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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
MARCUS VINICIUS BONACINA
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO FILOSOFIAS DA ÍNDIA, CAPÍTULO I
Palhoça
2016
Resenha Crítica: Filosofias da Índia, Cap. 1: O encontro de Oriente e
Ocidente.
No capítulo primeiro do livro, o autor explora o tema de encontro do
pensamento filosófico do oriente e do ocidente, onde divide em cinco subcapítulos nos
quais serão explorados ao longo da resenha. O primeiro subcapítulo tem como nome o
rugido do despertar onde o autor explora a tamanha grandeza da filosofia oriental, cerca
de sete séculos mais antiga que a nossa ocidental, e mostra como andamos por caminhos
diferentes para se chegar ao mesmo fim. Os filósofos hindus discorrem de questões
éticas, morais, fenomenológicas, criticam os dados da experiência externa voltando para
um entendimento mais profundo do Eu transcendental (ãtman) do que para o eu
fenomênico (personalidade consciente). Aprofundam o conhecimento no microcosmo a
fim de se ter o real aprendizado interno, onde afirma o autor que o criador mitológico, o
senhor do universo já não mais importa e sim a percepção e crescimento interior
voltando para o conhecimento do Eu. Esta mudança de conhecimento externo para o
interno teve um período no qual se destacou as diversas práticas que voltam atenção
para o íntimo e para a autoconsciência, pela reflexão profunda junto as práticas do
Yoga. O autor explora hinos e parábolas indianas para aproximar o paradigma não
materialista do pensando hindu, esclarecendo com um pensando analítico para minha
compreensão ocidental, o que fica interessante à leitura, ora confusa, ora esclarecedora,
intrigando o leitor a compreender a outra forma de se pensar do outro lado do oceano,
como finaliza o subcapítulo: a sabedoria indiana cujos rimbombos ecoam em todas as
partes do mundo.
Adentrando o capítulo primeiro o autor coloca a crítica do que realmente
esperamos da filosofia em contra ponto a um sistema moderno de pensar, com cálculos
baseados em experimentações controladas, “... o mistério da Eucaristia não mais existe,
resta apenas o pão...”. (ZIMMER,2005), fatos de laboratórios são descobertos também
por meio de técnicas aplicadas a vida, a filosofia tem que ter sua parte útil na vida
cotidiana. Pontua o modelo filosófico, visto do panorama da razão, como uma filosofia
subordinada á pesquisa empírica da ciência contemporânea e de uma metafísica
submetida a um criticismo racional o resume como uma busca pela razão infalível. Em
contrapartida existem outras formas de se fazer filosofia com uma aplicação na vida
cotidiana como é feito na índia, através dos ensinamentos de discípulo e guru, onde o
educando tem passos a seguir para estar realmente pronto para os ensinamentos
profundos do espírito, com requisitos específicos para que o discípulo possa se
especializar em algum ramo tradicional do saber. Mahãyãna no budismo são pistas para
se chegar a sabedoria transcendental da margem distante, o além do rio Jordão, a meta
suprema da investigação, ensino e meditação transformando a auto percepção no
percurso até a outra margem ideal, esses conceitos são compartilhados por todas as
grandes filosofias indianas.
Relata no decorrer do subcapítulo duas passagens de mestres indianos aos
seus discípulos trazendo à tona a ideia de sermos reflexos de deus, somos partes de uma
mesma coisa, o elefante, o condutor e a pessoa a ser atropelada são sim, em essência,
uma mesma coisa, porém temos o enigma de decifrar as mensagens que nos chegam à
condição de Ser Humano em transformação, seres inacabados que são atores de sua
própria história individual e coletiva. O simbolismo metafórico é o que faz a filosofia
indiana ultrapassar a realidade do pensamento lógico, em contraponto ao modelo
ocidental que praticamente destruíram a mitologia simbólica para entender o mundo de
forma lógica das ciências matemáticas e astrológicas e que se perpetuou no
desenvolvimento desta forma de conhecimento, tendo como marco Descartes que
discursou como deve ser o método científico analítico. Toda essa reflexão me faz
compreender de forma mais profunda a importância do paradigma do conhecimento,
que se diversifica na imensidão cultural existente no planeta terra, não existe e nunca
existira uma forma hegemônica para se fazer aprendizado, isto é o que instiga-me na
minha profissão do olhar individualizado para cada cultura.
No terceiro subcapítulo o autor trás a tona as pretensões da ciência,
refletindo nas bases filosóficas e científicas do ocidente e a agregação do conhecimento
oriental, que segundo as escolas científicas ocidentais, inclusive na graduação do autor,
desconsideravam os saberes orientais por não seguirem os mesmo modelos gregos. O
autor discorre sobre os avanços dos pensadores ocidentais e o despertar de alguns
poucos em aderir o conhecimento transcendental milenar tanto da índia como da china.
