SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 19
Baixar para ler offline
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Caderno de Resumos
II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
21 e 22/11/2022
Volume II – Número II
Novembro de 2022
IFILO - UFU
Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFU
Grupo de Estudos Cartesianos
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Resumos da II Jornada de Estudo Cartesianos da Pós-
Graduação UFU
Volume II – Número II
Novembro de 2022
IFILO – UFU
Organizadores:
Henia Laura de Freitas Duarte
Lucas Guerrezi Derze Marques
Suellen Caroline Teixeira
Revisores:
Henia Laura de Freitas Duarte
Lucas Guerrezi Derze Marques
Suellen Caroline Teixeira
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Apresentação
É com prazer que informamos que nos dias 21 e 22 de novembro ocorrerá a
II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação da UFU. Esse ano,
nossa Jornada fará parte do grupo de eventos que compõem a III Bienal de
Filosofia de Uberlândia. Evento esse que contará com inúmeras
participações de alguns dos nomes mais importantes da Filosofia nacional e
internacional.
A Jornada de Estudos Cartesianos foi pensada com o propósito de promover
um encontro entre os pesquisadores do pensamento de Descartes a fim de
que possam se familiarizar com o que vem sendo investigado sobre o filósofo
nos programas de pós-graduação em diversas universidades do país e fora
dele. O evento receberá 11 pesquisadores, em quatro mesas por dois dias. A
palestra de abertura será proferida pelo Padre Jean-Robert Armogathe.
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Comissão Organizadora
Henia Laura de Freitas Duarte
Lucas Guerrezi Derze Marques
Suellen Caroline Teixeira
II Jornada de Estudo Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Programa de Pós-Graduação em Filosofia-UFU
E-mail: ppgfilufu@ifilo.ufu.br e ppgfilufu@gmail.com
Maiores informações no site
https://jornadacartesiana.blogspot.com/
INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU)
Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125
Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica
Uberlândia - MG - CEP 38408-100
Telefone: (55) 34 3239-4185
http://www.ifilo.ufu.br/
3
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Programação
Primeiro encontro: 21 de novembro, segunda-feira
10h – Palestra de abertura:
- Jean-Robert Armogathe
État présent des études cartésiennes em France et em Italie
*Jean-Robert Armogathe é diretor de estudos emérito da École pratique de hautes
études (Sorbonne). Cofundador do Centre d’études cartésiennes (Paris) e do Centro
di studi su Descartes e il Seicento (Lecce). Publicou inúmeras obras sobre Descartes
e os cartesianos, bem como a edição de numerosos textos (mais recentemente a
Correspondance de Descartes, dois volumes, Folio - Gallimard). Ele fundou e dirigiu
o Bulletin cartésien por muitos anos e publicou a Bibliographie cartésienne com
Vincent Carraud (1960 - 1996).
14h - mesa 1:
- Carmel Ramos
Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática
- Rafael Teruel Coelho
Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um
problema metafísico
- Carmine Taddeo
La nature de l’homme dans Descartes
16h - mesa 2:
- Ana Cláudia Teodoro Sousa
A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico
cartesiano
- Geder Paulo Friedrich Cominetti
A moral por provisão como etapa das Meditações
- Lucas Guerrezi D. Marques
O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii
4
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Segundo encontro: 22 de novembro, terça-feira
09h mesa 3:
- Henia Laura de Freitas Duarte
As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes
- Tiago de Lima Castro
A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento
10:30h mesa 4:
- Francesco Paolo Gallotta
Science moderne et nominalisme
- Mattia Galati
L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse
avec Descartes
- Suellen Caroline Teixeira
As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios
5
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Sumário
Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico
cartesiano........................................................................................................................06
Ana Cláudia Teodoro .....................................................................................................06
Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática..........07
Carmel da Silva Ramos ..................................................................................................07
La nature de l’homme dans Descartes .........................................................................08
Carmine Taddeo..............................................................................................................08
Science moderne et nominalisme..................................................................................09
Francesco Paolo Gallotta................................................................................................09
A moral por provisão como etapa das Meditações......................................................10
Geder Paulo Friedrich Cominetti ..................................................................................10
As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes ............12
Henia Laura de Freitas Duarte...............................................................................12
O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii......................................13
Lucas Guerrezi Derze Marques ......................................................................................13
L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse avec
Descartes.........................................................................................................................14
Mattia Galati .....................................................................................................................14
Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um
problema metafísico.......................................................................................................15
Rafael Teruel Coelho .....................................................................................................15
As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios
.........................................................................................................................................16
Suellen Caroline Teixeira ..............................................................................................16
A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento..................................17
Tiago de Lima Castro .....................................................................................................17
6
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico
cartesiano
Ana Cláudia Teodoro Sousa
Doutoranda UFMG
Fundamentalmente, o que se sabe sobre o Studium Bonae Mentis – Estudo do Bom
Senso ou Arte de Compreender Bem (Baillet II, 406) –, tem origem naquilo que Baillet
conservou dessa obra em La Vie de Descartes. Esse tratado escrito em latim que Descartes
teria “levado bastante longe”, era composto de
considerações sobre o desejo que nós temos de saber, sobre as ciências, sobre
as disposições do espírito para aprender, sobre a ordem que devemos manter
para adquirir a sabedoria, isto é, a ciência com a virtude, conjugando as funções
da vontade com aquelas do entendimento. (Baillet II, 406)
Tomando como base esse sumário que Baillet faz do conteúdo do Studium e levando em
consideração os excertos conservados pelo biógrafo, propomos identificar as linhas de
continuidade que são apresentadas nesse tratado da juventude e que permanecem dentro
do pensamento de Descartes até a maturidade. Nossa apresentação, nesse sentido,
pretende abordar três tópicos principais: 1) o programa principal de Descartes que procura
compreender o bom senso; 2) a ordem e um possível esboço do método; e, por fim, 3) o
interesse duplo de Descartes que, além de investigar problemas científicos, empenha-se
em questões morais. Baseado nessa exposição, argumentaremos que o Studium Bonae
Mentis é um escrito crucial para reconhecer os dilemas que se apresentam a Descartes em
sua juventude, momento em que ele se depara com dificuldades que precisam ser
resolvidas, mas sobre as quais ele ainda não tem condições de solucionar. Nossa intenção,
por fim, é retratar o jovem Descartes, este que está começando a filosofar, desejando
“abrir um caminho inteiramente novo” (Baillet II, 406) que o levasse a sabedoria e que
também já pressente que o entendimento é fundamental para qualquer ciência possível, o
que será de fato realizado nas Regras e na instauração do cogito.
7
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática
Carmel Ramos
Doutora e Docente UFRJ
Já foi observado pela literatura especializada o comprometimento da moral
cartesiana com certo ideal heroico de domínio das circunstâncias da vida, tão bem
representado pelos personagens das tragédias de Pierre Corneille, dramaturgo
contemporâneo do autor. Jean-Marie Beyssade – num artigo de 1991 intitulado «
Descartes et Corneille ou les démesures de l’ego » –, assim como, mais recentemente,
Vinicius Figueiredo – em seu livro A paixão da igualdade. Uma genealogia do indivíduo
moral na França, de 2021 –, apontam para o modo como a liberdade cartesiana se associa
ao ideal aristocrático de imposição e afirmação da vontade soberana diante das
vicissitudes do mundo. Meu objetivo, nessa apresentação, é contrapor tal moralidade
aristocrática à postura melancólica manifestada por Elisabeth da Boêmia em sua
correspondência com Descartes. Minha hipótese é a de que Elisabeth possui
questionamentos importantes a este indivíduo moral, que talvez possam ser remetidos,
em última análise, a uma crítica de gênero
8
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
La nature de l’homme dans Descartes
Carmine Taddeo
Doutorando Università del Salento / Sorbonne Université
L’intérêt de Descartes pour l’homme et sa définition transparaissent dans toutes
ses œuvres, bien qu’il ne traite pas ce thème de manière systématique et continue. On
pourrait presque dire, en fait, qu’il n’a pas besoin de consacrer un travail entier à un tel
sujet simplement parce que, d’une certaine manière, chacun de ses écrits tente
d’approfondir un aspect particulier de l’homme, que ce soit la physiologie, la médecine,
la nature de l’homme ou autre. Ma recherche, donc, se structure en deux parties
différentes : la première, de caractère strictement philologique, a pour objectif une
comparaison entre les différentes éditions françaises et latines de L’Homme, œuvre
physiologique inachevée du philosophe. En revanche, dans la deuxième partie, on
s’efforcera de répondre à la question philosophique centrale de ma recherche, c’est-à-dire
de voir : a) si chez Descartes est effectivement présente la question : quelle est la nature
de l’homme ? b) quelle est éventuellement sa réponse. L’enquête vise à intégrer l’analyse
de la physiologie avec les textes métaphysiques, dans la conviction que la réflexion
physiologique de Descartes ne peut pas se constituer de manière indépendante de la base
métaphysique. La physiologie, en fait, peut être considérée le point de départ pour
comprendre ce qu’est la nature de l’homme ; cependant, il faut se demander si c’est aussi
le point d’arrivée
9
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Science moderne et nominalisme
Francesco Paolo Gallotta
Doutor Università del Salento / Sorbonne Université,
Professeur au Boston College
Cette intervention porte sur l'interprétation heideggérienne des présupposés
historiques de la science cartésienne moderne. En particulier, je voudrais illustrer le rôle
que, selon Heidegger, le nominalisme a joué dans la fondation de la science
“mathématique”.
