SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
A ORIGEM AGRÁRIA DO
CAPITALISMO
CAPÍTULO 4 DO LIVRO: A ORIGEM DO CAPITALISMO,
DE ELLEN WOOD
A AUTORA: ELLEN MEIKISINS WOOD
Ellen Meiksins Wood (1942-2016) Nascida em
Nova York, Estados Unidos, foi por muitos anos
professora de Ciência Política na Universidade
York, de Toronto, é autora de vários livros, entre
os quais se destaca: A origem do capitalismo
(2001),
Foi uma historiadora que desenvolveu
contribuições fundamentais para a teoria política
marxista.
Fonte: Editora Boitempo
A ORIGEM AGRÁRIA DO CAPITALISMO - TESE
A autora parte da crítica à teoria histórica que considera o capitalismo uma
evolução natural da atividade humana.
Ela busca desligar-se dessa tendência em acreditar que o Capitalismo foi
um produto do Feudalismo na Europa Ocidental, quando se associa o
capitalismo como fruto da criação das cidades.
Para isso, destaca a agricultura como forma de produção que se tornaria
dominante na Inglaterra no final do século XVIII, seja com as inovações
técnicas que alteraram a forma de cultivo, ou pela mudança nas relações
sociais de produção e direitos de propriedade.
O FEUDALISMO:
ORIGEM:
Período de transição da Idade Antiga para a Idade Média ( por volta do final do século IV d.C.)
Período de escravidão: modo de produção na Roma antiga
Queda do império romano:
- Invasões bárbaras: as cidades romanas se tornam inseguras (Êxodo urbano) - Ruralismo
- Crise do escravismo
- Surge o colono: fornece metade da sua produção em troca da proteção contra os bárbaros
Europa Ocidental:
Sistema Econômico, político e social típico da Idade Média:
Economia amonetária e sem comércio, onde predominava a troca (escambo).
Os senhores feudais conseguiam as terras que o rei lhes dava.
Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra
para morar. Relação de produção por meio da servidão
O FEUDALISMO: consolida-se no século IX d.C.
- Clero, a Nobreza e os camponeses
- Relações de dependência pessoal: criadas a partir da junção de costumes romanos com costumes bárbaros:
- Cristianismo
- Trocas in natura
- Direito consuetudinário (ausência de leis escritas)
O CAPITALISMO
ETIMOLOGIA:
- A palavra capital vem do latim capitale, derivado de capitalis : "principal,primeiro,chefe“
- proto-indo-europeu kaput significando "cabeça".
Capitale surgiu em Itália nos séculos XII e XIII: com o sentido de fundos, existências de mercadorias, somas de
dinheiro ou dinheiro com direito a juros.
DEFINIÇÕES:
- O termo capitalismo surgiu em 1753 na Encyclopédia, com o sentido estrito do "estado de quem é rico".
No entanto, de acordo com o Oxford English Dictionary (OED), o termo capitalismo foi usado pela primeira
vez pelo escritor William Makepeace Thackeray em seu trabalho The Newcomes (1845), onde significa "ter a
posse do capital".
- sistema onde todos os meios de produção são de propriedade privada (terras, máquinas, fábricas, etc)
- um sistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãos privadas
- e, ainda, como uma economia mista com tendência para o capitalismo
ORIGEM:
Senso Comum: Com o fim do Feudalismo e o retorno do Mercantilismo à Europa, o surgimento dos burgueses
Auge: Com a revolução industrial, nas cidades
Segundo Woods(2001, p.77):
“...o capitalismo com todos os seus impulsos sumamente específicos de acumulação e maximização do lucro,
não nasceu na cidade, mas no campo, num lugar muito específico e em época muito recente da história
humana”
A terra:
- Durante milênios proveu os humanos de suas necessidades materiais
