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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 23 João Pessoa, outubro 2014
Distribuiçãogratuita
Não tem como separar Fred da sua banda Não Conformismo. No entanto, algumas ideias e ideais se misturam com o per-
fil de ambos. Fred, além de vocal, é colecionador de vinil, desde muito. Por conta dessa paixão criou um selo para lançar
material da NC em todos os formatos possíveis. Prestes a completar 44 anos, este cidadão, residente do município de Ma-
caé, Estado do Rio de Janeiro, criou um mundo onde a autenticidade impera, acima de todas as regras impostas. Nada
fácil, não é mesmo? Sendo assim, Não Conformismo, torna-se, até mesmo sem querer, a sua mais completa tradução!
do CD. Prefiro que meu trabalho seja propagado entre
10 pessoas que curtam o vinil, do que em mil que vão
colocar em qualquer lugar e esquecer que ele existe.
Por que lançar em vinil?
Sou suspeito em falar porque sou colecionador. O vi-
nil é algo assim: quem pega é alguém que valoriza
a arte. Acho que o CD é um ótimo cartão de visita
pra banda, para divulgar, mas o vinil é perpétuo.
Quem compra é quem ama, não só a matéria, mas
também irá prestar atenção na arte, na música que
se faz, que ao meu ver, a maioria das pessoas apre-
ciadoras de CD não presta atenção devida. E arte do
vinil é aquilo que você pode realmente apreciar e o
CD te resume a algo muito superficial. Copiando o
Discarga Violenta, o CD veio para facilitar o con-
sumismo. É muito fácil comprar CD, vinil já fica
um pouco mais restrito e eu respeito essa restrição.
Existe, atualmente, apenas uma fábrica de vinil no
país. Isso dificulta a manufaturação do produto?
Vou ser curto e grosso na resposta: eu tenho meios
de fazer o disco de vinil na República Tcheca, mas
e o frete para mandar de volta pro Brasil? É caro!
O disco fabricado aqui no Brasil não deve em nada
ao mais top lá de fora! Então, acho que vale a pena.
Não Conformismo tem na discografia, um LP
chamado Basta! e acabou de lançaroAutoflagelo da
Humanidade em compacto. Conte a sua história .
Não Conformismo surgiu em 1993, gravou uma fita
K7 em 94 chamada Caminhos por Liberdade que saiu
em vinil em 2004, por uma gravadora de metal, que
tinha uma subdivisão dedicada ao punk, pegou a fita
da qual perdeu-se duas músicas, Soldado Raso e um
cover do Minor Threat e lançou um compacto com
as restantes. Um dia ele chegou lá em casa e disse:
trouxe pra você! O compacto pronto, sem pedir au-
torização, nem nada, porque eu acredito que a arte
tem que ser propagada. Fizemos um show para o lan-
çamento desse compacto. Nesse show apareceu um
amigo nosso, Sidarta, que era um salva vida, curtia
som e era baterista, que para a banda não acabar disse
que entrava na banda. A gente aceitou. O Autoflagelo
tem uma história bem particular. Nós fizemos cinco
músicas, regravamos Descamisados que é uma músi-
ca de 93, a primeira da banda, fizemos uma versão
mais moderna, vamos dizer assim. Gravamos tudo ao
vivo e todos os donos de estúdio que gravamos até
hoje dizem a mesma coisa: “vocês são a banda mais
fácil que tem para gravar!”. Se o estúdio depender de
vocês, fecha! (risos). O NC vai ser sempre assim, no
dia que perder essa magia, perdeu a graça da parada.
Não tem uma história particular, exceto que perdemos
a primeira gravação. Porra, não tinha saco pra voltar e
gravar tudo de novo! Só que, há males que vem para o
bem! A regravação saiu muito melhor que a primeira.
Qual a diferença entre o Basta! e o Autoflagelo da
Humanidade?
O fato de ser colecionador de vinil te levou a ter
um selo? Ou ter um selo independe de ser um co-
lecionador?
Não, o selo existe por eu ser colecionador. Eu já não
tinha tanta facilidade de efetuar trocas. O vinil me
possibilitou um leque maior de opções de trocas.
Eu escrevia pros caras e dizia que tinha um CD... eu
tenho correspondentes que vendem CDs a um euro e
estão encalhados, mas tem Lps a preço de 10 euros
e vendem. Eu não penso primeiro no retorno finan-
ceiro. Tudo o que eu faço é de coração. Eu só venho
acumulando dívidas, mas eu prefiro fazer aquilo no
que acredito. É uma possibilidade que tenho de au-
mentar minha coleção com trocas. É uma certa van-
tagem fazer com que esse tipo de matéria, chegar ao
público restrito, infelizmente. Porque não fica aquela
coisa supérflua. O CD, o cara escuta, depois coloca no
computador, do computador para o MP3, do MP3 para
um pendrive que vai pra debaixo do armário! O vinil
o cara vai tomar conta! Eu digo por mim, que tenho
minha coleção, limpo, lavo e escuto meus discos.
No início, quando começou o boom do CD, o vinil era
contra aquilo. Hoje, passou a ser uma elitização desne-
cessária. O vinil nunca saiu de moda. Quem curte vinil
nunca deixou de coloca-lo debaixo do braço e atraves-
sou a cidade pra ouvir junto com um amigo. Hoje que-
rem transformar quem anda com um vinil debaixo do
braço em marciano! Não existe isso! Vinil é uma coisa
comum, nunca deixou de ser. Sumiu um pouco das
prateleiras e tornou-se mais caro devido ao sucesso
Fred - Inconformismo à flor da pele
MICROFONIA2
EXPEDIENTE
Editores:
Adriano Stevenson (DRT - 3401)
Olga Costa (DRT - 60/85)
Colaboradores: Josival Fonseca/Beto L./Erivan
Silva/Fred (Não Conformismo)/Igor Nicotina
Fotos/Editoração:Olga Costa
Ilustração:Josival Fonseca
Revisão: Juliene Paiva Osias
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
Facebook.com/jornalmicrofonia
Twitter:@jmicrofonia
Tiragem:5.000 exemplares
Todos os textos dos nossos colaboradores são as-
sinados e não necessariamente refletem a opinião
da redação.
Se existir alguma diferença... o Autoflagelo teve
mais tempo para ser elaborado. Se você prestar a-
tenção, irá notar que o Basta! tem falhas. A verda-
deira história da NC é a autenticidade. Isso é o que
a gente prega. Cantamos o que vem do coração,
no dia que isso não for natural a banda vai acabar!
