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Alves e Fialho, 2011 252
REVISTA DE GEOGRAFIA
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AB’SÁBER, AZIZ NACIB. OS DOMÍNIOS DE NATUREZA NO
BRASIL: POTENCIALIDADES PAISAGÍSTICAS. SÃO
PAULO: ATELIÊ EDITORIAL, 2003
Andrezza Karla de Oliveira Silva1
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Email:
andrezzakarla86@hotmail.com
Resenha recebida em 06/02/2012 e aceito em 03/04/2011
RESENHA
A obra “OS DOMÍNIOS DE
NATUREZA: POTENCIALIDADES
PAISAGÍSTICAS” escrita pelo professor
Aziz Nacib Ab’Sáber é estruturada em
nove capítulos, que relatam os domínios e
as potencialidades paisagísticas existentes
no Brasil analisados através dos aspectos
morfoclimáticos, pedológicos,
hidrológicos, ecológicos e fitogeográficos.
No primeiro capítulo
“POTENCIALIDADES PAISAGÍSTICAS
BRASILEIRAS” a paisagem é vista como
um conjunto de elementos naturais ou
artificiais sempre atrelados à herança. Este
caráter de herança é estabelecido por
processos de atuação antigos e recentes,
que remodelam a topografia diante de
forças da natureza em uma escala de
tempo de milhões a dezenas de milhões de
anos. A magnitude espacial do território
brasileiro propicia um mosaico bastante
completo das principais paisagens e
ecologias tropicais. Deste modo, o
entendimento dessas potencialidades é
constituído a partir dos domínios
morfoclimáticos e fitogeográficos
compreendidos como um conjunto espacial
de certa ordem de grandeza territorial,
onde estejam integradas as feições de
relevo, tipos de solos, formas de vegetação
e condições climático-hidrológicas para
formação de complexos fisiográficos e
biogeográficos homogêneos e extensivos.
Tais complexos podem ser estruturados em
arranjos poligonais possuidor de áreas
core. Estas áreas possuem domínios de
transição e de contato, que podem formar
competências com combinações físico-
ambientais diferenciadas com expressão
regional, além dos enclaves distinguidos
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 253
por sua própria natureza. Existem seis
grandes domínios paisagísticos e
macroecológicos no território brasileiro: a)
domínio das terras baixas florestadas da
Amazônia; b) domínio das depressões
interplanálticas semiáridas do Nordeste; c)
domínio dos “mares de morros”
florestados; d) domínio dos chapadões
centrais recobertos de cerrados e
penetrados por florestas-galeria; e)
domínio dos planaltos de araucárias; f)
domínio das pradarias mistas do Rio
Grande do Sul. O autor descreve
detalhadamente os aspectos
morfoclimáticos e fitogeográficos de cada
domínio abordando suas principais
características e contrastes, que são
responsáveis por formar um cenário com
combinações distintas em cada domínio.
Ao final tece algumas considerações e
conclusões em relação à estrutura da
paisagem do território brasileiro
caracterizado por áreas homogêneas em
seu caráter fisiográfico e ecológico,
entretanto cada domínio é formado por
subconjuntos que criam contrastes na
paisagem. Esses padrões diferenciados são
estabelecidos pela existência de faixas de
contato e transição, que formam
espacialmente quadros de exceção
constituindo um mosaico paisagístico.
Relata também, a substituição dos
ecossistemas naturais pela produtividade
da agricultura, que se consolidou pela
rápida interiorização e destruição das
florestas para o avanço do espaço agrário,
forma de desenvolvimento econômico
implantada na maioria dos países tropicais.
A introdução desse modelo econômico
ocasionou drásticas mudanças na estrutura
dos ecossistemas deflagrados pela
devastação da cobertura vegetal natural,
exploração de madeira, urbanização e
industrialização, que reduziram pequenos
espaços a ambientes insalubres para a
qualidade de vida.