Refletindo sobre a ligação da religião com a filosofia e a ciência, e com o passar dos
anos as quebras de paradigmas científicos que nos aproximam nas últimas décadas do
pensando oriental. Obviamente os conhecimentos milenares destas culturas não
seguiram os mesmo padrões que os nossos ocidentais de descobrimento por laboratórios
e pesquisas de investigações reducionistas, os métodos vinham das vivências interiores
das práticas de Yoga e a união da filosofia e da ciência que em momento algum
seguiram rumos dispares nessas culturas. Toda essa reflexão que o autor trás a tona é
latente no século XXI, o reconhecimento de outras formas de saberes e a integração de
filosofia, ciência e religião foi o que possibilitou o desenvolvimento dos saberes
naturais com cuidado a saúde (onde o oriente nos ensina e muito até hoje), por exemplo,
com o movimento de contra cultura nas décadas de 1960 e 1970 introduziu a filosofia e
a prática de outras formas de ver a realidade na qual fazemos parte, criticando um
modelo cultural impostos por um sistema hegemônico e integrando o diálogo das
diversas formas de saberes.
Ao final do capítulo o autor reflete a liberação e progresso, trazendo a
reflexão de que o sânscrito não consegue ser traduzido pelas ideias europeias, e que as
palavras se formam em sentidos quando colocados em práticas pela cultura que á utiliza
por isso a dificuldade de traduzirmos conceitos do sânscrito, pois nos distanciamos do
real sentido prático da palavra. E segue discorrendo sobre conceitos do sânscrito que
levam a passos a ser seguido na vida de todo o ser humano, tanto nas escolas éticas e
morais dentro da sociedade como em sua jornada interna espiritual para se libertar das
ilusões do mundo cotidiano. Gostei muito desta parte do capítulo onde o autor explora
os conceitos do sânscrito, mostrando como pode de certa maneira se encaixar ao nosso
paradigma ocidental, porém a profundidade da prática da palavra como símbolo para
uma ação no ser humano, trás a riqueza de uma cultura muito antiga e que foi por tanto
tempo desmerecida na ciência ocidental. Deixa-me instigado o fato de saber que a
cultura hinduísta não vem apenas com um discurso espiritual de desapego a matéria, e
sim tem um “protocolo” a ser seguido (não da mesma forma para todas as pessoas),
porém existe uma dinâmica entre a vida social, familiar e posteriormente um caminho
espiritual de cada indivíduo a ser seguido.
REFERÊNCIA
ZIMMER, H. Filosofias da Índia. São Paulo: Palas Athena,2005.

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Resenha crítica marcus bonacina

  • 1. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARCUS VINICIUS BONACINA RESENHA CRÍTICA DO LIVRO FILOSOFIAS DA ÍNDIA, CAPÍTULO I Palhoça 2016
  • 2. Resenha Crítica: Filosofias da Índia, Cap. 1: O encontro de Oriente e Ocidente. No capítulo primeiro do livro, o autor explora o tema de encontro do pensamento filosófico do oriente e do ocidente, onde divide em cinco subcapítulos nos quais serão explorados ao longo da resenha. O primeiro subcapítulo tem como nome o rugido do despertar onde o autor explora a tamanha grandeza da filosofia oriental, cerca de sete séculos mais antiga que a nossa ocidental, e mostra como andamos por caminhos diferentes para se chegar ao mesmo fim. Os filósofos hindus discorrem de questões éticas, morais, fenomenológicas, criticam os dados da experiência externa voltando para um entendimento mais profundo do Eu transcendental (ãtman) do que para o eu fenomênico (personalidade consciente). Aprofundam o conhecimento no microcosmo a fim de se ter o real aprendizado interno, onde afirma o autor que o criador mitológico, o senhor do universo já não mais importa e sim a percepção e crescimento interior voltando para o conhecimento do Eu. Esta mudança de conhecimento externo para o interno teve um período no qual se destacou as diversas práticas que voltam atenção para o íntimo e para a autoconsciência, pela reflexão profunda junto as práticas do Yoga. O autor explora hinos e parábolas indianas para aproximar o paradigma não materialista do pensando hindu, esclarecendo com um pensando analítico para minha compreensão ocidental, o que fica interessante à leitura, ora confusa, ora esclarecedora, intrigando o leitor a compreender a outra forma de se pensar do outro lado do oceano, como finaliza o subcapítulo: a sabedoria indiana cujos rimbombos ecoam em todas as partes do mundo. Adentrando o capítulo primeiro o autor coloca a crítica do que realmente esperamos da filosofia em contra ponto a um sistema moderno de pensar, com cálculos baseados em experimentações controladas, “... o mistério da Eucaristia não mais existe, resta apenas o pão...”. (ZIMMER,2005), fatos de laboratórios são descobertos também por meio de técnicas aplicadas a vida, a filosofia tem que ter sua parte útil na vida cotidiana. Pontua o modelo filosófico, visto do panorama da razão, como uma filosofia subordinada á pesquisa empírica da ciência contemporânea e de uma metafísica submetida a um criticismo racional o resume como uma busca pela razão infalível. Em contrapartida existem outras formas de se fazer filosofia com uma aplicação na vida cotidiana como é feito na índia, através dos ensinamentos de discípulo e guru, onde o educando tem passos a seguir para estar realmente pronto para os ensinamentos
