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Digníssima presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores – Dra.
Juçara
Regina Viegas Valverde,
Digníssimos acadêmicos, Senhoras e Senhores.
No final do ano de 1892, precisamente no mesmo ano em que seu filho de 20
anos concluía o curso médico, Dr. Bento Gonçalves Cruz faleceu. Foi Inspetor
Geral
de Higiene no Estado do Rio de Janeiro, posto igual ao que seu filho ocuparia e
conquistaria mais tarde, a glória da imortalidade. A influência de um genitor
como
Dr. Bento, refletiu na vida e obra de Oswaldo Gonçalves Cruz. Rigidez na ética
educacional se demonstra em todas as biografias dedicadas ao ilustre Patrono da
Cadeira de número 21 da Academia Brasileira de Médicos Escritores,
mais especificamente na segunda obra que trata da sua vida – O Romance de
Oswaldo Cruz escrito por Gastão Pereira da Silva.
Oswaldo Cruz não era poeta nem romancista. Era cientista. Amador das artes e
do
belo. Dedicou-se à fotografia como hobbie, desde que adquiriu uma câmera
durante
sua estada na França. Teve um laboratório em sua casa na Praia de Botafogo,
406,
registrando não apenas fatos científicos importantes, mas flagrantes do Rio de
Janeiro e de suas viagens, recebeu o apelido de “Dr. Fotógrafo”. Sua atividade
científica não o intimidou quando postulou a sua candidatura à Academia
Brasileira
de Letras. Venceu ao poeta Emílio de Menezes, com 18 votos contra 10 e assumiu
a
cadeira de número 5, na vaga deixada pelo poeta Raimundo Correia. Essa
conquista
foi extremamente polêmica, pois havia a tese de que aquela Academia era
dedicada
somente a literatos, mas venceu uma outra de que ela também se prestava a
vultos
consagrados, de qualquer arte ou ciência.
Foi recebido pelo Acadêmico Afrânio Peixoto em 26 de junho de 1913.
No seu discurso afirmou que Oswaldo “valeu por uma congregação, porque é
preceptor de muitas gerações”. - Que era um “esteta e que cultivava a arte nos
momentos aprazíveis da sua intelectualidade e se cercava de coisas belas que lhe
proporcionavam prazer intelectual,”.
Sua biografia científica abrange 43 trabalhos de teses, observações, pesquisas
médicas e relatórios, além de memórias e do discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras. Ganhou o primeiro prêmio do XIV Congresso Internacional
de
Higiene em Berlim com sua exposição de seu trabalho no Rio de Janeiro,
concorrendo
com outros 123 expositores.
Uma grande homenagem ao seu trabalho foi feita pelo seu amigo Carlos Chagas,
que
descreveu a doença tripanossomíase americana, descobrindo todo o ciclo da
doença,
deu o nome ao protozoário flagelado causador desta moléstia, chamada doença
de
Chagas, de Trypanosoma cruzi.
Ruy Barbosa enaltece Oswaldo pela “desratização” do país, neologismo criado
pelo
nosso homenageado, durante o Governo de Rodrigues Alves e a revolta popular
face
a duras posições tomadas em relação à saúde pública.
“Hércules, porém talvez não se atrevesse a tanto, e Oswaldo Cruz, atrevendo-se
ao
que se atreveu, não se abalançou a pouco”.
Osvaldo Gonçalves Cruz, médico, higienista e cientista, nasceu em São Luís de
Paraitinga, São Paulo, em 5 de agosto de 1872, e faleceu aos 44 anos em
Petrópolis,
RJ, em 11 de fevereiro de 1917.
É Patrono da cadeira de número 21 desta Academia de Médicos Escritores à qual
tenho a honra, de hoje, ocupá-la.
Honra igual tiveram seus primeiros ocupantes, Jaques Houli e Grimaldo
Carvalho.
