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 Leia o texto para responder às questões 01 a 05.
Fita verde no cabelo
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor,
com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que
esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos
com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por
enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde
inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que
a amava, a uma outra e quase igualzinha à aldeia. Fita-Verde
partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha
um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar
framboesas. Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os
lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum,
desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham
exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: “Vou
à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a
mamãe me mandou.” A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois
daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro,
encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê
nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e
incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque,
bateu:
“Quem é?”
“Sou eu…”, Fita-Verde descansou a voz. “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita
verde no cabelo, que a mamãe me mandou.”
Vai, a avó, difícil, disse: “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.”
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar
agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: “Depõe o pote e o cesto
na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.”
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho
sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
- Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta…, a avó murmurou.
- Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta…, a avó suspirou.
- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
- É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha…, a avó ainda gemeu.
01
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: Vovozinha, eu
tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão
repentino corpo.
João Guimarães Rosa. Fita verde no cabelo.
1. O conto recria a tradicional história de Chapeuzinho Vermelho, citando suas marcas mais
conhecidas e refazendo seu sentido original. Dentre essas características, a que mais nos remete
à história original está na seguinte passagem:
a) Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha
à aldeia.
b) Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo
nenhum, desconhecido nem peludo.
c) A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das
horas, que a gente não vê que não são.
d) Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela toque, toque, bateu.
2. Sobre o texto, pode-se afirmar:
a) Apesar de ser antagonista, o Lobo é uma personagem secundária, pois a ação se passa somente
entre a menina e sua avó.
b) Fita-Verde tem medo do Lobo, por isso vai depressa à casa de sua avó, onde se sente protegida.
c) Trata-se de uma nova versão para o clássico Chapeuzinho Vermelho, atualizada de acordo com a
realidade das novas gerações.
d) A morte da avó se relaciona com o fato de Fita-Verde adquirir juízo pela primeira vez,
significando que ela passa a ter uma nova visão da realidade.
e) Fita-Verde sente-se culpada por ter chegado tarde demais à casa de sua avó, pois havia tomado o
caminho mais longo, ao invés de seguir “o outro, o encurtoso”.
3. (UERJ) Pela leitura global do conto, é possível afirmar que essa passagem implica uma
mudança para a personagem. Essa mudança pode ser caracterizada como:
a) encontro com o passado e superação do medo do desconhecido.
b) ruptura com um mundo de fantasia e aproximação com a realidade.
c) supressão do ponto de vista infantil e afirmação de uma nova perspectiva.
d) alteração da antiga ordem familiar e conhecimento do fenômeno da morte.
4. (UERJ) Um dos recursos empregados para construir essa originalidade, ou seja, designar
esta nova recriação do conto original, está presente no trecho:
a) o isolamento da expressão “sobre logo” por vírgulas.
b) a designação da menina por meio do composto “Fita-Verde”.
c) a equivalência entre “ela” e “a linda” na referência à menina.
d) o emprego da expressão “era uma vez” com o sujeito “tudo”.
5. Uma das características mais fortes em João Guimarães Rose é o uso de neologismo
(fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova), como se
observa neste conto.
I. “com velhos e velhas que velhavam”
II. “havia tomado o caminho mais longo, ao invés de seguir “o outro, o encurtoso”.
III. “Vovozinha, que braços tão magros”
Quanto aos termos grifados, tem-se presença de neologismo em:
(A) apenas I
(B) apenas II
(D) apenas III
(E) apenas I e II
(C) em I, II e III
 Proposta de Redação
A seguir você lerá os trechos iniciais de um conto do escritor Rubem Fonseca. Desenvolva-o,
observando os critérios seguintes:
 A estrutura (apresentação inicial, conflito, desfecho);
 As características do conto (deve ser claro e enxuto);
 Lembre-se de que o elemento mais importante da narrativa é o enredo ou a história;
 Trabalhe bem a sua trama e se preferir pode acrescentar novos personagens;
 Acentuação;
 Ortografia;
 Paragrafação (recuo da primeira linha e respeito à margem);
 Adequação ao parágrafo inicial;
 Quantidade de linhas (mínimo de 15 linhas e máximo de 30).
Eu chegava todo dia no meu escritório às oito da manhã. O carro parava na porta do prédio e
eu saltava, andava dez ou quinze passos e entrava.