O que te levou a estar onde você estar hoje?
Em 1983, eu vou fazer 44 anos, comecei a ouvir rock
muito cedo e minha maior influência foi Kiss. Eu os
vi na Tv e disse: é isso! Comecei a comprar meus
primeiros discos, matava aula... tem um disco que
me chamou a atenção e que tenho até hoje na minha
coleção foi o Highway to Hell do AC/DC. Uma vez,
eu estava indo para a praia, no ponto do ônibus, en-
contrei Deko, que me falou que estava indo ensaiar
e que a banda estava sem vocal. Eu tinha 14 anos
de idade. O meu teste foi um cover do SOD e os
caras falaram, passou! Pouco tempo depois, aprendi
quatro músicas, gravei uma demo chamada Des-
truição Metálica, que foi relançado em CD esse ano.
Os discos que foram primordiais para a minha for-
mação: Grito Suburbano e Crucificados pelo Sistema
(RDP). Mas o disco que chegou e falou assim: essa
é sua vida! Foi o EP Rajoitettu Ydinsota do Rattus
da Filândia, que foi lançado pela Punk Rock Dis-
cos, que comprei a primeira prensagem em 1982/83.
Você ainda tem esse disco?
Tenho. Não toco, não empresto, tenho medo de ar-
ranhar! (risos). Em 2001, eu descobri o endereço de
e-mail do baterista da Rattus, escrevi pra ele, dizendo
que o EP Rajoitettu Ydinsota tinha mudado minha
vida. Existe o Fred antes e depois desse disco. E eu
pensei: “esse cara nunca vai me responder, porra!”. O
cara respondeu e disse que as minhas palavras tinham
tocado o coração e me mandou fotos da excursão do
EP! O Fred que sou hoje é a soma desses discos, sem
esquecer o Fabião do Olho Seco e o livro veias A-
bertas da América Latina de Eduardo Galeano. O que
tenho na minha mesa de cebeceira hoje é Nada de
Novo no Front de Erick Maria Remarque. É aquilo
que o Olho Seco falava em Botas, Fuzis e Capacetes.
Você escreve apenas no momento em que vai
colocar a melodia ou você escreve sempre?
Eu escrevo sempre e já passo uma melodia que
tenho na cabeça para o resto da banda. A música
Fantoche do Basta! Eu escrevi direcionada para
uma pessoa, enquanto ia de casa pro trabalho e do
trabalho pra casa. Coincidência ou não, Marlon o
guitarrista chegou com uma base que encaixava
exatamente no que eu pensava. Foi super elogiada
pela Maximum Rock and Roll. Aliás, a banda fi-
cou em primeiro lugar durante o mês de março de
2012 na rádio Equalizing X Distort do Canadá, com
as músicas Justa Vingança e Instantes Covardes, e
eles não sabiam o que eu estava cantando. Depois
traduzi e eles passaram a gostar ainda mais da banda!
E Arte da Guerra?
A letra não é minha. Fiz questão de deixar ela
na íntegra, não mudar nada. É de um amigo meu
chamado José Aldo, que escreveu um livro de ficção
chamado o Reino das Cinzas, que hoje está em sé-
timo lugar nas vendas em Portugal. Ele participou da
banda Amnésia Moral, banda precurssora de punk/
hardcore na região dos lagos, do Estado do Rio.
Os discos que você citou como primordiais na
sua formação como artista, também foram im-
portantes quanto a sua forma de se expressar?
Com certeza! Antes de escutar esses discos, eu era
um cara limitado a ouvir bandas de metal. Quando
eu ouvi os discos que citei, percebi que o mundo
era muito mais que espadas e dragões! Foram pri-
mordiais, não só na minha formação como artista,
como membro da NC, mas também como homem.
Quem, atualmente, você cita como letrista?
Acho que tudo tem seu tempo, mas gostaria muito de
ter 15 anos com a cabeça que tenho hoje, para absor-
ver certas coisas, como por exemplo: Alucinação de
Belchior. Queria muito ter absorvido esse disco com
15 anos de idade. Além de Belchior eu cito Zé Ra-
malho. E na parada punk: Ariel, Fabio e Jello Biafra.
O que você pode falar sobre a cena hardcore de
Macaé?
Em primeiro lugar, eu não acredito na palavra cena.
O hardcore que sempre foi uma coisa contra o capi-
talismo, o mainstream, hoje é parte disso. Jamais
irei moldar o meu pensamento para poder participar
de cena X ou cena Y. Eu faço a minha parte, que é
lançar meu discos, acreditar e escrever e compactuar
com pessoas que tenham a mesma linha de pensa-
mento que eu tenho. Não faço parte de cena porque
não vou fazer pose, nem tipo (isso eu respondo pelo
NC). Se quiser nos convidar para participar de al-
gum show, beleza! Se não quiser, azar ou sorte sua.
Acho que é até sorte porque eu falo a verdade e já
queimei filme de muita gente falando a verdade
e vou continuar falando! A verdadeira consciên-
cia do homem está no travesseiro. Boto minha ca-
beça no travesseiro tranqüilo, sabendo que amanhã
ninguém vai me cobrar nada! Tudo o que eu faço
com o meu selo, as trocas que são para aumentar
minha coleção, não minto, mas eu não vou lançar
uma banda que eu não acredito apenas pelo fato de
vender bem. Prefiro ficar com um encalho do que
é verdadeiro, do que um falso que vende bastante!
EDITORIAL
Setembro de 2014 foi o mês mais puxado
para o Microfonia: na primeira semana
demos inicio, em parceria com a Usina
Cultural Energisa, ao Sessão Microfo-
nia, evento que acontecerá todo primeiro
sábado de cada mês. Na segunda semana
fomos à Natal (RN) participar do Festival
Amizade e Liberdade realizado pelo pes-
soal do N.T.E. com a nossa banquinha,
encontramos velhos amigos e fizemos
novos (leia-se: Flicts e Redstar). Na ter-
ceira semana seguimos rumo à terra da
garoa para o Ugra Zine Fest - evento que
reuni fanzineiros de todo Brasil. Na última
semana do mês recebemos nosso cola-
borador e parceiro Fred do selo Atitude
Consciente Records e vocal da Não Con-
formismo (RJ), que, de quebra, ainda
tascamos uma entrevista bacana, com o
colecionador de vinil mais casca grossa
de Macaé. É isso, às vezes nos pergun-
tam: vão tirar férias quando? Eu respon-
do pra mim mesmo- NUNCA! As nossas
férias são 365 dias por ano. Boa Leitura!
