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Consolidação
do Japão
2016/
17
Depois da 2ª Guerra Mundial, o Japão consegue chegar a terceira
economia mundial, através da ajuda americana, do seu modelo
económico e das mudanças desenvolvidas pelo Estado. Hoje, o
Japão continua a tentar responder às adversidades e à recessão
económica que se impôs desde a década de 90.
Geografia C
Consolidação do Japão 2016/17
1 Geografia C
Introdução
No seu processo de consolidação, o Japão conseguiu, após a 2ª Guerra Mundial, crescer de
uma forma exponencial através de um modelo económico e de um “milagre” que acontece no
mesmo e conseguiu, com isso, tornar-se numa forte potência económica mundial. Ainda que
tudo parecesse estar a correr bem com este “milagre” a conseguir superar todos os
obstáculos, parecendo até infalível, a verdade é que a partir da década de 90 começa a impor-
se uma crise, no Japão, que ainda hoje se procura contornar.
É precisamente o contraste, nas várias vertentes da economia japonesa, entre o passado e a
atualidade e entre o próprio Japão e Portugal, ou simplesmente a sua influência, que se
procura estabelecer neste documento. Esse que recorre à divisão de oito temas em oito
Capítulos, indispensáveis para a apresentação da situação japonesa ao longo dos anos, que se
fazem, cada um, acompanhar por um Anexo que nos apresentam os slides do suporte digital
apresentado em aula, sendo os seus gráficos e imagens uma ajuda para o entendimento do
que se pretende apresentar.
Numa lógica de texto acompanhado por gráficos e documentos, devidamente explorados,
procura-se que a consolidação do Japão fique, com redundância, consolidada.
Consolidação do Japão 2016/17
2 Geografia C
Índice
Introdução ........................................................................................................ 1
I. Integração do Japão no Mundo – apresentação do
território e da demografia e suas caraterísticas ...................... 5
II. Japão após a 2ª Guerra Mundial .......................................... 7
A. A ajuda americana e o Plano Dodge ..........................................7
B. O “milãgre” económico japonês ...................................................9
1. O papel do Estado ...................................................................................9
2. Processo de Industrialização ..........................................................10
3. Qualidade dos Recursos Humanos ...............................................11
III. Japão como terceira economia mundial .........................16
A. A supremacia do Japão – na região asiática, financeira e
também económica ....................................................................................... 16
B. A China como principal parceiro comercial ........................ 16
IV. Internacionalização da produção e a presença do Japão
no mundo .............................................................................................19
A. Deslocalização dos setores mais poluentes ........................ 19
B. Países vizinhos com o papel de plataformas intermédias
da produção japonesa ................................................................................... 19
V. Dualidade do modelo económico ......................................22
A. Grandes grupos económicos – keiretsu e sociedades
bancárias japonesas ....................................................................................... 22
B. PME – Pequenas e Médias Empresas ..................................... 23
Consolidação do Japão 2016/17
3 Geografia C
VI. Crise do modelo nipónico – o fim do “milagre
económico” ..........................................................................................26
A. Clima de mal-estar social ............................................................. 27
B. Reformas necessárias ................................................................... 27
VII. As condições e as limitações político-militares do Japão
..................................................................................................................31
VIII. O Japão e a promoção da sua imagem, língua e cultura
..................................................................................................................34
A. Sushi em Portugal ........................................................................... 34
Conclusão ........................................................................................................36
Bibliografia .....................................................................................................38
Consolidação do Japão 2016/17
4 Geografia C
Consolidação do Japão 2016/17
5 Geografia C
I. Integração do Japão no Mundo
O Japão é um arquipélago, constituído por mais de 6 mil ilhas, onde 426 são habitadas, ao
longo de cerca de 2 mil km, onde vivem mais de 127 milhões de pessoas, atualmente, e a
moeda em circulação é o iene, na última vez consultado1
1000 ienes valiam 8,74 euros.
O Japão tem tido grandes dificuldades em ultrapassar alguns condicionalismos. Em termos de
condicionalismos naturais, o Japão
apresenta-se com um território
limitado, montanhoso e com pouca
hospitalidade, com solos pouco
férteis e desprovido de fontes de
energia, o país é considerado pobre
em recursos naturais. Há ainda,
grandes contrastes climáticos com
um norte mais frio no Inverno e um
sudeste mais húmido no Verão e que
no Outono sofre constantemente
com tempestades tropicais. O facto
de se encontrar numa zona sísmica e
vulcânica faz do Japão uma zona mais
vulnerável a catástrofes naturais. Em condicionalismos demográficos, o Japão, de 1872 a 1940,
duplicou a sua população de 34,8 milhões para 73,1, o que se explica pela herança que provém
de um sistema de produção agrícola essencialmente baseado na produção de arroz e que está
representado no Gráfico 1, que ilustra o panorama de elevadas densidades populacionais,
esse, que tem vindo a sofrer uma estagnação nos últimos anos e prevê-se um acentuado
decréscimo.
Abigail Haworth, jornalista do The Guardian inglês publicou um artigo2
, em Outubro de 2013,
no site do The Observer sobre o futuro da demografia nipónica que concorda com o gráfico
apresentado. O artigo mostra que o problema é maior do que se apresenta e que, segundo
entrevistas e pesquisas efetuadas, os solteiros e solteiras aumentam cada vez mais. Pesquisas
de 2011 revelam, assim, que 61% dos homens são solteiros e 49% das mulheres na idade entre
os 16 e os 34 anos não estão envolvidas em qualquer tipo de relações, um aumento de 10%
em relação há cinco anos. Tradicionalmente, num Japão conservador, a satisfação sexual de
um casal pouco tem a ver com a constituição da família, que parte de um entendimento no
qual o papel dos homens é proporcionar as necessidades ao seu agregado e às mulheres cabe
cuidar dos afazeres domésticos, o que é apontado como uma das causas que explicam os
resultados apresentados.
“O casamento [no Japão] tornou-se um campo minado de escolhas pouco atrativas.”
Abigail Haworth
1
5/11, https://www.oanda.com/lang/pt/currency/converter/
2
Artigo: https://www.theguardian.com/world/2013/oct/20/young-people-japan-stopped-having-sex
Gráfico 1: População japonesa, 1870-2100, fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia_do_Jap%C3%A3o
Artigo 1.2
Mapa 1
Artigo 1.2
Imagem 1
Artigo 1.2
Gráfico 1
Consolidação do Japão 2016/17
6 Geografia C
Anexo 1.
Anexo 1.1. Slide 2
Anexo 1.2. Slide 3
Slide 2 e 3 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país, o seu território e algumas
caraterísticas.
Artigo 1.2, Slide 3: mapa 1 – mapa do Japão -, imagem 1 – nota de 1000 e moeda de 10 ienes -, gráfico 1 -
população do Japão, de 1950 a 2010, onde se observa um elevado crescimento económico e uma, consequente,
estagnação -.
Consolidação do Japão 2016/17
7 Geografia C
II. Japão após a 2ª Guerra Mundial
No período que se desenvolve após 1945, portanto, depois da 2ª Guerra Mundial, o Japão
ficou numa situação frágil sendo um país militarmente vencido depois da bomba atómica
lançada em Hiroshima e Nagasaki, o que arrasou as regiões e, numa outra escala, o resto das
regiões haviam sido também arrasadas pela destruição da guerra. A demografia ficou instável
com a morte de cerca de 2 milhões de soldados e 700 mil civis, ainda assim, os 6,2 milhões de
japoneses que retornaram, das colónias à pátria, originaram uma forte pressão demográfica
nas grandes cidades, e não só, para o qual contribuiu, ainda, o baby-boom3
registado com o
retorno dos soldados.
Num contexto social, com a penúria, a
miséria e o desemprego a aumentar, a
inflação tornou-se incontrolável, o que
conseguimos ver no gráfico 2 que nos
apresenta o índice de preços ao
consumidor, de 1955 ao passado ano.
Este índice trata da evolução dos
preços de um pacote de produtos e
serviços padrão que as famílias, numa
determinada região, neste caso, no Japão,
adquirem para consumo e através dele é
possível calcular a inflação de um país
comparando, percentualmente, o resultado de um período com o de um período anterior,
concluindo-se que a inflação se tornou de facto muito instável observando o gráfico pouco
linear que se apresenta. A inflação alta que se veio verificar nos anos seguintes à guerra torna-
se desfavorável para o país, sendo que a população perde a confiança na sua economia e o
próprio país torna-se menos “atraente” para investidores estrangeiros4
. Assim, ao mesmo
tempo que o Japão tinha de pagar indemnizações estabelecidas, ficava cada vez mais
dependente dos vencedores e a sua moeda, o iene, deixava de ser cotada no mercado
internacional.
Tudo isto leva à ocupação do Japão pelos EUA, tornando-se numa grande influência e ajuda
para o japão.
A. A ajuda americana e o Plano Dodge
O ambiente de Guerra Fria veio ser favorável para a recuperação do Japão sendo que
interessava aos EUA proteger militarmente este país e prestar-lhe auxílio de forma a criar um
Japão forte que tivesse capacidade de resistência ao avanço do Comunismo no Sudeste
3
Definição genérica utilizada para definir crianças nascidas no decorrer de uma explosão populacional
4
O que vem explicar a necessidade de desvalorização, artificial, do iene de que se fala mais à frente
Gráfico 2: IPC no Japão a longo prazo, 1955-2015,
fonte: http://www.pt.global-rates.com/estatisticas-
economicas/inflacao/indice-de-precos-ao-
consumidor/ipc/japao.aspx
Artigo 2.2
Gráfico 2
Consolidação do Japão 2016/17
8 Geografia C
asiático5
. Assim, a reconstrução económica do Japão
tornou-se, desde logo, a maior preocupação dos EUA
na sua ocupação ao país sob a direção do general
MacArthur6
.
De forma a reconstruir a economia proibiu
monopólios económicos, desmantelando os zaibatsu7
,
permitindo a “livre concorrência” – que permite que
se ofereçam produtos ou serviços sem, contudo, ferir
os princípios da ética, da moral e da lealdade,
respeitando qualquer outro concorrente -, procedeu a
uma reforma agrária que passou pela expropriação
das grandes propriedades, redistribuindo as mesmas
por antigos camponeses que se transformam em
novos e ativos proprietários. Os EUA participaram,
também, na redação da Constituição japonesa, como
vemos no Documento 1, conseguindo através dela
implementar as medidas regeneradoras da economia
nipónica e promoveram a democratização do país,
através do restabelecimento de liberdades públicas e
da aprovação da constituição que estabelecia o
regime parlamentar em prejuízo da tradicional
autoridade Imperial, retirando competências ao
imperador, transformando-o num cargo com funções
sobretudo simbólicas, algo que está representado no
Artigo 4 do Capítulo I, presente no documento, já no,
também representado, Artigo 9 do Capítulo II está
representada a busca pelo desarmamento, pelo
desmantelamento das indústrias bélicas e o
direcionar, na totalidade, do potencial humano e
técnico para o setor produtivo de bens de consumo.
A ajuda americana fica perfeitamente consolidada com o Plano Dodge. Um plano de ajudas
financeiras e técnicas, criado por Joseph Dodge8
, à semelhança do que aconteceu na Europa
com o Plano Marshall, também redigido por um americano. Algumas das medidas
5
O que vem, mais tarde, ser consolidado com a criação da Organização do Tratado do Sudeste Asiático
criado na assinatura do Tratado de Defesa Coletiva do Sudeste Asiático ou Pacto de Manila, assinado em
1954 com o objetivo de proteger o sudeste asiático de avanços comunistas. Da organização faziam
parte: Austrália, França, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Grã-Bretanha e EUA, o Japão
acabou por não assinar, tendo-se antecipado através da cooperação com os EUA
6
Comandante militar-norte-americano, na 1ª Guerra lutou na França e na 2ª foi nomeado chefe de
operações do Sudeste asiático
7
Conglomerados industriais e/ou financeiros do Império do Japão, que vão ser substituídos pelos
keiretsu, que serão mencionados mais à frente
8
Americano licenciado em Reconstrução Económica, Diretor do Detroit Bank e mais tarde Conselheiro
Económico Pós-Guerra, Dodge fez, para além de no japão, também planos económicos para a Alemanha
Ocidental, ou República Federal da Alemanha
[Documento 1: Uma constituição
moderna
Capítulo I: O IMPERADOR […] Art.4:
O Imperador praticará apenas os
actos de Estado que lhe estão
reservados pela Constituição e não
interferirá nos actos do Governo.
[…]
Capítulo II: RENÚNCIA À GUERRA
Art.9: Aspirando sinceramente à paz
internacional baseada na ordem e
na justiça, o Povo Japonês renuncia,
para todo o sempre, à guerra como
um direito soberano da nação e à
ameaça ou ao uso da força como
meios de resolução de disputas
internacionais. Para que este
propósito seja cumprido não mais
serão mantidas forças militares
terrestres, navais ou aéreas. O
direito de beligerância do Estado
não será reconhecido.
Constituição do Japão, aprovada a 3
de Novembro de 1946.]
Artigo 2.2
Imagem 2
Consolidação do Japão 2016/17
9 Geografia C
implementadas passaram por: equilibrar a balança comercial de forma a diminuir a inflação,
conseguir maior eficiência na recolha de taxas e impostos, dissolver o Banco de Reconstrução
Financeira devido aos seus empréstimos não rentáveis, diminuir a influência do Governo na
economia nacional e ainda o fixar do valor de troca de 360 ienes para 1 dólar americano de
forma a manter os preços de exportação baixos.
B. O “milagre” económico japonês
Em quatro décadas (1950-1990) o Japão conheceu um processo de
desenvolvimento económico e social consistente, chegando mesmo a ocupar a posição de
segunda maior potência económica mundial, no final do séc. XX. Muito dependente do
exterior para as importações de matérias-primas e produtos energéticos, o Japão baseou a sua
política económica no desenvolvimento das exportações e do comércio.
Alguns fatores externos que contribuíram para o aclamado “milagre” foram a aposta no Plano
Dodge e a ajuda americana, a participação do Japão na guerra da Coreia, em 1950, como
grande fornecedor de bens, o que estimulou a atividade industrial, sendo que alguns setores
da indústria bélica são reativados e passa a dar-se grande importância ao sector siderúrgico e
metalomecânico, tendo em vista a economia de guerra “pedida” pelo conflito, as limitações
orçamentais para a defesa, o que ajudou a canalizar os fundos para outras áreas, e também o
ciclo durador de expansão da economia mundial. Fatores internos assentaram no papel do
Estado, numa base industrial sólida e variada, orientada para os setores de ponta e nas
características dos recursos humanos.
1. O papel do Estado
Apesar do sistema político japonês excecionalmente estável (o Partido Liberal-Democrata
manteve-se ininterruptamente no Governo após 1955) ter permitido a atuação concertada
entre o Governo e os grandes grupos económicos, foi a própria intervenção do Estado que foi
decisiva na recuperação do Japão, principalmente na economia que passou a ser dominada por
empresas inovadoras e competitivas que, para além de se imporem no mercado nacional,
também, se impõem no mercado internacional. Interveio ativamente na regulação do
investimento, na concessão de créditos, na proteção das empresas e do mercado nacional e,
para além disso, canalizou a maior parte dos investimentos públicos para o setor produtivo e
absteve-se em matéria de legislação social. O fato de os acordos políticos, na altura, forçarem
o Japão à contenção das despesas militares em 1% do PNB, contribuiu igualmente para libertar
recursos financeiros que foram aplicados no crescimento económico.
O governo fomentou uma política de obras públicas que criou emprego e estimulou a
procura interna e, simultaneamente, o Estado japonês desenvolveu uma planificação
Artigo 2.4
Tabela 1
Artigo 2.5
Imagem 3
Consolidação do Japão 2016/17
10 Geografia C
indicativa9
que procurou o incentivo à inovação, controle do volume das importações
protegendo as empresas nipónicas da concorrência, ao aplicar taxas alfandegárias aos
produtos estrangeiros e mantendo, artificialmente, o iene desvalorizado de forma a facilitar as
exportações. A planificação e respetivo controlo desta estratégia são da responsabilidade do
poderoso METI (Ministério da Economia, Comércio e Indústria).
Conclui-se, então, que a relação do Estado com as empresas industriais é muito próxima, para
além de que muitos dos altos funcionários do METI pertencem á alta hierarquia das grandes
empresas.
