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Fundamentos de
Epidemiologia
AULA 01
INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
Fundamentos da Epidemiologia
 Conteúdo programático desta aula:
 Conceitos básicos em Epidemiologia e a relação com a
Saúde Coletiva;
 Formação histórica da Epidemiologia;
 Objetivos, Aplicações e Interfaces disciplinares da
Epidemiologia;
 Raciocínio Epidemiológico.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Conceitos básicos em Epidemiologia
e a relação com a Saúde Coletiva
Etimologia da palavra epidemiologia
 Formada pela junção do prefixo epí– (em cima de, sobre)
com o radical –demos– (significando povo). O sufixo –
logos, também vem do grego que corresponde a estudo,
doutrina.
 Então, etimologicamente a palavra epidemiologia significa:
“Ciência do que ocorre sobre o povo”
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Definição de Epidemiologia
 Existem várias definições para o termo
epidemiologia.
 O conceito original se restringia ao estudo de
doenças transmissíveis, entretanto, houve uma
evolução no conceito que passou a abranger todos
os eventos relacionados ao processo saúde/doença
da população.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Definição de Epidemiologia
 Segundo Rouquayrol (1999) epidemiologia é a ciência que
estuda o processo saúde/doença em coletividades
humanas, propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças.
 Enquanto a abordagem clínica se dedica ao estudo da
doença no indivíduo, a epidemiologia estuda os
problemas de saúde em coletividades humanas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
A epidemiologia se constitui na principal ciência
da informação em saúde e é considerada a ciência
básica da Saúde Coletiva
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Saúde Coletiva
 É a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e
desenvolver a saúde física, mental e a eficiência, através de
esforços organizados da sociedade, para:
 O saneamento do meio ambiente;
 O controle das infecções entre as pessoas;
 A organização de serviços médicos e paramédicos para prevenção,
diagnóstico precoce e o tratamento da doença;
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Saúde Coletiva
 O aperfeiçoamento da máquina social que assegurará a cada
indivíduo, dentro da sociedade, um padrão de vida
adequado à manutenção da saúde.
(Winslow citado por Rouquayrol, 1999)
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
O indivíduo
com peça da
máquina
social
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Saúde Coletiva
 De acordo com Rita Barradas, em seu artigo Epidemiologia Social, os
epidemiologistas, atores da saúde coletiva, vem desenvolvendo novas
estratégias de investigação e novas ferramentas de análise que possam,
cada vez mais, fornecer elementos corretos para orientar as intervenções
sociais no campo da saúde e a formulação de políticas públicas
baseadas no reconhecimento dos direitos de cidadania, na garantia da
liberdade democrática e na busca da felicidade humana.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v8n1/02.pdf
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Formação histórica da
Epidemiologia
Antiguidade: a contribuição de Hipócrates
(c. 460 a 377 a.C.)
No tratado de “Ares, águas e
Lugares” Hipócrates discutiu os
fatores ambientais ligados às
doenças, defendendo um conceito
ecológico de saúde/doença. Daí,
surgia a Teoria Miasmática.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
O Renascimento
 Movimento de resgate dos elementos
filosóficos, estéticos e ideológicos mais
avançados da cultura greco-latina.
 O pensamento renascentista propiciou as
bases para a compreensão racional da
realidade que resultou na constituição
das ciências modernas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
A partir dessa nova visão de mundo,
“explodiu”, entre os séculos XVI e
XVIII a necessidade da produção de
conhecimento em todos os saberes.
Formação histórica
fundamentada em 3 eixos
(tríade)
 Clínica: saberes sobre saúde/doença –
século XVII
 Fisiologia, Patologia, Bacteriologia etc.;
 Estatística: diretrizes metodológicas
quantitativas – século XVII;
 Medicina social: práticas de
transformação da sociedade – século XVIII.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 Hegemonia da medicina
“científica” (“biologização”)
apesar do
desenvolvimento da
medicina social no final do
século XIX:
 Fisiologia;
 Patologia;
 Bacteriologia.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 Rudolf Wirchow (1821 – 1902), médico alemão, é um
importante personagem da medicina social.
 Extremamente versátil, desenvolveu intensa e criativa
atividade em várias áreas:
 Patologia;
 Antropologia;
 Política (ativista da saúde pública).
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 Entretanto, com o avanço da fisiologia, da patologia e da
bacteriologia no século XIX, devido principalmente a Bernard, Virchow
e Pasteur, houve um fortalecimento da medicina científica.
 As enfermidades de maior prevalência eram as de natureza infecto-
contagiosa, o que favoreceu a abordagem individual e curativa
superando o enfoque coletivo e os determinantes sociais da saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Medicina social – práticas de
transformação da sociedade
 A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do
século XVIII e expandida para o mundo a partir do século XIX,
produziu um grande impacto nas condições de vida e saúde das
populações.
 Com a organização e aumento da participação política das
classes trabalhadoras, evidenciados principalmente na França,
Alemanha e Inglaterra, temas relativos à saúde foram
incorporados na pauta das reinvindicações dos movimentos
sociais.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Medicina social – práticas de
transformação da sociedade
 Era o início do movimento pela medicina social:
 a medicina deveria ser um instrumento de transformação social.
 Postulava-se que a participação política é a principal estratégia
de transformação da realidade de saúde e que as revoluções
populares deveriam resultar nos principais determinantes da
saúde social:
 democracia, justiça, igualdade, liberdade e fraternidade.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Medicina social – práticas de
transformação da sociedade
 As práticas de transformação da sociedade, inicialmente
propostas pela Medicina Social no século XVIII, estão
relacionadas à necessidade de aprofundamento e
sistematização das reflexões sobre as questões de saúde.