Como todo executivo, eu passava as manhãs dando telefonemas, lendo memorandos, ditando
cartas, à minha secretária e me exasperando com problemas. Quando chegava a hora do almoço, eu
havia trabalhado duramente. Mas sempre tinha a impressão de que não havia feito nada de útil.
FONSECA, Rubem. O outro. In: Contos reunidos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.411.
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  • 1.  Leia o texto para responder às questões 01 a 05. Fita verde no cabelo Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo. Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha à aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: “Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.” A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são. E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente. Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu: “Quem é?” “Sou eu…”, Fita-Verde descansou a voz. “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.” Vai, a avó, difícil, disse: “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.” Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.” Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou: - Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes! - É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta…, a avó murmurou. - Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados! - É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta…, a avó suspirou. - Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido? - É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha…, a avó ainda gemeu. 01
  • 2. Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!… Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo. João Guimarães Rosa. Fita verde no cabelo. 1. O conto recria a tradicional história de Chapeuzinho Vermelho, citando suas marcas mais conhecidas e refazendo seu sentido original. Dentre essas características, a que mais nos remete à história original está na seguinte passagem: a) Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha à aldeia. b) Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. c) A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são. d) Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela toque, toque, bateu. 2. Sobre o texto, pode-se afirmar: a) Apesar de ser antagonista, o Lobo é uma personagem secundária, pois a ação se passa somente entre a menina e sua avó. b) Fita-Verde tem medo do Lobo, por isso vai depressa à casa de sua avó, onde se sente protegida. c) Trata-se de uma nova versão para o clássico Chapeuzinho Vermelho, atualizada de acordo com a realidade das novas gerações. d) A morte da avó se relaciona com o fato de Fita-Verde adquirir juízo pela primeira vez, significando que ela passa a ter uma nova visão da realidade. e) Fita-Verde sente-se culpada por ter chegado tarde demais à casa de sua avó, pois havia tomado o caminho mais longo, ao invés de seguir “o outro, o encurtoso”. 3. (UERJ) Pela leitura global do conto, é possível afirmar que essa passagem implica uma mudança para a personagem. Essa mudança pode ser caracterizada como: a) encontro com o passado e superação do medo do desconhecido. b) ruptura com um mundo de fantasia e aproximação com a realidade. c) supressão do ponto de vista infantil e afirmação de uma nova perspectiva. d) alteração da antiga ordem familiar e conhecimento do fenômeno da morte. 4. (UERJ) Um dos recursos empregados para construir essa originalidade, ou seja, designar esta nova recriação do conto original, está presente no trecho: a) o isolamento da expressão “sobre logo” por vírgulas. b) a designação da menina por meio do composto “Fita-Verde”. c) a equivalência entre “ela” e “a linda” na referência à menina. d) o emprego da expressão “era uma vez” com o sujeito “tudo”.
  • 3. 5. Uma das características mais fortes em João Guimarães Rose é o uso de neologismo (fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova), como se observa neste conto. I. “com velhos e velhas que velhavam” II. “havia tomado o caminho mais longo, ao invés de seguir “o outro, o encurtoso”. III. “Vovozinha, que braços tão magros” Quanto aos termos grifados, tem-se presença de neologismo em: (A) apenas I (B) apenas II (D) apenas III (E) apenas I e II (C) em I, II e III  Proposta de Redação A seguir você lerá os trechos iniciais de um conto do escritor Rubem Fonseca. Desenvolva-o, observando os critérios seguintes:  A estrutura (apresentação inicial, conflito, desfecho);  As características do conto (deve ser claro e enxuto);  Lembre-se de que o elemento mais importante da narrativa é o enredo ou a história;  Trabalhe bem a sua trama e se preferir pode acrescentar novos personagens;  Acentuação;  Ortografia;  Paragrafação (recuo da primeira linha e respeito à margem);  Adequação ao parágrafo inicial;  Quantidade de linhas (mínimo de 15 linhas e máximo de 30).
  • 4. Eu chegava todo dia no meu escritório às oito da manhã. O carro parava na porta do prédio e eu saltava, andava dez ou quinze passos e entrava. Como todo executivo, eu passava as manhãs dando telefonemas, lendo memorandos, ditando cartas, à minha secretária e me exasperando com problemas. Quando chegava a hora do almoço, eu havia trabalhado duramente. Mas sempre tinha a impressão de que não havia feito nada de útil. FONSECA, Rubem. O outro. In: Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.411. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30