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EPIDEMIOLOGIA GERAL
Introdução a Epidemiologia
1. Conceitualização e Definição
• A epidemiologia é uma disciplina básica da
saúde pública voltada para a compreensão do
processo saúde-doença no âmbito de
populações, aspecto que a diferencia da
clínica, que tem por objectivo o estudo desse
mesmo processo, mas em termos individuais.
Cont.
• Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se
no raciocínio causal;
• Já como disciplina da saúde pública,
preocupa-se com o desenvolvimento de
estratégias para as acções voltadas para a
protecção e promoção da saúde da
comunidade.
Cont.
• A epidemiologia constitui também
instrumento para o desenvolvimento de
políticas no sector da saúde.
• Se quisermos delimitar conceitualmente a
epidemiologia, encontraremos várias
definições; uma delas, bem ampla e que nos
dá uma boa ideia de sua abrangência e
aplicação em saúde pública, é a seguinte:
Cont.
“Epidemiologia é o estudo da frequência, da
distribuição e dos determinantes dos estados
ou eventos relacionados à saúde em
específicas populações e a aplicação desses
estudos no controle dos problemas de saúde.”
(J. Last, 1995)
Cont.
Essa definição de epidemiologia inclui uma
série de termos que reflectem alguns
princípios da disciplina que merecem ser
destacados
• Estudo: a epidemiologia como disciplina
básica da saúde pública tem seus
fundamentos no método científico.
Cont.
• Frequência e distribuição: a epidemiologia
preocupa-se com a frequência e o padrão dos
eventos relacionados com o processo saúde-
doença na população. A frequência inclui não só o
número desses eventos, mas também as taxas ou
riscos de doença nessa população.
• O conhecimento das taxas constitui ponto de
fundamental importância para o epidemiologista,
uma vez que permite comparações válidas entre
diferentes populações.
Cont.
• O padrão de ocorrência dos eventos
relacionados ao processo saúde-doença diz
respeito à distribuição desses eventos
segundo características: do tempo (tendência
num período, variação sazonal, etc.), do lugar
(distribuição geográfica, distribuição urbano-
rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão,
etnia, etc.).
Cont.
• Determinantes: uma das questões centrais da
epidemiologia é a busca da causa e dos factores que
influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao
processo saúde-doença.
• Com esse objectivo, a epidemiologia descreve a frequência
e distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em
diferentes grupos populacionais com distintas
características demográficas, genéticas, imunológicas,
comportamentais, de exposição ao ambiente e outros
factores, assim chamados factores de risco.
• Em condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem
evidências suficientes para a implementação de medidas
de prevenção e controle.
Cont.
• Estados ou eventos relacionados à saúde:
originalmente, a epidemiologia preocupava-se
com epidemias de doenças infecciosas. No
entanto, sua abrangência ampliou-se e,
actualmente, sua área de actuação estende-se
a todos os agravos à saúde.
Cont.
• Específicas populações: como já foi salientado,
a epidemiologia preocupa-se com a saúde
colectiva de grupos de indivíduos que vivem
numa comunidade ou área.
Cont.
• Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da
saúde pública, é mais que o estudo a respeito
de um assunto, uma vez que ela oferece
subsídios para a implementação de acções
dirigidas à prevenção e ao controle.
Portanto, ela não é somente uma ciência,
mas também um instrumento.
Cont.
• Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da
saúde pública, é mais que o estudo a respeito
de um assunto, uma vez que ela oferece
subsídios para a implementação de ações
dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto,
ela não é somente uma ciência, mas também
um instrumento.
2. Evolução da Epidemiologia
• A trajectória histórica da epidemiologia tem
seus primeiros registos já na Grécia antiga
(ano 400 a.C.), quando Hipócrates, num
trabalho clássico denominado Dos Ares, Águas
e Lugares, buscou apresentar explicações, com
fundamento no racional e não no
sobrenatural, a respeito da ocorrência de
doenças na população.