2. Processo de Industrialização
Apesar da manutenção dos setores económicos tradicionais – agricultura e artesanato onde o
recurso à mão-de-obra abundante e mal pago procurava superar as dificuldades da
modernização - uma base industrial sólida e variada começa a ser orientada por setores de
ponta10
que desenvolveram um processo de industrialização faseado, que se desenvolve desde
1950 até aos dias de hoje.
Numa 1ª fase – de 1950 a 1965 – a atividade industrial era concentrada na indústria têxtil e
com uma política orientada para importação de produtos manufaturados, numa 2ª fase - final
dos anos 50 até ao início dos anos 70 – o Japão apostou nas indústrias pesadas, orientadas
para a utilização de aço e através da importação do mesmo, navios e máquinas, o Japão
poderia pagar as crescentes importações de bens energéticos, de produtos alimentares e de
matérias-primas, na 3ª fase – do final dos anos 70 à atualidade – o Japão diversifica o seu
processo de industrialização através da indústria mecânica e eletrónica, produzindo
automóveis, computadores, eletrodomésticos, motociclos e televisores, já na 4ª fase – vem de
1980 aos dias de hoje – aposta-se em indústrias de alta tecnologia, nomeadamente
biotecnologias, semicondutores e ótica-eletrónica e, finalmente, na 5ª fase – que vem desde
2000 – O Japão passou a apostar na nanotecnologia11
, engenharia e genoma humano.
Com a reestruturação e modernização constantes da indústria, a “deslocalização” de partes
do processo produtivo e a diversificação da produção industrial, estavam criadas as condições
para o êxito económico do Japão.
Os japoneses desenvolveram, ainda, o toyotismo – modo de organização do trabalho e de
produção, que surge em meados de 1950 nas unidades fabris da Toyota - que se carateriza
pela polivalência das tarefas e dos operários – kanban -, pela melhoria continua do processo
de produção bem como pela ausência de stocks e a adaptação de uma estratégia onde só é
produzido quando encomendado - just in time – que se adaptava às condições
geoeconómicas do país, procurando desenvolver a sua estadia no mercado externo. Procedia
ao envolvimento dos trabalhadores para a melhoria da produção e era, inclusive, permitido
contribuir com propostas de mudança no processo de fabricação, a fim de obter melhor
produtividade. A redução de custos e melhor qualidade durante todos os momentos da
9
Estratégia de economia planificada/centralizada onde um sistema económico é prévia e racionalmente
planificado por especialistas
10
Aposta na alta tecnologia
11
Estudo de matéria numa escala atómica e molecular
Artigo 2.6
Gráfico 4
Artigo 2.6
Imagem 4
Consolidação do Japão 2016/17
11 Geografia C
produção – qualidade total - e a organização do trabalho
baseia-se em grupos de trabalhadores polivalentes que
desempenham múltiplas funções, adotando-se como um dos
critérios de avaliação para promoções e/ou aumentos
salariais o rendimento da equipa a que pertence o
trabalhador avaliado.
3. Qualidade dos Recursos
Humanos
Outro dos suportes da afirmação do Japão são os recursos
humanos. Com um vasto mercado interno, com cerca de 127
milhões de consumidores e uma mão-de-obra abundante, os
japoneses aceitaram os sacrifícios exigidos, quer pelo Estado
quer pelas empresas, colocando os interesses dos mesmos,
bem como os interesses da família, portanto, questões
coletivas acima de qualquer necessidade individual –
exemplo disso é a devoção no trabalho, as férias limitadas, a
competição escolar severa, etc. – mostrando assim um
grande espírito empreendedor. Dinâmicos e austeros,
empresários e trabalhadores, nos primeiros anos, chegaram a
doar à empresa os seus pequenos aumentos de salário para
promover a renovação tecnológica e aí está, de uma forma
direta, representada a devoção ao trabalho, no seu expoente
máximo, bem como no documento 2.
A complexidade da sua herança cultural - que inclui valores
como a lealdade, a honra, o respeito pela hierarquia e a
disciplina - é responsável pela grande coesão social e pela
inibição de tensões ou conflitos sociais. A população
japonesa apresenta-se, ainda, homogénea, linguística e
culturalmente, dada a pequena quantidade de grupos
distintos, como imigrantes coreanos e chineses, além dos
decasseguis12
. Esta ligação afetiva provém da tradição
japonesa no trabalho vitalício13
que transforma o patrão no
protetor dos seus funcionários, esses que prometem
incondicional lealdade à sua empresa, exemplificadamente
descrita no Documento 2. Tais sentimentos foram
estimulados e consolidados pelos empresários nipónicos
através de remunerações àqueles que se encontravam na
empresa à mais tempo, da organização de tempos e espaços
de lazer coletivos e de rituais diários, em que o hino e
12
Brasileiros que imigram param o Japão com o intuito de trabalhar
13
Não existe nenhum contrato formal que defina a permanência no emprego mas, ela existe, de facto,
até aos 55 anos, idade da reforma
[Documento 2: O Funcionário e a
Empresa
“De facto, é difícil no Japão
abandonar o universo da empresa,
mesmo fora das horas de trabalho.
O empregado de uma grande firma
habita normalmente num
apartamento da empresa. Ao meio
dia, almoça na cantina da empresa.
E, à noite, depois das horas
extraordinárias, não é raro ir tomar
um copo com os seus colegas de
trabalho. […] E quanto aos lazeres?
É a empresa que os toma a cargo.
Há clubes de xadrez, de passeios a
pé, de golfe e, para as senhoras,
cursos de cerimonial de chá ou de
arranjos florais. […] Em relação às
férias não existem problemas: é a
empresa que as organiza. […]
Mesmo o casamento de um
funcionário é, de certo modo,
apadrinhado pela empresa. A
pessoa que arranja o casamento e
preside à cerimónia é muitas vezes
o chefe de serviço ou o director do
funcionário e a maior parte dos
convidados são colegas de
escritório ou de oficina. Em tais
circunstâncias, como admirarmo-
nos que o funcionário tenha um
forte sentido de lealdade para com
a sua empresa?”
Em “Cahiers du Japon”, 1981,
Japan Echo/Ed.Sully.]
Artigo 2.7
Imagem 5
Consolidação do Japão 2016/17
12 Geografia C
símbolo da empresa assumem um lugar importante. Este sistema permitiu, não só o aumento
da produtividade e dos horários de trabalho14
como, a manutenção de salários baixos e dos
protestos sindicais a um nível muito modesto.15
A qualidade dos recursos humanos japoneses baseia-se, então:
-num sistema escolar muito competitivo, o que garante um elevado grau de qualificação;
-num nível de formação elevado, o que permite a todos os trabalhadores estarem
permanentemente capacitados para exercer a sua atividade.
14
Na década de 60, o japonês trabalhava, em média, mais 400 horas por ano que o europeu
15
Algo mais bem desenvolvido no tópico A, do capítulo VI
Artigo 2.7
Gráfico 5
Consolidação do Japão 2016/17
13 Geografia C
Anexo 2.
Anexo 2.1. Slide 4
Anexo 2.2. Slide 5
Anexo 2.3. Slide 6
Slide 4, 5 e 6 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país e a sua conjuntura após a
2ª Guerra.
Anexo 2.2., Slide 5, Auxílio Americano: gráfico 2 – mortos na 2ª Guerra Mundial sendo que o Japão é o 4º com mais
militares mortos e em matéria de civis é o 6º -, imagem 2 – em 1948, Hayato Ikeda, futuro impulsionador da
economia japonesa, cumprimenta Joseph Dodge, o criador do plano de recuperação nipónica após a 2ª Guerra
Mundial -.
Anexo 2.3, Slide 6, O “milagre” económico japonês: gráfico 3 – balança comercial japonesa, 1971-2008, que
demonstra o grande crescimento da economia e destaca a ultrapassagem das importações pelas exportações -.
Consolidação do Japão 2016/17
14 Geografia C
Anexo 2.4. Slide 7
Anexo 2.5. Slide 8
Anexo 2.6. Slide 9
Slide 7, 8 e 9 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país e a sua conjuntura após a
2ª Guerra.
Anexo 2.4., Slide 7, Fatores Externos e Internos: tabela 1 – fatores externos e internos que contribuíram para o
“milagre” japonês -.
Anexo 2.5, Slide 8, O Papel do Estado e do METI: imagem 3 – ponte-túnel “Aqualine” que faz parte da política de
obras públicas implementada -.
Anexo 2.6., Slide 9, As 5 Fases, Toyotismo just in time: gráfico 4 – 5 fases de industrialização que se desenrolaram
entre 1950 até à atualidade -, imagem 4 – linha de montagem toyotista -.
Consolidação do Japão 2016/17
15 Geografia C
Anexo 2.7. Slide 10
Slide 10 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresenta o país e a sua conjuntura após a 2ª
Guerra.
Anexo 2.7., Slide 10, Os Recursos Humanos: imagem 5 – representação da mão-de-obra japonesa, numa fábrica da
Toyota -, gráfico 5 – sistema de educação japonês que não apresenta grandes diferenças, quando comparado com o
português -.
Consolidação do Japão 2016/17
16 Geografia C
III. Japão como terceira economia mundial
A. A supremacia do Japão
A partir de 1985, o Japão passou a ter uma balança comercial excedentária com os EUA, UE e,
até, alguns vizinhos asiáticos, assim, o comércio externo japonês passou a ser um importante
impulsionador do crescimento económico.
A sua ascensão a potência financeira
deve-se à acumulação de excedentes,
associada às elevadas taxas de
poupança interna e à valorização do
iene. Segundo a CNUCED, em 2010,o
seu património no estrangeiro era
superior a 2000 milhões de dólares, ou
seja, equivalente ao PIB da Itália ou do
Canadá, em 2013.
Apesar da estagnação do seu
crescimento económico desde 1990, o
Japão continua a ter o título de
potência económica mundial, mais
especificamente, estando em terceiro
nesta categoria. Ainda que tenha
perdido a posição de segunda potência
mundial, o Japão, produziu, em 2011,
8,7% do PIB mundial, quase tanto
como a China - atual segunda potência
económica mundial - que, em 2011,
produziu 9,3% do PIB do mundo. Já em
2015, conseguimos concluir pelo
Gráfico 3 que o Japão se ficou pelo
terceiro lugar como potência
económica, atrás da China, já nas
previsões para 2030, o Japão ficará em quarto, sendo ultrapassado em 0,1% pela Índia.
O Japão transformou-se numa economia de conhecimento baseada na pesquisa e inovação
permanentes através, não só da supremacia financeira mas, também, da sua supremacia
tecnológica.
B. A China como principal parceiro comercial
A China transformou-se no principal parceiro comercial e no maior recetor de investimento
Gráfico 3: As 20 maiores potências económicas em 2015 e a
previsão para 2030, fonte: Bloomberg
Artigo 3.2
Gráfico 6
Consolidação do Japão 2016/17
17 Geografia C
japonês, ultrapassando os EUA, sendo que, face à abolição das tarifas aduaneiras, à
concorrência e à necessidade de afirmação na região, o Japão orientou a sua política
económica para os países vizinhos. A China é, de facto, o maior parceiro comercial do Japão e
isso reflete-se em números sendo que é a China o maior destino de exportações e a maior
origem de importações. Sendo a China e o Japão, respectivamente, a segunda e terceira
maiores economias do mundo, a sua relação é ilustrada com estatísticas de 2008 em que o
comércio entre ambos chegou a 266,4 bilhões de dólares, um aumento de 12,7% em relação a
2007, tornando a China e o Japão nos maiores parceiros comerciais mútuos. A China foi,
também, o principal destino das exportações japonesas, em 2009. Apesar da relação comercial
mútua, a verdade é que quem mais beneficia com esta relação é a China que ganha cada vez
mais poderio, questão que se torna no principal foque do Gráfico 3 onde, apesar de não subir
de posto, a verdade é que o seu título de segunda economia mundial está cada vez mais
consolidado, podendo até já começar a definir o objetivo de “roubar” o primeiro posto aos
EUA. Do PIB de 8,5% em 2015, pela China conseguido, prevê-se que chegue, em 2030, aos
22,1%, sendo a previsão para os EUA de 28,4%. O crescimento da China, que se prevê o maior,
em 13,6%, contribui para que o Japão fique cada vez mais afastado dos primeiros lugares.
Artigo 3.3
Gráfico 7
Consolidação do Japão 2016/17
18 Geografia C
Anexo 3.
Anexo 3.1. Slide 11
Anexo 3.2. Slide 12
Anexo 3.3. Slide 13
Slide 11, 12 e 13 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o Japão como Terceira
Economia Mundial.
Anexo 3.2., Slide 12, Potência Financeira: gráfico 6 – balança comercial japonesa de 1985 à atualidade e com
previsões até 2020 -.
Anexo 3.3, Slide 13, Relação com a China: gráfico 7 – principais destinos de exportação e importação, neste caso,
demonstra ser a China a mais influente em exportações e importações japonesas -.
Consolidação do Japão 2016/17
19 Geografia C
IV. Internacionalização da produção e a presença do Japão
no mundo
A alteração da estrutura
económica japonesa, baseada nas
indústrias pesadas (muito
dependentes de matérias-primas e
produtos energéticos), foi
acelerada pelos choques
petrolíferos verificados na década
de 70. A década de 70 foi marcada
pela regressão do crescimento que
tomava conta da economia japonesa. A primeira crise do petróleo foi uma espécie de teste ao
que foi o “milagre” económico japonês e, tal como o resto do mundo, o Japão teve uma queda
no seu crescimento e chegou a apresentar uma inflação de cerca de 25%, números incomuns
na época, como está representado no Gráfico 4, durante um bom período. Esta crise serviu
como que uma aprendizagem e um abanão para os “comandantes” da economia do país.
A. Deslocalização dos setores mais poluentes
O Japão começou a desenvolver indústrias de maior valor acrescentado, mais lucrativas,
associadas à eletrónica e à automação, abandonando setores onde a procura mundial era
reduzida e o consumo de energia elevado. A forte dependência energética levou o Japão a
diversificar as fontes de energia e a investir na energia nuclear.
Assim, os setores mais poluentes ou com maior utilização de mão-de-obra - como a
construção naval, a siderurgia e os têxteis - foram “deslocalizados”, principalmente, para os
NPI16
asiáticos onde o custo da mão-de-obra era menor.
B. Países vizinhos com o papel de plataformas
intermédias da produção japonesa
Sendo que a solução foi a transferência de algumas etapas de produção para países como
Brunei, Singapura, Filipinas, Malásia, Tailândia e Indonésia, em menos de dez anos, de 1980 a
1989, os investimentos diretos, vindos do Japão, na região asiática tiveram um aumento de
mais de 200% e, aproveitando a proximidade dos mercados, conseguida através da aquisição
de empresas e da produção de automóveis e equipamento electrónico, e das fontes de
energia. Os países vizinhos assumiram cada vez mais o papel de plataformas intermédias da
produção japonesa, ao investir na extração mineira, nos produtos energéticos, na
16
Novos Países Industrializados, que não podem ser considerados países desenvolvidos porque nem
sempre respeitam direitos humanos – uma das grandes explicações da mão-de-obra barata -,
manifestam pouco desenvolvimento industrial e do PIB e as populações apresentam elevadas taxas de
analfabetismo
Gráfico 4: Taxa de inflação no Japão, 1972-2010, fonte:
trendingeconomics.com
Consolidação do Japão 2016/17
20 Geografia C
petroquímica17
e nos produtos eletrónicos de grande consumo. Assim, os bens produzidos
eram, ou, exportados para o Japão, ou, enviados diretamente para o mercado mundial.
O Japão consolidou-se como potência industrial dominante nos países vizinhos, enquanto que
nos países orientais o Japão, ou se estabeleceu sozinho ou procurou criar alianças com
empresas autóctones de forma a penetrar no mercado do país de origem das mesmas. Quanto
aos EUA, o principal concorrente de qualquer potência, passam a ver o Japão como principal
concorrente que adquire empresas norte americanas e passa a maior credor e comprador de
Títulos do Tesouro18
Americanos.
Os fluxos de capitais provenientes do Japão vinham de vários investimentos, como o
investimento direto no exterior, os empréstimos obrigacionistas a curto prazo, a construção de
infraestruturas, participação no consórcio que construiu o túnel sob o Canal da Mancha e
outros investimentos sob a forma de títulos.