No segundo capítulo ““MARES E
MORROS”, CERRADOS E
CAATINGAS: GEOMORFOLOGIA
COMPARADA”, o autor expõe as
semelhanças existentes entre os grandes
domínios morfoclimáticos e as principais
províncias fitogeográficas da região
intertropical do Planalto Brasileiro
levando-o a uma observação científica
para esclarecer tais coincidências
geográficas. Assim, foi possível constatar
diferentes tipos de combinações de fatos
geomórficos, climáticos, hidrológicos e
ecológicos, que representam nesta área três
domínios morfoclimáticos sobrepostos por
três das principais províncias
fitogeográficas: 1. domínio das regiões
serranas, de morros mamelonares do Brasil
de Sudeste (área de climas tropicais e
subtropicais úmidos – zona de mata
atlântica sul-oriental); 2. domínio das
depressões intermontanas e interplanálticas
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 254
do Nordeste semiárido (área subequatorial
e tropical semiárida – zona das caatingas);
3. domínio dos chapadões tropicais do
Brasil Central (área tropical subquente de
regime pluviométrico restrito a duas
estações – zona dos cerrados e de
florestas-galeria). Tais domínios
constituem uma estrutura complexa
formada por uma área core e faixas de
transição e contato, que se interpenetram,
se diferenciam ou se misturam criando
áreas de exceção. O autor descreve cada
um dos três domínios morfoclimáticos
fazendo uma análise dos aspectos físicos
que os caracterizam, demonstrando como
pequenos quadros morfoclimáticos,
geopedológicos e hidrológicos podem
modificar condições ecológicas formando
redutos de floresta.
No terceiro capítulo “NOS
VASTOS ESPAÇOS DOS CERRADOS”
Ab’Saber aborda os cerrados como
conjuntos de arboretas de mesma
composição que os cerradões, sendo
diferenciados pela exposição do solo que é
seu principal suporte ecológico. Ressalta
que devido à localização geográfica
(longitudinal) e o grau de interiorização
das matas atlânticas impossibilitaram a
dispersão do domínio dos cerrados.
Observa ainda a composição florística no
núcleo dos cerrados, constituída por tipos
de cerrados e cerradões, e destaca que este
padrão é muito diferente das savanas
existentes no território africano
possuidoras de um arranjo gradativo de
diferentes tipos de savana. Este fato não é
encontrado nos cerrados brasileiros devido
ao seu caráter repetitivo, formado por
ecossistemas de cerrados, cerradões e
campestres, e relativa homogeneidade
paisagística. Neste contexto analisa
também as condições geoecológicas e
paleoclimáticas recentes do Planalto
Central, observando provas sedimentares a
partir de formações superficiais como, por
exemplo, a presença de paleo-inselbergs,
atualmente representados por relevos
residuais.
No quarto tópico do livro
“DOMÍNIO TROPICAL ATLÂNTICO”,
avalia a magnitude das matas atlânticas
como o segundo grande complexo de
florestas tropicais biodiversas brasileiras,
onde abrangiam aproximadamente um
milhão de quilômetros quadrados. As
florestas atlânticas possuem uma
estruturação espacial azonal de caráter
longitudinal nor-nordeste e sul-sudoeste,
estendendo-se do sudeste do Rio Grande
do Norte ao sudeste de Santa Catarina. A
partir desta ressalva distingue-se a
existência de subáreas topográficas
diferenciadas dentro do domínio tropical
atlântico. Estas subáreas podem ser
observadas pelos tabuleiros da Zona da
Mata nordestina, as escarpas tropicais das
Serras do Mar e Mantiqueira, e os “mares
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 255
de morros”, além dos quadros de exceção
verificados fora do espaço principal das
matas atlânticas. Após estas colocações
descreve cada uma destas subáreas
exemplificando através do conjunto de
aspectos morfoclimáticos e fitogeográficos
a distribuição das florestas de mata
atlânticas, bem como analisa a faixa leste-
oeste diferenciando os padrões de
transição e contato ecossistêmicos.
