Entrevista com o trio canadense Napalm Raid. Resenhas dos CDs Fantasma da Guerra, Hard Trio, Discomfort, Bop Hounds, Motorama e Aloha Haole. E as colunas: Matou a Família e foi ao Cinema, Alta Fidelidade e Atrás da Porta Verde.
Crust de Halifax Napalm Raid fala da turnê pelo Brasil
1. .MÚSICA .FILME . ATITUDE.Ano 4 nº 26 João Pessoa, setembro 2015
Qual foi a primeira impressão a respeito do Brasil,
antes de chegar aqui?
Graham – Não sabíamos o que esperar! Sabíamos
que as pessoas aqui são muito amigáveis. Encontra-
mos algumas pessoas no nosso voo que falaram muito
bem do Brasil, mas não tínhamos ideia do que nos
aguardava.
Corpse – Um dos motivos da nossa vinda foi o fato
de existirem algumas pessoas interessadas no nosso
modus operandis (risos) ... no som da banda.
Graham – Esse interesse nos motivou de vir aqui
para fazer amigos, tocar em alguns shows. Somos
de uma cidade pequena! Não criamos expectativas,
viemos viver uma experiência!
Você já fizeram turnê pela Europa e Estados Uni-
dos. É a primeira vez na América do Sul?
Graham – Não, já estivemos no México antes em
2012.
A primeira vez que ouvimos Napalm Raid foi um
vídeo em preto e branco da música Why. Gosta-
mos tanto que tocamos no nosso programa se-
manal numa rádio local.
Graham – É realmente incrível estar aqui. Não temos
grandes ambições como banda. Tanto que esse vídeo
foi feito por um amigo que nos filmou e colocou a
música lá. E daí as pessoas começaram a curtir e a nos
incentivar a mostrar nosso trabalho, e começamos a
fazer contatos, como o Josimas e Adriano. Conversa-
mos muito antes de tornar essa nossa vinda possível.
Tom – É difícil encontrar um cara que segure a sua
mão o tempo inteiro. Josimas está fazendo um ótimo
trabalho (risos)! Mas não foi algo fácil, conversamos
meses e meses, creio que mais de um ano, antes de
tudo se concretizar.
Graham – Tivemos que esperar a turnê europeia
acabar. Depois, começamos a guardar dinheiro para
a viagem e fazer com que os trabalhos e estudos de
todos na banda estivessem sincronizados.
Nas turnês que vocês fizeram, aconteceu alguma
roubada?
Graham – Aconteceu nos Estados Unidos, na ci-
dade de Kenosha, Wisconsin. Chegamos ao bar, onde
iríamos tocar, e ninguém estava sabendo do show.
Perguntamos a respeito do promoter, se alguém o
conhecia. Até que apareceu alguém que sabia onde
achá-lo, e ficamos sabendo que o cara tinha levado
um pé na bunda da namorada e tinha desaparecido! O
dono do bar disse para nós: “Já que vocês estão aqui e
vão ficar, me paguem apenas cinco dólares e bebam à
Distribuiçãogratuita
Halifax fica longe. Mais perto do Maine, nos Estados Unidos (famoso por conta do escritor Stephen King e
suas histórias macabras), do que das cidades de Toronto e Quebéc. A cidade de Halifax, capital da Nova Sco-
tia, no Canadá, é famosa por alimentar bandas de estilos diversos – entre as mais conhecidas, está a April Wine,
banda de hard rock dos anos 60. Conversamos com os três componentes: Graham (bateria), Tom (baixo) e
Corpse (guitarra/vocal), que fizeram uma turnê pelo Brasil, no começo do ano e passaram pela cidade de Re-
cife (PE). A seguir, um pouco da história desse trio de crust que está na estrada desde 2009. Boa Leitura!
vontade!” A gente bebeu e depois fomos passear pelas
ruas...
Tom – Mas foi a única vez que aconteceu nessa turnê.
E o prejuízo não foi tão grande... Na verdade, acabou
sendo a nossa folga da turnê (risos).