Cont.
• Já na era moderna, uma personalidade que
merece destaque é o inglês John Graunt, que,
no século XVII, foi o primeiro a quantificar os
padrões da natalidade, mortalidade e
ocorrência de doenças, identificando algumas
características importantes nesses eventos,
entre elas:
Cont.
• existência de diferenças entre os sexos e na
distribuição urbano-rural;
• elevada mortalidade infantil;
• variações sazonais.
• São também atribuídas a ele as primeiras
estimativas de população e a elaboração de uma
tábua de mortalidade. Tais trabalhos conferem-
lhe o mérito de ter sido o fundador da
bioestatística e um dos precursores da
epidemiologia.
Cont.
• Posteriormente, em meados do século XIX,
Willian Farr iniciou a colecta e análise
sistemática das estatísticas de mortalidade na
Inglaterra e País de Gales. Graças a essa
iniciativa, Farr é considerado o pai da
estatística vital e da vigilância.
Cont.
• Quem, no entanto, mais se destacou entre os
pioneiros da epidemiologia foi o
anestesiologista inglês John Snow,
contemporâneo de William Farr. Sua
contribuição está sintetizada no ensaio Sobre
a Maneira de Transmissão da Cólera,
publicado em 1855, em que apresenta
memorável estudo a respeito de duas
epidemias de cólera ocorridas em Londres em
1849 e 1854.
Cont.
• A principal contribuição de Snow foi a
sistematização da metodologia
epidemiológica, que permaneceu, com
pequenas modificações, até meados do século
XX.
Cont.
• No final do século XIX, vários países da Europa e
os Estados Unidos iniciaram a aplicação do
método epidemiológico na investigação da
ocorrência de doenças na comunidade. Nesse
período, a maioria dos investigadores
concentraram-se no estudo de doenças
infecciosas agudas. Já no século XX, a aplicação
da epidemiologia estendeu-se para as moléstias
não-infecciosas. Um exemplo é o trabalho
coordenado por Joseph Goldberger, pesquisador
do Serviço de Saúde Pública norte-americano.
Cont.
• Em 1915, Goldberger estabelece a etiologia
carencial da pelagra através do raciocínio
epidemiológico, expandindo os limites da
epidemiologia para além das doenças infecto-
contagiosas.
• No entanto, é a partir do final da Segunda Guerra
Mundial que assistimos ao intenso
desenvolvimento da metodologia epidemiológica
com a ampla incorporação da estatística,
propiciada em boa parte pelo aparecimento dos
computadores.
Cont.
• A aplicação da epidemiologia passa a cobrir
um largo espectro de agravos à saúde. Os
estudos de Doll e Hill, estabelecendo
associação entre o tabagismo e o câncer de
pulmão, e os estudos de doenças
cardiovasculares desenvolvidas na população
da cidade de Framingham, Estados Unidos,
são dois exemplos da aplicação do método
epidemiológico em doenças crónicas.
Cont.
• Hoje a epidemiologia constitui importante
instrumento para a pesquisa na área da saúde,
seja no campo da clínica, seja no da saúde
pública. O objectivo deste texto é justamente
apresentar e discutir a epidemiologia como
uma prática da saúde pública.
3.Usos e Objectivos da
Epidemiologia
• O método epidemiológico é, em linhas gerais, o
próprio método científico aplicado aos problemas de
saúde das populações humanas. Para isso, serve-se de
modelos próprios aos quais são aplicados
conhecimentos já desenvolvidos pela própria
epidemiologia, mas também de outros campos do
conhecimento (clínica, biologia, matemática, história,
sociologia, economia, antropologia, etc.), num
contínuo movimento pendular, ora valendo-se mais das
ciências biológicas, ora das ciências humanas, mas
sempre situando-as como pilares fundamentais da
epidemiologia.
Cont.