O primeiro Jaques Houli, tomou posse no dia 26 de maio de 1989. Livre Docente
de Clínica Médica da Faculdade Nacional de Medicina e da Faculdade de Ciências
Médicas. Professor de Reumatologia da Escola de Pós Graduação Médica. Chefe
do Departamento de Reumatologia da 5a
Nacional de Medicina – na Santa Casa de Misericórdia. Consultor em
Reumatologia
e Laureado pela Academia Nacional de Medicina em 1954. Enriqueceu a
literatura
médica nacional com a publicação de excelentes livros e monografias.
O segundo Grimaldo Carvalho foi renomado médico e cientista no Brasil e no
Exterior, com vários livros publicados e importante participação no combate ao
câncer de colo uterino. O livro de Citologia do Trato Genital Feminino teve cinco
edições.
Ex-Professor de Citologia do Hospital Universitário Gaffrée Guinle, Uni-Rio, Rio
de
Janeiro.
Ex-professor de Ginecologia, Obstetrícia e Citologia da TuffsUniversity – Boston,
Massachusetts.
Ex-professor de Citologia e Chefe da Clínica de Prevenção de Câncer do Medical
Collegeof Virginia – Richmon, Virginia EUA.
Cientista em Pesquisa do Câncer do Roswel Park Memorial Institute – Buffalo,
New
Your. Membro da Academia Internacional de Citologia, Sociedade Brasileira de
Citologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Digna Presidente Juçara Valverde e digníssimos acadêmicos, peço vênia, para em
poucas linhas, ousar diante de tamanha erudição, discorrer sobre a
transformação
que pode haver na vida de um médico. São tantas as atribuições que lhe são
impostas, desde os bancos escolares. Os esforços para se encontrar um lugar ao
sol, são vilipendiados pelas rodas céleres, insensíveis e grotescas do chamado
“progresso”. As formas em cores imaginadas pelos escritores de não mais de um
século, como Aldous Huxley e George Orwell são operacionalizados atualmente
de
forma natural e totalmente aceitas pela população. Este “Admirável Mundo
Novo”
não nos contempla a felicidade que gostaríamos, tampouco com a cultura e com
a poesia que temos direito. Somos todos observados, dirigidos, sem aquela que
cantamos como o ideal maior, ou seja, nossa liberdade. Que nossas mentes,
páginas
em branco e nossos lápis possam integrar-se de maneira a preservá-la, saudável,
inteira.
Participar dessa egrégora que estimula e cultua o saber, para mim é uma honra.
Mirar-me entre vós, alegra-me sobremaneira, pois sei com quem ando e outros
saberão também. A responsabilidade social a que me proponho é imensa. Minhas
poesias irão se consistir em dar razão à sua existência. Atiça-me a paixão pela
vida e
amor pelo próximo.
Continuar com o ideal inicial – de ser médico – agora ser médico poeta, ser
acadêmico. Definitivamente – Ser!
Só assim sobrepujaremos e transgrediremos a ordem da vilania, a submissão e a
subserviência.
Inicialmente enalteci a rígida ética educacional do Dr. Bento Gonçalves Cruz, pois
a
mesma retumbou em meus ouvidos como a mesma que ouvi nos meus primeiros
anos de meu pai aqui presente, Darcy Pitaki.
Sem nossos professores exemplares seríamos não mais que seres rupestres em
nossa
busca desenfreada pelo conhecimento e a sabedoria.
Pergunto a mim mesmo o que seriamos hoje, sem ter havido um Hesíodo, um
Homero , um Miguel de Cervantes y Saavedra, um William Sheakspeare, um
Fernando Pessoa, um Pablo Neruda, um carioca Vinicius de Moraes, um
paraibano
Zé da Mata, um maranhense Catulo da Paixão Cearense, um cearense Patativa do
Assaré, um baiano Castro Alves ou a paranaense Helena Kolody?
Somos alunos e professores. A um tempo que trocamos informações e a
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A palavra e o pertencimento.