No programa de rádio que apresentamos semanal-
mente, um dos motivos de tocarmos a música Why
foi pelo fato de que, naquela semana, o tema do
programa era Crust/D-Beat. Além disso, que ou-
tros sons vocês curtem?
Graham – Gosto da música Pop dos anos 70...
Tom – Gosto dos Beatles e de algumas bandas que
poucas pessoas gostam, tipo Genesis, até a fase que
ninguém gosta, April Wine.
Uma pergunta clichê: o que vocês ouviram da
música brasileira?
Graham – Sepultura! E algumas outras bandas de
metal.
Em que vocês trabalham? Todos moram em Hali-
fax?
Graham – Não. Eu moro em Halifax e trabalho numa
loja de discos. Tom e Corpse mudaram-se há pouco
tempo para Montreal.
Napalm Raid - Crust de Halifax
Foto:Divulgação
2. MICROFONIA2
EXPEDIENTE
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dores são assinados e não necessaria-
mente refletem a opinião da redação.
Tom – Em Montreal, trabalho para uma companhia
que fornece alimentação para grandes eventos, casa-
mentos, etc. É legal, eles me deixaram vir na turnê
(risos)!
Corpse – Conserto motos, faço restaurações. Já fazia
isso em Halifax, mudei para Montreal para trabalhar
num galpão e customizar peças em metal.
Tem muitas lojas de discos em Halifax? Aqui no
Brasil, tem se tornado raro...
Graham – Poucas. A loja onde trabalho tem mais de
vinte anos no mercado. Só tem duas lojas na cidade.
As outras fecharam. Trabalhar numa loja de discos
é ótimo!
Como acontecem os ensaios? Uma vez que vocês
moram em cidades diferentes...
Graham – É uma situação ainda nova. Porque
Corpse se mudou há quase um ano e, de Halifax para
Montreal, são 14 horas de carro! A gente não ensaia
nos finais de semana (risos)!
Tom – Estou em Montreal tem nove anos. Eu não
sou o primeiro baixista. E, no início, Graham não to-
cava bateria, tocava guitarra!
Qual o intervalo das turnês?
Graham - As turnês não são grandes, geralmente
em maio, julho ou setembro, e duram uns dez dias,
porque é quando a gente consegue conciliar trabalho,
estudos, etc., para viajar. Fizemos três turnês na pri-
mavera, por ser a melhor época.
Vocês estão trabalhando músicas novas? Tem
Previsão para lançamento?
Graham – Temos planos para um LP
Corpse – Não gosto de apressar o processo das
músicas. Vamos tirar um tempo para preparar o LP.
A primeira vez que gravamos foi muito corrido e
acabei não gostando de nada, nem das músicas, nem
das letras que fiz.
Com que freqüência vocês tocam no Canada?
Tom – A gente faz alguns shows durante o ano, prin-
cipalmente em Montreal e Halifax.
Graham – Não tocamos regularmente, como gos-
taríamos.
Como é a cena em Halifax? É uma cidade peque-
na, mas tem muitas bandas?
Graham – Halifax tem uma reputação de ter muitas
bandas, em todos os cantos da cidade! Tem uma es-
cola de artes onde as pessoas se encontram e mani-
festam variadas formas de criação, incluindo músi-
cas. A maioria dos instrumentistas tocam em cinco
ou mais bandas. Algumas bandas são mais ambicio-
sas e fazem turnês direto, e muitas vão para Montreal
porque Halifax é isolada. E as bandas de fora que
fazem turnês pelo Canada tocam em Montreal, mas,
dificilmente, elas vão para Halifax fazer um único
show. É muito tempo na estrada.
Tom – A cena em si tem muitos altos e baixos. As
bandas, mesmo de estilos diferentes, tocam juntas,
não existe uma segregação. É todo mundo junto, mas
isso se dá pelo fato de não ter muitas pessoas! (risos)
Então, não é uma escolha!
Brincadeira! (risos)
Graham – É que, na maioria dos lugares que co-
nhecemos, sempre tem aquele lance: “ah, eu não toco
com aquela banda”, ou “fulano vai tocar, não vou
ver”, coisas do tipo. A cidade é um ótimo lugar para
bandas famosas tocarem porque o público é muito
entusiasmado, pois nem todas as bandas caem na es-
trada até Halifax! Recentemente, tivemos um ótimo
show do Doom...
