Reflexões sobre os modelo bio-psico-social e o modelo de desenvolvimento humano baseado na abordagem de capabilidade. Impacto na relação de profissionais com pacientes em situações de cuidados agudos, crônicos e integrados. Importância de agência, liberdade de escolha e respeito aos valores de cada pessoa.
Fundamentos da Competencia de Profissionais da Saúde no Século XXI
O Paciente como Agente
1. O Paciente como Agente
Olaf Kraus de Camargo
Twitter: @DevPeds
2. Itinerário
▪CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde
▪HDM - Modelo de Desenvolvimento Humano
▪COVID-19 - Doença por Coronavirus 2019
4. Atividade
▪É a execução de uma tarefa ou uma ação por um indivíduo
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
5. Participação
▪É o envolvimento em situação de vida diária
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
6. Capacidade
▪Descreve a habilidade de um indivíduo de executar uma tarefa
ou ação. Esse construto visa indicar o nível mais alto provável
de funcionalidade que uma pessoa pode atingir.
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
7. Desempenho
▪Descreve o que um indivíduo faz no seu ambiente habitual.
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
9. Relação Médico-Paciente Cuidados Agudos
Cuidados Crônica/Reabilitação
Estratégia
curar, baseado na
causa, abordagem
biomédica
Melhorar o máximo
possível, abordagem
bio-psico-social
Paciente Médico/Terapeuta
10. Relação Médico-Paciente Cuidados Agudos
Cuidados Crônica/Reabilitação
Estratégia
curar, baseado na
causa, abordagem
biomédica
Melhorar o máximo
possível, abordagem
bio-psico-social
Paciente
passivo, sofre, espera,
“paciente”
ativo, responsável
Médico/Terapeuta
11. Relação Médico-Paciente Cuidados Agudos
Cuidados Crônica/Reabilitação
Estratégia
curar, baseado na
causa, abordagem
biomédica
Melhorar o máximo
possível, abordagem
bio-psico-social
Paciente
passivo, sofre, espera,
“paciente”
ativo, responsável
Médico/Terapeuta
Prescreve, ordena, manda
Aconselha,
acompanha, parte de
um time
13. O que define o paciente?
Clinico-pathological correlation and its modern extensions and
modifications give the modern physician unqualified authority to
diagnose disease. It is the source of the belief that the physician
“has better insight into the best interests of the patients than does
the patient”.
➡ Qual a agência do paciente?
Sullivan, MD, PhD, Mark. The Patient as Agent of Health and Health Care (p. 93).
Oxford University Press. Kindle Edition.
15. Agentes da própria saúde
▪Sen insists that health is only important if a person actually
chooses to be healthy, which he or she may not if agency goals
displace health as a functioning of significance.
▪“health agency”, an individual’s “ability to engage with and navigate
the health system and their environment to avoid mortality and
morbidity and to meet health needs” (Ruger, 2010: 9).
Bickenbach, J. (2014). Reconciling the capability approach and the ICF. Alter, 8(1), 10–23.
https://doi.org/10.1016/j.alter.2013.08.003
16. Capabilities and Functionings
▪CA is based on the distinction between functionings as the
“beings and doings” a person achieves, and the set of individual
capabilities each of which, if the individual so chose, would
become achieved functionings.
▪Exemplo: “fome” X “greve de fome”
Bickenbach, J. (2014). Reconciling the capability approach and the ICF. Alter, 8(1), 10–23.
https://doi.org/10.1016/j.alter.2013.08.003
18. Agency goals
▪“The focus of the capability approach is, therefore, on the real
effective freedoms people have and on their choice among
possible bundles of functionings. Ultimately this allows for the
pursuit of people’s individual well-being and facilitates their life-
planning on the basis of individual choice” (Terzi, 2005a)
Bickenbach, J. (2014). Reconciling the capability approach and the ICF. Alter, 8(1), 10–23.
https://doi.org/10.1016/j.alter.2013.08.003
Agência = Liberdade
19. Human Development Model
▪Disability is defined as a deprivation in terms of functioning(s)
and/or capability(s) among persons with health deprivations.
Disability results from the interaction between resources,
personal and structural factors, and health deprivations.
Disability identifies a specific type of deprivation or disadvantage
that might be the target of policies.
Mitra, S. (2018). DISABILITY, HEALTH AND HUMAN DEVELOPMENT. New York, NY, USA: Palgrave Macmillan.