Agora, o porquê dos investidores apostarem no Japão? O Japão é a terceira economia mundial
e o seu poder de compra é um dos mais elevados do mundo, o país é líder no que toca a
tecnologias,
pesquisa e
desenvolvimento
, orienta grande
parte dos
investimentos da
sua economia
para a educação,
o acesso ao mercado japonês permite uma abertura para o resto da Ásia, o clima de negócios é
favorável e a população é cada vez mais envelhecida, o que abre um novo desenvolvimento
em potencial para responder às necessidades de grupos mais idosos - tecnologia voltada para
saúde, serviços médicos, lazer, produtos farmacêuticos. Os pontos fracos que o Japão
apresenta aos seus investidores passam pelo facto das regulamentações numerosas
continuarem a retrair o crescimento económico e a aumentar o custo dos negócios, a restringir
a competição e a atrasar a entrada e a saída do mercado, bem como o investimento. Além
disso, o Japão debate-se com uma cultura de negócios que opta e prefere fazer negócios com
empresas locais, redes de fornecedores exclusivos e alianças entre grupos comerciais nacionais
(que podem restringir a competição com as empresas estrangeiras) e, ainda, desafios
linguísticos e culturais – como a dificuldade da língua e a aversão ao conservadorismo japonês.
Vemos no Gráfico 5 que, a recessão económica que se sente no Japão desde a década de 90
continua a afetar os investimentos estrangeiros, que enfrentam, também eles, uma crise.19
17
Atividade industrial de produção de derivados de petróleo
18
Um título é semelhante a um empréstimo, um governo recebe dinheiro emprestado de alguém
disposto a adquirir um título através de uma emissão de títulos de tesouro
19
Explorado no capítulo VI
Gráfico 5: Investimento Estrangeiro Direto no Japão, 2013-2015, fonte: UNCTAD – 2016,
notas: *** Os investimentos greenfield correspondem à criação de filiais ex-nihilo pela
sede. **** A formação bruta de capital fixo (FBCF) é um indicador que mede a soma dos
investimentos, essencialmente materiais, realizados durante um ano.
Artigo 4.2
Gráfico 8/9
Consolidação do Japão 2016/17
21 Geografia C
Anexo 4.
Anexo 4.1. Slide 14
Anexo 4.2. Slide 15
Slide 14 e 15 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a internacionalização do Japão e a
sua integração no mundo.
Anexo 4.2., Slide 15, Relação com a China: gráfico 8 – o que mais foi exportado do Japão, em 2014, passa por
eletrónica e automação, carros -, gráfico 9 – o que mais foi importado para o Japão, em 2014, foram matérias-
primas -.
Consolidação do Japão 2016/17
22 Geografia C
V. Dualidade do modelo económico
No seu modelo económico, o Japão associa, com eficácia, grandes empresas e pequenas e
médias empresas – PME -, o que contribui para o aumento das desigualdades sociais no país.
A. Grandes grupos económicos
Os grandes grupos económicos, muitas vezes com representação política, reforçaram,
progressivamente, o seu domínio na economia. Os conglomerados, keiretsu20
ou “linhagens”
em japonês, são definidos pelas relações que promovem entre as finanças, o comércio e a
indústria. Os keiretsu integram empresas industriais e comerciais, independentes umas das
outras, que desenvolvem, entre si, uma densa rede de relações.
Em 2014, três das sociedades bancárias japonesas que sustentam e albergam alguns dos
keiretsu mais poderosos estavam entre as 20 maiores instituições financeiras mundiais: o
Mizuho Financial Group, o
Sumitomo Financial Group e o
Mitsubishi UGJ Financial Group,
este último que está em 10º lugar
na lista dos maiores bancos do
mundo, como está representado
no gráfico 6. Estes grandes grupos
financeiros mobilizam capital,
permitindo que as empresas do
grupo realizem investimentos ou
procedam a transferências estratégicas rápidas e eficazes entre os vários setores que
compõem a sua atividade. O poderio financeiro dos keiretsu permite assegurar e desenvolver,
cada vez mais, o investimento em I&D, promover a internacionalização e dominar novos
mercados, o que o Japão conseguiu com sucesso e, ainda que com uma quebra na sua
influência internacional, continua a conseguir.
As empresas japonesas que integram estes conglomerados estão entre as maiores ETN
mundiais, sendo exemplo: a Toyota, a Honda, a Sony, a Mistsubishi, a Nissan, a Canon ou a
Panasonic, etc..
Estes conglomerados não realizam todas as etapas do processo produtivo ao preferirem
subcontratar pequenas empresas que garantem fornecimento de matérias-primas e produtos
intermédios ou apenas concluem o processo de fabrico, o que pode ser encarado como uma
“deslocalização”, neste caso, interna.
Com operários, por regra muito qualificados e disciplinados, que asseguram a qualidade do
produto final, as grandes empresas são detentoras de elevadas produtividades e conseguem,
desta forma, pagar salários acima da média.
20
Ex-zaibatsu, explorados no tópico A do capítulo II
Gráfico 6: Os maiores bancos do mundo, 2015, fonte: economist.com
Artigo 5.3
Imagem 6/7
Artigo 5.2
Tabela 2
Consolidação do Japão 2016/17
23 Geografia C
Assim, conclui-se que o mercado interno assegura o escoamento de uma parte considerável
da produção dadas as medidas protecionistas do Estado21
e também dada a preferência dos
japoneses pelo que é nacional22
, já no mercado externo a maioria das empresas entrega os
seus produtos aos Sogo Sosha23
que, atualmente, enfrentam a concorrência da China, cada vez
mais longe de se equiparar, mas também a dos Tigres Asiáticos24
.
B. Pequenas e Médias Empresas
A par dos grandes grupos económicos, existem ainda um conjunto de PME responsáveis por
cerca de três quartos da mão-de-obra do arquipélago. Estas empresas estão extremamente
dependentes dos grandes grupos e das suas encomendas, pagam salários inferiores e estão
mais vulneráveis à alteração da conjuntura.
Definição pela Lei de Pequenas Empresas
Definição sobre a
Lei de
Imposto das
Corporações
Pequenas e Médias
Empresas
Microempresa
Tipo de Atividade Capital
declarado
N° de
Trabalhadores
N° de trabalhadores Capital declarado
Fábrica ¥300
milhões ou
menos
300 ou menos 20 ou menos
¥100 milhões ou
menos
Indústria de
Atacado
¥100
milhões ou
menos
100 ou menos 5 ou menos
Indústria de
Serviço
¥50 milhões
ou menos 100 ou menos 5 ou menos
Indústria de
Varejo
¥50 milhões
ou menos 50 ou menos 5 ou menos
Tabela 1: Definição de PME’s e Microempresas pela Lei de Pequenas Empresas, fonte: ois.sebrae.com.br/wp-
content/uploads/2012/12/Japão.pdf
No Japão, as PME’s são definidas pela Lei das PME’s, para cada sector diferente da indústria,
sendo que uma empresa será reconhecida como PME através de um dos seguintes critérios:
ou quantidade de capital ou o número de empregados, conforme a tabela nos mostra. Uma
das causas do baixo nível de empreendedorismo no Japão passa pelas dificuldades que os
empresários enfrentam para iniciar um negócio, destacando-se a dificuldade em receber
empréstimos de bancos, as pressões sobre a possibilidade de fracasso e a dura concorrência
21
Como o controle de volume de importações
22
Como os bens alimentares, algo muito fomentado e estimulado, também, pelo Estado
23
Grupos empresariais que surgiram no Japão, a partir de empresas de comércio internacional
responsáveis por colocar os produtos nos mercados, que transportam e distribuem e realizam a maioria
das importações, exportações e trocas comerciais internas
24
Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan, que apresentam um grande crescimento económico e
uma rápida industrialização
Consolidação do Japão 2016/17
24 Geografia C
dentro de um país onde as grandes organizações económicas se destacam e abafam minorias,
ainda que os japoneses se caraterizem por um forte espírito empreendedor.
Consolidação do Japão 2016/17
25 Geografia C
Anexo 5.
Anexo 5.1. Slide 16
Anexo 5.2. Slide 17
Anexo 5.3. Slide 18
Slide 16, 17 e 18 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a dualidade do modelo
económico.
Anexo 5.2., Slide 17, A estratégia empresarial, os keiretsu: tabela 2 – representação da keiretsu Mitsubishi -.
Anexo 5.3, Slide 18, Pequenas e Médias Empresas: imagem 6/7 – representação da pobreza no Japão, que retrata as
desigualdades sociais –.
Consolidação do Japão 2016/17
26 Geografia C
VI. Crise do modelo nipónico – o fim do “milagre
económico”
A década de 90 trouxe uma grave recessão económica e a crise do modelo económico
japonês, marcada pelos três “és”: envelhecimento, endividamento e estagnação.
A precariedade e o
desemprego aumentaram
no contexto de uma crise
demográfica, marcada
pelo envelhecimento da
população. A pobreza
aumentou, trazendo com
ela o aumento de
fenómenos sociais
violentos, como a
delinquência juvenil, a
xenofobia, o nacionalismo
exacerbado e o suicídio – que nos jovens é mais frequente a 1 de Setembro, o que coincide
com o início do ano letivo e que está muito ligado ao sistema escolar muito competitivo, já
implementado e respeitado entre os jovens, e com a pressão que os valores japoneses
exercem nos próprios japoneses, principalmente nos jovens que se encontram numa fase de
formação de personalidade. Jovens, esses, que contestam contra este sistema escolar rígido e
contra as desigualdades que são provocadas, principalmente devido ao elevado custo do
ensino superior.
A nível económico, o Japão encontrava-se muito dependente da conjuntura mundial, sendo
que, para produzir e consumir, teve de recorrer à importação massiva de matérias-primas e
produtos energéticos e agrícolas e, consequentemente, para pagar esta dependência,
necessitava de exportar em grande quantidade25
. O progresso do Japão provocou nas
economias concorrentes, como os EUA e UE, reações contra a política protecionista japonesa
o que faz valorizar o iene e, consequentemente, diminuir as exportações.
Muitas empresas abriram falência e, sem se conseguirem adaptar às novas regras ditadas pela
globalização, alteraram as suas estratégias perante a crescente competitividade de outros
países.
Sente-se um desemprego estrutural, que afeta cerca de 4 milhões de japoneses, provocado
por relocalizações de certas atividades industriais nos países vizinhos asiáticos com mão-de-
obra mais barata, por participações cruzadas entre empresas japonesas e estrangeiras, por
reestruturações nos grandes grupos económicos e pela estagnação do crescimento.
25
O que se tonou cada vez mais difícil, principalmente a partir de 2007, quando se começa a instalar
uma série de crises económicas, nos Estados Unidos e na Europa
Gráfico 7: Total de suicídios entre os jovens japoneses, média entre 1972-2013,
mês a mês, fonte: http://veja.abril.com.br/mundo/1o-de-setembro-e-o-dia-em-
que-jovens-cometem-mais-suicidio-no-japao/
Artigo 6.2
Gráfico 10
Artigo 6.3
Gráfico 12
Artigo 6.3
Gráfico 13
Consolidação do Japão 2016/17
27 Geografia C
As consequências e a gestão de catástrofes como a da Central Nuclear de Fukushima, em
2011, e o sismo de Kobe, em 1905, colocaram em causa a infabilidade do sistema do modelo
japonês. Sismo de Kobe esse, que evidenciou o sistema corrupto ao permitir a construção de
infraestruturas desrespeitando as normas legais de construção, previamente
implementadas.
A. Clima de mal-estar social
A confiança quebrada dos japoneses parece ter levado a um clima de mal-estar social que se
deve, entre outros, à
descredibilização da classe
política, dada a exposição da
corrupção – proveniente da
forte ligação entre a política
e os grupos económicos -,
deflação e elevada dívida
pública, que representava
mais de 214,3% do PIB
mundial, em 2012 – um
recorde mundial -, e que
vemos no Gráfico 8,
disparidades salariais e de estatuto social, o envelhecimento demográfico e elevadas
densidades populacionais que provocam pressão urbana muito forte e a deterioração da
qualidade de vida.
Começam também a surgir reivindicações sindicais para a diminuição do horário de trabalho,
essas, que ao falhar mostram a personalidade pouco reivindicativa dos japoneses e muito
resignada ao que lhe é imposto procurando o respeito, que se reflete nos poucos resultados
que surgem dos seus fracos sindicatos. Atualmente, a lei sindical japonesa permite que
trabalhadores se tornem membros destes sindicatos inscrevendo-se individualmente e
também confere aos sindicatos o direito de representação em negociação coletiva junto à sua
empresa, mesmo que somente um trabalhador da mesma seja membro do sindicato. A lei
japonesa permite, ainda, que se inicie o processo de criação de um sindicato em uma empresa
a partir da iniciativa de apenas dois trabalhadores.
B. Reformas necessárias
O Japão continua a procurar responder ao longo período de recessão, que se iniciou em 1990
e que procura acompanhar o acelerado processo de globalização e à concorrência dos seus
vizinhos asiáticos, principalmente a China, e para isso são necessárias algumas reformas.
Gráfico 8: Dívida pública japonesa, 2006-2015, fonte:
http://pt.tradingeconomics.com/japan/government-debt-to-gdp/forecast
Artigo 6.4
Imagem 8/9
Consolidação do Japão 2016/17
28 Geografia C
O Japão tem aberto as suas portas à concorrência e aos capitais estrangeiros e está também a
proceder a reajustamentos no seu modelo toyotista. Os setores da indústria incorporam cada
vez mais um grande valor acrescentado em tecnologia e as empresas japonesas, como a
Canon, estão a exportar patentes de modelos ou gamas de produtos para países vizinhos,
sendo que não conseguem competir com os mesmos em matéria de custos de produção.
Quer o setor privado, quer o setor público, aumentam cada vez mais as suas despesas com
a I&D, continuando a orientar a sua produção para setores de ponta, ligados à alta
tecnologia, em particular, a nanotecnologia e a robótica.
Outra das suas estratégias passa pelas mulheres. Takako Suwa26
é frequentemente referida
pelo Governo japonês como uma das imagens de marca para "vender" a sua estratégia de dar
mais poder às mulheres e assim ajudar a economia do país a crescer. Há um ano e meio,
quando anunciou a sua estratégia para tirar o país da estagnação económica e da deflação em
que se encontra há já alguns anos, o primeiro-ministro Shinzo Abe apostou numa política
monetária que prometeu mais investimento público e garantiu que iria realizar reformas
estruturais para adaptar o Japão à nova realidade económica e também à emancipação da
mulher algo a que chamou Abenomics, o plano apresentado de combate à deflação mais
profundo desde o New Deal de Franklin Roosevelt nos Estados Unidos, antes da 2ª Guerra.
É nas reformas estruturais que se inclui a tarefa de dar às mulheres um papel de maior
destaque no mercado de trabalho, usando assim uma mão-de-obra muitas vezes discriminada
e decerto subaproveitada pela economia de qualquer país. E se as dificuldades enfrentadas por
Takako Suwa na sucessão do seu pai não fossem suficientemente claras, bastaria olhar para as
estatísticas internacionais para perceber que as mulheres no Japão têm, mais do que na
maioria dos países, dificuldades em impor-se.
O Japão encontra-se há cerca de vinte anos mergulhado numa depressão da qual não
encontra saída, preso entre a estagnação e a deflação. Estamos perante uma imagem de um
sistema preso numa crise de rentabilidade para a qual ainda não se encontrou resposta, mas,
entre os riscos de destruição do sistema e a certeza do aprofundamento das manifestações
contra as condições de trabalho, torna-se cada vez mais urgente a tomada de consciência dos
trabalhadores das causas profundas da crise e das desigualdades, da destruição ambiental e da
conjuntura que se atravessa, quer a nível nacional como mundial.
Apesar de tudo, o Japão continua a ser uma grande potência comercial, financeira e
económica.
26
Japonesa chamada para trabalhar na empresa de que o pai era dono ao lado de uma maioria
esmagadora de colegas masculinos, insistiu em realizar mudanças profundas na pequena empresa, de
produção de modelos de peças para o setor automóvel, e rapidamente embateu com a resistência dos
funcionários mais antigos da empresa e do próprio pai que, por duas vezes, a despediu da empresa que
hoje lidera
Artigo 6.5
Gráfico 14/15
Consolidação do Japão 2016/17
29 Geografia C
Anexo 6.
Anexo 6.1. Slide 19
Anexo 6.2. Slide 20
Anexo 6.3. Slide 21
Slide 19, 20 e 21 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a crise do modelo nipónico.