Vinil colorido, músicas nunca antes gravadas, faixas
de demo tape, edição limitada. Mas espere, há mais
opções: capas em cores diferentes para o mesmo dis-
co, vinil 180 gramas, a última faixa desta versão têm
5 segundos a mais que na versão original, etc! Tudo
em prol de disseminar um sistema cruel e predatório
de consumo. Colecionar vinil é algo saudá-vel, ou
pelo menos deveria ser. Mas a coisa está extrapolan-
do o ridículo. Deveria ser um hobby acima de qual-
quer coisa e não uma obsessão como vem ocorrendo
com muitos colecionadores que conheço. Ter todas as
versões de um mesmo álbum não fará de você mais
fã de determinada banda do que eu e vice versa. Na
moral, eu quero que se foda toda essa moda elitizada
que estão criando em cima do velho bolachão. Eu
quero é comprar um disco que eu goste, com músi-
cas que tenham sentido para meus ouvidos e minha
alma. Afinal, eu compro discos porque amo a música
e não porque tenho obsessão por acetato! Porra! Se
gostar de uma determinada banda e essa mesma
banda lança um disco merda, eu não vou comprar só
pra ter a coleção completa. Sem essa de querer com-
prar uma pancada de disco pra encher as prateleiras
e mostrar como o armário está lotado. Se tiver 50
discos no armário, eu realmente gosto dos 50. Since-
ramente não vejo sentido em colecionar vinil se não
for pra ouvir música que se goste. Muitos embarcam
nessa de “a volta do vinil”. Volta de onde? O vinil
nunca foi à parte alguma. Pra quem passou pratica-
mente a vida inteira ouvindo vinil não há nada mais
natural do que andar na rua com um disco debaixo do
braço pra ouvi-lo na casa de um amigo ou com um
pacote cheio de discos a caminho dos Correios para
enviá-los pra qualquer canto do mundo torcendo pra
que o destinatário não seja um rip off e que mais uma
troca de vinis seja concluída sem dores de cabeça!
Bem, eu continuo comprando meus discos e preten-
do fazer isso por muitos e muitos anos. Mas sempre
a música em primeiro lugar, nunca tendo o artefato
preto, colorido ou transparente com um furo no meio
como alvo de uma obsessão. Cuidado! Repense sua
coleção de vinil e veja se não está sobrando matéria
e faltando paixão nas prateleiras. Fica a dica: não se
deixe levar por modismos dessa sociedade consumis-
ta e na próxima visita à sua record store preferida,
escolha apenas aquilo que realmente curta e que não
vai apenas fazer volume no armário.. . Fui! F.N.C.
Alta Fidelidade
flickr.com/thestalker
MICROFONIA 3
Enquanto isso, fora da redação...
ALICE NO PAÍS DO LSD - SOM PUNGENTE PARAPESSOAS DESEQUILIBRADAS CD 2014 (BA)Uma capa com alguns en-
torpecentes e um aviso “inadequado para pessoas normais e felizes” despertaram a curiosidade. A primeira faixa “Cocalândia” é apenas
a primeira das 14 músicas com títulos provocativos e bizarros como “Câncer” e “E se Deus fosse cotó?”, que apresentam letras que fazem
jusassuasnomenclaturas.Letrassarcásticaseumasonoridadequepareceumamassasonorapesada,toscaearrastadona.Afaixa“E.M.O.”
se destaca como uma das melhores, junto com o quase hardcore de “Prazeres estranhos”, que no final cai pro peso arrastado novamente,
e “Tudo isso” que soa como um estranho surf noise com momentos hardcore. O som da banda é simples, mas não se engane, o que começa
quaseconvencional,terminanumalombraerradacomapsicodeliabarulhentaeparanóica,comoem“Desesperança”,queencerraesecolo-
cacomoamelhormúsicadodisco.Aproveiteeesqueçaamoderação,paraentenderaviagemsócaindonosexcessosjuntocomabanda.I.N.
JUVENTUDE MALDITA & FINAL FIGHT - QUEM DE MEDO CORRE, DE MEDO MORRE SLIT CD 2008 (SP)
Eis um trabalho muito legal. Juventude Maldita é um trio encabeçado por Bolão Jr. (baixo), Professor (bateria), Demente (gui-
tarra) e Sirilo (o resto). O punk rock é latente, tipo coisas clássicas, como Garotos Podres e Cock Sparrer. As letras falam do co-
tidiano, deixando claro que não podemos baixar a cabeça. Destaque para Foda-se a Lei (versão para Breaking the Law do Judas
Priest). Final Fight começam tocando punk rock, mas depois enveredam pelo hardcore. Formada por Chris Skepis (guitarra
e ex-Cock Sparrer), Fernanda Terra na bateria e Demente também baixista da Juventude Maldita. A maioria das músicas é canta-
da em inglês, destaque para Got Me on the Run que tem uma batida bem surf music. Contato: www.rebelmusic.com.br B.L.
LICENCIOSA - S/T CD-R 2014 (PB) Existem alguns artistas atuais que fazem uma MPB meio rock, ou seria um rock um
tanto MPB? Assim como o Seu Pereira e O Coletivo 401, Brasis e a banda Macumbia, conseguem unir a sonoridade acessí-
vel a um lado visceral, uma atitude rocker, que, no caso do Licenciosa, está bem mais presente do que nas antes citadas, ao li-
rismo de belas melodias. Abrem bastante espaço para guitarras e gritos passionais quando sua música pede por algum ex-
tremo. O baixo e a bateria formam uma cozinha de precisão cirúrgica e as guitarras e vocais se jogam numa celebração boêmia.
O EP, gravado no estúdio Mutuca, é uma boa amostra do clima que a banda reproduz ao vivo. Destaque para as músicas “Mu-
lher Neon” e “Quando você sai pra passear de mim”, onde as linhas que escrevi tentando definir o som da banda estão bem re-
presentadas em todos os pontos fortes reunidos nessas duas músicas. Integram o Licenciosa: Rojão Ramos (vocal/guitarra),
Edson (guitarra), Amadeus Araújo (baixo) e Marcondes Orange (bateria). Contato: http://tnb.art.br/rede/licenciosa I.N.