Retrieved from http://library.oapen.org/bitstream/id/01f44d4c-cf6a-4b27-b610-ab1dd87553b5/1002087.pdf
20. Human Development Model
Mitra, S. (2018). DISABILITY, HEALTH AND HUMAN DEVELOPMENT. New York, NY, USA: Palgrave Macmillan.
Retrieved from http://library.oapen.org/bitstream/id/01f44d4c-cf6a-4b27-b610-ab1dd87553b5/1002087.pdf
24. HDM & CIF
Morris, C. (2009). Measuring participation in childhood disability: How does the capability
approach improve our understanding? Developmental Medicine and Child Neurology, 51(2), 92–94.
https://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2008.03248.x
25. Diretrizes Éticas
Respeito e Confidencialidade
1. A CIF deve ser utilizada sempre de maneira a respeitar o valor inerente e a
autonomia dos indivíduos.
2. A CIF nunca deve ser utilizada para rotular as pessoas ou identificá-las apenas em
termos de uma ou mais categorias de incapacidade
3. Na clínica, a CIF deve ser sempre utilizada com o conhecimento pleno, cooperação
e consentimento das pessoas cujos níveis de funcionalidade estão sendo
classificados. Se as limitações da capacidade cognitiva de um indivíduo impedirem
este envolvimento, as instituições de apoio ao indivíduo devem ter participação
ativa.
4. As informações codificadas pela CIF devem ser consideradas informações pessoais
e sujeitas às regras reconhecidas de confidencialidade apropriadas segundo a forma
como são utilizadas.
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
26. Diretrizes Éticas
Uso Clínico da CIF
5. Sempre que possível, o médico (“clinician”) deve explicar ao indivíduo ou à
instituição de apoio do mesmo o propósito do uso da CIF e estimular
perguntas sobre a adequação de utilizá-la para classificar os níveis de
funcionalidade da pessoa.
6. Sempre que possível, a pessoa cujo nível de funcionalidade está sendo
classificado (ou a instituição) deve ter a oportunidade de participar e, em
particular, de contestar ou afirmar a conveniência da categoria que está
sendo utilizada e a avaliação realizada.
7. Como o déficit que é classificado é resultado tanto da condição de saúde
de uma pessoa como do contexto físico e social no qual ela vive, a CIF
deve ser usada holisticamente.
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
27. Diretrizes Éticas
Uso Social das Informações da CIF
8. As informações da CIF devem ser utilizadas, na maior extensão possível, com a
colaboração dos indivíduos para ampliar suas escolhas e seu controle sobre sua vida.
9. As informações da CIF devem der utilizadas para o desenvolvimento de política social
e mudança política que visa aumentar e dar suporte à participação dos indivíduos.
10.A CIF e todas as informações derivadas de seu uso não devem ser empregadas para
negar direitos estabelecidos ou restringir direitos legítimos aos benefícios para
indivíduos ou grupos.
11.Os indivíduos classificados da mesma forma pela CIF podem diferir em muitos
aspectos. As leis e regulamentações que se referem às classificações da CIF não
devem pressupor mais homogeneidade do que o desejado e devem garantir que
aqueles cujos níveis de funcionalidade estão sendo classificados sejam considerados
como indivíduos.
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -
Versão Crianças e Jovens [International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and
Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo.
28. Pontos de Vista - Valores
https://www.youtube.com/watch?v=8Are9dDbW24
29. Pontos de Vista - Valores
▪From far enough outside, my birth seems accidental, my life
pointless and my death insignificant, but from inside my never
having been born seems nearly unimaginable, my life monstrously
important, and my death catastrophic.
Nagel T. The View from Nowhere. New York: Oxford University Press; 1986: 118.
in: Sullivan, MD, PhD, Mark. The Patient as Agent of Health and Health Care (p. 389). Oxford
University Press. Kindle Edition.