Muito obrigado

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GRALHA AZUL No. 68 - AGOSTO 2017
 

Homenagem a Oswaldo Cruz

  • 1. Digníssima presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores – Dra. Juçara Regina Viegas Valverde, Digníssimos acadêmicos, Senhoras e Senhores. No final do ano de 1892, precisamente no mesmo ano em que seu filho de 20 anos concluía o curso médico, Dr. Bento Gonçalves Cruz faleceu. Foi Inspetor Geral de Higiene no Estado do Rio de Janeiro, posto igual ao que seu filho ocuparia e conquistaria mais tarde, a glória da imortalidade. A influência de um genitor como Dr. Bento, refletiu na vida e obra de Oswaldo Gonçalves Cruz. Rigidez na ética educacional se demonstra em todas as biografias dedicadas ao ilustre Patrono da Cadeira de número 21 da Academia Brasileira de Médicos Escritores, mais especificamente na segunda obra que trata da sua vida – O Romance de Oswaldo Cruz escrito por Gastão Pereira da Silva. Oswaldo Cruz não era poeta nem romancista. Era cientista. Amador das artes e do belo. Dedicou-se à fotografia como hobbie, desde que adquiriu uma câmera durante sua estada na França. Teve um laboratório em sua casa na Praia de Botafogo, 406, registrando não apenas fatos científicos importantes, mas flagrantes do Rio de Janeiro e de suas viagens, recebeu o apelido de “Dr. Fotógrafo”. Sua atividade científica não o intimidou quando postulou a sua candidatura à Academia Brasileira de Letras. Venceu ao poeta Emílio de Menezes, com 18 votos contra 10 e assumiu a cadeira de número 5, na vaga deixada pelo poeta Raimundo Correia. Essa conquista
  • 2. foi extremamente polêmica, pois havia a tese de que aquela Academia era dedicada somente a literatos, mas venceu uma outra de que ela também se prestava a vultos consagrados, de qualquer arte ou ciência. Foi recebido pelo Acadêmico Afrânio Peixoto em 26 de junho de 1913. No seu discurso afirmou que Oswaldo “valeu por uma congregação, porque é preceptor de muitas gerações”. - Que era um “esteta e que cultivava a arte nos momentos aprazíveis da sua intelectualidade e se cercava de coisas belas que lhe proporcionavam prazer intelectual,”. Sua biografia científica abrange 43 trabalhos de teses, observações, pesquisas médicas e relatórios, além de memórias e do discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Ganhou o primeiro prêmio do XIV Congresso Internacional de Higiene em Berlim com sua exposição de seu trabalho no Rio de Janeiro, concorrendo com outros 123 expositores. Uma grande homenagem ao seu trabalho foi feita pelo seu amigo Carlos Chagas, que descreveu a doença tripanossomíase americana, descobrindo todo o ciclo da doença, deu o nome ao protozoário flagelado causador desta moléstia, chamada doença de Chagas, de Trypanosoma cruzi. Ruy Barbosa enaltece Oswaldo pela “desratização” do país, neologismo criado pelo nosso homenageado, durante o Governo de Rodrigues Alves e a revolta popular face a duras posições tomadas em relação à saúde pública.