- Classes: os que produziam e os que se apropriavam
- Produtores diretos: camponeses (posse dos meios de produção)
- O excesso da produção era apropriado por meio da coerção direta
No capitalismo desenvolvido, os capitalistas podem apropriar-se do trabalho excedente dos trabalhadores
sem uma coação direta.
- Dependência do mercado para a sua reprodução
- Se insere na produção de necessidade básica: o alimento.
Woods cita Karl Polanyi (p.80), que argumentava sobre o comércio antes do advento da “sociedade de
mercado”,
em que não existia um caráter competitivo. Porém, destaca que apesar dos camponeses terem acesso aos
meios de produção sem terem de oferecer sua força de trabalho como mercadoria, eram extorquidos por
meio de impostos .
Inglaterra:
Uma exceção à regra de princípios não-capitalistas
• Unificada: unidade militar e política coesa
• Estado central, baseado em corolários materiais: rede de estradas,
transporte de água e a Agricultura inglesa
- Concentração das terras a grandes proprietários com poderes extra-
econômicos reduzidos
- Decorrentes da desapropriação de terras
- Surgimento dos arrendatários
- Capacidade de pagar aluguel da terra, obrigava a uma produção
competitiva, tornando-os dependentes do mercado para obter acesso à
terra e aos meios de produção.
A autora cita as bases teóricas que com supõem a ascensão do capitalismo por meio
do mercado como imperativo e não como oportunidade.
John Merrington (p.84): a transformação do trabalho excedente: estimulou o
crescimento da produção mercantil independente, pressupondo que pequenos
produtores funcionariam como capitalistas se tivessem essa chance.
Porém, os camponeses, continuariam sujeitos as coerções dos grandes
latifundiários, não tendo segurança para produzir mercantilmente e dar origem ao
capitalismo.
Brenner (p.85): sugere que foi a renda não fixa e variável que estimulou na
Inglaterra o desenvolvimento da produção mercantil, ou seja, não foram as
oportunidades que e sim os imperativos que levaram os pequenos produtores
mercantis à acumulação.
RESULTADO (p.86):
• Esse processo competitivo causou a decadência do campesinato inglês,
polarizando a sociedade rural inglesa em proprietários latifundiários e não
latifundiários, resultando em três classes distintas:
- Latifundiários
- Arrendatários Capitalistas
- Trabalhadores Assalariados
• Aumento da produtividade da terra com vistas ao lucro
Ocasionando um aumento da produção da mão-de-obra, consequentemente
uma agricultura capaz de sustentar uma população não agrícola e também uma
massa de “não-proprietários” que constituíram uma grande força de trabalho
assalariada e um mercado interno para bens de consumo barato, que veriam a
anteceder o capitalismo Industrial inglês.
A ASCENSÃO DA PROPRIEDADE CAPITALISTA E A ÉTICA
DO MELHORAMENTO.
• A autora destaca o conceito de melhoramento agrícola, no sentido de
incrementar a terra, tornando-a “produtiva e lucrativa” (p.88), ou seja,
agregando valor ou tornando cultiváveis terras abandonadas.
• Ela faz uma crítica a alguns pensadores do século XIX que acolhiam ao termo
melhoramento ao cultivo científico da terra sem a conotação de lucro. Porém,
ela destaca que (p.89): no início da era moderna, a produtividade e o lucro
estavam inextricavelmente ligados no conceito de melhoramento, que resume
bem a ideologia de um capitalismo agrário em ascensão.
• Pois, o melhoramento significava mais que novos métodos e técnicas de cultivo
e sim novas formas e concepções de propriedade, em que o cultivo melhorado