Observando os contrastes topográficos e
geológicos existentes entre a Amazônia
Brasileira e o Tropical Atlântico atesta que
o primeiro é caracterizado pela
predominância de terras baixas recobertas
por florestas biodiversas, em um eixo
leste-oeste ao longo do Equador; já o
tropical atlântico possui uma topografia
complexa, um recorte norte-sul e grande
biodiversidade o que reflete neste domínio
diferentes combinações de fatores.
No quinto capítulo “AMAZÔNIA
BRASILEIRA: UM MACRODOMÍNIO”,
Ab’Saber enfatiza a Amazônia como um
macrodomínio destacando sua alta
biodiversidade biológica, a exuberância de
suas florestas, sua rede hidrográfica e suas
as pequenas variações ecossistêmicas.
Estes fatores estão diretamente ligados a
sua posição geográfica, que possibilita
elevadas taxas de luminosidade (entrada de
energia) em associação as permanentes
massas de ar úmido condicionam altos
índices de precipitação anual entre 1 600 a
3 000 mm, em uma área espacial de
aproximadamente 4,2 milhões de
quilômetros quadrados. É um domínio
caracterizado por feições hidrológicas que
constituem labirintos hidrográficos.
Destaca ser a bacia amazônica dependente
do regime pluviométrico, analisando as
variações nos índices de precipitação de
acordo com a localização geográfica, a
navegabilidade dos rios, o conflito entre
águas doces e salinas, as diferentes cores
das águas dos rios e a importância dos
igarapés para a ocupação indígena da
Amazônia. Ao final o autor faz uma
reflexão sobre o processo de ocupação da
região, as interferências geradas neste
complexo paisagístico e discute a
necessidade de diagnósticos para a
verificação das mudanças na diversidade
fisiográfica e ecológica.
No sexto capítulo “CAATINGA: O
DOMÍNIO DOS SERTÕES SECOS”,
Ab’Saber inicia discutindo as causas da
existência de uma região semiárida em um
continente de grandes e contínuas
extensões de terras úmidas a partir de uma
análise dos fatores climáticos e
morfológicos, que contribuem para um
déficit prolongado de precipitações com
duração, em geral de seis a sete meses.
Este caráter desigual das precipitações, que
em média no Nordeste seco está entre 268
e 800 mm, fez com que o autor
comparasse os índices de precipitações do
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 256
semiárido nordestino com o domínio dos
Cerrados, a Zona da Mata nordestina e a
Amazônia, destacando as disparidades
observadas. A partir de estudo
desenvolvido por George Hargreave para a
SUDENE, na década de 1970, baseado em
critérios de evapotranspiração e duração
dos períodos de deficiência hídrica,
Ab’Saber fez uma leitura critica deste
estudo e propôs modificações nos
conceitos, utilizando as terminologias: 1.
faixas semiáridas acentuadas ou
subdesérticas; 2. faixas semiáridas ou
semiáridas típicas; 3. faixas semiáridas
modernas; 4. faixas de transição. Deste
modo descreve e exemplifica cada faixa,
destacando as principais características que
as definem. Além de abordar os aspectos
físicos que marcam a região semiárida
analisa o cotidiano do sertanejo e de como
a variabilidade climática afeta a estrutura
socioeconômica da região diante da
atividade agrícola e do processo
migratório. Ao final faz um registro do
processo de ocupação da região
enfatizando os grupos indígenas, a
importância dos “brejos” para a agricultura
desde o período colonial com a introdução
da cana-de-açúcar e, atualmente da
bananicultura, bem como relata de forma
sintética algumas ações governamentais e
suas consequências no desenvolvimento da
região e as mudanças ocasionadas na vida
do homem do sertão.