  • 3. “Hércules, porém talvez não se atrevesse a tanto, e Oswaldo Cruz, atrevendo-se ao que se atreveu, não se abalançou a pouco”. Osvaldo Gonçalves Cruz, médico, higienista e cientista, nasceu em São Luís de Paraitinga, São Paulo, em 5 de agosto de 1872, e faleceu aos 44 anos em Petrópolis, RJ, em 11 de fevereiro de 1917. É Patrono da cadeira de número 21 desta Academia de Médicos Escritores à qual tenho a honra, de hoje, ocupá-la. Honra igual tiveram seus primeiros ocupantes, Jaques Houli e Grimaldo Carvalho. O primeiro Jaques Houli, tomou posse no dia 26 de maio de 1989. Livre Docente de Clínica Médica da Faculdade Nacional de Medicina e da Faculdade de Ciências Médicas. Professor de Reumatologia da Escola de Pós Graduação Médica. Chefe do Departamento de Reumatologia da 5a Nacional de Medicina – na Santa Casa de Misericórdia. Consultor em Reumatologia e Laureado pela Academia Nacional de Medicina em 1954. Enriqueceu a literatura médica nacional com a publicação de excelentes livros e monografias. O segundo Grimaldo Carvalho foi renomado médico e cientista no Brasil e no Exterior, com vários livros publicados e importante participação no combate ao câncer de colo uterino. O livro de Citologia do Trato Genital Feminino teve cinco edições. Ex-Professor de Citologia do Hospital Universitário Gaffrée Guinle, Uni-Rio, Rio de Janeiro. Ex-professor de Ginecologia, Obstetrícia e Citologia da TuffsUniversity – Boston,
  • 4. Massachusetts. Ex-professor de Citologia e Chefe da Clínica de Prevenção de Câncer do Medical Collegeof Virginia – Richmon, Virginia EUA. Cientista em Pesquisa do Câncer do Roswel Park Memorial Institute – Buffalo, New Your. Membro da Academia Internacional de Citologia, Sociedade Brasileira de Citologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Digna Presidente Juçara Valverde e digníssimos acadêmicos, peço vênia, para em poucas linhas, ousar diante de tamanha erudição, discorrer sobre a transformação que pode haver na vida de um médico. São tantas as atribuições que lhe são impostas, desde os bancos escolares. Os esforços para se encontrar um lugar ao sol, são vilipendiados pelas rodas céleres, insensíveis e grotescas do chamado “progresso”. As formas em cores imaginadas pelos escritores de não mais de um século, como Aldous Huxley e George Orwell são operacionalizados atualmente de forma natural e totalmente aceitas pela população. Este “Admirável Mundo Novo” não nos contempla a felicidade que gostaríamos, tampouco com a cultura e com a poesia que temos direito. Somos todos observados, dirigidos, sem aquela que cantamos como o ideal maior, ou seja, nossa liberdade. Que nossas mentes, páginas em branco e nossos lápis possam integrar-se de maneira a preservá-la, saudável, inteira. Participar dessa egrégora que estimula e cultua o saber, para mim é uma honra. Mirar-me entre vós, alegra-me sobremaneira, pois sei com quem ando e outros saberão também. A responsabilidade social a que me proponho é imensa. Minhas
  • 5. poesias irão se consistir em dar razão à sua existência. Atiça-me a paixão pela vida e amor pelo próximo. Continuar com o ideal inicial – de ser médico – agora ser médico poeta, ser acadêmico. Definitivamente – Ser! Só assim sobrepujaremos e transgrediremos a ordem da vilania, a submissão e a subserviência. Inicialmente enalteci a rígida ética educacional do Dr. Bento Gonçalves Cruz, pois a mesma retumbou em meus ouvidos como a mesma que ouvi nos meus primeiros anos de meu pai aqui presente, Darcy Pitaki. Sem nossos professores exemplares seríamos não mais que seres rupestres em nossa busca desenfreada pelo conhecimento e a sabedoria. Pergunto a mim mesmo o que seriamos hoje, sem ter havido um Hesíodo, um Homero , um Miguel de Cervantes y Saavedra, um William Sheakspeare, um Fernando Pessoa, um Pablo Neruda, um carioca Vinicius de Moraes, um paraibano Zé da Mata, um maranhense Catulo da Paixão Cearense, um cearense Patativa do Assaré, um baiano Castro Alves ou a paranaense Helena Kolody? Somos alunos e professores. A um tempo que trocamos informações e a capacidade de sentir são os verdadeiros motivos de estarmos agora reunidos. A palavra e o pertencimento. Muito obrigado