• Sendo uma disciplina multidisciplinar por
excelência, a epidemiologia alcança um amplo
espectro de aplicações. As aplicações mais
frequentes da epidemiologia em saúde pública
são:
Cont.
• descrever o espectro clínico das doenças e sua história
natural;
• identificar factores de risco de uma doença e grupos de
indivíduos que apresentam maior risco de serem
atingidos por determinado agravo;
• avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos
problemas e necessidades das populações;
• testar a eficácia, a efectividade e o impacto de
estratégias de intervenção, assim como a qualidade,
acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para
controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na
comunidade.
Cont.
• A saúde pública tem na epidemiologia o mais
útil instrumento para o cumprimento de sua
missão de proteger a saúde das populações.
• A compreensão dos usos da epidemiologia nos
permite identificar os seus objectivos, entre os
quais podemos destacar os seguintes:
Cont.
• identificar o agente causal ou factores
relacionados à causa dos agravos à saúde;
• entender a causação dos agravos à saúde;
• definir os modos de transmissão;
• definir e determinar os factores contribuintes
aos agravos à saúde;
• identificar e explicar os padrões de
distribuição geográfica das doenças;
Cont.
• estabelecer os métodos e estratégias de
controle dos agravos à saúde;
• estabelecer medidas preventivas;
• auxiliar o planejamento e desenvolvimento de
serviços de saúde;
• prover dados para a administração e avaliação
de serviços de saúde.

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  • 2. 1. Conceitualização e Definição • A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objectivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais.
  • 3. Cont. • Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; • Já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as acções voltadas para a protecção e promoção da saúde da comunidade.
  • 4. Cont. • A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no sector da saúde. • Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa ideia de sua abrangência e aplicação em saúde pública, é a seguinte:
  • 5. Cont. “Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde.” (J. Last, 1995)
  • 6. Cont. Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que reflectem alguns princípios da disciplina que merecem ser destacados • Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus fundamentos no método científico.
  • 7. Cont. • Frequência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a frequência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde- doença na população. A frequência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população. • O conhecimento das taxas constitui ponto de fundamental importância para o epidemiologista, uma vez que permite comparações válidas entre diferentes populações.
  • 8. Cont. • O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano- rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.).
  • 9. Cont. • Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e dos factores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença. • Com esse objectivo, a epidemiologia descreve a frequência e distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em diferentes grupos populacionais com distintas características demográficas, genéticas, imunológicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros factores, assim chamados factores de risco. • Em condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem evidências suficientes para a implementação de medidas de prevenção e controle.
  • 10. Cont. • Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua abrangência ampliou-se e, actualmente, sua área de actuação estende-se a todos os agravos à saúde.
  • 11. Cont. • Específicas populações: como já foi salientado, a epidemiologia preocupa-se com a saúde colectiva de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área.
  • 12. Cont. • Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a implementação de acções dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um instrumento.
  • 13. Cont. • Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um instrumento.
  • 14. 2. Evolução da Epidemiologia • A trajectória histórica da epidemiologia tem seus primeiros registos já na Grécia antiga (ano 400 a.C.), quando Hipócrates, num trabalho clássico denominado Dos Ares, Águas e Lugares, buscou apresentar explicações, com fundamento no racional e não no sobrenatural, a respeito da ocorrência de doenças na população.
  • 15. Cont. • Já na era moderna, uma personalidade que merece destaque é o inglês John Graunt, que, no século XVII, foi o primeiro a quantificar os padrões da natalidade, mortalidade e ocorrência de doenças, identificando algumas características importantes nesses eventos, entre elas:
  • 16. Cont. • existência de diferenças entre os sexos e na distribuição urbano-rural; • elevada mortalidade infantil; • variações sazonais. • São também atribuídas a ele as primeiras estimativas de população e a elaboração de uma tábua de mortalidade. Tais trabalhos conferem- lhe o mérito de ter sido o fundador da bioestatística e um dos precursores da epidemiologia.