 Se pararmos para analisar as aproximações e distanciamentos
entre as âmbitos da ciência e da política chegaremos a
conclusão de que os pesquisadores em Saúde Coletiva podem
ser considerados, também, agentes políticos.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Medicina social – práticas de
transformação da sociedade
 Os estudos nessa área se relacionam tanto direta quanto
indiretamente com campos de atuação e formulação de
políticas e requerem dos agentes da área da saúde elevado
comprometimento ético, reflexão, produção, ação política e
transformação da sociedade.
 Essas práticas nortearão a forma de avaliar o processo
saúde/doença na sociedade.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos
no desenvolvimento da
Epidemiologia
Epidemia de cólera em Londres
(1854): destaque aos estudos do
médico inglês John Snow (1813 –
1858), considerado o Pai da
“epidemiologia de campo” devido
às coletas planejadas de dados
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 Nos anos 50:
 Desenvolvimento/aperfeiçoamento dos desenhos
epidemiológicos;
 Substituição da Teoria Monocasual por uma tendência
ecológica (multicasualidade);
 Definição clara dos indicadores de saúde:
 Prevalência, e
 Incidência.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 Formalização do conceito probabilístico de risco;
 Introdução à Bioestatística.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 1960 e 1970:
 Entre os anos 60 e 70, houve uma verdadeira revolução na
Epidemiologia com a introdução da computação eletrônica.
Pode-se dizer que houve uma forte “matematização” da área;
 Na década de 60 várias questões sociais, como os direitos
humanos, mobilizaram o mundo inteiro e o impacto dessa
mobilização repercutiu, é claro, na saúde e na educação;
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 1960 e 1970:
 John Cassel (1915 – 1978) contribuiu significativamente na
sistematização do conhecimento epidemiológico com a
teoria compreensiva da doença, fruto da integração dos
Fundamentos Socioantropológicos na Saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 1970 e 1980:
 Nos anos 70 e 80 temos agora 3 tendências principais:
 Aprofundamento das bases matemáticas;
 Proposta de uma Epidemiologia Clínica (tendência a
“biologização”);
 Reafirmação do processo saúde-enfermidade-cuidado,
considerando os aspectos econômicos e políticos de seus
determinantes, em oposição à “biologização”.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 1970 e 1980:
 Na Europa e na América Latina surgiram abordagens mais
críticas da Epidemiologia em resposta a essa tendência de
“biologização” da Saúde Pública, reafirmando a influência
das determinantes sociais da saúde (DSS) no processo
saúde-doença.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da Epidemiologia
 1970 e 1980:
 Novos desafios surgiram:
 Doenças antigas reapareceram, e
 Novas enfermidades despontaram (doenças emergentes)
 Destaca-se, nesse contexto, a pandemia da SIDA ou AIDS –
Sindrome da Imunodeficiência Adquirida.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Alguns marcos históricos no
desenvolvimento da
Epidemiologia
O filme mais famoso sobre a AIDS,
que retrata muito bem sua gravidade
e seu caráter estigmatizante, talvez
seja “Philadelphia” (1993), com os
atores Tom Hanks e Denzel
Washigton.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Objetivos, Aplicações e Interfaces
disciplinares da Epidemiologia
Principais objetivos da Epidemiologia
 Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas
de saúde nas populações humanas;
 Proporcionar dados para planejar, executar e avaliar
ações de prevenção, controle e tratamento das
doenças;
 Identificar fatores etiológicos na gênese das
enfermidades.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Principais objetivos da Epidemiologia
 Algumas aplicações:
 Diversas fases do ciclo da vida;
 Diversos tipos de problemas de saúde;
 Epidemiologia da AIDS;
 Epidemiologia das doenças infecciosas;
 Epidemiologia das doenças cardiovasculares;
 Epidemiologia do câncer;
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Principais objetivos da Epidemiologia
 Algumas aplicações:
 Diversas fases do ciclo da vida;
 Diversos tipos de problemas de saúde;
 Epidemiologia nutricional;
 Epidemiologia das violências;
 Epidemiologia do uso de substâncias psicoativas;
 Epidemiologia em saúde mental;
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Principais objetivos da Epidemiologia
 Algumas aplicações:
 Diversas fases do ciclo da vida;
 Diversos tipos de problemas de saúde;
 Epidemiologia bucal;
 Epidemiologia da saúde do trabalhador;
 Epidemiologia aplicada ao SUS;
 Epidemiologia entre várias outras aplicações;
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Interfaces da Epidemiologia
 Ciências Biológicas (clínica, patologia, microbiologia, parasitologia,
imunologia): Epidemiologia clínica e a aplicação do método
epidemiológico na clínica;
 Ciências Sociais: A epidemiologia social representa o renascer da
determinação social da doença;
 Estatística: coleta de dados.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Desenvolvendo um raciocínio
Epidemiológico
Raciocínio epidemiológico: pessoa,
espaço e tempo
 As doenças humanas não são encaradas como eventos que ocorrem ao
acaso, mas estão relacionadas a uma rede de outros eventos que devem
ser identificados e estudados.
