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10A JORNALDATARDE
DOMINGO,26.8.12
JOSÉGABRIELNAVARRO
jose.gabrielnavarro@estadao.com
O Banco do Povo Paulista (BPP) é
a melhor opção atualmente para
se obter microcrédito com juros
maisbaixosecommenosburocra-
cia. É o que aponta uma pesquisa
realizada pelo Serviço Brasileiro
deApoioàsMicroePequenasEm-
presas (Sebrae), que entrevistou
mais de 11,5 mil autônomos for-
malizadosdetodooPaís.Oórgão
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Paulo cobra juros
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dinheiroematése-
te dias. Ainda res-
tamR$65milhões
aseremempresta-
dosatédezembro,
dos R$ 200 mi-
lhõesprevistospa-
ra este ano.
A Caixa Econô-
mica Federal e o
BancodoBrasil,controladospelo
governo federal, são as institui-
ções financeiras que mais recu-
sam pedidos de empréstimo de
microempreendedores indivi-
duais (MEIs). A Caixa disse “não”
a 65% dos MEIs que afirmam ter
procurado o banco, enquanto o
BB negou financiamento a 58%.
Ambas as instituições perdem no
ranking para os bancos privados
(veja quadro nesta página).
“São dois bancos que normal-
mente fazem as primeiras contas
de quem busca estruturar o pró-
prionegócio,eque,comfrequên-
cia se apresentam como incenti-
vadoresdomicrocrédito”,explica
asócia-diretoradaPlanoCDE,Lu-
ciana Aguiar. A empresa presta
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midores e empreendedores de
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A especialista vê nos altos índi-
ces de reprovação da Caixa e do
BB um sinal do excesso de buro-
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mações sobre os instrumentos fi-
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gar a taxa mensal de no máximo
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daempresaumavezporano.”Se-
gundo ele, o índice de formaliza-
dos que não honram um ou am-
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do de São Paulo “está um pouco
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O BB e a Caixa, porém, têm ju-
ros melhores que os dos bancos
privados para microempreende-
dores. Ambos adotam taxas de
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na, da Plano CDE, o segredo do
primeiro colocado em aprova-
ções no levantamento do Sebrae
estánafacilidadequeomicroem-
preendedor encontra ao pedir fi-
nanciamento ao banco. O BPP
aceitainclusiveautônomosnain-
formalidade.
Éocaso de Leticia Costa Olivei-
ra, de 30 anos, que foi à unidade
do BPP em Santo Amaro, na zona
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tando. “Eu era funcionária numa
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trabalhar para mim mesma a tra-
balhar para os outros”, conta ela,
quejáhaviaatuadocomoautôno-
ma e voltou à informalidade por-
que teve o Cadastro Nacional da
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porengano.“VimaoBancodoPo-
vo por indicação de uma amiga,
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Se eu não ficasse sabendo, teria
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Em 2012, após 14 anos de traje-
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res.Éoquecontaodiretorexecuti-
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tônomo ao crédito. “Lá já houve
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rado”.NoBPP,esseprocessocos-
tuma duraraté sete dias. Dez dias
depois de o cliente colocar a mão
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LucianaAguiar PARAIRAO BPPPINGUE-PONGUE
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SÓCIA-DIRETORADACONSULTORIAPLANOCDE
PesquisadoSebrae-SPmostraqueainstituiçãodogovernopaulistaofereceasmenorestaxasdejurosemuito
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INADIMPLENTES
‘Épreciso
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Umbancopúblico,comoaCai-
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Banco do Brasil, não deveria se
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uma instituição financeira. Há
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naCaixa,eestranhaquenãoeste-
jamtãovoltadosparaomicroem-
preendedor. É sinal da burocra-
cia do banco. Não tanto na hora
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todaamecânicadeprocedimen-
tos,comlevaetrazdedocumen-
tos. O processo de financiamen-
to tem de ser facilitado, em vez
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ra.OmesmoocorrenoBB,embo-
ra, com ele, as pessoas tenham
uma relação mais formal: reali-
zam procedimentos simples
sem frequentar uma agência,
por exemplo.