Anexo 6.2., Slide 20, O modelo nipónico vai abaixo: gráfico 10 – evolução demográfica no japão entre 1950 e 2004 e
previsões para 2020, que apresentam o envelhecimento da população -, gráfico 11 – suicídios entre os jovens
japoneses entre 1972 e 2013, por meses, mostrando que há mais suicídios no início de cada ano lectivo -.
Anexo 6.3, Slide 21: gráfico 12 – exportações e importações japonesas entre 1980 e 2008 que mostram a crescente
aposta nas exportações –, gráfico 13 – crescimento e desemprego no Japão entre 1980 e 2008, que mostra o
crescente desemprego a partir da década de 90 -.
Consolidação do Japão 2016/17
30 Geografia C
Anexo 6.4. Slide 22
Anexo 6.5. Slide 23
Slide 22 e 23 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a crise do modelo nipónico.
Anexo 6.4., Slide 22, A perda de confiança dos japoneses: imagem 8 – sismo de Kobe em 1995 -, imagem 9 –
catástrofe na central nuclear de Fukushima em 2011 -.
Anexo 6.5, Slide 23: gráfico 14 – países onde foram publicados artigos científicos sobre nanotecnologia no país de
origem, estando o Japão em 2º –, gráfico 15 – crescimento do investimento em I&D em vários países, estando o
Japão à frente -.
Consolidação do Japão 2016/17
31 Geografia C
VII. As condições e as limitações político-militares do Japão
A sua condição de potência económica entra, constantemente, em contradição com o
estatuto político e militar do país na cena internacional, sendo que a sua diplomacia parece
ser, primariamente, económica.
No plano militar, o Estado japonês mantém a sua política antibelicista. Uma forte consciência
pacífica é mantida, desde as terríveis bombas lançadas, em 1945, em Hiroshima e Nagasaki,
que não caíram no esquecimento do povo japonês e continuam a limitar, politicamente, o país.
A Constituição proibiu a venda de armas ao exterior e o envio de tropas para o estrangeiro só é
possível quando contextualizado em missões de
manutenção de paz da ONU. Ainda assim, com os
confrontos atuais e que se adivinham, o Japão deu um
passo histórico, afastando-se do pacifismo com que se
carateriza, desde 1945, algo que constitui uma vitória
para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, mas também
uma ação que irritou profundamente a China e que
preocupa muitos eleitores japoneses. O Japão ampliará
as suas opções militares, encerrando a proibição do
exercício de “autodefesa seletiva” e irá rever, também,
as restrições nas operações de manutenção da paz sob
a supervisão da ONU e “inclui na Zona Cinza27
todos os
episódios que não constituem guerra em plena escala”,
pretendendo aparecer no mapa mundo militar. A nova
política irritou profundamente a China, cujas relações
com o Japão têm sido afetadas por causa da disputa
em torno de um arquipélago de ilhas e por causa da
desconfiança e da herança do passado belicoso, bem
sucedido, do Japão. Alguns eleitores expressam as suas
preocupações se o Japão se envolver em guerras
“estranhas”, pois o excesso de condições militares é
temido pela população, sendo que, ao mesmo tempo,
temem o renascimento do espírito imperialista. Um
homem chegou mesmo a lançar fogo a si próprio num
movimentado cruzamento em Tóquio, uma rara forma
de protesto no Japão, depois de ter protestado contra
a reversão parcial da política antibelicista japonesa.
O Japão trocou a influência política e militar pela ajuda
pública ao desenvolvimento (APD) na Ásia, em África e no Médio Oriente, onde tem um papel
27
Zona de fogo
[Documento 3: APD em 2014
Os maiores países doadores do
CAD, em volume, [em 2014] foram
os Estados Unidos, o Reino Unido,
Alemanha, França e Japão.
Dinamarca, Luxemburgo, Noruega,
Suécia e o Reino Unido continuou a
superar a meta para a APD das
Nações Unidas de 0,7% do PIB. Os
países do G7 forneceram 71% do
total líquido da APD em 2014, e os
países do CAD-UE apenas 55%. Os
desembolsos líquidos de APD por
instituições da UE foram de 16,5
bilhões USD.
OCDE,
10 de Janeiro, 2016]
Artigo 7.2
Gráfico 16
Consolidação do Japão 2016/17
32 Geografia C
relevante na manutenção da paz e no apoio ao desenvolvimento28
. Conseguimos ver pelo
documento que, em 2014, o Japão foi, de facto, um dos principais doadores do Comité de
Ajuda ao Desenvolvimento.
28
Assistência cedida por organismos públicos a países em desenvolvimento
Consolidação do Japão 2016/17
33 Geografia C
Artigo 7.
Anexo 7.1. Slide 24
Anexo 7.2. Slide 25
Slide 24 e 25 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam as condições político-militares do
Japão.
Anexo 7.2., Slide 25: gráfico 16 – ajuda pública ao desenvolvimento por cidadão, em 2007, que mostram o terceiro
lugar que era ocupado pelo Japão -.
Consolidação do Japão 2016/17
34 Geografia C
VIII. O Japão e a promoção da sua imagem, língua e cultura
Através da política soft power29
, o Japão tem investido na promoção da sua imagem e da sua
língua e cultura, tirando partido do entusiasmo e interesse mundial pela cultura japonesa
(videojogos, manga e anime – outrora considerados mediocridade no japão -, gastronomia,
etc.).
A. Sushi em Portugal
Uma cultura que em Portugal é difundida pela embaixada Japonesa, através da promoção de
vários eventos que tentam apresentar os portugueses às mais variadas vertentes, mas a
verdade é que, para muitos, Japão diz-se sushi, em Portugal. Uma analogia que procura
mostrar a importância, cada vez maior, deste prato da gastronomia japonesa, parecendo
estranho que o conservador português se renda ao “arroz de peixe” à moda japonesa. O certo
é que se rendeu, de facto, e não foi pouco.
Uma cozinha saudável, requintada e cheia de rituais que, quando comparada com outras, esta
quase não utiliza temperos e, assim, cada ingrediente consegue o papel de protagonista sendo
que todos eles ganham a oportunidade de mostrar o seu sabor puro. Chegando, deliciando e
apaixonando as mais diversas classes sociais, o fascínio pelo sushi já ultrapassa a parte da
degustação com cada vez mais pessoas a interessarem-se pela confeção. Os ingredientes mais
utilizados nesta cozinha são o arroz, peixe, algas, alguns vegetais e fruta, rebentos de soja,
sementes de sésamo, gengibre e wasabi e só para se ter uma ideia, a palavra gohan, que
significa arroz em japonês, significa igualmente refeição e há segredos para que este saia no
ponto, desde a temperatura ao ser colocado num cesto de madeira até ser arrefecido com um
leque, fazer arroz torna-se numa ciência que se podia tornar numa disciplina mas, Paulo
Morais, procurou levar mais longe e criar uma escola de sushi em Portugal.
O mais conhecido sushiman português que começou a verificar ser fácil comer-se sushi, em
Portugal, sobretudo se se viver em Lisboa ou no Porto, afirma que “na maior parte dos casos a
oferta não é tão boa como devia ser” e daí surge, a seu ver, a necessidade de uma escola que
procure evitar que a cozinha japonesa sofresse uma evolução semelhante à que, a certa altura,
sofreram as cozinhas italiana ou chinesa em Portugal, em que toda a gente começou a fazer
pizzas ou massas chinesas sem conhecer as bases. Não é por acaso que, no Japão, “os
aprendizes começam sempre a trabalhar o arroz, e demoram anos a aprender a lavá-lo, a cozê-
lo, a misturá-lo bem com o vinagre para atingir, não a perfeição porque os japoneses acham
que isso não existe, mas, o mais próximo possível da perfeição.”
Procura-se, então, a difusão deste fenómeno, de uma forma cuidada e intensiva, algo que
cresce mas que está já consolidado num país onde já não se estranha ouvir “peixe cru”.
29
Expressão usada na teoria das relações internacionais para descrever a habilidade de um corpo
político, um Estado, por exemplo, para influenciar indiretamente o comportamento ou interesses de
outros corpos políticos por meios culturais ou ideológicos
Artigo 8.2
Consolidação do Japão 2016/17
35 Geografia C
Artigo 8.
Anexo 8.1. Slide 26
Anexo 8.2. Slide 27
Slide 26 e 27 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a política softpower aplicada.
Anexo 8.2., Slide 27: Imagens que ilustram a difusão da cultura japonesa pelo Mundo.
Consolidação do Japão 2016/17
36 Geografia C
Conclusão
Chega-se, então, à conclusão que o Japão é um país que vive do que é super e que os seus
problemas estão no que é híper, querendo, com isto, dizer que os seus problemas se
marcaram, essencialmente, pelas elevadas densidades populacionais, que provocam uma
pressão populacional nas cidades, e por momentos de hiperinflação que se procuraram
reverter. Um país que vive em grande nos períodos de baixas e que, apesar do momento áureo
que viveu, onde conseguiu chegar com facilidade, vem apresentar a dificuldade de manter o
seu crescimento, cedendo novamente ao que é fácil, mas, agora, numa lógica de recessão que,
como vimos, continua a tentar ser ultrapassada ainda que sem grandes sucessos ultimamente
e as estatísticas não apontam para melhores dias do Japão na conjuntura mundial e, até,
nacional.
Se, no passado, quem veio ajudar, e muito, o Japão, para o término de dias cinzentos após a 2ª
Guerra, foram os Estados Unidos, com uma aliança nunca terminada, e se tinha oportunidade
de ser uma aliança cada vez mais reforçada, que fosse mais além de uma aliança de segurança,
hoje, esta aliança vê-se ameaçada com a recente eleição do novo presidente da América.
Donald Trump, o recente30
, polémico e surpreendente eleito 45º Presidente da América já
havia, ao longo da sua campanha, proferido afirmações que se referem à relação do seu país
com o país por nós estudado, o Japão, dizendo coisas como: “Continuaremos a proteger o
Japão, é certo, mas é preciso que se esteja preparado para qualquer adversidade.”, em maio
deste ano, avisando sobre a possibilidade de retirar o exército dos EUA do Japão se Tóquio não
cobrisse todos os custos da presença militar americana no país.
“Com o Japão, eles terão que nos pagar ou teremos que deixá-los protegerem-se sozinhos.”
Donald Trump, Maio 2016
Num país que, entre muitos outros, minutos antes da catástrofe, a que muitos chamam a
eleição de Trump, já a tinha previsto ao convocar uma reunião de emergência entre o Governo
e o Banco Central que tinha em vista o estudo da repentina que das bolsas e do preço do
petróleo nos mercados asiáticos, como, aliás, já havia acontecido com o Brexit quando a
previsão da aprovação do referendo foi prevista pela queda dos preços nos mercados, a
verdade é que, poucos dias depois da eleição, os mercados recuperaram, inclusive a influência
japonesa, que teve uma alta forte ao saltar da queda de 5% para o crescimento de 6,72%, no
espaço de dois dias, o que indica mudanças repentinas numa conjuntura onde nada é certo.
Para explicar esta aparente e rápida mudança, alguns profissionais apontam fatores
psicológicos — depois do pânico, o raciocínio impõe-se —, bem como as promessas do
republicano Donald Trump de grandes investimentos e reduções de impostos como as
principais causas.
Assim, com esta recuperação depois do caos da eleição que afeta não só os EUA mas também
o mundo, vemos que o Japão está de facto fragilizado e a sua economia vai facilmente abaixo,
com qualquer facilidade. Resta-nos, ainda que tendo em conta as previsões, esperar para ver o
30
No passado dia 8/11, na madrugada de 9/11 em Portugal
Consolidação do Japão 2016/17
37 Geografia C
que o Japão e Donald Trump nos reservam, tendo os dois em comum o facto de o futuro que
acarretam ser um profundo ponto de interrogação.
Consolidação do Japão 2016/17
38 Geografia C
Bibliografia
Livros:
DOMINGOS, Cristina; LEMOS, Sílvia; CANAVILHAS, Telma. Geografia C 12º Ano. Lisboa: Plátano Editora, 2015.
Internet:
O Japão face à aliança norte-americana: a redefinição do papel japonês como liderança mundial, UFRGS. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/nerint/folder/artigos/artigo7.pdf>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Lista de ilhas do Japão, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_ilhas_do_Jap%C3%A3o>. Acesso em 28
de Outubro de 2016.
Inflação Japão - índice de preços ao consumidor (IPC), Global Rates. Disponível em: <http://www.pt.global-rates.com/estatisticas-
economicas/inflacao/indice-de-precos-ao-consumidor/ipc/japao.aspx>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Inflação – informação de referência detalhada sobre inflação, Global Rates. Disponível em: <http://www.pt.global-
rates.com/estatisticas-economicas/inflacao/inflacao-informacao-de-referencia.aspx>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Índice de preços no consumidor, Wikipedia. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_pre%C3%A7os_no_consumidor>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Milagre Japonês, Diogo Azeredo Portfólio. Disponível em:
<http://diogoazeredoportfolio.weebly.com/uploads/2/0/4/2/20425835/o_milagre_japons_97-03.pdf>. Acesso em 28 de Outubro
de 2016.
Organização do Tratado do Sudeste Asiático, Wikipedia. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_do_Tratado_do_Sudeste_Asi%C3%A1tico>. Acesso em 28 de Outubro
de 2016.
Douglas MacArthur, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Douglas_MacArthur>. Acesso em 28 de Outubro de
2016.
Concorrência Livre, Dicionário Informal. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/livre%20concorr%C3%AAncia/>.
Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Zaibatsu, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Zaibatsu>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Plano Dodge, Economicamente Pensando. Disponível em: <http://economicamentepensando.blogspot.pt/2015/10/plano-
dodge_26.html>. Acesso em 28 de Outubro de 2016.
Economia Planificada, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_planificada>. Acesso em 28 de Outubro
de 2016.
20 maiores economias do mundo em 2030, O Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/futurologia-eua-listam-
as-20-maiores-economias-do-mundo-em-2030-15861521>. Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Perfil do Japão, The Observatory of Economic Complexety. Disponível em: <http://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/jpn/>.
Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Inflação dos Alimentos no Japão, Trading Economics. Disponível em: <http://pt.tradingeconomics.com/japan/food-inflation>.
Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Novos Países Industrializados, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/tuqqgxd-eblh/npi-novos-paises-industrializados-na-asia/>.
Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Deslocalização Industrial, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/uwkfn9kpennx/deslocalizacao-industrial/>. Acesso em 1 de
Novembro de 2016.
Consolidação do Japão 2016/17
39 Geografia C
Japão: Língua e Cultura, Celin UFPR. Disponível em: <http://www.celin.ufpr.br/index.php/cursos/presencial/16-catalogo-
eletronico-de-cursos/81-japones-lingua-e-cultura>. Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Japão: Fluxos de IDE, Santander Trade Portal. Disponível em: <https://pt.portal.santandertrade.com/internacionalize-
se/japao/fluxos-de-ied-2>. Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Sogo Sosha, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sogo_shosha>. Acesso em 1 de Novembro de 2016.
Sindicatos no Japão, Trabalho no Japão. Disponível em: <http://www.trabalhonojapao.org/sindicato-no-japao.html>. Acesso em 1
de Novembro de 2016.
Abenomics em crise, podem as mulheres salvar o Japão?, Público. Disponível em:
<https://www.publico.pt/economia/noticia/abenomics-em-crise-podem-as-mulheres-salvar-o-japao-1669627>. Acesso em 1 de
Novembro de 2016.
Milagre Japonês, SlideShare. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/carlosvieira/milagre-japones?next_slideshow=1>. Acesso
em 1 de Novembro de 2016.
Geografia C, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/vwuiitis9xao/geografia-c/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016.
Japão, entre a estagnação e a deflação - Um retrato do sistema capitalista mundial, O Militante. Disponível em:
<http://www.omilitante.pcp.pt/pt/304/Internacional/384/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016.
Governo japonês declara fim da doutrina antibelicista, Monitor Digital. Disponível em: <http://monitordigital.com.br/governo-
japonus-declara-fim-da-doutrina-antibelicista/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016.
OCDE apresenta os dados oficiais finais da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) para 2014, Plataforma ONGD. Disponível em:
<http://www.plataformaongd.pt/noticias/noticia.aspx?id=1134>. Acesso em 2 de Novembro de 2016.