 Vale a pena refletir que para o clínico o que mais interessa é o diagnóstico
de uma determinada doença em um determinado indivíduo.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Raciocínio epidemiológico: pessoa,
espaço e tempo
 Enquanto, para o epidemiologista, o que interessa realmente é como se dá
a ocorrência de uma determinada doença inserida em uma estrutura
social.
 Os questionamentos epidemiológicos “como”, “por que”, “quando” e “em
quem” são fundamentais para entender melhor os problemas de saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
A Epidemiologia explora a ecologia da
doença humana!
DOENÇA
Fatores
Ambientais
Fatores
Socioeconômicos
Diversos outros
fatores
Fatores Biológicos
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 A EPIDEMIOLOGIA estuda os Determinantes Sociais da
Saúde (DSS) e as condições de ocorrência, bem como as
possíveis formas de intervenção e controle das doenças e
agravos à saúde em populações humanas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 A EPIDEMIOLOGIA vai muito além do estudo do “risco
biológico”.
 Na verdade, ela transcende a “biologização”, visto que investiga
problemas de cunho social, por isso é definida pelo seu caráter
social, considerando os aspectos socioeconômicos e políticos
de seus determinantes, ou seja, a determinação social da
saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 O principal foco de interesse dos estudos epidemiológicos está
relacionado às principais causas de morte das sociedades modernas:
mortes violentas e DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis)
 Afirmação de compromisso histórico de epidemiologia com a
melhoria da saúde das populações e com a redução das
desigualdades sociais.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Reflexão: o que a figura sugere?
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Transição Epidemiológica na população
brasileira
 A partir da primeira década do século XXI houve uma
transição epidemiológica na população brasileira, ou seja,
uma mudança no perfil epidemiológico.
 As epidemias e os ciclos de transmissão das doenças
infecciosas, tão estudados no século XVIII, deram lugar ao
estudo de complexas redes de multicasualidade.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Transição Epidemiológica na população
brasileira
 Vale a pena destacar que as doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) ou não-infecciosas, como a obesidade e a síndrome
metabólica, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças
cerebrovasculares e câncer assumiram proporções alarmantes.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
“A descoberta consiste em ver o
que todo mundo viu e pensar o
que ninguém pensou”.
Albert Szent-Gyorgyi
(1893 – 1986)
“Se uma nova ideia expande a
mente de uma pessoa, ela jamais
volta às suas dimensões
originais”.
Oliver Wendel Holmes
(1809 – 1894)
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Através do estudo da EPIDEMIOLOGIA aprendemos a fazer perguntas e a ter
ideias que nos levam a novas perguntas, pois uma ideia não morre, é uma
semente que germina novas ideias e perguntas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
CONCEITOS BÁSICOS
DE EPIDEMIOLOGIA
 Etimologicamente – epi = sobre; demo = população; logos = tratado –
estudo do que afeta a população.
 Conceito original – estudo das epidemias de doenças transmissíveis.
 Recentemente – conceito evoluiu de modo a abranger praticamente
todos os eventos relacionados com a saúde das populações.
 Status de disciplina – metade do século 20
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ÁREAS TEMÁTICAS
 Passado – alvo: doenças que se apresentavam sob a forma de
epidemia – cólera, peste, tifo, varíola, febre amarela – afecções agudas
que alarmavam a população e as autoridades.
 Detecção de epidemias – necessário estudar a doença em períodos
interepidêmicos - vigilância contínua da ocorrência e da distribuição
das doenças.
 Extensão do interesse para as doenças transmissíveis crônicas (TB) e
nutricionais como pelagra e beriberi.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 Queda da mortalidade por doenças transmissíveis e carenciais,
envelhecimento e mudança do perfil de morbidade.
 Ampliação do campo de aplicação da epidemiologia – doenças e
agravos não transmissíveis (DANT).
 Necessidade de estudos sobre a relação entre os fatores de risco e a
doença.
 Quais as principais causas de mortalidade no Brasil hoje?
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Tendências da Mortalidade por Grupos de
Causas BRASIL – 1930/2000
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
 O que é esperança de vida?
 Como ela tem variado nos diferentes períodos históricos?
 Os povos selvagens das Américas antes do descobrimento tinham de
esperança de vida maior ou menor do que quem vive em grandes
cidades no séculos XXI?
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Esperança de vida por períodos
Seres humanos por Época Esperança de vida ao nascer Comentário
Paleolítico Superior 33 Aos 15 anos: 39 (até idade 54)
Neolítico 20
Idade do Bronze 18 1800 – 1200 aC
Idade do Ferro 35 1200 aC – 1000 dC
Grécia clássica 28 Aos 15 anos: 37 (até idade 52)
Roma clássica 28
Pré-colombianas da América do Norte 25-30
Califado Islâmico Medieval 35 +
Grã-Bretanha Medieval 30
Aos 21 anos: 38 (até idade 59)
(aristocratas britânicos)
Grã-Bretanha moderna 30-45
Média mundial atual 67,2 2010 est
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
OBJETO DA EPIDEMIOLOGIA
 Qualquer dano, agravo ou evento relacionado à saúde estudado em
termos populacionais (por exemplo: hábito de fumar, peso ao nascer,
violência urbana, consumo de drogas, etc.).
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
SERVIÇOS DE SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
 Assistência aos doentes e práticas preventivas – fatores que interferem
na distribuição e ocorrência das doenças.
 Quadro referência da epidemiologia – utilizado para abordar questões
relativas aos SS.
 Objetivos: conhecimento da situação dos SS, identificação de
problemas, investigação de causas, proposição de soluções
compatíveis e sua avaliação.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA
 Ampliação contínua do campo de atuação.