O banco que se saiu melhor na
pesquisa do Sebrae foi o Banco
do Povo Paulista, que financia
inclusive trabalhadores infor-
mais. É o tipo de iniciativa que
deveriainspiraroutrasinstitui-
ções?
Sem dúvida. Nem todos estão se
formalizando por meio do pro-
cesso para se tornar microem-
preendedor individual (MEI),
porquemuitasvezesnãosesabe
comofazê-lonemaquantoostri-
butos chegam. Se você olhar o
enorme contingente de infor-
maisno Brasil hoje, não dá certo
pensar que eles só podem se so-
bressair se forem registrados.
Porquegeralmenteestãohámui-
to tempo na informalidade e
veem mais desvantagens na for-
malização. É preciso flexibilizar
mais as regras para esse conjun-
to de pessoas. Já fizemos várias
pesquisas com microempreen-
dedores na Plano CDE e a maio-
rianão sabeoque temà disposi-
ção. Cerca de 20% a 30% estão
mais antenados, sabem do des-
contonoINSSquevemcomafor-
malização, mas é tudo muito
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Qual a importância do acesso a
microcrédito para a economia
como um todo?
Aconcessãodecréditoparaomi-
croempreendedor é fundamen-
tal. Ele precisa de capital de giro
para crescer e de um aporte de
recursos para estruturar o pró-
prio negócio. E é preciso apoio
técnico,alémdefinanceiro,por-
que nem sempre é simples gerir
odinheiro quevemdocrédito.A
gente vê o mercado se aquecen-
do, mais gente consumindo, e o
microempreendedorprecisasa-
ber como crescer para suprir es-
sademanda.Asiniciativasdemi-
crocrédito vêm ou deveriam vir
acompanhadas dessa possibili-
dade.Osbancostêmdeverqueé
uma relação ganha: se o em-
preendedor cresce, a chance de
crescercomeleéenorme.Emui-
ta gente vive disso.
50porcento
dosautônomosnão
pagamataxade
formalizaçãoe/ou
deixamdedeclarar
arendadaempresa
>> Compareçapessoalmentea
umadasunidadesdoBancodo
PovoPaulista.Alistadefiliais
estánaseção“OndeEncontrar”
dositewww.bpp.sp.gov.br
>> Napáginadainternet,também
estãolistadosospapéisquese
devemteremmãos,naseção
“Documentos”
>> Soliciteovalorqueprecisaese
atentenosjurosqueserão
fixados.Aaprovaçãolevaaté
setediascorridos
>> Dezdiasapósconseguirocrédi-
to,umagentedoBPPirávisitaro
localondevocêtrabalhaparaveri-
ficarseaverbaobtidafoiusada
embenefíciodopróprionegócio
R$1bilhão
éoquantooBanco
doPovoPaulista
esperaliberarem
créditonos
próximos4anos
FINANCIAMENTO
EPITACIO PESSOA/AE
Leticia
(à dir.) pediu
empréstimono
BPP por causa
dos juros
menores.