eliminou antigas práticas que “interferiam no uso mais produtivo da terra”
(p.90)
O CERCAMENTO
A eliminação de direitos consuetudinários permitiram a acumulação capitalista, pois
significava:
• Contestar o direito comunitário às terras comunais
• Reivindicar a posse particular exclusiva
• Eliminar direitos de uso de terras particulares
Ocasionando a substituição de concepções tradicionais de propriedade por concepções
capitalistas de propriedade, não no sentido de privadas, mas no sentido de exclusivas.
Redefinindo os direitos de propriedade para o Cercamento.
Com a extinção dos direitos comunais, teve seu auge no século XVI, quando os grandes
latifundiários expulsaram os plebeus das terras para que pudessem de forma lucrativa,
usá-las como pasto e criação de ovelhas, fazendo surgir os “homens sem patrão” ou
vadios, despejados de suas terras e tornando-se marginalizados.
Apesar de uma resistência inicial por parte do Estado, sob a influência dos proprietários,
essa prática consolida-se por meio de decretos que permitiam a extinção de direitos de
propriedade, atestando assim a vitória do capitalismo agrário.
A TEORIA DA PROPRIEDADE LOCKE
• Diante dos conflitos em torno dos direitos de propriedade, a autora destaca o texto “Segundo
tratado sobre o governo” de John Locke, do final do século XVII, que sistematiza as concepções
de propriedade e gira em torno da idéia de melhoramento.
• De acordo com Locke, Deus concedeu a terra a todos os homens, sendo um direito natural
concedido por Ele, assim como o homem é proprietário do seu corpo e quando, por meio do seu
trabalho modifica a condição natural de algo, isso se torna também sua propriedade. Afirma
que o valor da terra e o que nela se produz provém do trabalho realizado nela e não da sua
natureza.
• Segundo LocKe: “A terra não melhorada é um deserto, donde qualquer homem que a tire da
posse comum e se aproprie dela - que retire terras da área comunal e as cerque – para
melhorá-las, está dando algo à humanidade, e não retirando”.
• O que Wood destaca aqui é a concepção de propriedade de Locke em que o senhor se apropria
do trabalho do seu criado como se ele fosse realizado por ele e critica aos que não se dedicam
ao trabalho de melhorarem a terra. Locke respalda em seu texto os interesses latifundiários.
LUTA DE CLASSES
• AS características da agricultura inglesa acarretou novas formas às lutas de classes,
diferentemente da agricultura francesa, comparada pela autora, a partir da pag. 98.
• Na Inglaterra a produção agrária se detinha na mãos de poucos latifundiários às custas do
trabalhos de muitos expropriados, ao contrário da França em que grande parte da produção
agrícola estava nas mãos dos camponeses, porém com a diferença que estes erram
expropriados pelo Estado ganancioso por impostos.
• A luta das classes subalternas inglesas girava em torno dos conflitos do direito à propriedade,
resistência aos cercamentos e proteção dos direitos consuetudinários, enquanto que para os
camponeses franceses a resistência era à tributação.
• Wood destaca no texto ainda, a importância das Revoluções Inglesa (1640) e Francesa(1789)
como dois grandes conflitos entre a burguesia e a aristocracia, porém, é na Revolução
inglesa que se destaca promoção do Capitalismo, ao ampliar no Parlamento os interesses dos
grandes latifundiários.
DEBATE:
• Em que medida a autora desconsidera outros
aspectos da origem do Capitalismo no mundo
moderno ao se deter somente no exemplo inglês?