El Mariachi
4 WAY SPLIT - CD-R 2014 (BA) Quando se grava um split, a divulgação é muito mais fácil. Geralmente são duas ban-
das, mas aqui são quatro: Riiva da Filândia, Agressivos , Pastel de Miolos (que recentemente, lançou o CD “Nova Ideias Novos
Ideais”) e Derrube o Muro, todas de Salvador. A sonoridade das quatro bandas passa pelo hardcore, punk rock e crossover. Cada
bandas entrou com seis músicas inéditas , no total são vinte e quatro pancadas. A capa é em formato envelope com as logomar-
cas na capa. No encarte se encontra todas as informações a respeito das bandas. Recomendo a audição desse split em alto e bom
som, pois a qualidade da gravação é ótima! É a única forma de escutar esse CD! Contato: brechodiscos@gmail.com B.L.
HORDA PUNK – FAÇA AMOR NÃO FAÇA GUERRA CD-R 2014 (SC) Mais uma banda que faz um som legal, com uma
batida a La GBH, por sinal, poucas bandas seguem essa linha. A banda é formada por Bob (Contrabaixo), Crixian (bateria), Jean
Houly (vocal) e Tiagueto de Lara (guitarra). O CD é muito bem gravado. O vocal segue aquele estilo agressivo, porém bem
audível. Nas letras, além de português, tem também, letras em inglês e espanhol. As músicas de destques são: Conlutas (tem
uma pitada bem rock and roll), Revolução das Massas (que é um ska), Rio de Sangue e Que Pais Legal. O HP lançou também
um DVD - Horda Punk Turnê Pelo Nordeste, 67 minutos, 8 shows, 22 musicas e fotos. Contato: hordapunk@hotmail.com. B.L.
MICROFONIA4
O ChamadoAtrás da Porta Verde
Terra
Morta-
Tiago
Toy
Horror.
Editora:
Draco
224pgs.
R$ 40,00
Coletânea de seis cenas escolhidas pela própria Rac-
quel Darrian. O filme é bem produzido, com muito
requinte, numa atmosfera cotidiana: mulher esten-
dendo roupa, marido chegando em casa e transando
com ela em pleno quintal. Outra cena quente é a de
três garotas que ao tocar piano, resolvem se tocar. O
filme inclui, também, uma sequência com Savanna e
Tiffany Mynx, as duas são gostosíssimas! Racquel
ainda participou do filme Bonnie & Clyde 4, outra
grande produção que deu certo e vale a pena conferir.
O DVD da clássica banda Cólera,“Punhos & vozes
– Rasgando no ar“ foi gravado em Abril de 2011 na
famosa casa de shows punks de São Paulo - Hangar
110 e lançado pelo selo/loja Redstar e 13produções.
Abanda se apresenta no tradicional evento “Punk na
Páscoa” em sua 6ª edição e traz registros ímpares,
de tirar o fôlego do inicio ao fim na voz daquele que
“nunca ficará em vão!” O saudoso vocalista Redson
Pozzi, que infelizmente veio a falecer meses depois,
transparece em suas músicas a inquietude de viver
em um mundo onde não há paz, onde a violência
retira das pessoas a busca de uma convivência paci-
fica e unida uns com os ou-tros. A maioria das suas
letras retratam temas como a solidão e o inconform-
ismo, colocando de forma explicita que viver num
mundo hostil, pode fazer do ser humano o principal
envolvido na devastação que ocorre em nosso pla-
neta. O trio lendário interage de forma instigadora
com a platéia, essa que fez ressoar pelo Hangar as
letras cantadas em coro, inclusive pelo Roadie da
banda que toma o microfone e canta a última faixa
“Histeria”, dando uma pitada de sua voz. Hoje, para
a surpresa de muitos, o mesmo menino que cantava
todas as músicas ao pé das caixas de som, assume
os vocais da banda depois de uma perda tão signifi-
cativa e que parecia ser insubstituível. O DVD traz
também um belo encarte de 16 páginas, com be-
las imagens nos mais diversos momentos da banda
desde o inicio de sua jornada, em 1979. Produto in-
discutivelmente obrigatório na estante de qualquer
apreciador de música, seja punk ou não, pois, se
tratando de Cólera, o trio não deixa a desejar. F.V.
Deep Inside Racquel Darrian
Direção: Wesley Emerson
Elenco: Racquel Darrian, Tif-
fany Mynx, Savanna, Madison e
Patricia Kennedy (1994)
Uma obra literária de contos inspirada no livro ante-
rior “Terra Morta: Fuga” que reúne vários escritores
muito talentosos e que fazem a alegria de qualquer
fã da temática zumbi. Lembro de quando a primeira
temporada de Walking Dead começou e já notei logo
de cara que a série se tornaria a febre que se tornou,
e que a exemplo de Lost (existem várias semelhan-
ças) fãs espalhados pelo mundo fariam suas contri-
buições paralelamente. Toy foi além do que se espe-
rava, desenvolvendo o tema aqui em terras brasileiras
e abrindo um amplo leque de possibilidades muito
bem aproveitadas pelos escritores convidados. Pá-
gina após página, a imaginação rola solta, cada capí-
tulo termina com nossa mente cheia de imagens bem
descritas e ricamente detalhadas, nos fazendo pensar
que poderiam muito bem serem filmadas, não lá fora,
e sim aqui mesmo. Que tal, nosso próprio seriado de
zumbis? Parece um sonho distante, pois o custo de
uma produção dessas seria bem alto. Destaques para
os contos: “Encaixotando Natália” que faz referência
e reverencia ao David Lynch (Encaixotando Helena
é um longa dirigido pela filha dele) e nos deixa meio
confusos com o desenrolar, mas que no final quase
faz todo sentido. Na “A Última Sessão do Cine Gal-
axy” toda a ação do ataque dos errantes a um cinema
é tão bem escrita que se fosse virar um episódio de
série, já está tão mastigada que não teriam dificul-
dade de transpor para a tela. Também merece des-
taque “Pra fazer Sabão é que não é”, comovente e
tensa tentativa de um garoto de manter sua mãe que
já virou zumbi, bem alimentada e protegida. I.M.
DVD
Cólera
Punhos &
Vozes
Rasgando
no
Ar
Tempo:
59min.