 Mais antigas – limitadas às doenças transmissíveis.
 Mais recentes – incluem as DT e as DANT, outros problemas de saúde,
estados patológicos e fisiológicos, etc.
 Uma possível definição:
 Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a
saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA
 Epidemiologista – interessado nos padrões de ocorrência de doenças e
agravos nas populações humanas e nos fatores que os influenciam.
 Interesse primário na ocorrência de doenças e agravos em função do tempo,
lugar e pessoas:
 aumento em função dos anos;
 área geográfica com maior frequência que outra;
 características das pessoas com a doença ou agravo distintas daquelas sem
essa condição.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA
 Exemplos de características pessoais que interessam aos
epidemiologistas:
 demográficas: idade, gênero, raça, grupo étnico, etc.;
 biológicas: níveis de anticorpos, substâncias químicas e enzinas no
sangue; constituintes celulares do sangue; níveis de pressão, etc.;
 fatores sociais e econômicos: status socioeconômico, nível educacional,
ocupação, etc.;
 genéticas: grupos sanguíneos, etc.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
PREMISSA BÁSICA
 Agravos à saúde não ocorrem ao acaso na população.
 Dois corolários:
 Distribuição desigual dos agravos - produto da ação de fatores que se
distribuem desigualmente na população - sua elucidação é uma das
preocupações do epidemiologista.
 Conhecimento dos fatores determinantes - aplicação de medidas
direcionadas a alvos específicos - aumento da eficácia das intervenções.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO NA
EPIDEMIOLOGIA
 Diferentes classificações:
 Estudos descritivos ou analíticos
 Estudos experimentais ou não experimentais (observacionais)
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ESTUDOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS
 Descritivos:
 Informam sobre a frequência de um evento – dados de morbi-mortalidade
– mostrar ou identificar variações desses dados na população, em
diferentes épocas e regiões (pessoa, tempo e lugar) – descrição dos
fatores de risco e das características da população.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ESTUDOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS
 Analíticos:
 Investigação da associação entre uma exposição e um desfecho (ou efeito)
- estabelecimento de relação de causal entre eles.
 Exemplo: hábito de fumar (exposição) e câncer de pulmão (desfecho ou
efeito).
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ESTUDOS EXPERIMENTAIS E
OBSERVACIONAIS
 Experimentais ou de intervenção:
 Investigador produz uma situação artificial para investigar seu tema –
eficácia de vacina, medicamentos, cirurgias, procedimentos de
enfermagem, etc.
 Limites éticos para a criação da situação artificial de investigação.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Estudos não experimentais ou
observacionais
 Realização de pesquisa em situações que ocorrem “naturalmente” –
observação de pessoas ou grupos e comparação de suas características,
sem intervenção.
 Outras classificações:
 longitudinais ou transversais;
 prospectivos ou retrospectivos.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA
1. Informação sobre a situação de saúde da população:
 determinação das frequências;
 estudo da distribuição dos eventos e diagnóstico dos principais problemas
de saúde;
 identificação dos segmentos da população afetados por esses problemas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA
2. Investigação dos fatores que influenciam a situação de saúde - estudo
dos determinantes do aparecimento e da manutenção dos danos à
saúde na população.
3. Avaliação do impacto das ações propostas - determinação da
utilidade e da segurança das ações, dos programas e dos serviços de
saúde.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA
 As três aplicações – subsídios que auxiliam nas decisões nos níveis:
 coletivo: implementação de novas intervenções ou reorientação ou
manutenção das intervenções existentes;
 individual: fundamentação do diagnóstico clínico, solicitação de exames,
prescrição de vacinas, drogas e regimes alimentares, etc.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA
 Contribuições próprias de epidemiologia – fornecimento dos
conceitos, do raciocínio e das técnicas para estudos populacionais no
campo da saúde.
 Epidemiologia – confere a dimensão do coletivo ao estudo da saúde e
da doença – complementação do conhecimento produzido por meio
das investigações de laboratório ou clínicas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA
 Alguns problemas de saúde só podem ser pesquisados no nível
coletivo.
 Exemplo: Fatores de risco para coronariopatias
 altos níveis de colesterol sérico ou baixos níveis de HDL associados a
maiores riscos de infarto do miocárdio;
 somente a epidemiologia pode investigar a existência dessas relações e
quantificar o riscos a que estão sujeitas as pessoas;
 identificação das condutas preventivas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
TRÊS ASPECTOS DA PRÁTICA
EPIDEMIOLÓGICA
 Resultados epidemiológicos têm maior credibilidade quando:
 é dada a devida atenção a forma correta de selecionar os indivíduos para
o estudo;
 é feita uma apropriada aferição dos eventos e a adequada expressão dos
resultados;
 as variáveis confundidoras são controladas.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
Bibliografia
 Lilienfeld DE. Stolley PD. Foundations of Epidemiology. 3ª ed. New York,
Oxford University Press, 1994.
 Pereira MG. Epidemiologia. Teoria e prática. Rio de Janeiro, Guanabara-
Koogan, 1995.
 BONITA R, BEAGLEHOLE R, KJELLSTRÖM T. Epidemiologia Básica. 2ª ed.
São Paulo, Editora Santos, 2010. (Disponível em PDF).
 GORDIS L. Epidemiologia. 5ª ed. Thieme - Revinter, 2017.