Atualmente está em baixa ou em alta?
Graham – Acho que no meio. É difícil de explicar...
Acho que está ok, mas não tem mais aquela explosão
de bandas que costuma fortalecer a cena.
Tem um selo de Seattle, Washington (atualmente
em Portland, Oregon), que lançou vocês. Como
aconteceu?
Graham – Foi na nossa primeira turnê pelos Estados
EDITORIAL
O quente e o frio. Das terras gélidas do Ca-
nadá (Napalm Raid) e da Islândia (Metalhead)
para o caldeirão efervescente das terras
paraibanas, com a tirinha de Val Fonseca,
Fantasma da Guerra com novo trabalho e o
Southern rock do Hard Trio guarabirense. Da
Argentina, o rockabilly dos Motorama, que
fizeram a festa no Psycho Carnival de
Curitiba este ano. Seguindo a mesma pega-
da, vindo de Natal, temos o Bop Hounds. Da
Itália, o estreante grind do Disconfort, co-
mentado por Fred, o mesmo que nos apre-
senta também uma ótima loja de discos em
Amsterdam. A aldeia de McLuhan é uma re-
alidade que todos os dias toma formas dife-
rentes em lugares inusitados. O que seria da
vida sem a música? O que seria a vida sem
a arte? A válvula de escape, tão necessária,
é criada por todos. Claro, os que dela neces-
sitam. Para os que estão nem aí para criar,
participar e divulgar, aquele belo foda-se!
Unidos em 2010. É um selo administrado por apenas
um cara, Nick (na página do selo um alerta: seja pa-
ciente, eu não sou a Amazon!) que encontramos em
Seattle durante a turnê.
Tom – Ele é o nosso cara que lança e distribui. A
maioria das pessoas compram nossos discos direto
no site do selo. E é ele também que fez a ponte para
a Europa. Ele tem contatos lá que também vendem
nossos discos.
Corpse – Nossa primeira gravação foi feita por nós
mesmos, no mais puro estilo DIY (faça você mes-
mo). Foi uma demo tape.
Tom – Nunca assinamos nada com o selo, o cara é
nosso parceiro. Como um quinto beatle (risos). Na
verdade, é como um irmão mais novo! Tem muitas
histórias engraçadas com o Nick!
Corpse, você escreve as letras, e a maior parte de-
las são sombrias, niilistas. O que te atrai para essa
abordagem?
Corpse – Tento evitar alguns temas diretamente
políticos. Creio ser a forma que encontro de soltar
minha raiva e indignação. Por exemplo, a música
Endless Walls, do Mindless Nation, é sobre um ami-
go que estava numa fase bem pesada da vida dele.
Muitas coisas ruins aconteceram, e ele não achava
uma saída.
Tem algum letrista ou escritor que lhe inspire em
particular?
Corpse – Na verdade, não tem ninguém em espe-
cial. Gosto muito das letras do Doom, mas gosto de
escrever minhas próprias letras, sem pensar em nin-
guém como influência.
Foto:OlgaCosta
3. 3
El Mariachi
BOP HOUNDS – S/T EP CD-R (RN) Vindo de Natal/RN, o The Bop Hounds tem se destacado no circuito independente e tocado
em festivais, como o Dosol. O som dos caras é uma insana viagem no tempo para a década de 50, fazendo uma parada nos anos 80
para ouvir um Stray Cats e descarregar um rockabilly de primeira com guitarra e baixo acústico, respeitando as tradições do estilo.
No Brasil, tudo que remete a esse tipo de som tem sido, erroneamente, sempre associado ao sul e ao sudeste, mas, se lembrarmos que,
nos anos 90, tivemos o Dead Billies, agora, com o Bop Hounds, podemos dizer que não é de hoje que o rockabilly e o psychobilly vão
muito bem por aqui no nordeste. Seria difícil destacar uma faixa, pois as músicas desse EP são realmente foda, tendo garantido, esse
ano, a participação de um festival nos EUA, voltado para o estilo, e bandas de todo mundo vão agitar seus topetes tocando bem alto.