R$ 35,00
Zumbilândia
Patrocínio
Se você gosta de filme tipo “playboy”, irá gostar
dessa história, que se passa numa galeria de arte,
cuja proprietária é Zara Whites, mas quem dá o tom
e não o Jerry, é Savannah, uma baixinha de corpo
perfeito, que dispensa comentários. Já a Sandra
Scream tem seios grandes e corpo devastador. Em
algumas cenas, impera um clima psicodélico, com
muitos efeitos. Destaque para a cena em que as ga-
rotas passam maquiagem nas partes íntimas! Como
já disse meu amigo Márcio: “a história é fraca,
mas vale a pena dá uma olhada nas garotas!” B.L.
Art of Desire
Direção: Andrew Blake
Elenco: Zara Whites,Racquel
Darrian, Savanna, e Sandra
Scream (1991)

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  • 1. MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 23 João Pessoa, outubro 2014 Distribuiçãogratuita Não tem como separar Fred da sua banda Não Conformismo. No entanto, algumas ideias e ideais se misturam com o per- fil de ambos. Fred, além de vocal, é colecionador de vinil, desde muito. Por conta dessa paixão criou um selo para lançar material da NC em todos os formatos possíveis. Prestes a completar 44 anos, este cidadão, residente do município de Ma- caé, Estado do Rio de Janeiro, criou um mundo onde a autenticidade impera, acima de todas as regras impostas. Nada fácil, não é mesmo? Sendo assim, Não Conformismo, torna-se, até mesmo sem querer, a sua mais completa tradução! do CD. Prefiro que meu trabalho seja propagado entre 10 pessoas que curtam o vinil, do que em mil que vão colocar em qualquer lugar e esquecer que ele existe. Por que lançar em vinil? Sou suspeito em falar porque sou colecionador. O vi- nil é algo assim: quem pega é alguém que valoriza a arte. Acho que o CD é um ótimo cartão de visita pra banda, para divulgar, mas o vinil é perpétuo. Quem compra é quem ama, não só a matéria, mas também irá prestar atenção na arte, na música que se faz, que ao meu ver, a maioria das pessoas apre- ciadoras de CD não presta atenção devida. E arte do vinil é aquilo que você pode realmente apreciar e o CD te resume a algo muito superficial. Copiando o Discarga Violenta, o CD veio para facilitar o con- sumismo. É muito fácil comprar CD, vinil já fica um pouco mais restrito e eu respeito essa restrição. Existe, atualmente, apenas uma fábrica de vinil no país. Isso dificulta a manufaturação do produto? Vou ser curto e grosso na resposta: eu tenho meios de fazer o disco de vinil na República Tcheca, mas e o frete para mandar de volta pro Brasil? É caro! O disco fabricado aqui no Brasil não deve em nada ao mais top lá de fora! Então, acho que vale a pena. Não Conformismo tem na discografia, um LP chamado Basta! e acabou de lançaroAutoflagelo da Humanidade em compacto. Conte a sua história . Não Conformismo surgiu em 1993, gravou uma fita K7 em 94 chamada Caminhos por Liberdade que saiu em vinil em 2004, por uma gravadora de metal, que tinha uma subdivisão dedicada ao punk, pegou a fita da qual perdeu-se duas músicas, Soldado Raso e um cover do Minor Threat e lançou um compacto com as restantes. Um dia ele chegou lá em casa e disse: trouxe pra você! O compacto pronto, sem pedir au- torização, nem nada, porque eu acredito que a arte tem que ser propagada. Fizemos um show para o lan- çamento desse compacto. Nesse show apareceu um amigo nosso, Sidarta, que era um salva vida, curtia som e era baterista, que para a banda não acabar disse que entrava na banda. A gente aceitou. O Autoflagelo tem uma história bem particular. Nós fizemos cinco músicas, regravamos Descamisados que é uma músi- ca de 93, a primeira da banda, fizemos uma versão mais moderna, vamos dizer assim. Gravamos tudo ao vivo e todos os donos de estúdio que gravamos até hoje dizem a mesma coisa: “vocês são a banda mais fácil que tem para gravar!”. Se o estúdio depender de vocês, fecha! (risos). O NC vai ser sempre assim, no dia que perder essa magia, perdeu a graça da parada. Não tem uma história particular, exceto que perdemos a primeira gravação. Porra, não tinha saco pra voltar e gravar tudo de novo! Só que, há males que vem para o bem! A regravação saiu muito melhor que a primeira. Qual a diferença entre o Basta! e o Autoflagelo da Humanidade? O fato de ser colecionador de vinil te levou a ter um selo? Ou ter um selo independe de ser um co- lecionador? Não, o selo existe por eu ser colecionador. Eu já não tinha tanta facilidade de efetuar trocas. O vinil me possibilitou um leque maior de opções de trocas. Eu escrevia pros caras e dizia que tinha um CD... eu tenho correspondentes que vendem CDs a um euro e estão encalhados, mas tem Lps a preço de 10 euros e vendem. Eu não penso primeiro no retorno finan- ceiro. Tudo o que eu faço é de coração. Eu só venho acumulando dívidas, mas eu prefiro fazer aquilo no que acredito. É uma possibilidade que tenho de au- mentar minha coleção com trocas. É uma certa van- tagem fazer com que esse tipo de matéria, chegar ao público restrito, infelizmente. Porque não fica aquela coisa supérflua. O CD, o cara escuta, depois coloca no computador, do computador para o MP3, do MP3 para um pendrive que vai pra debaixo do armário! O vinil o cara vai tomar conta! Eu digo por mim, que tenho minha coleção, limpo, lavo e escuto meus discos. No início, quando começou o boom do CD, o vinil era contra aquilo. Hoje, passou a ser uma elitização desne- cessária. O vinil nunca saiu de moda. Quem curte vinil nunca deixou de coloca-lo debaixo do braço e atraves- sou a cidade pra ouvir junto com um amigo. Hoje que- rem transformar quem anda com um vinil debaixo do braço em marciano! Não existe isso! Vinil é uma coisa comum, nunca deixou de ser. Sumiu um pouco das prateleiras e tornou-se mais caro devido ao sucesso Fred - Inconformismo à flor da pele