‘Senão, teria ido
ao banco
privado onde
tenho conta’
Microcrédito:Bancodo
Povoéamelhoropção
MICROCRÉDITO
Porcentual de microempreendedores individuais (MEIs) que
conseguiram obter empréstimo em cada banco
93%
65%
60%
59%
42%
35%
Banco do Povo Paulista
Itaú
Bradesco
Santander
Banco do Brasil
Caixa Econômico Federal
INFOGRÁFICO/AEFONTE: SEBRAE/2012
OBPPaindatem
R$65milhõespara
emprestaratéomês
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CaixaeBBoferecem
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Ambas as instituições perdem no ranking para os bancos privados (veja quadro nesta página). “São dois bancos que normal- mente fazem as primeiras contas de quem busca estruturar o pró- prionegócio,eque,comfrequên- cia se apresentam como incenti- vadoresdomicrocrédito”,explica asócia-diretoradaPlanoCDE,Lu- ciana Aguiar. A empresa presta consultoria a companhias que queremcriarsoluçõesparaconsu- midores e empreendedores de baixa e média renda. A especialista vê nos altos índi- ces de reprovação da Caixa e do BB um sinal do excesso de buro- cracia para se firmar um acordo de microcrédito. “Além disso, o microempreendedor está muito isolado,semajudaesemas infor- mações sobre os instrumentos fi- nanceirosqueelepodeacessarpa- ra potencializar o negócio.” Planejamento Odiretor-superintendentedoSe- brae-SP, Bruno Caetano, discor- da.“Oquefaltaéorganizaçãopor parte do microempreendedor. MetadedosMEIsdoPaísnãocon- seguecumprirumaouasduasúni- cas obrigações que existem para semanterformalizada,ousejapa- gar a taxa mensal de no máximo R$ 38 e fazer declaração de renda daempresaumavezporano.”Se- gundo ele, o índice de formaliza- dos que não honram um ou am- bos esses compromissos no Esta- do de São Paulo “está um pouco abaixo da média nacional, mas ainda é alto”. O BB e a Caixa, porém, têm ju- ros melhores que os dos bancos privados para microempreende- dores. Ambos adotam taxas de 0,64%aomês.SantandereBrades- co trabalham com juros de 2% ao mês para microcrédito, e o Itaú, a partirde3,3%aomês.ParaLucia- na, da Plano CDE, o segredo do primeiro colocado em aprova- ções no levantamento do Sebrae estánafacilidadequeomicroem- preendedor encontra ao pedir fi- nanciamento ao banco. O BPP aceitainclusiveautônomosnain- formalidade. Éocaso de Leticia Costa Olivei- ra, de 30 anos, que foi à unidade do BPP em Santo Amaro, na zona sul da capital, em busca de R$ 3 milparabancaralojadeprodutos típicosdonordestequeestámon- tando. “Eu era funcionária numa loja de brinquedos, mas prefiro trabalhar para mim mesma a tra- balhar para os outros”, conta ela, quejáhaviaatuadocomoautôno- ma e voltou à informalidade por- que teve o Cadastro Nacional da PessoaJurídica(CNPJ)cancelado porengano.“VimaoBancodoPo- vo por indicação de uma amiga, que me falou dos juros menores. Se eu não ficasse sabendo, teria ido correndo ao banco onde te- nho conta, que é privado.” Em 2012, após 14 anos de traje- tória, o BPP alcançou a marca de R$ 1 bilhão emprestados a mais de 300 mil microempreendedo- res.Éoquecontaodiretorexecuti- vodobanco,Anto- nio Mendonça. “Agora,nossame- ta é emprestar mais R$ 1 bilhão dentro dos próxi- mosquatroanos.” Ele diz também que, até o fim des- ta semana, o BPP vaificartotalmen- te integrado com o Banco do Brasil, que antes era quemintermedia- va o acesso do au- tônomo ao crédito. “Lá já houve casos em que se esperou por 30 diasparaterofinanciamentolibe- rado”.NoBPP,esseprocessocos- tuma duraraté sete dias. Dez dias depois de o cliente colocar a mão no dinheiro, um agente do banco visitaolocaldonegócioparaverifi- car se a verba foi investida de fato na empresa.:: LucianaAguiar PARAIRAO BPPPINGUE-PONGUE JTSEU BOLSO SÓCIA-DIRETORADACONSULTORIAPLANOCDE PesquisadoSebrae-SPmostraqueainstituiçãodogovernopaulistaofereceasmenorestaxasdejurosemuito