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Caio prado jr formação do brasil contemporâneo
Caio prado jr formação do brasil contemporâneoCaio prado jr formação do brasil contemporâneo
Caio prado jr formação do brasil contemporâneo
Jorge Miklos
 
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminhoJosé murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
Direito2012sl08
 
2014 aula cinco karl marx
2014 aula cinco karl marx2014 aula cinco karl marx
2014 aula cinco karl marx
Felipe Hiago
 
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma AgráriaAgricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
Paulo Cerqueira
 
Mercantilismo 7 ano
Mercantilismo 7 anoMercantilismo 7 ano
Mercantilismo 7 ano
profnelton
 
Karl marx e o materialismo histórico e dialético
Karl marx e o materialismo histórico e dialéticoKarl marx e o materialismo histórico e dialético
Karl marx e o materialismo histórico e dialético
Marcela Marangon Ribeiro
 
Reforma agrária no brasil
Reforma agrária no brasilReforma agrária no brasil
Reforma agrária no brasil
dinicmax
 

Mais procurados (20)

Caio prado jr formação do brasil contemporâneo
Caio prado jr formação do brasil contemporâneoCaio prado jr formação do brasil contemporâneo
Caio prado jr formação do brasil contemporâneo
 
A Sociedade Capitalista e as Classes Sociais
A Sociedade Capitalista e as Classes SociaisA Sociedade Capitalista e as Classes Sociais
A Sociedade Capitalista e as Classes Sociais
 
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminhoJosé murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
José murilo de carvalho. cidadania no brasil o longo caminho
 
Uberização (1) (1)
Uberização  (1) (1)Uberização  (1) (1)
Uberização (1) (1)
 
2014 aula cinco karl marx
2014 aula cinco karl marx2014 aula cinco karl marx
2014 aula cinco karl marx
 
Feudalismo
FeudalismoFeudalismo
Feudalismo
 
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma AgráriaAgricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
Agricultura brasileira - Estrutura Fundiaria e Reforma Agrária
 
O espaço urbano
O espaço urbanoO espaço urbano
O espaço urbano
 
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do TrabalhoSlides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
 
1 tempo e historia - 1ºano do Ensino Médio
1   tempo e historia - 1ºano do Ensino Médio1   tempo e historia - 1ºano do Ensino Médio
1 tempo e historia - 1ºano do Ensino Médio
 
Modos de Produção
Modos de ProduçãoModos de Produção
Modos de Produção
 
Capítulo 7 - O Mundo do Trabalho
Capítulo 7 - O Mundo do TrabalhoCapítulo 7 - O Mundo do Trabalho
Capítulo 7 - O Mundo do Trabalho
 
Mercantilismo 7 ano
Mercantilismo 7 anoMercantilismo 7 ano
Mercantilismo 7 ano
 
Karl marx
Karl marxKarl marx
Karl marx
 
Industrialização e Imperialismo
Industrialização e ImperialismoIndustrialização e Imperialismo
Industrialização e Imperialismo
 
Karl marx e o materialismo histórico e dialético
Karl marx e o materialismo histórico e dialéticoKarl marx e o materialismo histórico e dialético
Karl marx e o materialismo histórico e dialético
 
Séc xix o mundo em transformação - socialismo - liberalismo
Séc xix   o mundo em transformação - socialismo - liberalismoSéc xix   o mundo em transformação - socialismo - liberalismo
Séc xix o mundo em transformação - socialismo - liberalismo
 
Reforma agrária no brasil
Reforma agrária no brasilReforma agrária no brasil
Reforma agrária no brasil
 
Os modos de produção
Os modos de produçãoOs modos de produção
Os modos de produção
 
A crise do sistema colonial e a independência
A crise do sistema colonial e a independênciaA crise do sistema colonial e a independência
A crise do sistema colonial e a independência
 

Semelhante a A origem agrária do capitalismo

Liberalismo, Nacionalismo, Socialismo
Liberalismo, Nacionalismo, SocialismoLiberalismo, Nacionalismo, Socialismo
Liberalismo, Nacionalismo, Socialismo
histicasa
 
Terra-História-Enem-Neo
Terra-História-Enem-NeoTerra-História-Enem-Neo
Terra-História-Enem-Neo
neocontextual
 
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homemA história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
Betânia Pereira
 
História do pensamento econômico cap 1 - introdução e k hunt
História do pensamento econômico   cap 1 - introdução e k huntHistória do pensamento econômico   cap 1 - introdução e k hunt
História do pensamento econômico cap 1 - introdução e k hunt
Daniele Rubim
 
VIDEO- AULA 9º ANOS REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
VIDEO- AULA 9º ANOS  REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIXVIDEO- AULA 9º ANOS  REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
VIDEO- AULA 9º ANOS REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
Márcia Diniz
 