No sétimo capitulo do livro
“PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS E
PRADARIAS MISTAS” destaca as
particularidades deste domínio, onde
aborda a relativa perda de tropicalidade,
principalmente em relação às temperaturas
médias. Esta característica foi fator
condicionante para a presença de um
complexo vegetacional extratropical de
araucárias, sub-bosques e um mosaico de
bosquetes de pinhais. A singular
originalidade ecológica torna este cenário,
totalmente diferente da paisagem dos
cerrados e das florestas de matas. A partir
de estudos paleoclimáticos observou que
entre 23 e 13 mil anos AP a paisagem dos
planaltos subtropicais, dominados por
pradarias, era constituída por um cenário
de estepes, solos pedregosos e um clima
semiárido frio. Além de relatar as feições
geológicas e geomorfológicas existentes
no Brasil Meridional utilizando-se de uma
análise nos estados do Paraná e Santa
Catarina de transectos leste-oeste e no Rio
Grande do Sul no eixo de sul-norte,
abordando os Planaltos paranaenses, as
estruturas ruiniformes e a importância do
Escudo Uruguaio-Sul-Rio-Grandense.
No oitavo capítulo da obra “O
DOMÍNIO DOS CERRADOS” faz uma
reflexão da importância de profissionais
como o geógrafo, retornarem a regiões
outrora estudadas e fazerem uma releitura
das paisagens e espaços tanto observando
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 257
os aspectos ecológicos quanto sociais.
Com essa proposta Ab’Saber sugere uma
reavaliação do domínio dos cerrados,
analisando as transformações ocorridas na
gênese das paisagens e dos espaços
geoecológicos de uma região que está em
constante modernização. Analisa os fatores
ecológicos, hidrológicos, pedológicos,
climáticos, morfológicos e fitogeográficos
predominantes neste domínio, ressaltando
como a combinação de fatos físicos,
ecológicos e bióticos podem caracterizar a
relativa homogeneidade do domínio dos
cerrados. Destaca os conjuntos
topográficos do Planalto Central, a rede de
depressões interplanálticas e os enclaves
de cerrados no domínio das caatingas.
Ab’Saber alerta para a necessidade de
conciliar desenvolvimento e proteção dos
patrimônios genéticos, sugerindo três
diretrizes básicas, bem como faz algumas
propostas aos órgãos de gerenciamento do
meio ambiente no Brasil na tentativa de
conciliar o dilema entre desenvolvimento
de técnicas de seleção dos espaços
agricultáveis com a preservação natural
dos cerrados e cerradões.
No nono capítulo “DOMÍNIOS DE
NATUREZA E FAMÍLIAS DE
ECOSSISTEMAS” é discutido os
domínios de natureza do Brasil,
ressaltando que em cada domínio a um
tipo predominante de vegetação. Apesar da
aparente homogeneidade são observados
quadros de exceção formando mosaicos
paisagísticos, sendo importante a escala de
observação. Um conceito relatado é o de
ecossistema introduzido por Tansley em
1935, que retratou a relação entre fatores
bióticos e fatos físicos. Tal conceito
possibilitou a evolução do pensamento na
busca de estudos que melhor retratassem
os espaços ecológicos. Salienta também a
importância dos estudos desenvolvidos por
George Bertrand em 1968 que procurou
obter a partir de uma ótica geográfica, uma
tipologia de espaços naturais com
subdivisões escalares: geossistemas,
geofácies e geótopo, sendo o geossistema
mais aplicável. Ab’Saber faz uma
abordagem sobre como os macrodomínios
e como estes podem ser estudados perante
uma escala regional com a combinação de
atributos comuns. Desta forma, cada
domínio morfoclimático e fitogeográfico
(cerrados, caatingas, grandes domínios
florestais, planalto das araucárias) são
descritos com a análise das famílias de
ecossistemas, tendo como base espacial os
conceitos de espaços naturais de Bertrand.
A importância do livro, Os
Domínios de natureza no Brasil:
potencialidades paisagísticas está na
construção de uma obra que traz uma
riqueza de conteúdo e detalhes sobre os
aspectos físicos do território brasileiro.