  • 2. MICROFONIA2 EXPEDIENTE Editores: Adriano Stevenson (DRT - 3401) Olga Costa (DRT - 60/85) Colaboradores: Josival Fonseca/Beto L./Erivan Silva/Fred (Não Conformismo)/Igor Nicotina Fotos/Editoração:Olga Costa Ilustração:Josival Fonseca Revisão: Juliene Paiva Osias E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com Facebook.com/jornalmicrofonia Twitter:@jmicrofonia Tiragem:5.000 exemplares Todos os textos dos nossos colaboradores são as- sinados e não necessariamente refletem a opinião da redação. Se existir alguma diferença... o Autoflagelo teve mais tempo para ser elaborado. Se você prestar a- tenção, irá notar que o Basta! tem falhas. A verda- deira história da NC é a autenticidade. Isso é o que a gente prega. Cantamos o que vem do coração, no dia que isso não for natural a banda vai acabar! O que te levou a estar onde você estar hoje? Em 1983, eu vou fazer 44 anos, comecei a ouvir rock muito cedo e minha maior influência foi Kiss. Eu os vi na Tv e disse: é isso! Comecei a comprar meus primeiros discos, matava aula... tem um disco que me chamou a atenção e que tenho até hoje na minha coleção foi o Highway to Hell do AC/DC. Uma vez, eu estava indo para a praia, no ponto do ônibus, en- contrei Deko, que me falou que estava indo ensaiar e que a banda estava sem vocal. Eu tinha 14 anos de idade. O meu teste foi um cover do SOD e os caras falaram, passou! Pouco tempo depois, aprendi quatro músicas, gravei uma demo chamada Des- truição Metálica, que foi relançado em CD esse ano. Os discos que foram primordiais para a minha for- mação: Grito Suburbano e Crucificados pelo Sistema (RDP). Mas o disco que chegou e falou assim: essa é sua vida! Foi o EP Rajoitettu Ydinsota do Rattus da Filândia, que foi lançado pela Punk Rock Dis- cos, que comprei a primeira prensagem em 1982/83. Você ainda tem esse disco? Tenho. Não toco, não empresto, tenho medo de ar- ranhar! (risos). Em 2001, eu descobri o endereço de e-mail do baterista da Rattus, escrevi pra ele, dizendo que o EP Rajoitettu Ydinsota tinha mudado minha vida. Existe o Fred antes e depois desse disco. E eu pensei: “esse cara nunca vai me responder, porra!”. O cara respondeu e disse que as minhas palavras tinham tocado o coração e me mandou fotos da excursão do EP! O Fred que sou hoje é a soma desses discos, sem esquecer o Fabião do Olho Seco e o livro veias A- bertas da América Latina de Eduardo Galeano. O que tenho na minha mesa de cebeceira hoje é Nada de Novo no Front de Erick Maria Remarque. É aquilo que o Olho Seco falava em Botas, Fuzis e Capacetes. Você escreve apenas no momento em que vai colocar a melodia ou você escreve sempre? Eu escrevo sempre e já passo uma melodia que tenho na cabeça para o resto da banda. A música Fantoche do Basta! Eu escrevi direcionada para uma pessoa, enquanto ia de casa pro trabalho e do trabalho pra casa. Coincidência ou não, Marlon o guitarrista chegou com uma base que encaixava exatamente no que eu pensava. Foi super elogiada pela Maximum Rock and Roll. Aliás, a banda fi- cou em primeiro lugar durante o mês de março de 2012 na rádio Equalizing X Distort do Canadá, com as músicas Justa Vingança e Instantes Covardes, e eles não sabiam o que eu estava cantando. Depois traduzi e eles passaram a gostar ainda mais da banda! E Arte da Guerra? A letra não é minha. Fiz questão de deixar ela na íntegra, não mudar nada. É de um amigo meu chamado José Aldo, que escreveu um livro de ficção chamado o Reino das Cinzas, que hoje está em sé- timo lugar nas vendas em Portugal. Ele participou da banda Amnésia Moral, banda precurssora de punk/ hardcore na região dos lagos, do Estado do Rio. Os discos que você citou como primordiais na sua formação como artista, também foram im- portantes quanto a sua forma de se expressar? Com certeza! Antes de escutar esses discos, eu era um cara limitado a ouvir bandas de metal. Quando eu ouvi os discos que citei, percebi que o mundo era muito mais que espadas e dragões! Foram pri- mordiais, não só na minha formação como artista, como membro da NC, mas também como homem. Quem, atualmente, você cita como letrista? Acho que tudo tem seu tempo, mas gostaria muito de ter 15 anos com a cabeça que tenho hoje, para absor- ver certas coisas, como por exemplo: Alucinação de Belchior. Queria muito ter absorvido esse disco com 15 anos de idade. Além de Belchior eu cito Zé Ra- malho. E na parada punk: Ariel, Fabio e Jello Biafra. O que você pode falar sobre a cena hardcore de Macaé? Em primeiro lugar, eu não acredito na palavra cena. O hardcore que sempre foi uma coisa contra o capi- talismo, o mainstream, hoje é parte disso. Jamais irei moldar o meu pensamento para poder participar de cena X ou cena Y. Eu faço a minha parte, que é lançar meu discos, acreditar e escrever e compactuar com pessoas que tenham a mesma linha de pensa- mento que eu tenho. Não faço parte de cena porque não vou fazer pose, nem tipo (isso eu respondo pelo NC). Se quiser nos convidar para participar de al- gum show, beleza! Se não quiser, azar ou sorte sua. Acho que é até sorte porque eu falo a verdade e já queimei filme de muita gente falando a verdade e vou continuar falando! A verdadeira consciên- cia do homem está no travesseiro. Boto minha ca- beça no travesseiro tranqüilo, sabendo que amanhã ninguém vai me cobrar nada! Tudo o que eu faço com o meu selo, as trocas que são para aumentar minha coleção, não minto, mas eu não vou lançar uma banda que eu não acredito apenas pelo fato de vender bem. Prefiro ficar com um encalho do que é verdadeiro, do que um falso que vende bastante! EDITORIAL Setembro de 2014 foi o mês mais puxado para o Microfonia: na primeira semana demos inicio, em parceria com a Usina Cultural Energisa, ao Sessão Microfo- nia, evento que acontecerá todo primeiro sábado de cada mês. Na segunda semana fomos à Natal (RN) participar do Festival Amizade e Liberdade realizado pelo pes- soal do N.T.E. com a nossa banquinha, encontramos velhos amigos e fizemos novos (leia-se: Flicts e Redstar). Na ter- ceira semana seguimos rumo à terra da garoa para o Ugra Zine Fest - evento que reuni fanzineiros de todo Brasil. Na última semana do mês recebemos nosso cola- borador e parceiro Fred do selo Atitude Consciente Records e vocal da Não Con- formismo (RJ), que, de quebra, ainda tascamos uma entrevista bacana, com o colecionador de vinil mais casca grossa de Macaé. É isso, às vezes nos pergun- tam: vão tirar férias quando? Eu respon- do pra mim mesmo- NUNCA! As nossas férias são 365 dias por ano. Boa Leitura! Vinil colorido, músicas nunca antes gravadas, faixas de demo tape, edição limitada. Mas espere, há mais opções: capas em cores diferentes para o mesmo dis- co, vinil 180 gramas, a última faixa desta versão têm 5 segundos a mais que na versão original, etc! Tudo em prol de disseminar um sistema cruel e predatório de consumo. Colecionar vinil é algo saudá-vel, ou pelo menos deveria ser. Mas a coisa está extrapolan- do o ridículo. Deveria ser um hobby acima de qual- quer