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptxO QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
MarlenePastor2
 

Semelhante a A origem agrária do capitalismo (20)

Prof gislaine capitalismo e socialismo
Prof gislaine capitalismo e socialismoProf gislaine capitalismo e socialismo
Prof gislaine capitalismo e socialismo
 
Historia vol3
Historia vol3Historia vol3
Historia vol3
 
Liberalismo, Nacionalismo, Socialismo
Liberalismo, Nacionalismo, SocialismoLiberalismo, Nacionalismo, Socialismo
Liberalismo, Nacionalismo, Socialismo
 
Revolução Industrial (Inglaterra, século XVIII).ppt
Revolução Industrial (Inglaterra, século XVIII).pptRevolução Industrial (Inglaterra, século XVIII).ppt
Revolução Industrial (Inglaterra, século XVIII).ppt
 
Resumo de história
Resumo de históriaResumo de história
Resumo de história
 
Terra-História-Enem-Neo
Terra-História-Enem-NeoTerra-História-Enem-Neo
Terra-História-Enem-Neo
 
Evolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalhoEvolução histórica do conceito de trabalho
Evolução histórica do conceito de trabalho
 
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homemA história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem
 
Capitalismo
CapitalismoCapitalismo
Capitalismo
 
História do pensamento econômico cap 1 - introdução e k hunt
História do pensamento econômico   cap 1 - introdução e k huntHistória do pensamento econômico   cap 1 - introdução e k hunt
História do pensamento econômico cap 1 - introdução e k hunt
 
A revolução industrial
A revolução industrialA revolução industrial
A revolução industrial
 
História Geral - Idade Moderna - Iluminismo, Despotismo Esclarecido, Revoluçã...
História Geral - Idade Moderna - Iluminismo, Despotismo Esclarecido, Revoluçã...História Geral - Idade Moderna - Iluminismo, Despotismo Esclarecido, Revoluçã...
História Geral - Idade Moderna - Iluminismo, Despotismo Esclarecido, Revoluçã...
 
HSC-ILUMINISMO-REVOLUCOES-INDUST-E-BURGUESAS.pptx
HSC-ILUMINISMO-REVOLUCOES-INDUST-E-BURGUESAS.pptxHSC-ILUMINISMO-REVOLUCOES-INDUST-E-BURGUESAS.pptx
HSC-ILUMINISMO-REVOLUCOES-INDUST-E-BURGUESAS.pptx
 
História linha de produção 2º médio
História linha de produção 2º médioHistória linha de produção 2º médio
História linha de produção 2º médio
 
VIDEO- AULA 9º ANOS REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
VIDEO- AULA 9º ANOS  REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIXVIDEO- AULA 9º ANOS  REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
VIDEO- AULA 9º ANOS REVISÃO ILUMINISMO E DOUTRINAS SOCIAIS DO SÉCULO XIX
 
Seminário de historia 2ª Revolução industrial
Seminário de historia  2ª Revolução industrial Seminário de historia  2ª Revolução industrial
Seminário de historia 2ª Revolução industrial
 
Apostila 2ª fase - Sagrado
Apostila 2ª fase - SagradoApostila 2ª fase - Sagrado
Apostila 2ª fase - Sagrado
 
Revolucao Industrial
Revolucao IndustrialRevolucao Industrial
Revolucao Industrial
 
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptxO QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
O QUE É TRABALHO - DEFINIÇÃO DE TRABALHO.pptx
 
Aula-12-As-revolucoes-da-modernidade.pptx
Aula-12-As-revolucoes-da-modernidade.pptxAula-12-As-revolucoes-da-modernidade.pptx
Aula-12-As-revolucoes-da-modernidade.pptx
 

Último (6)

Estudo Dirigido Sistema Cardiovascular - 8°.docx
Estudo Dirigido Sistema Cardiovascular - 8°.docxEstudo Dirigido Sistema Cardiovascular - 8°.docx
Estudo Dirigido Sistema Cardiovascular - 8°.docx
 
Apresentação sobre o cientista linus pauling.pptx
Apresentação sobre o cientista linus pauling.pptxApresentação sobre o cientista linus pauling.pptx
Apresentação sobre o cientista linus pauling.pptx
 
FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade.pdf
FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade.pdfFOUCAULT, Michel. A coragem da verdade.pdf
FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade.pdf
 
Historia da Agricultura Agronomia 2017.pptx
Historia da Agricultura Agronomia 2017.pptxHistoria da Agricultura Agronomia 2017.pptx
Historia da Agricultura Agronomia 2017.pptx
 
Bilhete de Identidade sobre o Tungsténio.pptx
Bilhete de Identidade sobre o Tungsténio.pptxBilhete de Identidade sobre o Tungsténio.pptx
Bilhete de Identidade sobre o Tungsténio.pptx
 
NEUROCIENCIA I (1).ppt aula explicativa 1
NEUROCIENCIA I (1).ppt aula explicativa 1NEUROCIENCIA I (1).ppt aula explicativa 1
NEUROCIENCIA I (1).ppt aula explicativa 1
 

A origem agrária do capitalismo

  • 1. A ORIGEM AGRÁRIA DO CAPITALISMO CAPÍTULO 4 DO LIVRO: A ORIGEM DO CAPITALISMO, DE ELLEN WOOD
  • 2. A AUTORA: ELLEN MEIKISINS WOOD Ellen Meiksins Wood (1942-2016) Nascida em Nova York, Estados Unidos, foi por muitos anos professora de Ciência Política na Universidade York, de Toronto, é autora de vários livros, entre os quais se destaca: A origem do capitalismo (2001), Foi uma historiadora que desenvolveu contribuições fundamentais para a teoria política marxista. Fonte: Editora Boitempo
  • 3. A ORIGEM AGRÁRIA DO CAPITALISMO - TESE A autora parte da crítica à teoria histórica que considera o capitalismo uma evolução natural da atividade humana. Ela busca desligar-se dessa tendência em acreditar que o Capitalismo foi um produto do Feudalismo na Europa Ocidental, quando se associa o capitalismo como fruto da criação das cidades. Para isso, destaca a agricultura como forma de produção que se tornaria dominante na Inglaterra no final do século XVIII, seja com as inovações técnicas que alteraram a forma de cultivo, ou pela mudança nas relações sociais de produção e direitos de propriedade.
  • 4. O FEUDALISMO: ORIGEM: Período de transição da Idade Antiga para a Idade Média ( por volta do final do século IV d.C.) Período de escravidão: modo de produção na Roma antiga Queda do império romano: - Invasões bárbaras: as cidades romanas se tornam inseguras (Êxodo urbano) - Ruralismo - Crise do escravismo - Surge o colono: fornece metade da sua produção em troca da proteção contra os bárbaros Europa Ocidental: Sistema Econômico, político e social típico da Idade Média: Economia amonetária e sem comércio, onde predominava a troca (escambo). Os senhores feudais conseguiam as terras que o rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar. Relação de produção por meio da servidão O FEUDALISMO: consolida-se no século IX d.C. - Clero, a Nobreza e os camponeses - Relações de dependência pessoal: criadas a partir da junção de costumes romanos com costumes bárbaros: - Cristianismo - Trocas in natura - Direito consuetudinário (ausência de leis escritas)
  • 5. O CAPITALISMO ETIMOLOGIA: - A palavra capital vem do latim capitale, derivado de capitalis : "principal,primeiro,chefe“ - proto-indo-europeu kaput significando "cabeça". Capitale surgiu em Itália nos séculos XII e XIII: com o sentido de fundos, existências de mercadorias, somas de dinheiro ou dinheiro com direito a juros. DEFINIÇÕES: - O termo capitalismo surgiu em 1753 na Encyclopédia, com o sentido estrito do "estado de quem é rico". No entanto, de acordo com o Oxford English Dictionary (OED), o termo capitalismo foi usado pela primeira vez pelo escritor William Makepeace Thackeray em seu trabalho The Newcomes (1845), onde significa "ter a posse do capital". - sistema onde todos os meios de produção são de propriedade privada (terras, máquinas, fábricas, etc) - um sistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãos privadas - e, ainda, como uma economia mista com tendência para o capitalismo ORIGEM: Senso Comum: Com o fim do Feudalismo e o retorno do Mercantilismo à Europa, o surgimento dos burgueses Auge: Com a revolução industrial, nas cidades