Retratados a partir da integração e
contextualização da influência dos fatos
Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012
Oliveira Silva, 2012 258
geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
hidrológicos, climáticos, ecológicos e
fitogeográficos na determinação dos
complexos vegetacionais, aparentemente
homogêneos, mas possuidores de enclaves
com características diferenciadas. A obra é
um subsídio aos planejadores e
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  • 1. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Alves e Fialho, 2011 252 REVISTA DE GEOGRAFIA (UFPE) www.ufpe.br/revistageografia AB’SÁBER, AZIZ NACIB. OS DOMÍNIOS DE NATUREZA NO BRASIL: POTENCIALIDADES PAISAGÍSTICAS. SÃO PAULO: ATELIÊ EDITORIAL, 2003 Andrezza Karla de Oliveira Silva1 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Email: andrezzakarla86@hotmail.com Resenha recebida em 06/02/2012 e aceito em 03/04/2011 RESENHA A obra “OS DOMÍNIOS DE NATUREZA: POTENCIALIDADES PAISAGÍSTICAS” escrita pelo professor Aziz Nacib Ab’Sáber é estruturada em nove capítulos, que relatam os domínios e as potencialidades paisagísticas existentes no Brasil analisados através dos aspectos morfoclimáticos, pedológicos, hidrológicos, ecológicos e fitogeográficos. No primeiro capítulo “POTENCIALIDADES PAISAGÍSTICAS BRASILEIRAS” a paisagem é vista como um conjunto de elementos naturais ou artificiais sempre atrelados à herança. Este caráter de herança é estabelecido por processos de atuação antigos e recentes, que remodelam a topografia diante de forças da natureza em uma escala de tempo de milhões a dezenas de milhões de anos. A magnitude espacial do território brasileiro propicia um mosaico bastante completo das principais paisagens e ecologias tropicais. Deste modo, o entendimento dessas potencialidades é constituído a partir dos domínios morfoclimáticos e fitogeográficos compreendidos como um conjunto espacial de certa ordem de grandeza territorial, onde estejam integradas as feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições climático-hidrológicas para formação de complexos fisiográficos e biogeográficos homogêneos e extensivos. Tais complexos podem ser estruturados em arranjos poligonais possuidor de áreas core. Estas áreas possuem domínios de transição e de contato, que podem formar competências com combinações físico- ambientais diferenciadas com expressão regional, além dos enclaves distinguidos
  • 2. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 253 por sua própria natureza. Existem seis grandes domínios paisagísticos e macroecológicos no território brasileiro: a) domínio das terras baixas florestadas da Amazônia; b) domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste; c) domínio dos “mares de morros” florestados; d) domínio dos chapadões centrais recobertos de cerrados e penetrados por florestas-galeria; e) domínio dos planaltos de araucárias; f) domínio das pradarias mistas do Rio Grande do Sul. O autor descreve detalhadamente os aspectos morfoclimáticos e fitogeográficos de cada domínio abordando suas principais características e contrastes, que são responsáveis por formar um cenário com combinações distintas em cada domínio. Ao final tece algumas considerações e conclusões em relação à estrutura da paisagem do território brasileiro caracterizado por áreas homogêneas em seu caráter fisiográfico e ecológico, entretanto cada domínio é formado por subconjuntos que criam contrastes na paisagem. Esses padrões diferenciados são estabelecidos pela existência de faixas de contato e transição, que formam espacialmente quadros de exceção constituindo um mosaico paisagístico. Relata também, a substituição dos ecossistemas naturais pela produtividade da agricultura, que se consolidou pela rápida interiorização e destruição das florestas para o avanço do espaço agrário, forma de desenvolvimento econômico implantada na maioria dos países tropicais. A introdução desse modelo econômico ocasionou drásticas mudanças na estrutura dos ecossistemas deflagrados pela devastação