A participação dos caras no festival Viva Las Vegas Rockabilly Weekend é fruto do trabalho deles, ralando pra fazer o que gostam
de fazer. Escute sem medo esse EP e tenha certeza de que, além de gostar, vai conhecer o som que estão se propondo a fazer. I.N.
FANTASMAS DA GUERRA - S/T CD-R (PB) Na década de 80, a banda conseguiu destaque nacionalmente, tendo participado
de uma coletânea em vinil chamada “Rock que Rola”, lançada pela Continental. Os Fantasmas da Guerra chegaram a tocar no
Circo Voador, junto com bandas como Titãs e Ratos de Porão. O tempo se passou, e, depois de anos parados, os caras voltaram
com o disco mais pesado que já fizeram. As influências de soul e do hip hop aos moldes dos também oitentistas do Gueto con-
tinuam, mas os metais, sempre presentes no início da banda, dão lugar à presença mais marcante das guitarras, mas sem perder
o groove do baixo de bateria presentes até nas faixas mais rápidas do disco. Algumas regravações em nova roupagem de músi-
cas de seu repertório autoral junto com novas faixas igualmente viscerais, como “Democracia”, “Prepotência” e “Conheço tudo
mas não sei de nada”, que abre o disco independente gravado no Photograma Áudio e Arte, com Silvio Wanderley no vocal,
Fábio Cavalcanti, guitarra e vocal, Marcus Williams, guitarra e vocal, Tatá Vaz, baixo e Mano De Carvalho na bateria. Desde
então, os Fantasmas seguem com a sua história a partir desse lançamento, realizando apresentações desse novo material. I.N.
DISCOMFORT – EP 12” WORST 2015 (ITALIA) Esse EP de estreia dos italianos do DISCOMFORT é uma verda-
deira obra de arte em termos de som verdadeiramente extremo. A brutalidade impera do início ao fim das 7 faixas que
compõem este one sided em vinil branco. O lado “mudo” apresenta um trampo em alto relevo lindíssimo. O fato de ser um
one sided nem atrapalha, pois o Grind com fortes influências Powerviolence, HC europeu e Metal extremo é algo tão mag-
nífico que a gente nem se deixa abalar por ter comprado um disco de “um lado só”. Da primeira faixa (Cycle of Annihilation)
à última (Suffer), nós somos massacrados prazerosamente por uma muralha sonora brutal e extrema, com uma qualidade de
gravação muito acima da média para o estilo. Excelentes letras altamente politizadas, encarte e pôster tornam o trampo ai-
nda mais bacana. Uma belíssima capa para embalar este grande destaque de 2015! Grind é sua praia? Corra atrás disso! (F.B.)
ALOHA HAOLE THE FUCKING SUMMER RAIN FUCKED UP MY VACATION EP CD-R (PI). Forma-
do em 2013 no Piauí, na cidade de Teresina, por Guilherme Muniz, o projeto começou no esquema one man band, onde o
cara criava tudo com guitarra e uma bateria eletrônica. Depois de lançarem “If You Wanna Dance” em 2014, os caras re-
tornam como power trio, com um arsenal de sons instrumentais insanos no melhor esquema surf punk, descendo ladei-
ra abaixo em alta velocidade. Em meio ao caldeirão tóxico de influências, sobra até espaço para uma pitada de stoner rock,
vertente que, atualmente, tem se tornado bem popular entre as bandas do meio alternativo, porém nada que torne o som dos
caras menos surf, tendo citações a Dick Dale, ao tema do Batman e do Missão Impossível, em uma única faixa que encer-
ra os 12:34 matadores do EP “The Fucking Summer Rain Fucked Up My Vacation”. Som instrumental, autoral, que só
me faz imaginar como seria um show dos caras com Mahatma Gangue, Bop Hounds, The Honkeers e Jubarte Ataca. I.N.
