O que é arte. Definição de arte. História da arte.
Virtude
1. A virtude segundo Aristóteles - Matheus H. Diogo
Segundo Aristóteles não há virtude fora da situação completa de vida, não há
virtude fora do dilema existencial, não há virtude fora da angústia da duvida e
não há virtude fora do risco do erro. Portanto, a virtude não é o domínio de um
conjunto de regras abstratas que se impõe a qualquer indivíduo em qualquer
situação, abstratamente, friamente e genericamente. A virtude é um saber
situado. Virtuoso é aquele que sabe agir no momento, no contexto e na situação
concreta.
Aristóteles vai usar como exemplo o comandante de um navio, o comandante enche o
navio de carga, num belo momento em alto mar chega uma tempestade (diz
Aristóteles: A virtude dos homens aparece na tempestade). A virtude é a
sabedoria para vida na situação da vida (ex: didática X aula). A virtude só
aparece em momentos de desconforto.
A virtude não é uma regra, por exemplo em situação de litigio entre verdade e
polidez, sejamos verdadeiros ou polidos? Não, a virtude foge a regra!. O
virtuoso é aquele que faz o melhor no momento. Talvez a verdade seja o melhor?
Sim, mas assim como ele contar a verdade, ele pode contar a mentira.
Pense em um doente em estado terminal, o quão ético o médico deve ser para
tratar do assunto com o paciente? ele está numa situação eticamente complicada,
por um lado ele pode dizer a verdade: Olha você já está morrendo e tem poucos
meses de vida ou ele pode chegar dizer que há uma chance (mesmo ele sabendo que
seja vaga). O homem virtuoso não é aquele que domina regras. De acordo com a
analise o paciente vai morrer, mas o médico ainda o dá uma esperança.
O que o homem virtuoso domina?
Aristóteles ira tratar do assunto no "Ética a Nicômaco livro 5".
Livro em que ele trata da teoria de justiça. Por se tratar de um livro de
difícil entendimento (questões de linguagem, interpretação e hermetismo) deixo
aqui a análise de tal obra (também disponível no YouTube) do Prof. Dr. Clóvis de
Barros Filho.
"Aristóteles vai partir de uma ideia para discuti-la, que é a ideia de
igualdade. A justiça pressuporia a distribuição do mundo em partes iguais. O que
dirá Aristóteles, é até possivel que em determinadas situações a igualdade
estrita na distribuição das coisas do mundo seja uma distribuição justa, porém
isso nem sempre acontece (pegue como exemplo o julgamento do Rei Salomão). A
ideia de igualdade é o principio tosco, elementar e simplório da ideia de
equidade. Aristóteles propõe dois tipos de igualdade: aritmética e geométrica. O
que é um igualdade artimética? é a igualdade conhecida por todos, um é igual a
um, dois é igual a dois. Já a geométrica é uma igualdade que respeita a relação
de unidades, como dois está para quatro e quatro para oito e oito para
dezesseis.
Você tem um bolo, e dezesseis pessoas para comer, você ser pergunta: Como eu
faço para dividir esse bolo com justiça? a resposta seria fácil, divido o bolo
em dezesseis partes iguais, correto? Sim, essa é a justiça que tem fundamento a
igualdade artimética. Aí uma pessoa protesta dizendo que não é justo, e você se
pergunta o por que? e a pessoa responde que ajudou a fazer o bolo (introdução de
uma variável diferenciadora) a justiça nesse momento não mais trabalha em termos
de uma igualdade aritmética, e sim geométrica, quem ajudou a fazer o bolo tem um
pedaço maior. Novamente alguém protesta que os maiores (massa corporal) devem
receber um pedaço maior (uma nova variável diferenciadora) e um terceiro
protesta dizendo que os menores devem comer mais (nova variável). A variavéis
que podem inferir na distribuição do bolo vão ao infinito. Substitua a palavra
bolo por orçamento. Sim orçamento, a distribuição que o governo da a suas
instituições/repartições como saúde, educação, infraestrutura etc. Com a crise o
governo corta certas verbas de certas instituições. Mas qual é a competencia
analisada para a distribuição dessa verba? o governo deve atribuir valor a todas
as variavéis. Aí está o principio da justiça, aí está a virtude do momento.