30. O que nos faz humanos?
▪Valores
▪Agência
▪Relacionamentos
▪Ser e fazer (beings & doings)
▪Being, belonging and becoming
▪Liberdade de escolha
31. Relação Médico-Paciente Cuidados Agudos
Cuidados Crônica/Reabilitação
Estratégia
curar, baseado na
causa, abordagem
biomédica
Melhorar o máximo
possível, abordagem
bio-psico-social
Paciente
passivo, sofre, espera,
“paciente”
ativo, responsável
Médico/Terapeuta
Prescreve, ordena, manda
Aconselha,
acompanha, parte de
um time
32. Cuidados integrados
▪Curar algumas vezes, aliviar muitas vezes, consolar sempre (Hipócrates)
Curar Aliviar Consolar
Participação
Liberdade para agência
34. Valores e Protocolos
▪Triagem:
identificar vítimas
com as melhores
chances de
sobreviverem -
maximizar o
número de vidas
salvas
▪Critérios de
inclusão: p.ex.
necessidade de
de ventilação
assistida
▪Critérios de
exclusão: p.ex.
idade, nível
cognitivo, outras
doenças
Guest, T., Tantam, G., Donlin, N., Tantam, K., McMillan, H., & Tillyard, A. (2009). An observational cohort study
of triage for critical care provision during pandemic influenza: “Clipboard physicians” or “evidenced based
medicine”? Anaesthesia, 64(11), 1199–1206. https://doi.org/10.1111/j.1365-2044.2009.06084.x
35. Cuidados de final-de-vida
▪Medidas de isolamento
▪Ausência de agência da pessoa que está morrendo e de seus
familiares
▪“Ultimo desejo” - a importância de agência para o ser humano,
mesmo depois da vida…
Wakam, G. K., Montgomery, J. R., Biesterveld, B. E., & Brown, C. S. (2020, April 14). Not Dying Alone —
Modern Compassionate Care in the Covid-19 Pandemic. https://doi.org/10.1056/NEJMp2007781
36. Considerações finais
▪Saúde pode ter significados diferentes para pessoas diferentes
▪Cuidar e tratar significa ajudar o paciente a ser agente
▪Como sociedade, nos definimos pelos nossos valores - eles serão
testados e questionados nas situações extremas de caos e desespero
37. Referências
Kraus de Camargo, O., Simon, L., Ronen, G. M., & Rosenbaum, P. L. (Eds.). (2019). ICF: A hands-on approach for clinicians and families (First).
London, UK: Mac Keith Press. Retrieved from http://www.mackeith.co.uk/shop/icf-a-hands-on-approach-for-clinicians-and-families-ebook/
Organização Mundial de Saúde. (2011). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - Versão Crianças e Jovens
[International Classification of Functioning, Disability and Health - Children and Youth Version). São Paulo: Edusp - Editora da Universidade
de São Paulo.
Sullivan, M. D. (2017). The Patient as Agent of Health and Health Care. New York, NY, USA: Oxford University Press.
Sen, A. (1999). Development as Freedom. New York: Anchor Books, Random House.
Mitra, S. (2018). DISABILITY, HEALTH AND HUMAN DEVELOPMENT. New York, NY, USA: Palgrave Macmillan. Retrieved from http://
library.oapen.org/bitstream/id/01f44d4c-cf6a-4b27-b610-ab1dd87553b5/1002087.pdf
Bickenbach, J. (2014). Reconciling the capability approach and the ICF. Alter, 8(1), 10–23. https://doi.org/10.1016/j.alter.2013.08.003
Lin, Y. W., & Chen, C. N. (2020). The Agency and Well-being of Taiwan’s Middle-school Adolescents with Disabilities: A Capability Approach
Study. International Journal of Disability, Development and Education, 00(00), 1–16. https://doi.org/10.1080/1034912X.2020.1743241
Morris, C. (2009). Measuring participation in childhood disability: How does the capability approach improve our understanding? Developmental
Medicine and Child Neurology, 51(2), 92–94. https://doi.org/10.1111/j.1469-8749.2008.03248.x
Cosmic Eye video: https://www.youtube.com/watch?v=8Are9dDbW24
Guest, T., Tantam, G., Donlin, N., Tantam, K., McMillan, H., & Tillyard, A. (2009). An observational cohort study of triage for critical care
provision during pandemic influenza: “Clipboard physicians” or “evidenced based medicine”? Anaesthesia, 64(11), 1199–1206. https://doi.org/
10.1111/j.1365-2044.2009.06084.x
Wakam, G. K., Montgomery, J. R., Biesterveld, B. E., & Brown, C. S. (2020, April 14). Not Dying Alone — Modern Compassionate Care in the
Covid-19 Pandemic. https://doi.org/10.1056/NEJMp2007781
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