HARD TRIO – ROCK & CERVEJA EP CD-R PRINT 2015 (PB) O que é o Southern rock? Teoricamente, um subgênero do rock. No
entanto, carrega consigo o fato de representar uma cultura específica de uma região com uma herança cultural e histórica muito diversi-
ficada. Por isso, não é de se estranhar que três caras do interior do nosso Estado, na cidade de Guarabira, tenham abraçado o estilo para
traduzir o estado das coisas, que não estão enraizadas em um só lugar. Rock & Cerveja mostra de cara qual é a pegada do trio: guitarra
elétrica no talo acompanhada de um vozeirão a la Raul Malo, de Vinícius Andrade, para chegar chegando com tudo o que o rock tem
ainda para ser explorado pelos amantes do seu poder inovador. Fechando o trio, temos Neto Melo na bateria e Mazinho Santos no baixo.
Hard Trio estreia muito bem e traça, nas três músicas desse EP, o que eles ainda podem fazer com o Southern rock. O tempo dirá! O.C.
Enquanto isso, na redação...
MOTORAMA- RATAS DE CIUDAD CD 2014 (ARGENTINA) “Gracias por lafuerza”. Foram as palavras do simpático guitarrista do
Motorama, ditas depois de um show incrível no último Curitiba PsychoCarnival, após pegar essa deliciosa surpresa, não tão surpresa (já
tinha conferido o show). Um rockabilly pop de encher os olhos e ouvidos. O CD Ratas de Ciudad, da banda argentina Motorama,vem com
guitarras Telecaster sequinhas, sequinhas– e carisma para fazer Brian Setzer abrir um sorriso. Tentar comentar música por música desta
obra é maldade. São treze faixas festeiras. Falarei de I wantyoutowant me, música rockabillyzada com maestria pelo quarteto latino, uma
composição da banda CheapTrick de 1979, e depois coverizada pelo cantor country Dwight Yoakam, encontrando uma ponte onde tudo
fica numa “nice”. Dani (voz), Sam (guitarra),Lulo (baixo) e D. Rex (bateria) renovaram repertório e formação, como novo baixista e nova
vocalista (antes, o vocal era masculino). Se, para você, três músicas de um disco já paga o trabalho, sairá no lucro com o Motorama. A.S.
MICROFONIA
4. MICROFONIA4
Matou a Família e foi
ao Cinema
La Fete a Gigi
Direção : Alain Payet
Elenco: Silvia Saint, Dolly Golden
Ano: 2001
Foi com a dica do Richard (UPS Records) que eu
e minha esposa partimos em direção à Vijzelstraat
77, durante nossa última estadia em Amsterdam.
Lá conheceríamos a Independent Outlet, um misto
de skateshop e loja de disco. Chegamos um pouco
antes de a loja abrir e fomos para um pub recém-
inaugurado na mesma rua e bebemos umas cerve-
jas acompanhadas de uma batata frita comum por
aquelas bandas. Abastecidos, atravessamos a calça-
da e chegamos à loja, e, logo de cara, já avistei,
pela vitrine, vários discos maravilhosos! Meu lance
era os discos, mas é impossível ficar indiferente aos
demais produtos da loja: skates, camisas de bandas,
tênis, livros, revistas e, sobretudo, a decoração das
paredes recheadas de flyers de shows antigos de Hi-
rax, Corrosion of Conformity, Cryptic Slaughter,
D.R.I. e muito mais. Lugar lindo demais! A loja
é bem dividida e organizada, ficando a seção de
discos no lado esquerdo de quem entra, e é muito
foda! Muitos discos, preços honestos e uma varie-
dade de itens novos e de segunda mão Punk, Hard-
core e também coisas tipo Ska e Oi! Coisas mais
extremas, tipo Grind, Crust não são tão numerosas,
mas HC americano anos 80 é o que predomina entre
os inúmeros LPs e 7”s. Encontrei MUITA coisa pra
minha coleção, dentre as quais, um compacto duplo
do Poison Idea que procurava há anos. Out Cold,
Disorder, Cause forAlarm, Caustic Defiance, Verbal
Abuse... e até um split do Ação Direta eu peguei!