Aliança Japão-EUA pode estar em risco com Trump no poder, Portal MIE. Disponível em:
<http://www.portalmie.com/atualidade/noticias-do-japao/sociedade-2/2016/11/alianca-japao-eua-pode-estar-em-risco-com-
trump-no-poder/>. Acesso em 10 de Novembro de 2016.
Japão: Governo e Banco Central convocam reunião de emergência, TSF. Disponível em: <http://www.tsf.pt/internacional/eleicoes-
eua-2016/interior/japao-governo-e-banco-central-convocam-reuniao-de-emergencia-5487717.html>. Acesso em 10 de Novembro
de 2016.
Bolsas chinesas atingem máxima de 10 meses; Japão também se recupera, O Globo. Disponível em: <
http://oglobo.globo.com/economia/bolsas-chinesas-atingem-maxima-de-10-meses-japao-tambem-se-recupera-20443061>.
Acesso em 10 de Novembro de 2016.
Consolidação do Japão 2016/17
40 Geografia C
Realizado por:
Mariana Silva
Miguel Sousa
Renato Oliveira
Tiago Silva
Geografia C, 12º C, Escola Secundária E/B2,3 Michel Giacometti
2016/17

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  • 1. Consolidação do Japão 2016/ 17 Depois da 2ª Guerra Mundial, o Japão consegue chegar a terceira economia mundial, através da ajuda americana, do seu modelo económico e das mudanças desenvolvidas pelo Estado. Hoje, o Japão continua a tentar responder às adversidades e à recessão económica que se impôs desde a década de 90. Geografia C
  • 2. Consolidação do Japão 2016/17 1 Geografia C Introdução No seu processo de consolidação, o Japão conseguiu, após a 2ª Guerra Mundial, crescer de uma forma exponencial através de um modelo económico e de um “milagre” que acontece no mesmo e conseguiu, com isso, tornar-se numa forte potência económica mundial. Ainda que tudo parecesse estar a correr bem com este “milagre” a conseguir superar todos os obstáculos, parecendo até infalível, a verdade é que a partir da década de 90 começa a impor- se uma crise, no Japão, que ainda hoje se procura contornar. É precisamente o contraste, nas várias vertentes da economia japonesa, entre o passado e a atualidade e entre o próprio Japão e Portugal, ou simplesmente a sua influência, que se procura estabelecer neste documento. Esse que recorre à divisão de oito temas em oito Capítulos, indispensáveis para a apresentação da situação japonesa ao longo dos anos, que se fazem, cada um, acompanhar por um Anexo que nos apresentam os slides do suporte digital apresentado em aula, sendo os seus gráficos e imagens uma ajuda para o entendimento do que se pretende apresentar. Numa lógica de texto acompanhado por gráficos e documentos, devidamente explorados, procura-se que a consolidação do Japão fique, com redundância, consolidada.
  • 3. Consolidação do Japão 2016/17 2 Geografia C Índice Introdução ........................................................................................................ 1 I. Integração do Japão no Mundo – apresentação do território e da demografia e suas caraterísticas ...................... 5 II. Japão após a 2ª Guerra Mundial .......................................... 7 A. A ajuda americana e o Plano Dodge ..........................................7 B. O “milãgre” económico japonês ...................................................9 1. O papel do Estado ...................................................................................9 2. Processo de Industrialização ..........................................................10 3. Qualidade dos Recursos Humanos ...............................................11 III. Japão como terceira economia mundial .........................16 A. A supremacia do Japão – na região asiática, financeira e também económica ....................................................................................... 16 B. A China como principal parceiro comercial ........................ 16 IV. Internacionalização da produção e a presença do Japão no mundo .............................................................................................19 A. Deslocalização dos setores mais poluentes ........................ 19 B. Países vizinhos com o papel de plataformas intermédias da produção japonesa ................................................................................... 19 V. Dualidade do modelo económico ......................................22 A. Grandes grupos económicos – keiretsu e sociedades bancárias japonesas ....................................................................................... 22 B. PME – Pequenas e Médias Empresas ..................................... 23
  • 4. Consolidação do Japão 2016/17 3 Geografia C VI. Crise do modelo nipónico – o fim do “milagre económico” ..........................................................................................26 A. Clima de mal-estar social ............................................................. 27 B. Reformas necessárias ................................................................... 27 VII. As condições e as limitações político-militares do Japão ..................................................................................................................31 VIII. O Japão e a promoção da sua imagem, língua e cultura ..................................................................................................................34 A. Sushi em Portugal ........................................................................... 34 Conclusão ........................................................................................................36 Bibliografia .....................................................................................................38
  • 5. Consolidação do Japão 2016/17 4 Geografia C
  • 6. Consolidação do Japão 2016/17 5 Geografia C I. Integração do Japão no Mundo O Japão é um arquipélago, constituído por mais de 6 mil ilhas, onde 426 são habitadas, ao longo de cerca de 2 mil km, onde vivem mais de 127 milhões de pessoas, atualmente, e a moeda em circulação é o iene, na última vez consultado1 1000 ienes valiam 8,74 euros. O Japão tem tido grandes dificuldades em ultrapassar alguns condicionalismos. Em termos de condicionalismos naturais, o Japão apresenta-se com um território limitado, montanhoso e com pouca hospitalidade, com solos pouco férteis e desprovido de fontes de energia, o país é considerado pobre em recursos naturais. Há ainda, grandes contrastes climáticos com um norte mais frio no Inverno e um sudeste mais húmido no Verão e que no Outono sofre constantemente com tempestades tropicais. O facto de se encontrar numa zona sísmica e vulcânica faz do Japão uma zona mais vulnerável a catástrofes naturais. Em condicionalismos demográficos, o Japão, de 1872 a 1940, duplicou a sua população de 34,8 milhões para 73,1, o que se explica pela herança que provém de um sistema de produção agrícola essencialmente baseado na produção de arroz e que está representado no Gráfico 1, que ilustra o panorama de elevadas densidades populacionais, esse, que tem vindo a sofrer uma estagnação nos últimos anos e prevê-se um acentuado decréscimo. Abigail Haworth, jornalista do The Guardian inglês publicou um artigo2 , em Outubro de 2013, no site do The Observer sobre o futuro da demografia nipónica que concorda com o gráfico apresentado. O artigo mostra que o problema é maior do que se apresenta e que, segundo entrevistas e pesquisas efetuadas, os solteiros e solteiras aumentam cada vez mais. Pesquisas de 2011 revelam, assim, que 61% dos homens são solteiros e 49% das mulheres na idade entre os 16 e os 34 anos não estão envolvidas em qualquer tipo de relações, um aumento de 10% em relação há cinco anos. Tradicionalmente, num Japão conservador, a satisfação sexual de um casal pouco tem a ver com a constituição da família, que parte de um entendimento no qual o papel dos homens é proporcionar as necessidades ao seu agregado e às mulheres cabe cuidar dos afazeres domésticos, o que é apontado como uma das causas que explicam os resultados apresentados. “O casamento [no Japão] tornou-se um campo minado de escolhas pouco atrativas.” Abigail Haworth 1 5/11, https://www.oanda.com/lang/pt/currency/converter/ 2 Artigo: https://www.theguardian.com/world/2013/oct/20/young-people-japan-stopped-having-sex Gráfico 1: População japonesa, 1870-2100, fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia_do_Jap%C3%A3o Artigo 1.2 Mapa 1 Artigo 1.2 Imagem 1 Artigo 1.2 Gráfico 1
  • 7. Consolidação do Japão 2016/17 6 Geografia C Anexo 1. Anexo 1.1. Slide 2 Anexo 1.2. Slide 3 Slide 2 e 3 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país, o seu território e algumas caraterísticas. Artigo 1.2, Slide 3: mapa 1 – mapa do Japão -, imagem 1 – nota de 1000 e moeda de 10 ienes -, gráfico 1 - população do Japão, de 1950 a 2010, onde se observa um elevado crescimento económico e uma, consequente, estagnação -.
  • 8. Consolidação do Japão 2016/17 7 Geografia C II. Japão após a 2ª Guerra Mundial No período que se desenvolve após 1945, portanto, depois da 2ª Guerra Mundial, o Japão ficou numa situação frágil sendo um país militarmente vencido depois da bomba atómica lançada em Hiroshima e Nagasaki, o que arrasou as regiões e, numa outra escala, o resto das regiões haviam sido também arrasadas pela destruição da guerra. A demografia ficou instável com a morte de cerca de 2 milhões de soldados e 700 mil civis, ainda assim, os 6,2 milhões de japoneses que retornaram, das colónias à pátria, originaram uma forte pressão demográfica nas grandes cidades, e não só, para o qual contribuiu, ainda, o baby-boom3 registado com o retorno dos soldados. Num contexto social, com a penúria, a miséria e o desemprego a aumentar, a inflação tornou-se incontrolável, o que conseguimos ver no gráfico 2 que nos apresenta o índice de preços ao consumidor, de 1955 ao passado ano. Este índice trata da evolução dos preços de um pacote de produtos e serviços padrão que as famílias, numa determinada região, neste caso, no Japão, adquirem para consumo e através dele é possível calcular a inflação de um país comparando, percentualmente, o resultado de um período com o de um período anterior, concluindo-se que a inflação se tornou de facto muito instável observando o gráfico pouco linear que se apresenta. A inflação alta que se veio verificar nos anos seguintes à guerra torna- se desfavorável para o país, sendo que a população perde a confiança na sua economia e o próprio país torna-se menos “atraente” para investidores estrangeiros4 . Assim, ao mesmo tempo que o Japão tinha de pagar indemnizações estabelecidas, ficava cada vez mais dependente dos vencedores e a sua moeda, o iene, deixava de ser cotada no mercado internacional. Tudo isto leva à ocupação do Japão pelos EUA, tornando-se numa grande influência e ajuda para o japão. A. A ajuda americana e o Plano Dodge O ambiente de Guerra Fria veio ser favorável para a recuperação do Japão sendo que interessava aos EUA proteger militarmente este país e prestar-lhe auxílio de forma a criar um Japão forte que tivesse capacidade de resistência ao avanço do Comunismo no Sudeste 3 Definição genérica utilizada para definir crianças nascidas no decorrer de uma explosão populacional 4 O que vem explicar a necessidade de desvalorização, artificial, do iene de que se fala mais à frente Gráfico 2: IPC no Japão a longo prazo, 1955-2015, fonte: http://www.pt.global-rates.com/estatisticas- economicas/inflacao/indice-de-precos-ao- consumidor/ipc/japao.aspx Artigo 2.2 Gráfico 2
  • 9. Consolidação do Japão 2016/17 8 Geografia C asiático5 . Assim, a reconstrução económica do Japão tornou-se, desde logo, a maior preocupação dos EUA na sua ocupação ao país sob a direção do general MacArthur6 . De forma a reconstruir a economia proibiu monopólios económicos, desmantelando os zaibatsu7 , permitindo a “livre concorrência” – que permite que se ofereçam produtos ou serviços sem, contudo, ferir os princípios da ética, da moral e da lealdade, respeitando qualquer outro concorrente -, procedeu a uma reforma agrária que passou pela expropriação das grandes propriedades, redistribuindo as mesmas por antigos camponeses que se transformam em novos e ativos proprietários. Os EUA participaram, também, na redação da Constituição japonesa, como vemos no Documento 1, conseguindo através dela implementar as medidas regeneradoras da economia nipónica e promoveram a democratização do país, através do restabelecimento de liberdades públicas e da aprovação da constituição que estabelecia o regime parlamentar em prejuízo da tradicional autoridade Imperial, retirando competências ao imperador, transformando-o num cargo com funções sobretudo simbólicas, algo que está representado no Artigo 4 do Capítulo I, presente no documento, já no, também representado, Artigo 9 do Capítulo II está representada a busca pelo desarmamento, pelo desmantelamento das indústrias bélicas e o direcionar, na totalidade, do potencial humano e técnico para o setor produtivo de bens de consumo. A ajuda americana fica perfeitamente consolidada com o Plano Dodge. Um plano de ajudas financeiras e técnicas, criado por Joseph Dodge8 , à semelhança do que aconteceu na Europa com o Plano Marshall, também redigido por um americano. Algumas das medidas 5 O que vem, mais tarde, ser consolidado com a criação da Organização do Tratado do Sudeste Asiático criado na assinatura do Tratado de Defesa Coletiva do Sudeste Asiático ou Pacto de Manila, assinado em 1954 com o objetivo de proteger o sudeste asiático de avanços comunistas. Da organização faziam parte: Austrália, França, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Grã-Bretanha e EUA, o Japão acabou por não assinar, tendo-se antecipado através da cooperação com os EUA 6 Comandante militar-norte-americano, na 1ª Guerra lutou na França e na 2ª foi nomeado chefe de operações do Sudeste asiático 7 Conglomerados industriais e/ou financeiros do Império do Japão, que vão ser substituídos pelos keiretsu, que serão mencionados mais à frente 8 Americano licenciado em Reconstrução Económica, Diretor do Detroit Bank e mais tarde Conselheiro Económico Pós-Guerra, Dodge fez, para além de no japão, também planos económicos para a Alemanha Ocidental, ou República Federal da Alemanha [Documento 1: Uma constituição moderna Capítulo I: O IMPERADOR […] Art.4: O Imperador praticará apenas os actos de Estado que lhe estão reservados pela Constituição e não interferirá nos actos do Governo. […] Capítulo II: RENÚNCIA À GUERRA Art.9: Aspirando sinceramente à paz internacional baseada na ordem e na justiça, o Povo Japonês renuncia, para todo o sempre, à guerra como um direito soberano da nação e à ameaça ou ao uso da força como meios de resolução de disputas internacionais. Para que este propósito seja cumprido não mais serão mantidas forças militares terrestres, navais ou aéreas. O direito de beligerância do Estado não será reconhecido. Constituição do Japão, aprovada a 3 de Novembro de 1946.] Artigo 2.2 Imagem 2
  • 10. Consolidação do Japão 2016/17 9 Geografia C implementadas passaram por: equilibrar a balança comercial de forma a diminuir a inflação, conseguir maior eficiência na recolha de taxas e impostos, dissolver o Banco de Reconstrução Financeira devido aos seus empréstimos não rentáveis, diminuir a influência do Governo na economia nacional e ainda o fixar do valor de troca de 360 ienes para 1 dólar americano de forma a manter os preços de exportação baixos. B. O “milagre” económico japonês Em quatro décadas (1950-1990) o Japão conheceu um processo de desenvolvimento económico e social consistente, chegando mesmo a ocupar a posição de segunda maior potência económica mundial, no final do séc. XX. Muito dependente do exterior para as importações de matérias-primas e produtos energéticos, o Japão baseou a sua política económica no desenvolvimento das exportações e do comércio. Alguns fatores externos que contribuíram para o aclamado “milagre” foram a aposta no Plano Dodge e a ajuda americana, a participação do Japão na guerra da Coreia, em 1950, como grande fornecedor de bens, o que estimulou a atividade industrial, sendo que alguns setores da indústria bélica são reativados e passa a dar-se grande importância ao sector siderúrgico e metalomecânico, tendo em vista a economia de guerra “pedida” pelo conflito, as limitações orçamentais para a defesa, o que ajudou a canalizar os fundos para outras áreas, e também o ciclo durador de expansão da economia mundial. Fatores internos assentaram no papel do Estado, numa base industrial sólida e variada, orientada para os setores de ponta e nas características dos recursos humanos. 1. O papel do Estado Apesar do sistema político japonês excecionalmente estável (o Partido Liberal-Democrata manteve-se ininterruptamente no Governo após 1955) ter permitido a atuação concertada entre o Governo e os grandes grupos económicos, foi a própria intervenção do Estado que foi decisiva na recuperação do Japão, principalmente na economia que passou a ser dominada por empresas inovadoras e competitivas que, para além de se imporem no mercado nacional, também, se impõem no mercado internacional. Interveio ativamente na regulação do investimento, na concessão de créditos, na proteção das empresas e do mercado nacional e, para além disso, canalizou a maior parte dos investimentos públicos para o setor produtivo e absteve-se em matéria de legislação social. O fato de os acordos políticos, na altura, forçarem o Japão à contenção das despesas militares em 1% do PNB, contribuiu igualmente para libertar recursos financeiros que foram aplicados no crescimento económico. O governo fomentou uma política de obras públicas que criou emprego e estimulou a procura interna e, simultaneamente, o Estado japonês desenvolveu uma planificação Artigo 2.4 Tabela 1 Artigo 2.5 Imagem 3