  • 3. profundos do espírito, com requisitos específicos para que o discípulo possa se especializar em algum ramo tradicional do saber. Mahãyãna no budismo são pistas para se chegar a sabedoria transcendental da margem distante, o além do rio Jordão, a meta suprema da investigação, ensino e meditação transformando a auto percepção no percurso até a outra margem ideal, esses conceitos são compartilhados por todas as grandes filosofias indianas. Relata no decorrer do subcapítulo duas passagens de mestres indianos aos seus discípulos trazendo à tona a ideia de sermos reflexos de deus, somos partes de uma mesma coisa, o elefante, o condutor e a pessoa a ser atropelada são sim, em essência, uma mesma coisa, porém temos o enigma de decifrar as mensagens que nos chegam à condição de Ser Humano em transformação, seres inacabados que são atores de sua própria história individual e coletiva. O simbolismo metafórico é o que faz a filosofia indiana ultrapassar a realidade do pensamento lógico, em contraponto ao modelo ocidental que praticamente destruíram a mitologia simbólica para entender o mundo de forma lógica das ciências matemáticas e astrológicas e que se perpetuou no desenvolvimento desta forma de conhecimento, tendo como marco Descartes que discursou como deve ser o método científico analítico. Toda essa reflexão me faz compreender de forma mais profunda a importância do paradigma do conhecimento, que se diversifica na imensidão cultural existente no planeta terra, não existe e nunca existira uma forma hegemônica para se fazer aprendizado, isto é o que instiga-me na minha profissão do olhar individualizado para cada cultura. No terceiro subcapítulo o autor trás a tona as pretensões da ciência, refletindo nas bases filosóficas e científicas do ocidente e a agregação do conhecimento oriental, que segundo as escolas científicas ocidentais, inclusive na graduação do autor, desconsideravam os saberes orientais por não seguirem os mesmo modelos gregos. O autor discorre sobre os avanços dos pensadores ocidentais e o despertar de alguns poucos em aderir o conhecimento transcendental milenar tanto da índia como da china. Refletindo sobre a ligação da religião com a filosofia e a ciência, e com o passar dos anos as quebras de paradigmas científicos que nos aproximam nas últimas décadas do pensando oriental. Obviamente os conhecimentos milenares destas culturas não seguiram os mesmo padrões que os nossos ocidentais de descobrimento por laboratórios e pesquisas de investigações reducionistas, os métodos vinham das vivências interiores das práticas de Yoga e a união da filosofia e da ciência que em momento algum seguiram rumos dispares nessas culturas. Toda essa reflexão que o autor trás a tona é
  • 4. latente no século XXI, o reconhecimento de outras formas de saberes e a integração de filosofia, ciência e religião foi o que possibilitou o desenvolvimento dos saberes naturais com cuidado a saúde (onde o oriente nos ensina e muito até hoje), por exemplo, com o movimento de contra cultura nas décadas de 1960 e 1970 introduziu a filosofia e a prática de outras formas de ver a realidade na qual fazemos parte, criticando um modelo cultural impostos por um sistema hegemônico e integrando o diálogo das diversas formas de saberes. Ao final do capítulo o autor reflete a liberação e progresso, trazendo a reflexão de que o sânscrito não consegue ser traduzido pelas ideias europeias, e que as palavras se formam em sentidos quando colocados em práticas pela cultura que á utiliza por isso a dificuldade de traduzirmos conceitos do sânscrito, pois nos distanciamos do real sentido prático da palavra. E segue discorrendo sobre conceitos do sânscrito que levam a passos a ser seguido na vida de todo o ser humano, tanto nas escolas éticas e morais dentro da sociedade como em sua jornada interna espiritual para se libertar das ilusões do mundo cotidiano. Gostei muito desta parte do capítulo onde o autor explora os conceitos do sânscrito, mostrando como pode de certa maneira se encaixar ao nosso paradigma ocidental, porém a profundidade da prática da palavra como símbolo para uma ação no ser humano, trás a riqueza de uma cultura muito antiga e que foi por tanto tempo desmerecida na ciência ocidental. Deixa-me instigado o fato de saber que a cultura hinduísta não vem apenas com um discurso espiritual de desapego a matéria, e sim tem um “protocolo” a ser seguido (não da mesma forma para todas as pessoas), porém existe uma dinâmica entre a vida social, familiar e posteriormente um caminho espiritual de cada indivíduo a ser seguido.
  • 5. REFERÊNCIA ZIMMER, H. Filosofias da Índia. São Paulo: Palas Athena,2005.