  • 6. Segundo Woods(2001, p.77): “...o capitalismo com todos os seus impulsos sumamente específicos de acumulação e maximização do lucro, não nasceu na cidade, mas no campo, num lugar muito específico e em época muito recente da história humana” A terra: - Durante milênios proveu os humanos de suas necessidades materiais - Classes: os que produziam e os que se apropriavam - Produtores diretos: camponeses (posse dos meios de produção) - O excesso da produção era apropriado por meio da coerção direta No capitalismo desenvolvido, os capitalistas podem apropriar-se do trabalho excedente dos trabalhadores sem uma coação direta. - Dependência do mercado para a sua reprodução - Se insere na produção de necessidade básica: o alimento. Woods cita Karl Polanyi (p.80), que argumentava sobre o comércio antes do advento da “sociedade de mercado”, em que não existia um caráter competitivo. Porém, destaca que apesar dos camponeses terem acesso aos meios de produção sem terem de oferecer sua força de trabalho como mercadoria, eram extorquidos por meio de impostos .
  • 7. Inglaterra: Uma exceção à regra de princípios não-capitalistas • Unificada: unidade militar e política coesa • Estado central, baseado em corolários materiais: rede de estradas, transporte de água e a Agricultura inglesa - Concentração das terras a grandes proprietários com poderes extra- econômicos reduzidos - Decorrentes da desapropriação de terras - Surgimento dos arrendatários - Capacidade de pagar aluguel da terra, obrigava a uma produção competitiva, tornando-os dependentes do mercado para obter acesso à terra e aos meios de produção.
  • 8. A autora cita as bases teóricas que com supõem a ascensão do capitalismo por meio do mercado como imperativo e não como oportunidade. John Merrington (p.84): a transformação do trabalho excedente: estimulou o crescimento da produção mercantil independente, pressupondo que pequenos produtores funcionariam como capitalistas se tivessem essa chance. Porém, os camponeses, continuariam sujeitos as coerções dos grandes latifundiários, não tendo segurança para produzir mercantilmente e dar origem ao capitalismo. Brenner (p.85): sugere que foi a renda não fixa e variável que estimulou na Inglaterra o desenvolvimento da produção mercantil, ou seja, não foram as oportunidades que e sim os imperativos que levaram os pequenos produtores mercantis à acumulação.
  • 9. RESULTADO (p.86): • Esse processo competitivo causou a decadência do campesinato inglês, polarizando a sociedade rural inglesa em proprietários latifundiários e não latifundiários, resultando em três classes distintas: - Latifundiários - Arrendatários Capitalistas - Trabalhadores Assalariados • Aumento da produtividade da terra com vistas ao lucro Ocasionando um aumento da produção da mão-de-obra, consequentemente uma agricultura capaz de sustentar uma população não agrícola e também uma massa de “não-proprietários” que constituíram uma grande força de trabalho assalariada e um mercado interno para bens de consumo barato, que veriam a anteceder o capitalismo Industrial inglês.
  • 10. A ASCENSÃO DA PROPRIEDADE CAPITALISTA E A ÉTICA DO MELHORAMENTO. • A autora destaca o conceito de melhoramento agrícola, no sentido de incrementar a terra, tornando-a “produtiva e lucrativa” (p.88), ou seja, agregando valor ou tornando cultiváveis terras abandonadas. • Ela faz uma crítica a alguns pensadores do século XIX que acolhiam ao termo melhoramento ao cultivo científico da terra sem a conotação de lucro. Porém, ela destaca que (p.89): no início da era moderna, a produtividade e o lucro estavam inextricavelmente ligados no conceito de melhoramento, que resume bem a ideologia de um capitalismo agrário em ascensão. • Pois, o melhoramento significava mais que novos métodos e técnicas de cultivo e sim novas formas e concepções de propriedade, em que o cultivo melhorado eliminou antigas práticas que “interferiam no uso mais produtivo da terra” (p.90)
  • 11. O CERCAMENTO A eliminação de direitos consuetudinários permitiram a acumulação capitalista, pois significava: • Contestar o direito comunitário às terras comunais • Reivindicar a posse particular exclusiva • Eliminar direitos de uso de terras particulares Ocasionando a substituição de concepções tradicionais de propriedade por concepções capitalistas de propriedade, não no sentido de privadas, mas no sentido de exclusivas. Redefinindo os direitos de propriedade para o Cercamento. Com a extinção dos direitos comunais, teve seu auge no século XVI, quando os grandes latifundiários expulsaram os plebeus das terras para que pudessem de forma lucrativa, usá-las como pasto e criação de ovelhas, fazendo surgir os “homens sem patrão” ou vadios, despejados de suas terras e tornando-se marginalizados. Apesar de uma resistência inicial por parte do Estado, sob a influência dos proprietários, essa prática consolida-se por meio de decretos que permitiam a extinção de direitos de propriedade, atestando assim a vitória do capitalismo agrário.
  • 12. A TEORIA DA PROPRIEDADE LOCKE • Diante dos conflitos em torno dos direitos de propriedade, a autora destaca o texto “Segundo tratado sobre o governo” de John Locke, do final do século XVII, que sistematiza as concepções de propriedade e gira em torno da idéia de melhoramento. • De acordo com Locke, Deus concedeu a terra a todos os homens, sendo um direito natural concedido por Ele, assim como o homem é proprietário do seu corpo e quando, por meio do seu trabalho modifica a condição natural de algo, isso se torna também sua propriedade. Afirma que o valor da terra e o que nela se produz provém do trabalho realizado nela e não da sua natureza. • Segundo LocKe: “A terra não melhorada é um deserto, donde qualquer homem que a tire da posse comum e se aproprie dela - que retire terras da área comunal e as cerque – para melhorá-las, está dando algo à humanidade, e não retirando”. • O que Wood destaca aqui é a concepção de propriedade de Locke em que o senhor se apropria do trabalho do seu criado como se ele fosse realizado por ele e critica aos que não se dedicam ao trabalho de melhorarem a terra. Locke respalda em seu texto os interesses latifundiários.
  • 13. LUTA DE CLASSES • AS características da agricultura inglesa acarretou novas formas às lutas de classes, diferentemente da agricultura francesa, comparada pela autora, a partir da pag. 98. • Na Inglaterra a produção agrária se detinha na mãos de poucos latifundiários às custas do trabalhos de muitos expropriados, ao contrário da França em que grande parte da produção agrícola estava nas mãos dos camponeses, porém com a diferença que estes erram expropriados pelo Estado ganancioso por impostos. • A luta das classes subalternas inglesas girava em torno dos conflitos do direito à propriedade, resistência aos cercamentos e proteção dos direitos consuetudinários, enquanto que para os camponeses franceses a resistência era à tributação. • Wood destaca no texto ainda, a importância das Revoluções Inglesa (1640) e Francesa(1789) como dois grandes conflitos entre a burguesia e a aristocracia, porém, é na Revolução inglesa que se destaca promoção do Capitalismo, ao ampliar no Parlamento os interesses dos grandes latifundiários.
  • 14. DEBATE: • Em que medida a autora desconsidera outros aspectos da origem do Capitalismo no mundo moderno ao se deter somente no exemplo inglês?