 ROUQUAYROL MZ, GURGEL M. Epidemiologia e Saúde. 8ª ed. MedBook
Editora, 2017.
Aula 01 - Introdução è Epidemiologia

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  • 2. Fundamentos da Epidemiologia  Conteúdo programático desta aula:  Conceitos básicos em Epidemiologia e a relação com a Saúde Coletiva;  Formação histórica da Epidemiologia;  Objetivos, Aplicações e Interfaces disciplinares da Epidemiologia;  Raciocínio Epidemiológico. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 3. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia Conceitos básicos em Epidemiologia e a relação com a Saúde Coletiva
  • 4. Etimologia da palavra epidemiologia  Formada pela junção do prefixo epí– (em cima de, sobre) com o radical –demos– (significando povo). O sufixo – logos, também vem do grego que corresponde a estudo, doutrina.  Então, etimologicamente a palavra epidemiologia significa: “Ciência do que ocorre sobre o povo” Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 5. Definição de Epidemiologia  Existem várias definições para o termo epidemiologia.  O conceito original se restringia ao estudo de doenças transmissíveis, entretanto, houve uma evolução no conceito que passou a abranger todos os eventos relacionados ao processo saúde/doença da população. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 6. Definição de Epidemiologia  Segundo Rouquayrol (1999) epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças.  Enquanto a abordagem clínica se dedica ao estudo da doença no indivíduo, a epidemiologia estuda os problemas de saúde em coletividades humanas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 7. A epidemiologia se constitui na principal ciência da informação em saúde e é considerada a ciência básica da Saúde Coletiva Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 8. Saúde Coletiva  É a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física, mental e a eficiência, através de esforços organizados da sociedade, para:  O saneamento do meio ambiente;  O controle das infecções entre as pessoas;  A organização de serviços médicos e paramédicos para prevenção, diagnóstico precoce e o tratamento da doença; Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 9. Saúde Coletiva  O aperfeiçoamento da máquina social que assegurará a cada indivíduo, dentro da sociedade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde. (Winslow citado por Rouquayrol, 1999) Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 10. O indivíduo com peça da máquina social Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 11. Saúde Coletiva  De acordo com Rita Barradas, em seu artigo Epidemiologia Social, os epidemiologistas, atores da saúde coletiva, vem desenvolvendo novas estratégias de investigação e novas ferramentas de análise que possam, cada vez mais, fornecer elementos corretos para orientar as intervenções sociais no campo da saúde e a formulação de políticas públicas baseadas no reconhecimento dos direitos de cidadania, na garantia da liberdade democrática e na busca da felicidade humana. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v8n1/02.pdf
  • 12. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia Formação histórica da Epidemiologia
  • 13. Antiguidade: a contribuição de Hipócrates (c. 460 a 377 a.C.) No tratado de “Ares, águas e Lugares” Hipócrates discutiu os fatores ambientais ligados às doenças, defendendo um conceito ecológico de saúde/doença. Daí, surgia a Teoria Miasmática. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 14. O Renascimento  Movimento de resgate dos elementos filosóficos, estéticos e ideológicos mais avançados da cultura greco-latina.  O pensamento renascentista propiciou as bases para a compreensão racional da realidade que resultou na constituição das ciências modernas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia A partir dessa nova visão de mundo, “explodiu”, entre os séculos XVI e XVIII a necessidade da produção de conhecimento em todos os saberes.
  • 15. Formação histórica fundamentada em 3 eixos (tríade)  Clínica: saberes sobre saúde/doença – século XVII  Fisiologia, Patologia, Bacteriologia etc.;  Estatística: diretrizes metodológicas quantitativas – século XVII;  Medicina social: práticas de transformação da sociedade – século XVIII. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 16.  Hegemonia da medicina “científica” (“biologização”) apesar do desenvolvimento da medicina social no final do século XIX:  Fisiologia;  Patologia;  Bacteriologia. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 17.  Rudolf Wirchow (1821 – 1902), médico alemão, é um importante personagem da medicina social.  Extremamente versátil, desenvolveu intensa e criativa atividade em várias áreas:  Patologia;  Antropologia;  Política (ativista da saúde pública). Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 18.  Entretanto, com o avanço da fisiologia, da patologia e da bacteriologia no século XIX, devido principalmente a Bernard, Virchow e Pasteur, houve um fortalecimento da medicina científica.  As enfermidades de maior prevalência eram as de natureza infecto- contagiosa, o que favoreceu a abordagem individual e curativa superando o enfoque coletivo e os determinantes sociais da saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 19. Medicina social – práticas de transformação da sociedade  A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII e expandida para o mundo a partir do século XIX, produziu um grande impacto nas condições de vida e saúde das populações.  Com a organização e aumento da participação política das classes trabalhadoras, evidenciados principalmente na França, Alemanha e Inglaterra, temas relativos à saúde foram incorporados na pauta das reinvindicações dos movimentos sociais. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 20. Medicina social – práticas de transformação da sociedade  Era o início do movimento pela medicina social:  a medicina deveria ser um instrumento de transformação social.  Postulava-se que a participação política é a principal estratégia de transformação da realidade de saúde e que as revoluções populares deveriam resultar nos principais determinantes da saúde social:  democracia, justiça, igualdade, liberdade e fraternidade. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 21. Medicina social – práticas de transformação da sociedade  As práticas de transformação da sociedade, inicialmente propostas pela Medicina Social no século XVIII, estão relacionadas à necessidade de aprofundamento e sistematização das reflexões sobre as questões de saúde.  