menosburocraciaparaemprestaraospequenosempreendedores.EaindatemR$65milhõesdisponíveis INADIMPLENTES ‘Épreciso flexibilizar asregras’ Umbancopúblico,comoaCai- xa, ou de capital misto, como o Banco do Brasil, não deveria se dedicar mais a oferecer micro- crédito? É um papel que se alinha com o perfil dessas instituições, espe- cialmente com o da Caixa, que é muitas vezes a porta de entrada paraquemabrecontaembanco. É nesse banco que começa o aprendizado de como lidar com uma instituição financeira. Há umportfólioenormedeserviços naCaixa,eestranhaquenãoeste- jamtãovoltadosparaomicroem- preendedor. É sinal da burocra- cia do banco. Não tanto na hora de comprovar renda, e sim por todaamecânicadeprocedimen- tos,comlevaetrazdedocumen- tos. O processo de financiamen- to tem de ser facilitado, em vez de funcionar como uma barrei- ra.OmesmoocorrenoBB,embo- ra, com ele, as pessoas tenham uma relação mais formal: reali- zam procedimentos simples sem frequentar uma agência, por exemplo. O banco que se saiu melhor na pesquisa do Sebrae foi o Banco do Povo Paulista, que financia inclusive trabalhadores infor- mais. É o tipo de iniciativa que deveriainspiraroutrasinstitui- ções? Sem dúvida. Nem todos estão se formalizando por meio do pro- cesso para se tornar microem- preendedor individual (MEI), porquemuitasvezesnãosesabe comofazê-lonemaquantoostri- butos chegam. Se você olhar o enorme contingente de infor- maisno Brasil hoje, não dá certo pensar que eles só podem se so- bressair se forem registrados. Porquegeralmenteestãohámui- to tempo na informalidade e veem mais desvantagens na for- malização. É preciso flexibilizar mais as regras para esse conjun- to de pessoas. Já fizemos várias pesquisas com microempreen- dedores na Plano CDE e a maio- rianão sabeoque temà disposi- ção. Cerca de 20% a 30% estão mais antenados, sabem do des- contonoINSSquevemcomafor- malização, mas é tudo muito pouco divulgado. Qual a importância do acesso a microcrédito para a economia como um todo? Aconcessãodecréditoparaomi- croempreendedor é fundamen- tal. Ele precisa de capital de giro para crescer e de um aporte de recursos para estruturar o pró- prio negócio. E é preciso apoio técnico,alémdefinanceiro,por- que nem sempre é simples gerir odinheiro quevemdocrédito.A gente vê o mercado se aquecen- do, mais gente consumindo, e o microempreendedorprecisasa- ber como crescer para suprir es- sademanda.Asiniciativasdemi- crocrédito vêm ou deveriam vir acompanhadas dessa possibili- dade.Osbancostêmdeverqueé uma relação ganha: se o em- preendedor cresce, a chance de crescercomeleéenorme.Emui- ta gente vive disso. 50porcento dosautônomosnão pagamataxade formalizaçãoe/ou deixamdedeclarar arendadaempresa >> Compareçapessoalmentea umadasunidadesdoBancodo PovoPaulista.Alistadefiliais estánaseção“OndeEncontrar” dositewww.bpp.sp.gov.br >> Napáginadainternet,também estãolistadosospapéisquese devemteremmãos,naseção “Documentos” >> Soliciteovalorqueprecisaese atentenosjurosqueserão fixados.Aaprovaçãolevaaté setediascorridos >> Dezdiasapósconseguirocrédi- to,umagentedoBPPirávisitaro localondevocêtrabalhaparaveri- ficarseaverbaobtidafoiusada embenefíciodopróprionegócio R$1bilhão éoquantooBanco doPovoPaulista esperaliberarem créditonos próximos4anos FINANCIAMENTO EPITACIO PESSOA/AE Leticia (à dir.) pediu empréstimono BPP por causa dos juros menores. ‘Senão, teria ido ao banco privado onde tenho conta’ Microcrédito:Bancodo Povoéamelhoropção MICROCRÉDITO Porcentual de microempreendedores individuais (MEIs) que conseguiram obter empréstimo em cada banco 93% 65% 60% 59% 42% 35% Banco do Povo Paulista Itaú Bradesco Santander Banco do Brasil Caixa Econômico Federal INFOGRÁFICO/AEFONTE: SEBRAE/2012 OBPPaindatem R$65milhõespara emprestaratéomês dedezembro CaixaeBBoferecem taxadejurosde0,64% aomês,menorquea dosbancosprivados