  • 17. Cont. • Posteriormente, em meados do século XIX, Willian Farr iniciou a colecta e análise sistemática das estatísticas de mortalidade na Inglaterra e País de Gales. Graças a essa iniciativa, Farr é considerado o pai da estatística vital e da vigilância.
  • 18. Cont. • Quem, no entanto, mais se destacou entre os pioneiros da epidemiologia foi o anestesiologista inglês John Snow, contemporâneo de William Farr. Sua contribuição está sintetizada no ensaio Sobre a Maneira de Transmissão da Cólera, publicado em 1855, em que apresenta memorável estudo a respeito de duas epidemias de cólera ocorridas em Londres em 1849 e 1854.
  • 19. Cont. • A principal contribuição de Snow foi a sistematização da metodologia epidemiológica, que permaneceu, com pequenas modificações, até meados do século XX.
  • 20. Cont. • No final do século XIX, vários países da Europa e os Estados Unidos iniciaram a aplicação do método epidemiológico na investigação da ocorrência de doenças na comunidade. Nesse período, a maioria dos investigadores concentraram-se no estudo de doenças infecciosas agudas. Já no século XX, a aplicação da epidemiologia estendeu-se para as moléstias não-infecciosas. Um exemplo é o trabalho coordenado por Joseph Goldberger, pesquisador do Serviço de Saúde Pública norte-americano.
  • 21. Cont. • Em 1915, Goldberger estabelece a etiologia carencial da pelagra através do raciocínio epidemiológico, expandindo os limites da epidemiologia para além das doenças infecto- contagiosas. • No entanto, é a partir do final da Segunda Guerra Mundial que assistimos ao intenso desenvolvimento da metodologia epidemiológica com a ampla incorporação da estatística, propiciada em boa parte pelo aparecimento dos computadores.
  • 22. Cont. • A aplicação da epidemiologia passa a cobrir um largo espectro de agravos à saúde. Os estudos de Doll e Hill, estabelecendo associação entre o tabagismo e o câncer de pulmão, e os estudos de doenças cardiovasculares desenvolvidas na população da cidade de Framingham, Estados Unidos, são dois exemplos da aplicação do método epidemiológico em doenças crónicas.
  • 23. Cont. • Hoje a epidemiologia constitui importante instrumento para a pesquisa na área da saúde, seja no campo da clínica, seja no da saúde pública. O objectivo deste texto é justamente apresentar e discutir a epidemiologia como uma prática da saúde pública.
  • 24. 3.Usos e Objectivos da Epidemiologia • O método epidemiológico é, em linhas gerais, o próprio método científico aplicado aos problemas de saúde das populações humanas. Para isso, serve-se de modelos próprios aos quais são aplicados conhecimentos já desenvolvidos pela própria epidemiologia, mas também de outros campos do conhecimento (clínica, biologia, matemática, história, sociologia, economia, antropologia, etc.), num contínuo movimento pendular, ora valendo-se mais das ciências biológicas, ora das ciências humanas, mas sempre situando-as como pilares fundamentais da epidemiologia.
  • 25. Cont. • Sendo uma disciplina multidisciplinar por excelência, a epidemiologia alcança um amplo espectro de aplicações. As aplicações mais frequentes da epidemiologia em saúde pública são:
  • 26. Cont. • descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural; • identificar factores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo; • avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das populações; • testar a eficácia, a efectividade e o impacto de estratégias de intervenção, assim como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade.
  • 27. Cont. • A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações. • A compreensão dos usos da epidemiologia nos permite identificar os seus objectivos, entre os quais podemos destacar os seguintes:
  • 28. Cont. • identificar o agente causal ou factores relacionados à causa dos agravos à saúde; • entender a causação dos agravos à saúde; • definir os modos de transmissão; • definir e determinar os factores contribuintes aos agravos à saúde; • identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;
  • 29. Cont. • estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; • estabelecer medidas preventivas; • auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; • prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde.