles mesmos terem experenciado este encontro com o Sagrado pode então apontar e indicar o caminho de como vê-lo e reconhecê-lo na vida.
  • 32. São João Maria Vianney era visto como custódia de Deus, sua santidade de vida mostrava e exalava Deus: “Voltara de Ars um advogado. Como lhe perguntassem o que mais o tinha impressionado, respondeu: “Vi Deus num homem”’.
  • 33. 4. DÁ AO APÓSTOLO A VERDADEIRA ELOQUÊNCIA É lindíssimo ver como o autor usa a figura do apóstolo João para ilustrar sua explanação. João fora o discípulo amado, aquele que recostou a cabeça no peito do Senhor. Eis o inestimável segredo, João é o evangelista representado pela águia porque em seus escritos e na eloquência de seu discurso voou alto, expos mistérios profundíssimos da fé. De onde advinha tamanha sabedoria de João? Da escuta atenta das batidas do coração de Jesus.
  • 34. 5. A VIDA INTERIOR DO APÓSTOLO GERA NAS ALMAS A VIDA INTERIOR Neste ponto o autor se dirige especialmente aos sacerdotes. Na sua elaboração afirma que a falta de oração e de meditação são causa da esterilidade de ministério de muitos sacerdotes. É enfático em mais uma vez afirmar que somente uma vida interior verdadeira do apóstolo pode produzir nos fiéis vida fecunda da graça. O sacerdote deve no exercício de seu ministério deixar transparecer o Senhor, tomando como exemplo São João Batista, que tinha o desejo de que o Cristo crescesse e ele mesmo diminuísse.
  • 35. 6. IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DAS ELITES E DA DIREÇÃO ESPIRITUAL O Autor enfatiza que depois da oração e dos sacrifícios (mortificações) o melhor caminho para suscitar essas “elites cristãs” como no alvorecer da Igreja é pela ação do sacerdote através da confissão e da direção espiritual.
  • 36. 7. A vida eucarística resume a fecundidade do apostolado Dom Chautard afirma: “Impossível é meditarmos sobre as consequências do dogma da Presença real, do Sacrifício do altar, da Comunhão, sem sermos levados a concluir que Nosso Senhor quis instituir este sacramento para fazer dele o foco do apostolado verdadeiramente útil à Igreja”.
  • 37. PARTE V – ALGUNS PRINCÍPIOS E AVISOS PARA A VIDA INTERIOR 1. Alguns conselhos aos homens de obras sobre a vida interior CONVICÇÕES  (i) o zelo só eficaz na medida em que a ação de Jesus Cristo se lhe vier juntar. (ii) Jesus Cristo é o agente principal; nós apenas somos seus instrumentos. (iii) Jesus Cristo não abençoa as obras em que o homem não confia senão nos seus próprios meios. (iv) Jesus Cristo não abençoa as obras mantidas unicamente pela atividade natural. (v) Jesus Cristo não abençoa as obras em que o amor próprio é maior que o amor divino.
  • 38. (vi) Ai daquele que se nega às obras a que Deus o chama. (vii) Ai daquele que se intromete nas obras sem estar certo da vontade de Deus. (viii) Ai daquele que, nas obras, quer governar sem verdadeiramente depender de Deus. (ix) Ai daquele que, no exercício das obras, não envida esforços para se conservar ou recobrar a vida interior. (x) Ai daquele que não sabe ordenar a vida interior e a vida ativa de tal sorte que esta não prejudique aquela.
  • 39. 1º Princípio  não se lançar nas obras por mera atividade natural, mas consultar a Deus a fim de se poder ter a consciência de que se procede imperado pela graça. 2º Princípio  é imprudente e nocivo ficar durante muito tempo num período de ocupações excessivas. 3º Princípio  à efusão desregrada da vida ativa deve impor-se um regulamento determinado. 4º Princípio  é mister cultivar a vida interior. 5º Princípio  termômetro para lhe indicar se realmente se mantém no fervor. 6º Princípio  enquanto o homem de ação não se mantém no recolhimento, encontra-se num estado de insuficiente de vida interior.
  • 40. AVISOS PRÁTICOS: (i) sem o regulamento e a vontade, a alma não pode continuar a vida interior. (ii) meditação evangélica matutina (iii) missa, comunhão, breviário, funções litúrgicas (iv) exame particular e geral (v) orar sem cessar (vi) piedoso estudo da Sagrada Escritura (vii) confissão hebdomadária (viii) retiro anual e mensal
  • 41. 2. A meditação, elemento indispensável da vida interior, portanto, do apostolado 1ª Resolução  quero ser fiel à meditação matutina 2ª Resolução  vida litúrgica: missa, breviário, funções litúrgicas a. Espírito litúrgico: 1º Princípio  quando tomo parte em cerimonias litúrgicas, estou unido a toda Igreja (assembleia dos fiéis). 2º Princípio  virtude de religião. 3º Princípio  quando celebro a Eucaristia reavivo o alter Christus.
  • 42. b. Vantagem da vida litúrgica:  Favorece a permanência do sobrenatural em todas as minhas ações;  Ajuda-me eficazmente a conformar a minha vida interior com a de Jesus Cristo;  Faz-me viver a vida celeste. c. Prática da vida litúrgica:  Preparação remota: estudo das leituras da missa, dos salmos do breviário, reflexão litúrgica.  Preparação próxima: ante orationem praeparam anima tuam (Ecle 18, 23); ato de recolhimento, temor reverencial.  Desempenho das funções litúrgicas: desempenhá-las bem; digne (atitude respeitosa, pronúncia exata das palavras, tom da voz, gestos), attente (aos textos, às orações), devote (ponto capital “Cada cerimônia torna-se uma diversão acalmadora, verdadeira respiração da alma. Santa liturgia, que balsamo não trazes tu à minha alma, mediante as diversas funções! Longe de serem servidão onerosa, elas hão de constituir uma das maiores consolações da minha vida”).
  • 43. 3ª Resolução  guarda do coração  Elemento negativo: repudiar toda e qualquer mácula;  Elemento positivo: intensificar a fé, a esperança e a caridade. a. Necessidade da guarda do coração  Preguiça espiritual, afeição desordenada pela criatura, modos ríspidos e impaciências, rancor, caprichos, moleza, dissipação, curiosidade, tagarelice, juízos vãos e temerários, crítica da conduta alheia, ciúme, falta de respeito, murmurações, falta de mortificação no beber e no comer  invadir-me-ão se deixar de vigiar sobre minhas ações e minha vida interior.  Se a minha meditação diária e minha vida litúrgica não me levarem a conservar minha alma minha vontade começa a afrouxar.  Se não guardo o meu coração, quão pavorosas e prolongadas não serão as expiações que eu estou preparando no purgatório! E que perigo não corro sem essa resolução! E que responsabilidade! É tão escorregadio o declive para o pecado mortal!
  • 44. b. Presença de Deus, base da guarda do coração  Com que frequência penso na habitação trinitária em mim?  Tenho aproveitado minhas meditações diárias e a vida litúrgica?  Que lugar ocupam em minha vida as comunhões espirituais? c. A devoção a Nossa Senhora facilita a guarda do coração • “Eu quero que as invocações, cada vez mais frequentes, que vos hei de dirigir vigem sobretudo a essa guarda do coração, a fim de purificar as tendências, as intenções, os afetos e os desejos”
  • 45. d. Aprendizagem da guarda do coração  Lamentos por ficar fora da presença divina por longos períodos.  5 minutos pela manhã e 5 minutos pela tarde farei uma revisão das minhas resoluções e falhas. e. Condições da guarda do coração  Vigilância enérgica, calma, doce e leal;  Renovação frequente das resoluções;  Novos começos incansáveis;  Certeza que não estou lutando sozinho.
  • 46. 4ª Resolução  Devoção a Nossa Senhora  Coração firmemente convencido das grandezas, privilégios e funções de Maria;  Coração compenetrado nas verdades marianas;  Coração transbordante de confiança filial.
  • 47. # Isolar Maria do apostolado equivale ao desconhecimento de uma parte essencial do plano divino. # “Todos os predestinados estão ocultos no seio da santíssima Virgem, onde são guardados, alimentados, conservados e engrandecidos por essa boa Mãe até que ela os gere para a glória depois da morte” (Santo Agostinho). # Ladainha lauretana. # Raptix cordium, ora pro nobis (São Bernardo). # Virgo sacerdos, ora pro nobis (Pio IX).