1) A introdução à psicanálise começou com o tratamento de doenças mentais, como a histeria, que antes eram atribuídas a possessão demoníaca; 2) Freud desenvolveu a psicanálise para explicar e tratar neuroses através da compreensão do inconsciente e dos sonhos; 3) A psicanálise defende que as perturbações mentais surgem de conflitos internos reprimidos e desejos inconscientes.
A cura da esquizofrenia 1ed - Eric Campos Bastos Guedes
Introducao a-psicanalise
1. - INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE -
Finais do século XVIII – famoso julgamento em Salem, nos Estados Unidos.
Foi a última vez que as pessoas com problemas, nomeadamente histeria, foram mortas por
se acreditar que estavam possuídas pelo demónio.
Santo Agostinho associava a doença à desordem e esta ao pecado. Por isso, mais valia –
no seu entender – orar do que curar.
Toda a Cristandade, até ao início da Reforma, não se preocupava
com a saúde. Quem se encarregava disso eram os
Judeus e os Árabes. O primeiro grande asilo para doentes
mentais (séc. XV) foi construído pelos árabes.
São João de Deus criou uma ordem religiosa com o único
objectivo de tratar os doentes mentais, que dividia em três
categorias:
1 – Simples… débeis, sujeitos a abusos por parte da
população
2 – Dementes… sofriam de demência
3 – Celerados… perigosos para a sociedade
São os abusos que levam à construção de asilos no final do séc. XIX.
Com a reforma começa-se a pensar nas perturbações e é então que as doenças psíquicas
se dividem em 2 famílias:
- Neuroses – em que se mantém a integridade do EU
2. - Psicoses – Há uma desrealização. Uma perda da realidade. Os psicóticos têm símbolos
diferentes dos nossos… um cogumelo pode querer dizer cogumelo… pénis… pai…
Hoje em dia, com a medicação, é mais fácil tentar dominar a doença mental que é um problema
crónico, com perda de capacidades cognitivas.
Por exemplo, a ESQUIZOFRENIA: Pode manifestar-se pela primeira vez aos 18 anos,
após bem sucedidos exames nacionais e evolui até o doente deixar de saber quanto é 2
+ 2. É preciso ensinar o doente as suas anteriores competências (estar à mesa, lavar-
se…).
Há bastante tempo verificou-se que uns comprimidos para controlar a hipertensão
provocavam depressões. Chegou-se à conclusão, após muitos estudos, que isso acontecia
devido a um componente que aumentava o nível de SEROTONINA no organismo. A
Serotonina, quando aumenta, induz um estado depressivo.
Por isso, criou-se um antagonista para a Serotonina – o LSD. Não havia depressões mas o
número de Psicoses Tóxicas aumentou.
Surgiram depois os primeiros medicamentos para combater a depressão – os
TRICÍCLICOS. Porém, esta família de medicamentos aumentava o apetite e as senhoras
não queriam tomá-los porque ficavam mais gordas.
Chegou-se ao comprimido da alegria – PROZAC, que agora é tomado em excesso porque
faz emagrecer.
Também há quem defenda que o aumento da Serotonina possa ser provocado por um gene
– existirá o gene da depressão??
Tentativas de Tratamento:
Os celerados encontravam-se presos com correntes para não atacarem ninguém. Num
incêndio em França, morreram – por isso – 133 doentes mentais queimados por ninguém
se lembrar de os soltar. Foi Pinel quem começou por libertar os doentes das grilhetas.
Não se podem juntar patologias – por exemplo: não se podem colocar juntos Borderlines e
Esquizofrénicos. Os Borderlines abusam dos Esquizofrénicos.
Salpêtriére:
Freud começou por usar cocaína no tratamento dos doentes. Acabou por ir para França
porque o seu doente tinha ficado viciado. Quando lá chegou ficou impressionado com os
tratamentos, sobretudo com a relação directa entre histeria e sexualidade.
Psicanálise:
Método terapêutico. Quando se iniciou a Psicanálise (o primeiro sintoma dos problemas é a
ansiedade) havia um número elevado de sessões por semana – começou-se por 5/semana.
Actualmente, o normal são 3 sessões/semana.
=> A primeira concepção de Freud – causas puramente sexuais
3. Séc. XVIII/ XIX – tinha havido um movimento a favor da Mesmerização (antes de Freud).
Através da Hipnose conseguia-se que as pessoas alterassem os seus comportamentos.
Freud chamou a atenção para o inconsciente. Se se derem ordens que vão contra a moral
das pessoas – elas não obedecem.
Freud chegou à invenção da psicanálise pela necessidade de encontrar uma explicação
psicológica para a doença mental, que permitisse o seu tratamento ou cura, entre elas as
neuroses.