da cobertura vegetal natural, exploração de madeira, urbanização e industrialização, que reduziram pequenos espaços a ambientes insalubres para a qualidade de vida. No segundo capítulo ““MARES E MORROS”, CERRADOS E CAATINGAS: GEOMORFOLOGIA COMPARADA”, o autor expõe as semelhanças existentes entre os grandes domínios morfoclimáticos e as principais províncias fitogeográficas da região intertropical do Planalto Brasileiro levando-o a uma observação científica para esclarecer tais coincidências geográficas. Assim, foi possível constatar diferentes tipos de combinações de fatos geomórficos, climáticos, hidrológicos e ecológicos, que representam nesta área três domínios morfoclimáticos sobrepostos por três das principais províncias fitogeográficas: 1. domínio das regiões serranas, de morros mamelonares do Brasil de Sudeste (área de climas tropicais e subtropicais úmidos – zona de mata atlântica sul-oriental); 2. domínio das depressões intermontanas e interplanálticas
  • 3. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 254 do Nordeste semiárido (área subequatorial e tropical semiárida – zona das caatingas); 3. domínio dos chapadões tropicais do Brasil Central (área tropical subquente de regime pluviométrico restrito a duas estações – zona dos cerrados e de florestas-galeria). Tais domínios constituem uma estrutura complexa formada por uma área core e faixas de transição e contato, que se interpenetram, se diferenciam ou se misturam criando áreas de exceção. O autor descreve cada um dos três domínios morfoclimáticos fazendo uma análise dos aspectos físicos que os caracterizam, demonstrando como pequenos quadros morfoclimáticos, geopedológicos e hidrológicos podem modificar condições ecológicas formando redutos de floresta. No terceiro capítulo “NOS VASTOS ESPAÇOS DOS CERRADOS” Ab’Saber aborda os cerrados como conjuntos de arboretas de mesma composição que os cerradões, sendo diferenciados pela exposição do solo que é seu principal suporte ecológico. Ressalta que devido à localização geográfica (longitudinal) e o grau de interiorização das matas atlânticas impossibilitaram a dispersão do domínio dos cerrados. Observa ainda a composição florística no núcleo dos cerrados, constituída por tipos de cerrados e cerradões, e destaca que este padrão é muito diferente das savanas existentes no território africano possuidoras de um arranjo gradativo de diferentes tipos de savana. Este fato não é encontrado nos cerrados brasileiros devido ao seu caráter repetitivo, formado por ecossistemas de cerrados, cerradões e campestres, e relativa homogeneidade paisagística. Neste contexto analisa também as condições geoecológicas e paleoclimáticas recentes do Planalto Central, observando provas sedimentares a partir de formações superficiais como, por exemplo, a presença de paleo-inselbergs, atualmente representados por relevos residuais. No quarto tópico do livro “DOMÍNIO TROPICAL ATLÂNTICO”, avalia a magnitude das matas atlânticas como o segundo grande complexo de florestas tropicais biodiversas brasileiras, onde abrangiam aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados. As florestas atlânticas possuem uma estruturação espacial azonal de caráter longitudinal nor-nordeste e sul-sudoeste, estendendo-se do sudeste do Rio Grande do Norte ao sudeste de Santa Catarina. A partir desta ressalva distingue-se a existência de subáreas topográficas diferenciadas dentro do domínio tropical atlântico. Estas subáreas podem ser observadas pelos tabuleiros da Zona da Mata nordestina, as escarpas tropicais das Serras do Mar e Mantiqueira, e os “mares