Se pararmos para analisar as aproximações e distanciamentos entre as âmbitos da ciência e da política chegaremos a conclusão de que os pesquisadores em Saúde Coletiva podem ser considerados, também, agentes políticos. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 22. Medicina social – práticas de transformação da sociedade  Os estudos nessa área se relacionam tanto direta quanto indiretamente com campos de atuação e formulação de políticas e requerem dos agentes da área da saúde elevado comprometimento ético, reflexão, produção, ação política e transformação da sociedade.  Essas práticas nortearão a forma de avaliar o processo saúde/doença na sociedade. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 23. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia Epidemia de cólera em Londres (1854): destaque aos estudos do médico inglês John Snow (1813 – 1858), considerado o Pai da “epidemiologia de campo” devido às coletas planejadas de dados Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 24. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 25. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 26. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  Nos anos 50:  Desenvolvimento/aperfeiçoamento dos desenhos epidemiológicos;  Substituição da Teoria Monocasual por uma tendência ecológica (multicasualidade);  Definição clara dos indicadores de saúde:  Prevalência, e  Incidência. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 27. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  Formalização do conceito probabilístico de risco;  Introdução à Bioestatística. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 28. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  1960 e 1970:  Entre os anos 60 e 70, houve uma verdadeira revolução na Epidemiologia com a introdução da computação eletrônica. Pode-se dizer que houve uma forte “matematização” da área;  Na década de 60 várias questões sociais, como os direitos humanos, mobilizaram o mundo inteiro e o impacto dessa mobilização repercutiu, é claro, na saúde e na educação; Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 29. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  1960 e 1970:  John Cassel (1915 – 1978) contribuiu significativamente na sistematização do conhecimento epidemiológico com a teoria compreensiva da doença, fruto da integração dos Fundamentos Socioantropológicos na Saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 30. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  1970 e 1980:  Nos anos 70 e 80 temos agora 3 tendências principais:  Aprofundamento das bases matemáticas;  Proposta de uma Epidemiologia Clínica (tendência a “biologização”);  Reafirmação do processo saúde-enfermidade-cuidado, considerando os aspectos econômicos e políticos de seus determinantes, em oposição à “biologização”. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 31. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  1970 e 1980:  Na Europa e na América Latina surgiram abordagens mais críticas da Epidemiologia em resposta a essa tendência de “biologização” da Saúde Pública, reafirmando a influência das determinantes sociais da saúde (DSS) no processo saúde-doença. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 32. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia  1970 e 1980:  Novos desafios surgiram:  Doenças antigas reapareceram, e  Novas enfermidades despontaram (doenças emergentes)  Destaca-se, nesse contexto, a pandemia da SIDA ou AIDS – Sindrome da Imunodeficiência Adquirida. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 33. Alguns marcos históricos no desenvolvimento da Epidemiologia O filme mais famoso sobre a AIDS, que retrata muito bem sua gravidade e seu caráter estigmatizante, talvez seja “Philadelphia” (1993), com os atores Tom Hanks e Denzel Washigton. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 34. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia Objetivos, Aplicações e Interfaces disciplinares da Epidemiologia
  • 35. Principais objetivos da Epidemiologia  Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas;  Proporcionar dados para planejar, executar e avaliar ações de prevenção, controle e tratamento das doenças;  Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 36. Principais objetivos da Epidemiologia  Algumas aplicações:  Diversas fases do ciclo da vida;  Diversos tipos de problemas de saúde;  Epidemiologia da AIDS;  Epidemiologia das doenças infecciosas;  Epidemiologia das doenças cardiovasculares;  Epidemiologia do câncer; Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 37. Principais objetivos da Epidemiologia  Algumas aplicações:  Diversas fases do ciclo da vida;  Diversos tipos de problemas de saúde;  Epidemiologia nutricional;  Epidemiologia das violências;  Epidemiologia do uso de substâncias psicoativas;  Epidemiologia em saúde mental; Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 38. Principais objetivos da Epidemiologia  Algumas aplicações:  Diversas fases do ciclo da vida;  Diversos tipos de problemas de saúde;  Epidemiologia bucal;  Epidemiologia da saúde do trabalhador;  Epidemiologia aplicada ao SUS;  Epidemiologia entre várias outras aplicações; Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 39. Interfaces da Epidemiologia  Ciências Biológicas (clínica, patologia, microbiologia, parasitologia, imunologia): Epidemiologia clínica e a aplicação do método epidemiológico na clínica;  Ciências Sociais: A epidemiologia social representa o renascer da determinação social da doença;  Estatística: coleta de dados. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 40. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia Desenvolvendo um raciocínio Epidemiológico