Neurose histérico-fóbica – Queixas de falta de afecto medo de coisas (aranhas,
espaços, abertos/fechados)
Neurose obsessiva – série de actos compulsivos (ex.: lavagem das mãos repetidas
vezes)
Neurose ansiosa /ataques de pânico – o indivíduo reage fisiologicamente a algo que o
ameaça (aumento da frequência cardíaca e respiratória.
Para as psicoses, esquizofrenia e doença maníaco-depressiva, não havia tratamento
vem da relação que a pessoa tem com o real
Quando se tem uma psicose as noções do real não existem. O delírio é a realidade do
psicótico, como se houvesse uma mudança de simbologia. O indivíduo quando se encontra
em delírio, o sofrimento é de tal ordem, que o mesmo tenta encontrar explicações para a
sua dor. Deve-se diminuir este estado e não alimentá-lo.
Para Freud haveria um critério semelhante a uma termodinâmica, uma máquina que
servisse para pensar. Teria que haver um princípio que a alimenta, tem que ter energia e
uma máquina que a processasse.
“O que é importante
para a mente humana”
Freud
Surge o princípio de prazer como significado da ausência de tensões. Tudo o que fazíamos
do ponto de vista psicológico destinava-se a eliminar tensões.
Energia Psíquica – energia de origem sexual, libido, que permitia o funcionamento do
aparelho psíquico. Este divide-se em 3 partes:
Consciente – parte do psiquismo que está em contacto com o meio, analisando e
procurando dar as respostas adequadas
Memória – pré-consciente
Inconsciente–onde se reprimem pensamentos desagradáveis, possui conteúdos
recalcados.
4. Freud descobriu que temos dificuldade em lembrar certas coisas, sendo necessário um
esforço. Concluiu que haveria uma Barreira da Memória, necessitando de ser ultrapassada
para que nos seja possível recordar de algo, a Barreira do Recalcado, localizada entre o
pré-consciente e o inconsciente, só sendo possível ultrapassá-la de uma determinada
forma.
As representações estão em diferentes parte do aparelho psíquico e cada uma tem um
vector ou cartexis de libido. Quanto maior for a sua importância, maior a sua quantidade de
libido, estando a dos pais mais carregadas do que as de um amigo.
As quantidades de energia têm que ser contrariadas quando queremos recalcar uma
representação. Aplicar uma força contrária que designamos por contra-cartexis,
pretendemos que ela saia do campo da consciência. Uma representação recalcada pode
ser avivada por uma outra memória, portanto, para recalcarmos uma ideia temos que
recalcar todas as situações que lhe estão associadas. Este processo conduz a um
empobrecimento da sua energia psíquica, que passa a estar virada para estes
recalcamentos.
Uma repressão acarreta sempre uma constelação de outros recalcamentos que se vai
traduzir num gesto de energia psíquica para manter essa representação afastada da
consciência.
Freud lembrou-se então de 2 coisas:
Actos Falhados – “Lapsus Linguae”, quando queremos dizer uma coisa e dizemos outra;
Sonhos – quando estamos a dormir o consciente está desligado, logo a memória
não está submetida à vontade, no entanto há sonho, então o sonho é uma
manifestação do inconsciente. Se fosse apenas uma transmissão do inconsciente,
vinham a todas as coisas que a pessoa tinha procurado recalcar. Um sonho falhado
Þ pesadelo. As representações estão demasiado próximas do consciente nestas situações
também há uma manifestação de alterações físicas, que passam pelo aumento da frequência
cardíaca, respiratória e medo (sobressalto).
5. O pesadelo é sonho falhado porque a função do sonho é permitir o sono, que é essencial
para o repouso físico do organismo. As privações de sono conduziam a situações de delírio
e perda de contacto com a realidade.
O sono tem características especiais estudadas pelos Norte-Americanos. Existe um período
muito curto inicial de cerca de 10 segundos durante o qual o electrocenfalograma se
aproxima da linha de base (quando se registam as potências. Durante este período há
como um suspender de vida. Passado este período, o electrocenfalograma começa
novamente a apresentar actividade eléctrica no cérebro. Aparecem períodos de muito
típicos, movimentos rápidos dos olhos e paragem desses movimentos, designada por REM
e não REM (rapid eye movement), consequentemente pensou-se que estavam
directamente ligados com o sonho. No entanto, foram feitos estudos posteriores com
indivíduos invisuais como consequência de um acidente, mostraram que os movimentos
REM iam desaparecendo, mas os indivíduos continuavam a sonhar. O que acontece é que
durante o dia para termos visão cromática há uma série de aminas que correm ao longo das
fitas ópticas passando pelo nervo óptico para chegarem à retina, e nesses períodos de
REM o que o olho faz é uma espécie de ginástica que tem por objectivo levar essas aminas
de volta para os seus depósitos. Estudos esses que levaram a concluir que a relação entre
o sonho e o movimento dos olhos.