Eles têm uma programação semanal bastante varia-
da e, nas quartas, há apresentação de filmes ligados
a skate e música independente. Naquela semana,
a programação era um filme sobre a cena musical
independente em San Diego nos anos 80. Bem, a
loja tornou-se uma de minhas favoritas, sem dúvida!
Discos, camisas, flyers, revistas, etc. e tal, mas, se
você me perguntar qual a melhor coisa que encon-
trei dentro da Independent Outlet, eu respondo que
foi a simpatia dos funcionários e donos. Eu nunca
vi nada parecido e tão natural. Conversamos muito,
bebemos sucos, vinhos, trocamos ideias, batemos
fotos! Demais! Tinha cerveja também, mas eu es-
tava numa ressaca violenta e peguei leve. Anota aí:
Independent Outlet: Vijzelstraat 77, Amsterdam.
Estando um dia por aqueles lados, vale muito a vi-
sita. Certeza de que você não vai se arrepender. F.B.
Imagine um parque de diversões, onde a diversão
não é só brinquedos e maçãs do amor. Este é o ro-
teiro do filme La Fête à Gigi, que conta a história
de um casal, que, ao se perder em um parque, vive
as mais loucas fantasias. A começar pela garota,
interpretada por Silvia Sant, que, depois de fazer
um striptease em pleno palco do parque, é levada
para um camarim. Ao chegar lá, o dono do parque
oferece um trabalho, e ela cai no conto do vigário,
passando a fazer tudo o que ele quer – barba, ca-
belo e bigode. Vale lembrar que Silvia é uma das
atrizes pornôs que mais fizeram cenas anais nas
telas. Em outro local do parque, o namorado, por
sua vez, enquanto está à procura de sua garota per-
dida, encontra duas mulheres querendo realizar
suas fantasias antes de se casarem. Uma delas é a
Dolly Golden, por sinal, muito bonita! A fantasia
tem início com as duas se pegando, depois o cara
pega as duas (oh, cara de sorte!). No filme, ainda
tem Silvia transando com o mágico do parque, e o
namorado, com uma cartomante. Se você gosta de
loiras, vale a pena ver Silvia e Dolly em ação! B.L.
Atrás da Porta Verde
O ponto que se destaca dessa obra dramática é o
uso do heavy metal, que deixa de ser só uma trilha
sonora (com músicas do Megadeth, Judas Priest,
Tease, Savatage, Lizzy Borden), para ser o protago-
nista dessa história que fala da natureza humana,a
natureza da dor. A dor da perda de um ente querido
faz com que uma menina, interpretada pela atriz
Thora Bjorg Helga, encontre, no Black Metal, um
consolo e uma válvula de escape. A trama tem iní-
cio nos anos 80, e tudo se desenvolve uma década
depois, quando Hera passa a vestir camisetas do
Slayer e faz todas as péssimas escolhas possíveis. A
boa sacada do filme é não mostrar que o indivíduo,
que gosta de metal, seja um total imbecil, como
muitas obras hollywoodianas costumam fazer, vi-
deos exemplos de Os Cabeças de Vento e Quanto
mais Idiota Melhor.Mas as exceções é que fazem
a diferença, e a diferença dessa obra é mostrar que
todos passam por alegrias, tristezas e problemas,
encontrando soluções. No início, parece ser uma
obra soturna, no entanto, como diz o velho ditado:
não se deve julgar o livro pela capa. A personagem
Hera, em meio a toda sua revolta pela perda do
irmão, grava, num Taskam de fita cassete, as suas
músicas compostas numa Flying V e no mais puro
estilo DIY (Do It Yourself), propagado pelo Punk
Rock, distribuindo, então, suas gravações pelos
correios. O filme é muito bonito e mostra a reden-
ção, o amor e, principalmente, o poder da música.
Mostra exatamente parao que ela serve: celebrar,
amar e sentir emoção. Tudo que vivemos, de bom
ou ruim, passa um dia. Menos a emoção de ou-
vir uma guitarra distorcida no dez. Isso fica. A.S.
Metalhead
Direção: Ragnar Bragason
Elenco: Ingvar Eggert Sigurðsson,
Thora Bjorg Helga
Ano: 2013
Alta Fidelidade