  • 41. Raciocínio epidemiológico: pessoa, espaço e tempo  As doenças humanas não são encaradas como eventos que ocorrem ao acaso, mas estão relacionadas a uma rede de outros eventos que devem ser identificados e estudados.  Vale a pena refletir que para o clínico o que mais interessa é o diagnóstico de uma determinada doença em um determinado indivíduo. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 42. Raciocínio epidemiológico: pessoa, espaço e tempo  Enquanto, para o epidemiologista, o que interessa realmente é como se dá a ocorrência de uma determinada doença inserida em uma estrutura social.  Os questionamentos epidemiológicos “como”, “por que”, “quando” e “em quem” são fundamentais para entender melhor os problemas de saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 43. A Epidemiologia explora a ecologia da doença humana! DOENÇA Fatores Ambientais Fatores Socioeconômicos Diversos outros fatores Fatores Biológicos Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 44.  A EPIDEMIOLOGIA estuda os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) e as condições de ocorrência, bem como as possíveis formas de intervenção e controle das doenças e agravos à saúde em populações humanas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 45.  A EPIDEMIOLOGIA vai muito além do estudo do “risco biológico”.  Na verdade, ela transcende a “biologização”, visto que investiga problemas de cunho social, por isso é definida pelo seu caráter social, considerando os aspectos socioeconômicos e políticos de seus determinantes, ou seja, a determinação social da saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 46.  O principal foco de interesse dos estudos epidemiológicos está relacionado às principais causas de morte das sociedades modernas: mortes violentas e DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis)  Afirmação de compromisso histórico de epidemiologia com a melhoria da saúde das populações e com a redução das desigualdades sociais. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 47. Reflexão: o que a figura sugere? Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 48. Transição Epidemiológica na população brasileira  A partir da primeira década do século XXI houve uma transição epidemiológica na população brasileira, ou seja, uma mudança no perfil epidemiológico.  As epidemias e os ciclos de transmissão das doenças infecciosas, tão estudados no século XVIII, deram lugar ao estudo de complexas redes de multicasualidade. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 49. Transição Epidemiológica na população brasileira  Vale a pena destacar que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ou não-infecciosas, como a obesidade e a síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças cerebrovasculares e câncer assumiram proporções alarmantes. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 50. “A descoberta consiste em ver o que todo mundo viu e pensar o que ninguém pensou”. Albert Szent-Gyorgyi (1893 – 1986) “Se uma nova ideia expande a mente de uma pessoa, ela jamais volta às suas dimensões originais”. Oliver Wendel Holmes (1809 – 1894) Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 51. Através do estudo da EPIDEMIOLOGIA aprendemos a fazer perguntas e a ter ideias que nos levam a novas perguntas, pois uma ideia não morre, é uma semente que germina novas ideias e perguntas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 53.  Etimologicamente – epi = sobre; demo = população; logos = tratado – estudo do que afeta a população.  Conceito original – estudo das epidemias de doenças transmissíveis.  Recentemente – conceito evoluiu de modo a abranger praticamente todos os eventos relacionados com a saúde das populações.  Status de disciplina – metade do século 20 Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 54. ÁREAS TEMÁTICAS  Passado – alvo: doenças que se apresentavam sob a forma de epidemia – cólera, peste, tifo, varíola, febre amarela – afecções agudas que alarmavam a população e as autoridades.  Detecção de epidemias – necessário estudar a doença em períodos interepidêmicos - vigilância contínua da ocorrência e da distribuição das doenças.  Extensão do interesse para as doenças transmissíveis crônicas (TB) e nutricionais como pelagra e beriberi. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 55.  Queda da mortalidade por doenças transmissíveis e carenciais, envelhecimento e mudança do perfil de morbidade.  Ampliação do campo de aplicação da epidemiologia – doenças e agravos não transmissíveis (DANT).  Necessidade de estudos sobre a relação entre os fatores de risco e a doença.  Quais as principais causas de mortalidade no Brasil hoje? Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 56. Tendências da Mortalidade por Grupos de Causas BRASIL – 1930/2000 Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 57.  O que é esperança de vida?  Como ela tem variado nos diferentes períodos históricos?  Os povos selvagens das Américas antes do descobrimento tinham de esperança de vida maior ou menor do que quem vive em grandes cidades no séculos XXI? Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 58. Esperança de vida por períodos Seres humanos por Época Esperança de vida ao nascer Comentário Paleolítico Superior 33 Aos 15 anos: 39 (até idade 54) Neolítico 20 Idade do Bronze 18 1800 – 1200 aC Idade do Ferro 35 1200 aC – 1000 dC Grécia clássica 28 Aos 15 anos: 37 (até idade 52) Roma clássica 28 Pré-colombianas da América do Norte 25-30 Califado Islâmico Medieval 35 + Grã-Bretanha Medieval 30 Aos 21 anos: 38 (até idade 59) (aristocratas britânicos) Grã-Bretanha moderna 30-45 Média mundial atual 67,2 2010 est Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 59. OBJETO DA EPIDEMIOLOGIA  Qualquer dano, agravo ou evento relacionado à saúde estudado em termos populacionais (por exemplo: hábito de fumar, peso ao nascer, violência urbana, consumo de drogas, etc.). Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 60. SERVIÇOS DE SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA  Assistência aos doentes e práticas preventivas – fatores que interferem na distribuição e ocorrência das doenças.  Quadro referência da epidemiologia – utilizado para abordar questões relativas aos SS.  Objetivos: conhecimento da situação dos SS, identificação de problemas, investigação de causas, proposição de soluções compatíveis e sua avaliação. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 61. DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA  Ampliação contínua do campo de atuação.  Mais antigas – limitadas às doenças transmissíveis.  Mais recentes – incluem as DT e as DANT, outros problemas de saúde, estados patológicos e fisiológicos, etc.  Uma possível definição:  Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 62. DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA  Epidemiologista – interessado nos padrões de ocorrência de doenças e agravos nas populações humanas e nos fatores que os influenciam.  Interesse primário na ocorrência de doenças e agravos em função do tempo, lugar e pessoas:  aumento em função dos anos;  área geográfica com maior frequência que outra;  características das pessoas com a doença ou agravo distintas daquelas sem essa condição. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 63. DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA  Exemplos de características pessoais que interessam aos epidemiologistas:  demográficas: idade, gênero, raça, grupo étnico, etc.;  biológicas: níveis de anticorpos, substâncias químicas e enzinas no sangue; constituintes celulares do sangue; níveis de pressão, etc.;  fatores sociais e econômicos: status socioeconômico, nível educacional, ocupação, etc.;  genéticas: grupos sanguíneos, etc. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 64. PREMISSA BÁSICA  Agravos à saúde não ocorrem ao acaso na população.  Dois corolários:  Distribuição desigual dos agravos - produto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população - sua elucidação é uma das preocupações do epidemiologista.  Conhecimento dos fatores determinantes - aplicação de medidas direcionadas a alvos específicos - aumento da eficácia das intervenções. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 65. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO NA EPIDEMIOLOGIA  Diferentes classificações:  Estudos descritivos ou analíticos  Estudos experimentais ou não experimentais (observacionais) Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 66. ESTUDOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS  Descritivos:  Informam sobre a frequência de um evento – dados de morbi-mortalidade – mostrar ou identificar variações desses dados na população, em diferentes épocas e regiões (pessoa, tempo e lugar) – descrição dos fatores de risco e das características da população. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 67. ESTUDOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS  Analíticos:  Investigação da associação entre uma exposição e um desfecho (ou efeito) - estabelecimento de relação de causal entre eles.  Exemplo: hábito de fumar (exposição) e câncer de pulmão (desfecho ou efeito). Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 68. ESTUDOS EXPERIMENTAIS E OBSERVACIONAIS  Experimentais ou de intervenção:  Investigador produz uma situação artificial para investigar seu tema – eficácia de vacina, medicamentos, cirurgias, procedimentos de enfermagem, etc.  Limites éticos para a criação da situação artificial de investigação. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 69. Estudos não experimentais ou observacionais  Realização de pesquisa em situações que ocorrem “naturalmente” – observação de pessoas ou grupos e comparação de suas características, sem intervenção.  Outras classificações:  longitudinais ou transversais;  prospectivos ou retrospectivos. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 70. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA 1. Informação sobre a situação de saúde da população:  determinação das frequências;  estudo da distribuição dos eventos e diagnóstico dos principais problemas de saúde;  identificação dos segmentos da população afetados por esses problemas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 71. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA 2. Investigação dos fatores que influenciam a situação de saúde - estudo dos determinantes do aparecimento e da manutenção dos danos à saúde na população. 3. Avaliação do impacto das ações propostas - determinação da utilidade e da segurança das ações, dos programas e dos serviços de saúde. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 72. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA  As três aplicações – subsídios que auxiliam nas decisões nos níveis:  coletivo: implementação de novas intervenções ou reorientação ou manutenção das intervenções existentes;  individual: fundamentação do diagnóstico clínico, solicitação de exames, prescrição de vacinas, drogas e regimes alimentares, etc. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 73. ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA  Contribuições próprias de epidemiologia – fornecimento dos conceitos, do raciocínio e das técnicas para estudos populacionais no campo da saúde.  Epidemiologia – confere a dimensão do coletivo ao estudo da saúde e da doença – complementação do conhecimento produzido por meio das investigações de laboratório ou clínicas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 74. ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA  Alguns problemas de saúde só podem ser pesquisados no nível coletivo.  Exemplo: Fatores de risco para coronariopatias  altos níveis de colesterol sérico ou baixos níveis de HDL associados a maiores riscos de infarto do miocárdio;  somente a epidemiologia pode investigar a existência dessas relações e quantificar o riscos a que estão sujeitas as pessoas;  identificação das condutas preventivas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 75. TRÊS ASPECTOS DA PRÁTICA EPIDEMIOLÓGICA  Resultados epidemiológicos têm maior credibilidade quando:  é dada a devida atenção a forma correta de selecionar os indivíduos para o estudo;  é feita uma apropriada aferição dos eventos e a adequada expressão dos resultados;  as variáveis confundidoras são controladas. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia
  • 76. Bibliografia  Lilienfeld DE. Stolley PD. Foundations of Epidemiology. 3ª ed. New York, Oxford University Press, 1994.  Pereira MG. Epidemiologia. Teoria e prática. Rio de Janeiro, Guanabara- Koogan, 1995.  BONITA R, BEAGLEHOLE R, KJELLSTRÖM T. Epidemiologia Básica. 2ª ed. São Paulo, Editora Santos, 2010. (Disponível em PDF).  GORDIS L. Epidemiologia. 5ª ed. Thieme - Revinter, 2017.  ROUQUAYROL MZ, GURGEL M. Epidemiologia e Saúde. 8ª ed. MedBook Editora, 2017. Aula 01 - Introdução è Epidemiologia

Notas do Editor

  1. Pelagra: doença causada pela falta de niacina (ácido nicotínico ou vitamina B3) – na Europa essa doença propagou-se qdo a farinha de milho começou a substituir a de trigo por volta de 1700. A vitamina B3 não está presente na farinha de milho. A vitamina B3 está presente no fígado, levedo, leito, queijo e cereais. Beriberi: doença causada pela falta tiamina ou vitamina B1 – relacionada com a subsistência com base em arroz altamente polido (perda de toda a tiamina no processo de beneficiamento). A vitamina B1 está presente nas camadas mais externas das sementes e em nozes, legumes, na maioria dos vegetais e em algumas carnes (porco, músculo, fígado, coração e rins)