  • 11. Consolidação do Japão 2016/17 10 Geografia C indicativa9 que procurou o incentivo à inovação, controle do volume das importações protegendo as empresas nipónicas da concorrência, ao aplicar taxas alfandegárias aos produtos estrangeiros e mantendo, artificialmente, o iene desvalorizado de forma a facilitar as exportações. A planificação e respetivo controlo desta estratégia são da responsabilidade do poderoso METI (Ministério da Economia, Comércio e Indústria). Conclui-se, então, que a relação do Estado com as empresas industriais é muito próxima, para além de que muitos dos altos funcionários do METI pertencem á alta hierarquia das grandes empresas. 2. Processo de Industrialização Apesar da manutenção dos setores económicos tradicionais – agricultura e artesanato onde o recurso à mão-de-obra abundante e mal pago procurava superar as dificuldades da modernização - uma base industrial sólida e variada começa a ser orientada por setores de ponta10 que desenvolveram um processo de industrialização faseado, que se desenvolve desde 1950 até aos dias de hoje. Numa 1ª fase – de 1950 a 1965 – a atividade industrial era concentrada na indústria têxtil e com uma política orientada para importação de produtos manufaturados, numa 2ª fase - final dos anos 50 até ao início dos anos 70 – o Japão apostou nas indústrias pesadas, orientadas para a utilização de aço e através da importação do mesmo, navios e máquinas, o Japão poderia pagar as crescentes importações de bens energéticos, de produtos alimentares e de matérias-primas, na 3ª fase – do final dos anos 70 à atualidade – o Japão diversifica o seu processo de industrialização através da indústria mecânica e eletrónica, produzindo automóveis, computadores, eletrodomésticos, motociclos e televisores, já na 4ª fase – vem de 1980 aos dias de hoje – aposta-se em indústrias de alta tecnologia, nomeadamente biotecnologias, semicondutores e ótica-eletrónica e, finalmente, na 5ª fase – que vem desde 2000 – O Japão passou a apostar na nanotecnologia11 , engenharia e genoma humano. Com a reestruturação e modernização constantes da indústria, a “deslocalização” de partes do processo produtivo e a diversificação da produção industrial, estavam criadas as condições para o êxito económico do Japão. Os japoneses desenvolveram, ainda, o toyotismo – modo de organização do trabalho e de produção, que surge em meados de 1950 nas unidades fabris da Toyota - que se carateriza pela polivalência das tarefas e dos operários – kanban -, pela melhoria continua do processo de produção bem como pela ausência de stocks e a adaptação de uma estratégia onde só é produzido quando encomendado - just in time – que se adaptava às condições geoeconómicas do país, procurando desenvolver a sua estadia no mercado externo. Procedia ao envolvimento dos trabalhadores para a melhoria da produção e era, inclusive, permitido contribuir com propostas de mudança no processo de fabricação, a fim de obter melhor produtividade. A redução de custos e melhor qualidade durante todos os momentos da 9 Estratégia de economia planificada/centralizada onde um sistema económico é prévia e racionalmente planificado por especialistas 10 Aposta na alta tecnologia 11 Estudo de matéria numa escala atómica e molecular Artigo 2.6 Gráfico 4 Artigo 2.6 Imagem 4
  • 12. Consolidação do Japão 2016/17 11 Geografia C produção – qualidade total - e a organização do trabalho baseia-se em grupos de trabalhadores polivalentes que desempenham múltiplas funções, adotando-se como um dos critérios de avaliação para promoções e/ou aumentos salariais o rendimento da equipa a que pertence o trabalhador avaliado. 3. Qualidade dos Recursos Humanos Outro dos suportes da afirmação do Japão são os recursos humanos. Com um vasto mercado interno, com cerca de 127 milhões de consumidores e uma mão-de-obra abundante, os japoneses aceitaram os sacrifícios exigidos, quer pelo Estado quer pelas empresas, colocando os interesses dos mesmos, bem como os interesses da família, portanto, questões coletivas acima de qualquer necessidade individual – exemplo disso é a devoção no trabalho, as férias limitadas, a competição escolar severa, etc. – mostrando assim um grande espírito empreendedor. Dinâmicos e austeros, empresários e trabalhadores, nos primeiros anos, chegaram a doar à empresa os seus pequenos aumentos de salário para promover a renovação tecnológica e aí está, de uma forma direta, representada a devoção ao trabalho, no seu expoente máximo, bem como no documento 2. A complexidade da sua herança cultural - que inclui valores como a lealdade, a honra, o respeito pela hierarquia e a disciplina - é responsável pela grande coesão social e pela inibição de tensões ou conflitos sociais. A população japonesa apresenta-se, ainda, homogénea, linguística e culturalmente, dada a pequena quantidade de grupos distintos, como imigrantes coreanos e chineses, além dos decasseguis12 . Esta ligação afetiva provém da tradição japonesa no trabalho vitalício13 que transforma o patrão no protetor dos seus funcionários, esses que prometem incondicional lealdade à sua empresa, exemplificadamente descrita no Documento 2. Tais sentimentos foram estimulados e consolidados pelos empresários nipónicos através de remunerações àqueles que se encontravam na empresa à mais tempo, da organização de tempos e espaços de lazer coletivos e de rituais diários, em que o hino e 12 Brasileiros que imigram param o Japão com o intuito de trabalhar 13 Não existe nenhum contrato formal que defina a permanência no emprego mas, ela existe, de facto, até aos 55 anos, idade da reforma [Documento 2: O Funcionário e a Empresa “De facto, é difícil no Japão abandonar o universo da empresa, mesmo fora das horas de trabalho. O empregado de uma grande firma habita normalmente num apartamento da empresa. Ao meio dia, almoça na cantina da empresa. E, à noite, depois das horas extraordinárias, não é raro ir tomar um copo com os seus colegas de trabalho. […] E quanto aos lazeres? É a empresa que os toma a cargo. Há clubes de xadrez, de passeios a pé, de golfe e, para as senhoras, cursos de cerimonial de chá ou de arranjos florais. […] Em relação às férias não existem problemas: é a empresa que as organiza. […] Mesmo o casamento de um funcionário é, de certo modo, apadrinhado pela empresa. A pessoa que arranja o casamento e preside à cerimónia é muitas vezes o chefe de serviço ou o director do funcionário e a maior parte dos convidados são colegas de escritório ou de oficina. Em tais circunstâncias, como admirarmo- nos que o funcionário tenha um forte sentido de lealdade para com a sua empresa?” Em “Cahiers du Japon”, 1981, Japan Echo/Ed.Sully.] Artigo 2.7 Imagem 5
  • 13. Consolidação do Japão 2016/17 12 Geografia C símbolo da empresa assumem um lugar importante. Este sistema permitiu, não só o aumento da produtividade e dos horários de trabalho14 como, a manutenção de salários baixos e dos protestos sindicais a um nível muito modesto.15 A qualidade dos recursos humanos japoneses baseia-se, então: -num sistema escolar muito competitivo, o que garante um elevado grau de qualificação; -num nível de formação elevado, o que permite a todos os trabalhadores estarem permanentemente capacitados para exercer a sua atividade. 14 Na década de 60, o japonês trabalhava, em média, mais 400 horas por ano que o europeu 15 Algo mais bem desenvolvido no tópico A, do capítulo VI Artigo 2.7 Gráfico 5
  • 14. Consolidação do Japão 2016/17 13 Geografia C Anexo 2. Anexo 2.1. Slide 4 Anexo 2.2. Slide 5 Anexo 2.3. Slide 6 Slide 4, 5 e 6 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país e a sua conjuntura após a 2ª Guerra. Anexo 2.2., Slide 5, Auxílio Americano: gráfico 2 – mortos na 2ª Guerra Mundial sendo que o Japão é o 4º com mais militares mortos e em matéria de civis é o 6º -, imagem 2 – em 1948, Hayato Ikeda, futuro impulsionador da economia japonesa, cumprimenta Joseph Dodge, o criador do plano de recuperação nipónica após a 2ª Guerra Mundial -. Anexo 2.3, Slide 6, O “milagre” económico japonês: gráfico 3 – balança comercial japonesa, 1971-2008, que demonstra o grande crescimento da economia e destaca a ultrapassagem das importações pelas exportações -.
  • 15. Consolidação do Japão 2016/17 14 Geografia C Anexo 2.4. Slide 7 Anexo 2.5. Slide 8 Anexo 2.6. Slide 9 Slide 7, 8 e 9 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o país e a sua conjuntura após a 2ª Guerra. Anexo 2.4., Slide 7, Fatores Externos e Internos: tabela 1 – fatores externos e internos que contribuíram para o “milagre” japonês -. Anexo 2.5, Slide 8, O Papel do Estado e do METI: imagem 3 – ponte-túnel “Aqualine” que faz parte da política de obras públicas implementada -. Anexo 2.6., Slide 9, As 5 Fases, Toyotismo just in time: gráfico 4 – 5 fases de industrialização que se desenrolaram entre 1950 até à atualidade -, imagem 4 – linha de montagem toyotista -.
  • 16. Consolidação do Japão 2016/17 15 Geografia C Anexo 2.7. Slide 10 Slide 10 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresenta o país e a sua conjuntura após a 2ª Guerra. Anexo 2.7., Slide 10, Os Recursos Humanos: imagem 5 – representação da mão-de-obra japonesa, numa fábrica da Toyota -, gráfico 5 – sistema de educação japonês que não apresenta grandes diferenças, quando comparado com o português -.
  • 17. Consolidação do Japão 2016/17 16 Geografia C III. Japão como terceira economia mundial A. A supremacia do Japão A partir de 1985, o Japão passou a ter uma balança comercial excedentária com os EUA, UE e, até, alguns vizinhos asiáticos, assim, o comércio externo japonês passou a ser um importante impulsionador do crescimento económico. A sua ascensão a potência financeira deve-se à acumulação de excedentes, associada às elevadas taxas de poupança interna e à valorização do iene. Segundo a CNUCED, em 2010,o seu património no estrangeiro era superior a 2000 milhões de dólares, ou seja, equivalente ao PIB da Itália ou do Canadá, em 2013. Apesar da estagnação do seu crescimento económico desde 1990, o Japão continua a ter o título de potência económica mundial, mais especificamente, estando em terceiro nesta categoria. Ainda que tenha perdido a posição de segunda potência mundial, o Japão, produziu, em 2011, 8,7% do PIB mundial, quase tanto como a China - atual segunda potência económica mundial - que, em 2011, produziu 9,3% do PIB do mundo. Já em 2015, conseguimos concluir pelo Gráfico 3 que o Japão se ficou pelo terceiro lugar como potência económica, atrás da China, já nas previsões para 2030, o Japão ficará em quarto, sendo ultrapassado em 0,1% pela Índia. O Japão transformou-se numa economia de conhecimento baseada na pesquisa e inovação permanentes através, não só da supremacia financeira mas, também, da sua supremacia tecnológica. B. A China como principal parceiro comercial A China transformou-se no principal parceiro comercial e no maior recetor de investimento Gráfico 3: As 20 maiores potências económicas em 2015 e a previsão para 2030, fonte: Bloomberg Artigo 3.2 Gráfico 6
  • 18. Consolidação do Japão 2016/17 17 Geografia C japonês, ultrapassando os EUA, sendo que, face à abolição das tarifas aduaneiras, à concorrência e à necessidade de afirmação na região, o Japão orientou a sua política económica para os países vizinhos. A China é, de facto, o maior parceiro comercial do Japão e isso reflete-se em números sendo que é a China o maior destino de exportações e a maior origem de importações. Sendo a China e o Japão, respectivamente, a segunda e terceira maiores economias do mundo, a sua relação é ilustrada com estatísticas de 2008 em que o comércio entre ambos chegou a 266,4 bilhões de dólares, um aumento de 12,7% em relação a 2007, tornando a China e o Japão nos maiores parceiros comerciais mútuos. A China foi, também, o principal destino das exportações japonesas, em 2009. Apesar da relação comercial mútua, a verdade é que quem mais beneficia com esta relação é a China que ganha cada vez mais poderio, questão que se torna no principal foque do Gráfico 3 onde, apesar de não subir de posto, a verdade é que o seu título de segunda economia mundial está cada vez mais consolidado, podendo até já começar a definir o objetivo de “roubar” o primeiro posto aos EUA. Do PIB de 8,5% em 2015, pela China conseguido, prevê-se que chegue, em 2030, aos 22,1%, sendo a previsão para os EUA de 28,4%. O crescimento da China, que se prevê o maior, em 13,6%, contribui para que o Japão fique cada vez mais afastado dos primeiros lugares. Artigo 3.3 Gráfico 7
  • 19. Consolidação do Japão 2016/17 18 Geografia C Anexo 3. Anexo 3.1. Slide 11 Anexo 3.2. Slide 12 Anexo 3.3. Slide 13 Slide 11, 12 e 13 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam o Japão como Terceira Economia Mundial. Anexo 3.2., Slide 12, Potência Financeira: gráfico 6 – balança comercial japonesa de 1985 à atualidade e com previsões até 2020 -. Anexo 3.3, Slide 13, Relação com a China: gráfico 7 – principais destinos de exportação e importação, neste caso, demonstra ser a China a mais influente em exportações e importações japonesas -.
  • 20. Consolidação do Japão 2016/17 19 Geografia C IV. Internacionalização da produção e a presença do Japão no mundo A alteração da estrutura económica japonesa, baseada nas indústrias pesadas (muito dependentes de matérias-primas e produtos energéticos), foi acelerada pelos choques petrolíferos verificados na década de 70. A década de 70 foi marcada pela regressão do crescimento que tomava conta da economia japonesa. A primeira crise do petróleo foi uma espécie de teste ao que foi o “milagre” económico japonês e, tal como o resto do mundo, o Japão teve uma queda no seu crescimento e chegou a apresentar uma inflação de cerca de 25%, números incomuns na época, como está representado no Gráfico 4, durante um bom período. Esta crise serviu como que uma aprendizagem e um abanão para os “comandantes” da economia do país. A. Deslocalização dos setores mais poluentes O Japão começou a desenvolver indústrias de maior valor acrescentado, mais lucrativas, associadas à eletrónica e à automação, abandonando setores onde a procura mundial era reduzida e o consumo de energia elevado. A forte dependência energética levou o Japão a diversificar as fontes de energia e a investir na energia nuclear. Assim, os setores mais poluentes ou com maior utilização de mão-de-obra - como a construção naval, a siderurgia e os têxteis - foram “deslocalizados”, principalmente, para os NPI16 asiáticos onde o custo da mão-de-obra era menor. B. Países vizinhos com o papel de plataformas intermédias da produção japonesa Sendo que a solução foi a transferência de algumas etapas de produção para países como Brunei, Singapura, Filipinas, Malásia, Tailândia e Indonésia, em menos de dez anos, de 1980 a 1989, os investimentos diretos, vindos do Japão, na região asiática tiveram um aumento de mais de 200% e, aproveitando a proximidade dos mercados, conseguida através da aquisição de empresas e da produção de automóveis e equipamento electrónico, e das fontes de energia. Os países vizinhos assumiram cada vez mais o papel de plataformas intermédias da produção japonesa, ao investir na extração mineira, nos produtos energéticos, na 16 Novos Países Industrializados, que não podem ser considerados países desenvolvidos porque nem sempre respeitam direitos humanos – uma das grandes explicações da mão-de-obra barata -, manifestam pouco desenvolvimento industrial e do PIB e as populações apresentam elevadas taxas de analfabetismo Gráfico 4: Taxa de inflação no Japão, 1972-2010, fonte: trendingeconomics.com
  • 21. Consolidação do Japão 2016/17 20 Geografia C petroquímica17 e nos produtos eletrónicos de grande consumo. Assim, os bens produzidos eram, ou, exportados para o Japão, ou, enviados diretamente para o mercado mundial. O Japão consolidou-se como potência industrial dominante nos países vizinhos, enquanto que nos países orientais o Japão, ou se estabeleceu sozinho ou procurou criar alianças com empresas autóctones de forma a penetrar no mercado do país de origem das mesmas. Quanto aos EUA, o principal concorrente de qualquer potência, passam a ver o Japão como principal concorrente que adquire empresas norte americanas e passa a maior credor e comprador de Títulos do Tesouro18 Americanos. Os fluxos de capitais provenientes do Japão vinham de vários investimentos, como o investimento direto no exterior, os empréstimos obrigacionistas a curto prazo, a construção de infraestruturas, participação no consórcio que construiu o túnel sob o Canal da Mancha e outros investimentos sob a forma de títulos. Agora, o porquê dos investidores apostarem no Japão? O Japão é a terceira economia mundial e o seu poder de compra é um dos mais elevados do mundo, o país é líder no que toca a tecnologias, pesquisa e desenvolvimento , orienta grande parte dos investimentos da sua economia para a educação, o acesso ao mercado japonês permite uma abertura para o resto da Ásia, o clima de negócios é favorável e a população é cada vez mais envelhecida, o que abre um novo desenvolvimento em potencial para responder às necessidades de grupos mais idosos - tecnologia voltada para saúde, serviços médicos, lazer, produtos farmacêuticos. Os pontos fracos que o Japão apresenta aos seus investidores passam pelo facto das regulamentações numerosas continuarem a retrair o crescimento económico e a aumentar o custo dos negócios, a restringir a competição e a atrasar a entrada e a saída do mercado, bem como o investimento. Além disso, o Japão debate-se com uma cultura de negócios que opta e prefere fazer negócios com empresas locais, redes de fornecedores exclusivos e alianças entre grupos comerciais nacionais (que podem restringir a competição com as empresas estrangeiras) e, ainda, desafios linguísticos e culturais – como a dificuldade da língua e a aversão ao conservadorismo japonês. Vemos no Gráfico 5 que, a recessão económica que se sente no Japão desde a década de 90 continua a afetar os investimentos estrangeiros, que enfrentam, também eles, uma crise.19 17 Atividade industrial de produção de derivados de petróleo 18 Um título é semelhante a um empréstimo, um governo recebe dinheiro emprestado de alguém disposto a adquirir um título através de uma emissão de títulos de tesouro 19 Explorado no capítulo VI Gráfico 5: Investimento Estrangeiro Direto no Japão, 2013-2015, fonte: UNCTAD – 2016, notas: *** Os investimentos greenfield correspondem à criação de filiais ex-nihilo pela sede. **** A formação bruta de capital fixo (FBCF) é um indicador que mede a soma dos investimentos, essencialmente materiais, realizados durante um ano. Artigo 4.2 Gráfico 8/9
  • 22. Consolidação do Japão 2016/17 21 Geografia C Anexo 4. Anexo 4.1. Slide 14 Anexo 4.2. Slide 15 Slide 14 e 15 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a internacionalização do Japão e a sua integração no mundo. Anexo 4.2., Slide 15, Relação com a China: gráfico 8 – o que mais foi exportado do Japão, em 2014, passa por eletrónica e automação, carros -, gráfico 9 – o que mais foi importado para o Japão, em 2014, foram matérias- primas -.