coisa e não uma obsessão como vem ocorrendo com muitos colecionadores que conheço. Ter todas as versões de um mesmo álbum não fará de você mais fã de determinada banda do que eu e vice versa. Na moral, eu quero que se foda toda essa moda elitizada que estão criando em cima do velho bolachão. Eu quero é comprar um disco que eu goste, com músi- cas que tenham sentido para meus ouvidos e minha alma. Afinal, eu compro discos porque amo a música e não porque tenho obsessão por acetato! Porra! Se gostar de uma determinada banda e essa mesma banda lança um disco merda, eu não vou comprar só pra ter a coleção completa. Sem essa de querer com- prar uma pancada de disco pra encher as prateleiras e mostrar como o armário está lotado. Se tiver 50 discos no armário, eu realmente gosto dos 50. Since- ramente não vejo sentido em colecionar vinil se não for pra ouvir música que se goste. Muitos embarcam nessa de “a volta do vinil”. Volta de onde? O vinil nunca foi à parte alguma. Pra quem passou pratica- mente a vida inteira ouvindo vinil não há nada mais natural do que andar na rua com um disco debaixo do braço pra ouvi-lo na casa de um amigo ou com um pacote cheio de discos a caminho dos Correios para enviá-los pra qualquer canto do mundo torcendo pra que o destinatário não seja um rip off e que mais uma troca de vinis seja concluída sem dores de cabeça! Bem, eu continuo comprando meus discos e preten- do fazer isso por muitos e muitos anos. Mas sempre a música em primeiro lugar, nunca tendo o artefato preto, colorido ou transparente com um furo no meio como alvo de uma obsessão. Cuidado! Repense sua coleção de vinil e veja se não está sobrando matéria e faltando paixão nas prateleiras. Fica a dica: não se deixe levar por modismos dessa sociedade consumis- ta e na próxima visita à sua record store preferida, escolha apenas aquilo que realmente curta e que não vai apenas fazer volume no armário.. . Fui! F.N.C. Alta Fidelidade flickr.com/thestalker
  • 3. MICROFONIA 3 Enquanto isso, fora da redação... ALICE NO PAÍS DO LSD - SOM PUNGENTE PARAPESSOAS DESEQUILIBRADAS CD 2014 (BA)Uma capa com alguns en- torpecentes e um aviso “inadequado para pessoas normais e felizes” despertaram a curiosidade. A primeira faixa “Cocalândia” é apenas a primeira das 14 músicas com títulos provocativos e bizarros como “Câncer” e “E se Deus fosse cotó?”, que apresentam letras que fazem jusassuasnomenclaturas.Letrassarcásticaseumasonoridadequepareceumamassasonorapesada,toscaearrastadona.Afaixa“E.M.O.” se destaca como uma das melhores, junto com o quase hardcore de “Prazeres estranhos”, que no final cai pro peso arrastado novamente, e “Tudo isso” que soa como um estranho surf noise com momentos hardcore. O som da banda é simples, mas não se engane, o que começa quaseconvencional,terminanumalombraerradacomapsicodeliabarulhentaeparanóica,comoem“Desesperança”,queencerraesecolo- cacomoamelhormúsicadodisco.Aproveiteeesqueçaamoderação,paraentenderaviagemsócaindonosexcessosjuntocomabanda.I.N. JUVENTUDE MALDITA & FINAL FIGHT - QUEM DE MEDO CORRE, DE MEDO MORRE SLIT CD 2008 (SP) Eis um trabalho muito legal. Juventude Maldita é um trio encabeçado por Bolão Jr. (baixo), Professor (bateria), Demente (gui- tarra) e Sirilo (o resto). O punk rock é latente, tipo coisas clássicas, como Garotos Podres e Cock Sparrer. As letras falam do co- tidiano, deixando claro que não podemos baixar a cabeça. Destaque para Foda-se a Lei (versão para Breaking the Law do Judas Priest). Final Fight começam tocando punk rock, mas depois enveredam pelo hardcore. Formada por Chris Skepis (guitarra e ex-Cock Sparrer), Fernanda Terra na bateria e Demente também baixista da Juventude Maldita. A maioria das músicas é canta- da em inglês, destaque para Got Me on the Run que tem uma batida bem surf music. Contato: www.rebelmusic.com.br B.L. LICENCIOSA - S/T CD-R 2014 (PB) Existem alguns artistas atuais que fazem uma MPB meio rock, ou seria um rock um tanto MPB? Assim como o Seu Pereira e O Coletivo 401, Brasis e a banda Macumbia, conseguem unir a sonoridade acessí- vel a um lado visceral, uma atitude rocker, que, no caso do Licenciosa, está bem mais presente do que nas antes citadas, ao li- rismo de belas melodias. Abrem bastante espaço para guitarras e gritos passionais quando sua música pede por algum ex- tremo. O baixo e a bateria formam uma cozinha de precisão cirúrgica e as guitarras e vocais se jogam numa celebração boêmia. O EP, gravado no estúdio Mutuca, é uma boa amostra do clima que a banda reproduz ao vivo. Destaque para as músicas “Mu- lher Neon” e “Quando você sai pra passear de mim”, onde as linhas que escrevi tentando definir o som da banda estão bem re- presentadas em todos os pontos fortes reunidos nessas duas músicas. Integram o Licenciosa: Rojão Ramos (vocal/guitarra), Edson (guitarra), Amadeus Araújo (baixo) e Marcondes Orange (bateria). Contato: http://tnb.art.br/rede/licenciosa I.N. El Mariachi 4 WAY SPLIT - CD-R 2014 (BA) Quando se grava um split, a divulgação é muito mais fácil. Geralmente são duas ban- das, mas aqui são quatro: Riiva da Filândia, Agressivos , Pastel de Miolos (que recentemente, lançou o CD “Nova Ideias Novos Ideais”) e Derrube o Muro, todas de Salvador. A sonoridade das quatro bandas passa pelo hardcore, punk rock e crossover. Cada bandas entrou com seis músicas inéditas , no total são vinte e quatro pancadas. A capa é em formato envelope com as logomar- cas na capa. No encarte se encontra todas as informações a respeito das bandas. Recomendo a audição desse split em alto e bom som, pois a qualidade da gravação é ótima! É a única forma de escutar esse CD! Contato: brechodiscos@gmail.com B.L. HORDA PUNK – FAÇA AMOR NÃO FAÇA GUERRA CD-R 2014 (SC) Mais uma banda que faz um som legal, com uma batida a La GBH, por sinal, poucas bandas seguem essa linha. A banda é formada por Bob (Contrabaixo), Crixian (bateria), Jean Houly (vocal) e Tiagueto de Lara (guitarra). O CD é muito bem gravado. O vocal segue aquele estilo agressivo, porém bem audível. Nas letras, além de português, tem também, letras em inglês e espanhol. As músicas de destques são: Conlutas (tem uma pitada bem rock and roll), Revolução das Massas (que é um ska), Rio de Sangue e Que Pais Legal. O HP lançou também um DVD - Horda Punk Turnê Pelo Nordeste, 67 minutos, 8 shows, 22 musicas e fotos. Contato: hordapunk@hotmail.com. B.L.