  • 4. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 255 de morros”, além dos quadros de exceção verificados fora do espaço principal das matas atlânticas. Após estas colocações descreve cada uma destas subáreas exemplificando através do conjunto de aspectos morfoclimáticos e fitogeográficos a distribuição das florestas de mata atlânticas, bem como analisa a faixa leste- oeste diferenciando os padrões de transição e contato ecossistêmicos. Observando os contrastes topográficos e geológicos existentes entre a Amazônia Brasileira e o Tropical Atlântico atesta que o primeiro é caracterizado pela predominância de terras baixas recobertas por florestas biodiversas, em um eixo leste-oeste ao longo do Equador; já o tropical atlântico possui uma topografia complexa, um recorte norte-sul e grande biodiversidade o que reflete neste domínio diferentes combinações de fatores. No quinto capítulo “AMAZÔNIA BRASILEIRA: UM MACRODOMÍNIO”, Ab’Saber enfatiza a Amazônia como um macrodomínio destacando sua alta biodiversidade biológica, a exuberância de suas florestas, sua rede hidrográfica e suas as pequenas variações ecossistêmicas. Estes fatores estão diretamente ligados a sua posição geográfica, que possibilita elevadas taxas de luminosidade (entrada de energia) em associação as permanentes massas de ar úmido condicionam altos índices de precipitação anual entre 1 600 a 3 000 mm, em uma área espacial de aproximadamente 4,2 milhões de quilômetros quadrados. É um domínio caracterizado por feições hidrológicas que constituem labirintos hidrográficos. Destaca ser a bacia amazônica dependente do regime pluviométrico, analisando as variações nos índices de precipitação de acordo com a localização geográfica, a navegabilidade dos rios, o conflito entre águas doces e salinas, as diferentes cores das águas dos rios e a importância dos igarapés para a ocupação indígena da Amazônia. Ao final o autor faz uma reflexão sobre o processo de ocupação da região, as interferências geradas neste complexo paisagístico e discute a necessidade de diagnósticos para a verificação das mudanças na diversidade fisiográfica e ecológica. No sexto capítulo “CAATINGA: O DOMÍNIO DOS SERTÕES SECOS”, Ab’Saber inicia discutindo as causas da existência de uma região semiárida em um continente de grandes e contínuas extensões de terras úmidas a partir de uma análise dos fatores climáticos e morfológicos, que contribuem para um déficit prolongado de precipitações com duração, em geral de seis a sete meses. Este caráter desigual das precipitações, que em média no Nordeste seco está entre 268 e 800 mm, fez com que o autor comparasse os índices de precipitações do
  • 5. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 256 semiárido nordestino com o domínio dos Cerrados, a Zona da Mata nordestina e a Amazônia, destacando as disparidades observadas. A partir de estudo desenvolvido por George Hargreave para a SUDENE, na década de 1970, baseado em critérios de evapotranspiração e duração dos períodos de deficiência hídrica, Ab’Saber fez uma leitura critica deste estudo e propôs modificações nos conceitos, utilizando as terminologias: 1. faixas semiáridas acentuadas ou subdesérticas; 2. faixas semiáridas ou semiáridas típicas; 3. faixas semiáridas modernas; 4. faixas de transição. Deste modo descreve e exemplifica cada faixa, destacando as principais características que as definem. Além de abordar os aspectos físicos que marcam a região semiárida analisa o cotidiano do sertanejo e de como a variabilidade climática afeta a estrutura socioeconômica da região diante da atividade agrícola e do processo migratório. Ao final faz um registro do processo de ocupação da região enfatizando os grupos indígenas, a importância dos “brejos” para a agricultura desde o período colonial com a introdução da cana-de-açúcar e, atualmente da bananicultura, bem como relata de forma sintética algumas ações governamentais e suas consequências no desenvolvimento da região e as mudanças ocasionadas na vida do homem do sertão. No sétimo capitulo do livro “PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS E PRADARIAS MISTAS” destaca as particularidades deste domínio, onde aborda a relativa perda de tropicalidade, principalmente em relação às temperaturas médias. Esta característica foi fator condicionante para a presença de um complexo vegetacional extratropical de araucárias, sub-bosques e um mosaico de bosquetes de pinhais. A singular originalidade ecológica torna este cenário, totalmente diferente da