  • 23. Consolidação do Japão 2016/17 22 Geografia C V. Dualidade do modelo económico No seu modelo económico, o Japão associa, com eficácia, grandes empresas e pequenas e médias empresas – PME -, o que contribui para o aumento das desigualdades sociais no país. A. Grandes grupos económicos Os grandes grupos económicos, muitas vezes com representação política, reforçaram, progressivamente, o seu domínio na economia. Os conglomerados, keiretsu20 ou “linhagens” em japonês, são definidos pelas relações que promovem entre as finanças, o comércio e a indústria. Os keiretsu integram empresas industriais e comerciais, independentes umas das outras, que desenvolvem, entre si, uma densa rede de relações. Em 2014, três das sociedades bancárias japonesas que sustentam e albergam alguns dos keiretsu mais poderosos estavam entre as 20 maiores instituições financeiras mundiais: o Mizuho Financial Group, o Sumitomo Financial Group e o Mitsubishi UGJ Financial Group, este último que está em 10º lugar na lista dos maiores bancos do mundo, como está representado no gráfico 6. Estes grandes grupos financeiros mobilizam capital, permitindo que as empresas do grupo realizem investimentos ou procedam a transferências estratégicas rápidas e eficazes entre os vários setores que compõem a sua atividade. O poderio financeiro dos keiretsu permite assegurar e desenvolver, cada vez mais, o investimento em I&D, promover a internacionalização e dominar novos mercados, o que o Japão conseguiu com sucesso e, ainda que com uma quebra na sua influência internacional, continua a conseguir. As empresas japonesas que integram estes conglomerados estão entre as maiores ETN mundiais, sendo exemplo: a Toyota, a Honda, a Sony, a Mistsubishi, a Nissan, a Canon ou a Panasonic, etc.. Estes conglomerados não realizam todas as etapas do processo produtivo ao preferirem subcontratar pequenas empresas que garantem fornecimento de matérias-primas e produtos intermédios ou apenas concluem o processo de fabrico, o que pode ser encarado como uma “deslocalização”, neste caso, interna. Com operários, por regra muito qualificados e disciplinados, que asseguram a qualidade do produto final, as grandes empresas são detentoras de elevadas produtividades e conseguem, desta forma, pagar salários acima da média. 20 Ex-zaibatsu, explorados no tópico A do capítulo II Gráfico 6: Os maiores bancos do mundo, 2015, fonte: economist.com Artigo 5.3 Imagem 6/7 Artigo 5.2 Tabela 2
  • 24. Consolidação do Japão 2016/17 23 Geografia C Assim, conclui-se que o mercado interno assegura o escoamento de uma parte considerável da produção dadas as medidas protecionistas do Estado21 e também dada a preferência dos japoneses pelo que é nacional22 , já no mercado externo a maioria das empresas entrega os seus produtos aos Sogo Sosha23 que, atualmente, enfrentam a concorrência da China, cada vez mais longe de se equiparar, mas também a dos Tigres Asiáticos24 . B. Pequenas e Médias Empresas A par dos grandes grupos económicos, existem ainda um conjunto de PME responsáveis por cerca de três quartos da mão-de-obra do arquipélago. Estas empresas estão extremamente dependentes dos grandes grupos e das suas encomendas, pagam salários inferiores e estão mais vulneráveis à alteração da conjuntura. Definição pela Lei de Pequenas Empresas Definição sobre a Lei de Imposto das Corporações Pequenas e Médias Empresas Microempresa Tipo de Atividade Capital declarado N° de Trabalhadores N° de trabalhadores Capital declarado Fábrica ¥300 milhões ou menos 300 ou menos 20 ou menos ¥100 milhões ou menos Indústria de Atacado ¥100 milhões ou menos 100 ou menos 5 ou menos Indústria de Serviço ¥50 milhões ou menos 100 ou menos 5 ou menos Indústria de Varejo ¥50 milhões ou menos 50 ou menos 5 ou menos Tabela 1: Definição de PME’s e Microempresas pela Lei de Pequenas Empresas, fonte: ois.sebrae.com.br/wp- content/uploads/2012/12/Japão.pdf No Japão, as PME’s são definidas pela Lei das PME’s, para cada sector diferente da indústria, sendo que uma empresa será reconhecida como PME através de um dos seguintes critérios: ou quantidade de capital ou o número de empregados, conforme a tabela nos mostra. Uma das causas do baixo nível de empreendedorismo no Japão passa pelas dificuldades que os empresários enfrentam para iniciar um negócio, destacando-se a dificuldade em receber empréstimos de bancos, as pressões sobre a possibilidade de fracasso e a dura concorrência 21 Como o controle de volume de importações 22 Como os bens alimentares, algo muito fomentado e estimulado, também, pelo Estado 23 Grupos empresariais que surgiram no Japão, a partir de empresas de comércio internacional responsáveis por colocar os produtos nos mercados, que transportam e distribuem e realizam a maioria das importações, exportações e trocas comerciais internas 24 Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan, que apresentam um grande crescimento económico e uma rápida industrialização
  • 25. Consolidação do Japão 2016/17 24 Geografia C dentro de um país onde as grandes organizações económicas se destacam e abafam minorias, ainda que os japoneses se caraterizem por um forte espírito empreendedor.
  • 26. Consolidação do Japão 2016/17 25 Geografia C Anexo 5. Anexo 5.1. Slide 16 Anexo 5.2. Slide 17 Anexo 5.3. Slide 18 Slide 16, 17 e 18 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a dualidade do modelo económico. Anexo 5.2., Slide 17, A estratégia empresarial, os keiretsu: tabela 2 – representação da keiretsu Mitsubishi -. Anexo 5.3, Slide 18, Pequenas e Médias Empresas: imagem 6/7 – representação da pobreza no Japão, que retrata as desigualdades sociais –.
  • 27. Consolidação do Japão 2016/17 26 Geografia C VI. Crise do modelo nipónico – o fim do “milagre económico” A década de 90 trouxe uma grave recessão económica e a crise do modelo económico japonês, marcada pelos três “és”: envelhecimento, endividamento e estagnação. A precariedade e o desemprego aumentaram no contexto de uma crise demográfica, marcada pelo envelhecimento da população. A pobreza aumentou, trazendo com ela o aumento de fenómenos sociais violentos, como a delinquência juvenil, a xenofobia, o nacionalismo exacerbado e o suicídio – que nos jovens é mais frequente a 1 de Setembro, o que coincide com o início do ano letivo e que está muito ligado ao sistema escolar muito competitivo, já implementado e respeitado entre os jovens, e com a pressão que os valores japoneses exercem nos próprios japoneses, principalmente nos jovens que se encontram numa fase de formação de personalidade. Jovens, esses, que contestam contra este sistema escolar rígido e contra as desigualdades que são provocadas, principalmente devido ao elevado custo do ensino superior. A nível económico, o Japão encontrava-se muito dependente da conjuntura mundial, sendo que, para produzir e consumir, teve de recorrer à importação massiva de matérias-primas e produtos energéticos e agrícolas e, consequentemente, para pagar esta dependência, necessitava de exportar em grande quantidade25 . O progresso do Japão provocou nas economias concorrentes, como os EUA e UE, reações contra a política protecionista japonesa o que faz valorizar o iene e, consequentemente, diminuir as exportações. Muitas empresas abriram falência e, sem se conseguirem adaptar às novas regras ditadas pela globalização, alteraram as suas estratégias perante a crescente competitividade de outros países. Sente-se um desemprego estrutural, que afeta cerca de 4 milhões de japoneses, provocado por relocalizações de certas atividades industriais nos países vizinhos asiáticos com mão-de- obra mais barata, por participações cruzadas entre empresas japonesas e estrangeiras, por reestruturações nos grandes grupos económicos e pela estagnação do crescimento. 25 O que se tonou cada vez mais difícil, principalmente a partir de 2007, quando se começa a instalar uma série de crises económicas, nos Estados Unidos e na Europa Gráfico 7: Total de suicídios entre os jovens japoneses, média entre 1972-2013, mês a mês, fonte: http://veja.abril.com.br/mundo/1o-de-setembro-e-o-dia-em- que-jovens-cometem-mais-suicidio-no-japao/ Artigo 6.2 Gráfico 10 Artigo 6.3 Gráfico 12 Artigo 6.3 Gráfico 13
  • 28. Consolidação do Japão 2016/17 27 Geografia C As consequências e a gestão de catástrofes como a da Central Nuclear de Fukushima, em 2011, e o sismo de Kobe, em 1905, colocaram em causa a infabilidade do sistema do modelo japonês. Sismo de Kobe esse, que evidenciou o sistema corrupto ao permitir a construção de infraestruturas desrespeitando as normas legais de construção, previamente implementadas. A. Clima de mal-estar social A confiança quebrada dos japoneses parece ter levado a um clima de mal-estar social que se deve, entre outros, à descredibilização da classe política, dada a exposição da corrupção – proveniente da forte ligação entre a política e os grupos económicos -, deflação e elevada dívida pública, que representava mais de 214,3% do PIB mundial, em 2012 – um recorde mundial -, e que vemos no Gráfico 8, disparidades salariais e de estatuto social, o envelhecimento demográfico e elevadas densidades populacionais que provocam pressão urbana muito forte e a deterioração da qualidade de vida. Começam também a surgir reivindicações sindicais para a diminuição do horário de trabalho, essas, que ao falhar mostram a personalidade pouco reivindicativa dos japoneses e muito resignada ao que lhe é imposto procurando o respeito, que se reflete nos poucos resultados que surgem dos seus fracos sindicatos. Atualmente, a lei sindical japonesa permite que trabalhadores se tornem membros destes sindicatos inscrevendo-se individualmente e também confere aos sindicatos o direito de representação em negociação coletiva junto à sua empresa, mesmo que somente um trabalhador da mesma seja membro do sindicato. A lei japonesa permite, ainda, que se inicie o processo de criação de um sindicato em uma empresa a partir da iniciativa de apenas dois trabalhadores. B. Reformas necessárias O Japão continua a procurar responder ao longo período de recessão, que se iniciou em 1990 e que procura acompanhar o acelerado processo de globalização e à concorrência dos seus vizinhos asiáticos, principalmente a China, e para isso são necessárias algumas reformas. Gráfico 8: Dívida pública japonesa, 2006-2015, fonte: http://pt.tradingeconomics.com/japan/government-debt-to-gdp/forecast Artigo 6.4 Imagem 8/9
  • 29. Consolidação do Japão 2016/17 28 Geografia C O Japão tem aberto as suas portas à concorrência e aos capitais estrangeiros e está também a proceder a reajustamentos no seu modelo toyotista. Os setores da indústria incorporam cada vez mais um grande valor acrescentado em tecnologia e as empresas japonesas, como a Canon, estão a exportar patentes de modelos ou gamas de produtos para países vizinhos, sendo que não conseguem competir com os mesmos em matéria de custos de produção. Quer o setor privado, quer o setor público, aumentam cada vez mais as suas despesas com a I&D, continuando a orientar a sua produção para setores de ponta, ligados à alta tecnologia, em particular, a nanotecnologia e a robótica. Outra das suas estratégias passa pelas mulheres. Takako Suwa26 é frequentemente referida pelo Governo japonês como uma das imagens de marca para "vender" a sua estratégia de dar mais poder às mulheres e assim ajudar a economia do país a crescer. Há um ano e meio, quando anunciou a sua estratégia para tirar o país da estagnação económica e da deflação em que se encontra há já alguns anos, o primeiro-ministro Shinzo Abe apostou numa política monetária que prometeu mais investimento público e garantiu que iria realizar reformas estruturais para adaptar o Japão à nova realidade económica e também à emancipação da mulher algo a que chamou Abenomics, o plano apresentado de combate à deflação mais profundo desde o New Deal de Franklin Roosevelt nos Estados Unidos, antes da 2ª Guerra. É nas reformas estruturais que se inclui a tarefa de dar às mulheres um papel de maior destaque no mercado de trabalho, usando assim uma mão-de-obra muitas vezes discriminada e decerto subaproveitada pela economia de qualquer país. E se as dificuldades enfrentadas por Takako Suwa na sucessão do seu pai não fossem suficientemente claras, bastaria olhar para as estatísticas internacionais para perceber que as mulheres no Japão têm, mais do que na maioria dos países, dificuldades em impor-se. O Japão encontra-se há cerca de vinte anos mergulhado numa depressão da qual não encontra saída, preso entre a estagnação e a deflação. Estamos perante uma imagem de um sistema preso numa crise de rentabilidade para a qual ainda não se encontrou resposta, mas, entre os riscos de destruição do sistema e a certeza do aprofundamento das manifestações contra as condições de trabalho, torna-se cada vez mais urgente a tomada de consciência dos trabalhadores das causas profundas da crise e das desigualdades, da destruição ambiental e da conjuntura que se atravessa, quer a nível nacional como mundial. Apesar de tudo, o Japão continua a ser uma grande potência comercial, financeira e económica. 26 Japonesa chamada para trabalhar na empresa de que o pai era dono ao lado de uma maioria esmagadora de colegas masculinos, insistiu em realizar mudanças profundas na pequena empresa, de produção de modelos de peças para o setor automóvel, e rapidamente embateu com a resistência dos funcionários mais antigos da empresa e do próprio pai que, por duas vezes, a despediu da empresa que hoje lidera Artigo 6.5 Gráfico 14/15
  • 30. Consolidação do Japão 2016/17 29 Geografia C Anexo 6. Anexo 6.1. Slide 19 Anexo 6.2. Slide 20 Anexo 6.3. Slide 21 Slide 19, 20 e 21 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a crise do modelo nipónico. Anexo 6.2., Slide 20, O modelo nipónico vai abaixo: gráfico 10 – evolução demográfica no japão entre 1950 e 2004 e previsões para 2020, que apresentam o envelhecimento da população -, gráfico 11 – suicídios entre os jovens japoneses entre 1972 e 2013, por meses, mostrando que há mais suicídios no início de cada ano lectivo -. Anexo 6.3, Slide 21: gráfico 12 – exportações e importações japonesas entre 1980 e 2008 que mostram a crescente aposta nas exportações –, gráfico 13 – crescimento e desemprego no Japão entre 1980 e 2008, que mostra o crescente desemprego a partir da década de 90 -.
  • 31. Consolidação do Japão 2016/17 30 Geografia C Anexo 6.4. Slide 22 Anexo 6.5. Slide 23 Slide 22 e 23 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a crise do modelo nipónico. Anexo 6.4., Slide 22, A perda de confiança dos japoneses: imagem 8 – sismo de Kobe em 1995 -, imagem 9 – catástrofe na central nuclear de Fukushima em 2011 -. Anexo 6.5, Slide 23: gráfico 14 – países onde foram publicados artigos científicos sobre nanotecnologia no país de origem, estando o Japão em 2º –, gráfico 15 – crescimento do investimento em I&D em vários países, estando o Japão à frente -.
  • 32. Consolidação do Japão 2016/17 31 Geografia C VII. As condições e as limitações político-militares do Japão A sua condição de potência económica entra, constantemente, em contradição com o estatuto político e militar do país na cena internacional, sendo que a sua diplomacia parece ser, primariamente, económica. No plano militar, o Estado japonês mantém a sua política antibelicista. Uma forte consciência pacífica é mantida, desde as terríveis bombas lançadas, em 1945, em Hiroshima e Nagasaki, que não caíram no esquecimento do povo japonês e continuam a limitar, politicamente, o país. A Constituição proibiu a venda de armas ao exterior e o envio de tropas para o estrangeiro só é possível quando contextualizado em missões de manutenção de paz da ONU. Ainda assim, com os confrontos atuais e que se adivinham, o Japão deu um passo histórico, afastando-se do pacifismo com que se carateriza, desde 1945, algo que constitui uma vitória para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, mas também uma ação que irritou profundamente a China e que preocupa muitos eleitores japoneses. O Japão ampliará as suas opções militares, encerrando a proibição do exercício de “autodefesa seletiva” e irá rever, também, as restrições nas operações de manutenção da paz sob a supervisão da ONU e “inclui na Zona Cinza27 todos os episódios que não constituem guerra em plena escala”, pretendendo aparecer no mapa mundo militar. A nova política irritou profundamente a China, cujas relações com o Japão têm sido afetadas por causa da disputa em torno de um arquipélago de ilhas e por causa da desconfiança e da herança do passado belicoso, bem sucedido, do Japão. Alguns eleitores expressam as suas preocupações se o Japão se envolver em guerras “estranhas”, pois o excesso de condições militares é temido pela população, sendo que, ao mesmo tempo, temem o renascimento do espírito imperialista. Um homem chegou mesmo a lançar fogo a si próprio num movimentado cruzamento em Tóquio, uma rara forma de protesto no Japão, depois de ter protestado contra a reversão parcial da política antibelicista japonesa. O Japão trocou a influência política e militar pela ajuda pública ao desenvolvimento (APD) na Ásia, em África e no Médio Oriente, onde tem um papel 27 Zona de fogo [Documento 3: APD em 2014 Os maiores países doadores do CAD, em volume, [em 2014] foram os Estados Unidos, o Reino Unido, Alemanha, França e Japão. Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Suécia e o Reino Unido continuou a superar a meta para a APD das Nações Unidas de 0,7% do PIB. Os países do G7 forneceram 71% do total líquido da APD em 2014, e os países do CAD-UE apenas 55%. Os desembolsos líquidos de APD por instituições da UE foram de 16,5 bilhões USD. OCDE, 10 de Janeiro, 2016] Artigo 7.2 Gráfico 16
  • 33. Consolidação do Japão 2016/17 32 Geografia C relevante na manutenção da paz e no apoio ao desenvolvimento28 . Conseguimos ver pelo documento que, em 2014, o Japão foi, de facto, um dos principais doadores do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento. 28 Assistência cedida por organismos públicos a países em desenvolvimento
  • 34. Consolidação do Japão 2016/17 33 Geografia C Artigo 7. Anexo 7.1. Slide 24 Anexo 7.2. Slide 25 Slide 24 e 25 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam as condições político-militares do Japão. Anexo 7.2., Slide 25: gráfico 16 – ajuda pública ao desenvolvimento por cidadão, em 2007, que mostram o terceiro lugar que era ocupado pelo Japão -.
  • 35. Consolidação do Japão 2016/17 34 Geografia C VIII. O Japão e a promoção da sua imagem, língua e cultura Através da política soft power29 , o Japão tem investido na promoção da sua imagem e da sua língua e cultura, tirando partido do entusiasmo e interesse mundial pela cultura japonesa (videojogos, manga e anime – outrora considerados mediocridade no japão -, gastronomia, etc.). A. Sushi em Portugal Uma cultura que em Portugal é difundida pela embaixada Japonesa, através da promoção de vários eventos que tentam apresentar os portugueses às mais variadas vertentes, mas a verdade é que, para muitos, Japão diz-se sushi, em Portugal. Uma analogia que procura mostrar a importância, cada vez maior, deste prato da gastronomia japonesa, parecendo estranho que o conservador português se renda ao “arroz de peixe” à moda japonesa. O certo é que se rendeu, de facto, e não foi pouco. Uma cozinha saudável, requintada e cheia de rituais que, quando comparada com outras, esta quase não utiliza temperos e, assim, cada ingrediente consegue o papel de protagonista sendo que todos eles ganham a oportunidade de mostrar o seu sabor puro. Chegando, deliciando e apaixonando as mais diversas classes sociais, o fascínio pelo sushi já ultrapassa a parte da degustação com cada vez mais pessoas a interessarem-se pela confeção. Os ingredientes mais utilizados nesta cozinha são o arroz, peixe, algas, alguns vegetais e fruta, rebentos de soja, sementes de sésamo, gengibre e wasabi e só para se ter uma ideia, a palavra gohan, que significa arroz em japonês, significa igualmente refeição e há segredos para que este saia no ponto, desde a temperatura ao ser colocado num cesto de madeira até ser arrefecido com um leque, fazer arroz torna-se numa ciência que se podia tornar numa disciplina mas, Paulo Morais, procurou levar mais longe e criar uma escola de sushi em Portugal. O mais conhecido sushiman português que começou a verificar ser fácil comer-se sushi, em Portugal, sobretudo se se viver em Lisboa ou no Porto, afirma que “na maior parte dos casos a oferta não é tão boa como devia ser” e daí surge, a seu ver, a necessidade de uma escola que procure evitar que a cozinha japonesa sofresse uma evolução semelhante à que, a certa altura, sofreram as cozinhas italiana ou chinesa em Portugal, em que toda a gente começou a fazer pizzas ou massas chinesas sem conhecer as bases. Não é por acaso que, no Japão, “os aprendizes começam sempre a trabalhar o arroz, e demoram anos a aprender a lavá-lo, a cozê- lo, a misturá-lo bem com o vinagre para atingir, não a perfeição porque os japoneses acham que isso não existe, mas, o mais próximo possível da perfeição.” Procura-se, então, a difusão deste fenómeno, de uma forma cuidada e intensiva, algo que cresce mas que está já consolidado num país onde já não se estranha ouvir “peixe cru”. 29 Expressão usada na teoria das relações internacionais para descrever a habilidade de um corpo político, um Estado, por exemplo, para influenciar indiretamente o comportamento ou interesses de outros corpos políticos por meios culturais ou ideológicos Artigo 8.2
  • 36. Consolidação do Japão 2016/17 35 Geografia C Artigo 8. Anexo 8.1. Slide 26 Anexo 8.2. Slide 27 Slide 26 e 27 de suporte do PowerPoint – Consolidação do Japão, que apresentam a política softpower aplicada. Anexo 8.2., Slide 27: Imagens que ilustram a difusão da cultura japonesa pelo Mundo.
  • 37. Consolidação do Japão 2016/17 36 Geografia C Conclusão Chega-se, então, à conclusão que o Japão é um país que vive do que é super e que os seus problemas estão no que é híper, querendo, com isto, dizer que os seus problemas se marcaram, essencialmente, pelas elevadas densidades populacionais, que provocam uma pressão populacional nas cidades, e por momentos de hiperinflação que se procuraram reverter. Um país que vive em grande nos períodos de baixas e que, apesar do momento áureo que viveu, onde conseguiu chegar com facilidade, vem apresentar a dificuldade de manter o seu crescimento, cedendo novamente ao que é fácil, mas, agora, numa lógica de recessão que, como vimos, continua a tentar ser ultrapassada ainda que sem grandes sucessos ultimamente e as estatísticas não apontam para melhores dias do Japão na conjuntura mundial e, até, nacional. Se, no passado, quem veio ajudar, e muito, o Japão, para o término de dias cinzentos após a 2ª Guerra, foram os Estados Unidos, com uma aliança nunca terminada, e se tinha oportunidade de ser uma aliança cada vez mais reforçada, que fosse mais além de uma aliança de segurança, hoje, esta aliança vê-se ameaçada com a recente eleição do novo presidente da América. Donald Trump, o recente30 , polémico e surpreendente eleito 45º Presidente da América já havia, ao longo da sua campanha, proferido afirmações que se referem à relação do seu país com o país por nós estudado, o Japão, dizendo coisas como: “Continuaremos a proteger o Japão, é certo, mas é preciso que se esteja preparado para qualquer adversidade.”, em maio deste ano, avisando sobre a possibilidade de retirar o exército dos EUA do Japão se Tóquio não cobrisse todos os custos da presença militar americana no país. “Com o Japão, eles terão que nos pagar ou teremos que deixá-los protegerem-se sozinhos.” Donald Trump, Maio 2016 Num país que, entre muitos outros, minutos antes da catástrofe, a que muitos chamam a eleição de Trump, já a tinha previsto ao convocar uma reunião de emergência entre o Governo e o Banco Central que tinha em vista o estudo da repentina que das bolsas e do preço do petróleo nos mercados asiáticos, como, aliás, já havia acontecido com o Brexit quando a previsão da aprovação do referendo foi prevista pela queda dos preços nos mercados, a verdade é que, poucos dias depois da eleição, os mercados recuperaram, inclusive a influência japonesa, que teve uma alta forte ao saltar da queda de 5% para o crescimento de 6,72%, no espaço de dois dias, o que indica mudanças repentinas numa conjuntura onde nada é certo. Para explicar esta aparente e rápida mudança, alguns profissionais apontam fatores psicológicos — depois do pânico, o raciocínio impõe-se —, bem como as promessas do republicano Donald Trump de grandes investimentos e reduções de impostos como as principais causas. Assim, com esta recuperação depois do caos da eleição que afeta não só os EUA mas também o mundo, vemos que o Japão está de facto fragilizado e a sua economia vai facilmente abaixo, com qualquer facilidade. Resta-nos, ainda que tendo em conta as previsões, esperar para ver o 30 No passado dia 8/11, na madrugada de 9/11 em Portugal
  • 38. Consolidação do Japão 2016/17 37 Geografia C que o Japão e Donald Trump nos reservam, tendo os dois em comum o facto de o futuro que acarretam ser um profundo ponto de interrogação.
  • 39. Consolidação do Japão 2016/17 38 Geografia C Bibliografia Livros: DOMINGOS, Cristina; LEMOS, Sílvia; CANAVILHAS, Telma. Geografia C 12º Ano. Lisboa: Plátano Editora, 2015. Internet: O Japão face à aliança norte-americana: a redefinição do papel japonês como liderança mundial, UFRGS. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/nerint/folder/artigos/artigo7.pdf>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Lista de ilhas do Japão, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_ilhas_do_Jap%C3%A3o>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Inflação Japão - índice de preços ao consumidor (IPC), Global Rates. Disponível em: <http://www.pt.global-rates.com/estatisticas- economicas/inflacao/indice-de-precos-ao-consumidor/ipc/japao.aspx>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Inflação – informação de referência detalhada sobre inflação, Global Rates. Disponível em: <http://www.pt.global- rates.com/estatisticas-economicas/inflacao/inflacao-informacao-de-referencia.aspx>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Índice de preços no consumidor, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_pre%C3%A7os_no_consumidor>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Milagre Japonês, Diogo Azeredo Portfólio. Disponível em: <http://diogoazeredoportfolio.weebly.com/uploads/2/0/4/2/20425835/o_milagre_japons_97-03.pdf>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Organização do Tratado do Sudeste Asiático, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_do_Tratado_do_Sudeste_Asi%C3%A1tico>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Douglas MacArthur, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Douglas_MacArthur>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Concorrência Livre, Dicionário Informal. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/livre%20concorr%C3%AAncia/>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Zaibatsu, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Zaibatsu>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Plano Dodge, Economicamente Pensando. Disponível em: <http://economicamentepensando.blogspot.pt/2015/10/plano- dodge_26.html>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. Economia Planificada, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_planificada>. Acesso em 28 de Outubro de 2016. 20 maiores economias do mundo em 2030, O Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/futurologia-eua-listam- as-20-maiores-economias-do-mundo-em-2030-15861521>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Perfil do Japão, The Observatory of Economic Complexety. Disponível em: <http://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/jpn/>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Inflação dos Alimentos no Japão, Trading Economics. Disponível em: <http://pt.tradingeconomics.com/japan/food-inflation>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Novos Países Industrializados, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/tuqqgxd-eblh/npi-novos-paises-industrializados-na-asia/>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Deslocalização Industrial, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/uwkfn9kpennx/deslocalizacao-industrial/>. Acesso em 1 de Novembro de 2016.
  • 40. Consolidação do Japão 2016/17 39 Geografia C Japão: Língua e Cultura, Celin UFPR. Disponível em: <http://www.celin.ufpr.br/index.php/cursos/presencial/16-catalogo- eletronico-de-cursos/81-japones-lingua-e-cultura>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Japão: Fluxos de IDE, Santander Trade Portal. Disponível em: <https://pt.portal.santandertrade.com/internacionalize- se/japao/fluxos-de-ied-2>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Sogo Sosha, Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sogo_shosha>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Sindicatos no Japão, Trabalho no Japão. Disponível em: <http://www.trabalhonojapao.org/sindicato-no-japao.html>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Abenomics em crise, podem as mulheres salvar o Japão?, Público. Disponível em: <https://www.publico.pt/economia/noticia/abenomics-em-crise-podem-as-mulheres-salvar-o-japao-1669627>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Milagre Japonês, SlideShare. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/carlosvieira/milagre-japones?next_slideshow=1>. Acesso em 1 de Novembro de 2016. Geografia C, Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/vwuiitis9xao/geografia-c/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016. Japão, entre a estagnação e a deflação - Um retrato do sistema capitalista mundial, O Militante. Disponível em: <http://www.omilitante.pcp.pt/pt/304/Internacional/384/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016. Governo japonês declara fim da doutrina antibelicista, Monitor Digital. Disponível em: <http://monitordigital.com.br/governo- japonus-declara-fim-da-doutrina-antibelicista/>. Acesso em 2 de Novembro de 2016. OCDE apresenta os dados oficiais finais da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) para 2014, Plataforma ONGD. Disponível em: <http://www.plataformaongd.pt/noticias/noticia.aspx?id=1134>. Acesso em 2 de Novembro de 2016. Aliança Japão-EUA pode estar em risco com Trump no poder, Portal MIE. Disponível em: <http://www.portalmie.com/atualidade/noticias-do-japao/sociedade-2/2016/11/alianca-japao-eua-pode-estar-em-risco-com- trump-no-poder/>. Acesso em 10 de Novembro de 2016. Japão: Governo e Banco Central convocam reunião de emergência, TSF. Disponível em: <http://www.tsf.pt/internacional/eleicoes- eua-2016/interior/japao-governo-e-banco-central-convocam-reuniao-de-emergencia-5487717.html>. Acesso em 10 de Novembro de 2016. Bolsas chinesas atingem máxima de 10 meses; Japão também se recupera, O Globo. Disponível em: < http://oglobo.globo.com/economia/bolsas-chinesas-atingem-maxima-de-10-meses-japao-tambem-se-recupera-20443061>. Acesso em 10 de Novembro de 2016.
  • 41. Consolidação do Japão 2016/17 40 Geografia C Realizado por: Mariana Silva Miguel Sousa Renato Oliveira Tiago Silva Geografia C, 12º C, Escola Secundária E/B2,3 Michel Giacometti 2016/17