  • 4. MICROFONIA4 O ChamadoAtrás da Porta Verde Terra Morta- Tiago Toy Horror. Editora: Draco 224pgs. R$ 40,00 Coletânea de seis cenas escolhidas pela própria Rac- quel Darrian. O filme é bem produzido, com muito requinte, numa atmosfera cotidiana: mulher esten- dendo roupa, marido chegando em casa e transando com ela em pleno quintal. Outra cena quente é a de três garotas que ao tocar piano, resolvem se tocar. O filme inclui, também, uma sequência com Savanna e Tiffany Mynx, as duas são gostosíssimas! Racquel ainda participou do filme Bonnie & Clyde 4, outra grande produção que deu certo e vale a pena conferir. O DVD da clássica banda Cólera,“Punhos & vozes – Rasgando no ar“ foi gravado em Abril de 2011 na famosa casa de shows punks de São Paulo - Hangar 110 e lançado pelo selo/loja Redstar e 13produções. Abanda se apresenta no tradicional evento “Punk na Páscoa” em sua 6ª edição e traz registros ímpares, de tirar o fôlego do inicio ao fim na voz daquele que “nunca ficará em vão!” O saudoso vocalista Redson Pozzi, que infelizmente veio a falecer meses depois, transparece em suas músicas a inquietude de viver em um mundo onde não há paz, onde a violência retira das pessoas a busca de uma convivência paci- fica e unida uns com os ou-tros. A maioria das suas letras retratam temas como a solidão e o inconform- ismo, colocando de forma explicita que viver num mundo hostil, pode fazer do ser humano o principal envolvido na devastação que ocorre em nosso pla- neta. O trio lendário interage de forma instigadora com a platéia, essa que fez ressoar pelo Hangar as letras cantadas em coro, inclusive pelo Roadie da banda que toma o microfone e canta a última faixa “Histeria”, dando uma pitada de sua voz. Hoje, para a surpresa de muitos, o mesmo menino que cantava todas as músicas ao pé das caixas de som, assume os vocais da banda depois de uma perda tão signifi- cativa e que parecia ser insubstituível. O DVD traz também um belo encarte de 16 páginas, com be- las imagens nos mais diversos momentos da banda desde o inicio de sua jornada, em 1979. Produto in- discutivelmente obrigatório na estante de qualquer apreciador de música, seja punk ou não, pois, se tratando de Cólera, o trio não deixa a desejar. F.V. Deep Inside Racquel Darrian Direção: Wesley Emerson Elenco: Racquel Darrian, Tif- fany Mynx, Savanna, Madison e Patricia Kennedy (1994) Uma obra literária de contos inspirada no livro ante- rior “Terra Morta: Fuga” que reúne vários escritores muito talentosos e que fazem a alegria de qualquer fã da temática zumbi. Lembro de quando a primeira temporada de Walking Dead começou e já notei logo de cara que a série se tornaria a febre que se tornou, e que a exemplo de Lost (existem várias semelhan- ças) fãs espalhados pelo mundo fariam suas contri- buições paralelamente. Toy foi além do que se espe- rava, desenvolvendo o tema aqui em terras brasileiras e abrindo um amplo leque de possibilidades muito bem aproveitadas pelos escritores convidados. Pá- gina após página, a imaginação rola solta, cada capí- tulo termina com nossa mente cheia de imagens bem descritas e ricamente detalhadas, nos fazendo pensar que poderiam muito bem serem filmadas, não lá fora, e sim aqui mesmo. Que tal, nosso próprio seriado de zumbis? Parece um sonho distante, pois o custo de uma produção dessas seria bem alto. Destaques para os contos: “Encaixotando Natália” que faz referência e reverencia ao David Lynch (Encaixotando Helena é um longa dirigido pela filha dele) e nos deixa meio confusos com o desenrolar, mas que no final quase faz todo sentido. Na “A Última Sessão do Cine Gal- axy” toda a ação do ataque dos errantes a um cinema é tão bem escrita que se fosse virar um episódio de série, já está tão mastigada que não teriam dificul- dade de transpor para a tela. Também merece des- taque “Pra fazer Sabão é que não é”, comovente e tensa tentativa de um garoto de manter sua mãe que já virou zumbi, bem alimentada e protegida. I.M. DVD Cólera Punhos & Vozes Rasgando no Ar Tempo: 59min. R$ 35,00 Zumbilândia Patrocínio Se você gosta de filme tipo “playboy”, irá gostar dessa história, que se passa numa galeria de arte, cuja proprietária é Zara Whites, mas quem dá o tom e não o Jerry, é Savannah, uma baixinha de corpo perfeito, que dispensa comentários. Já a Sandra Scream tem seios grandes e corpo devastador. Em algumas cenas, impera um clima psicodélico, com muitos efeitos. Destaque para a cena em que as ga- rotas passam maquiagem nas partes íntimas! Como já disse meu amigo Márcio: “a história é fraca, mas vale a pena dá uma olhada nas garotas!” B.L. Art of Desire Direção: Andrew Blake Elenco: Zara Whites,Racquel Darrian, Savanna, e Sandra Scream (1991)