paisagem dos cerrados e das florestas de matas. A partir de estudos paleoclimáticos observou que entre 23 e 13 mil anos AP a paisagem dos planaltos subtropicais, dominados por pradarias, era constituída por um cenário de estepes, solos pedregosos e um clima semiárido frio. Além de relatar as feições geológicas e geomorfológicas existentes no Brasil Meridional utilizando-se de uma análise nos estados do Paraná e Santa Catarina de transectos leste-oeste e no Rio Grande do Sul no eixo de sul-norte, abordando os Planaltos paranaenses, as estruturas ruiniformes e a importância do Escudo Uruguaio-Sul-Rio-Grandense. No oitavo capítulo da obra “O DOMÍNIO DOS CERRADOS” faz uma reflexão da importância de profissionais como o geógrafo, retornarem a regiões outrora estudadas e fazerem uma releitura das paisagens e espaços tanto observando
  • 6. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 257 os aspectos ecológicos quanto sociais. Com essa proposta Ab’Saber sugere uma reavaliação do domínio dos cerrados, analisando as transformações ocorridas na gênese das paisagens e dos espaços geoecológicos de uma região que está em constante modernização. Analisa os fatores ecológicos, hidrológicos, pedológicos, climáticos, morfológicos e fitogeográficos predominantes neste domínio, ressaltando como a combinação de fatos físicos, ecológicos e bióticos podem caracterizar a relativa homogeneidade do domínio dos cerrados. Destaca os conjuntos topográficos do Planalto Central, a rede de depressões interplanálticas e os enclaves de cerrados no domínio das caatingas. Ab’Saber alerta para a necessidade de conciliar desenvolvimento e proteção dos patrimônios genéticos, sugerindo três diretrizes básicas, bem como faz algumas propostas aos órgãos de gerenciamento do meio ambiente no Brasil na tentativa de conciliar o dilema entre desenvolvimento de técnicas de seleção dos espaços agricultáveis com a preservação natural dos cerrados e cerradões. No nono capítulo “DOMÍNIOS DE NATUREZA E FAMÍLIAS DE ECOSSISTEMAS” é discutido os domínios de natureza do Brasil, ressaltando que em cada domínio a um tipo predominante de vegetação. Apesar da aparente homogeneidade são observados quadros de exceção formando mosaicos paisagísticos, sendo importante a escala de observação. Um conceito relatado é o de ecossistema introduzido por Tansley em 1935, que retratou a relação entre fatores bióticos e fatos físicos. Tal conceito possibilitou a evolução do pensamento na busca de estudos que melhor retratassem os espaços ecológicos. Salienta também a importância dos estudos desenvolvidos por George Bertrand em 1968 que procurou obter a partir de uma ótica geográfica, uma tipologia de espaços naturais com subdivisões escalares: geossistemas, geofácies e geótopo, sendo o geossistema mais aplicável. Ab’Saber faz uma abordagem sobre como os macrodomínios e como estes podem ser estudados perante uma escala regional com a combinação de atributos comuns. Desta forma, cada domínio morfoclimático e fitogeográfico (cerrados, caatingas, grandes domínios florestais, planalto das araucárias) são descritos com a análise das famílias de ecossistemas, tendo como base espacial os conceitos de espaços naturais de Bertrand. A importância do livro, Os Domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas está na construção de uma obra que traz uma riqueza de conteúdo e detalhes sobre os aspectos físicos do território brasileiro. Retratados a partir da integração e contextualização da influência dos fatos
  • 7. Revista de Geografia (UFPE) V. 29, No. 1, 2012 Oliveira Silva, 2012 258 geológicos, geomorfológicos, pedológicos, hidrológicos, climáticos, ecológicos e fitogeográficos na determinação dos complexos vegetacionais, aparentemente homogêneos, mas possuidores de enclaves com características diferenciadas. A obra é um subsídio aos planejadores e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento no sentido de compreender o grande mosaico paisagístico do Brasil. ________________________________________________________________________