Comme on le sait, au fond de la méthode expérimentale est présent un projet
fondamental à partir duquel la réalité se montre dans une façon essentiellement différente.
La « chose », qui est au fond du projet mathématique de la nature, de même que le temps
absolu et l’espace absolu newtonien, ont leur signification dans le projet, et non pas dans
une connaissance empirique. Mais ce projet n'est plus celui du platonisme médiéval. La
recherche des lois générales dans la moderne science mathématique de la nature ne peut
pas être identifiée avec l’ordre du monde selon l’universel de la doctrina médiévale. Ce
n’est pas possible, par exemple, lire les concepts de légalité et de nature, qui commencent
à être en vigueur seulement dans la moderne science mathématique, en continuité avec
les concepts médiévaux de genera et universalia. C'est le nominalisme, selon Heidegger,
qui rend possible, de manière indirecte, le nouveau projet de la nature. Alors que
l’universel dans la doctrina médiévale est le point de départ pour le savoir et il incombe
sur l’étant conçu comme particulier, dans la science mathématique le point de départ c’est
l’étant en tant que singulier et l’hypothèse que l’on formule c’est en vue d’une explication
suffisante pour celui-ci. Le bouleversement total provoqué du nominalisme, dans le
contexte de la querelle des universaux, ne tient pas seulement à l’affirmation de la réalité
linguistique et du caractère uniquement représentatif de l’universel. Au contraire, cette
mutation semble être possible lorsqu’on a dépassé la conception qui, en opposant l’étant
à son être, conçoit la « participation », c’est-¬à-¬dire la coïncidence seulement partielle
du particulier effectif avec l’universel. C’est grâce à la révolution du nominalisme que le
« monde » devient pour la première fois possible et réel. Cette interprétation empêche
ainsi de considérer la science moderne dans le cadre d'un processus de sécularisation des
doctrines métaphysiques ou religieuses. Mais en même temps, elle permet de saisir le
caractère intrinsèquement métaphysique, mais particulier, du projet moderne de la nature.
10
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
A moral por provisão como etapa das Meditações
Geder Paulo Friedrich Cominetti
Doutorando UNIOESTE
Docente no IFPR
Nesta comunicação, defendemos a tese de que a moral desenvolvida no Discurso
do Método serve de etapa preparatória às reflexões contidas na parte sequente dessa obra,
cujo tema é revisitado nas Meditações de Filosofia Primeira. Notamos a tendência de os
intérpretes tomarem a moral contida no Discurso como tema tratado à parte das reflexões
sobre a filosofia primeira de Descartes (Teixeira, 1990). Esse tratamento à parte da moral
pode ser influenciado pela circunscrição temática seccionada pelo próprio Descartes, tal
como recebemos o Discurso (Gueroult, 1966). Todavia, não nos parece haver tratativa
justificada de que a terceira parte do Discurso é um tratado moral (Kambouchner, 2008).
Aliás, nos impressiona a criatividade que alguns autores põem à lume quando se dedicam
a costurar passagens daqui e dali forjando esperanças de reencarnar a letra cartesiana em
suas próprias palavras. Partem da hipótese que de ali há uma moral a serviço da felicidade,
e formam tecido dessa hipótese com retalhos do tratado das Paixões da Alma e de algumas
cartas privadas em que Descartes figura correspondente (Renault, 2000). Nos parece
lúcida outra hipótese, da qual partimos para auferir nova interpretação: a moral ali contida
não serve à felicidade dos homens, mas à felicidade como fim daquele que se ocupa das
ciências. Assim, a felicidade deste sujeito não passa de alegria em prestar bem o seu
ofício; a moral não se destaca do Discurso como um tratado à parte, mas como uma etapa
fundamental das reflexões acerca da Filosofia Primeira que a segue e; por fim,
justificamos a tradução literal da expressão francesa “morale par provision”, alçada pelo
próprio pensador, acusando, assim, a interpretação na tradução portuguesa do termo, que
desvia seu mais profundo significado. Para obter tais conclusões, nos fiamos na
interpretação literal do texto do Discurso apontando como a moral vai, gradativamente,
encaminhando seu autor ao repouso e à solidão que narra imediatamente no início das
Meditações. Justificamos a aproximação entre a terceira parte do Discurso e a primeira
Meditação a partir da ideia de que as Meditações revisitam e desenvolvem a quarta parte
do Discurso como um tratado à parte. No caso, Descartes afirma ter escrito esse tratado
de filosofia primeira no Discurso, e omite qualquer menção a um tratado moral à parte
dessa obra. Por fim, nos recolhemos de apresentar de modo aprofundado a hipótese que
descartamos de saída, i.e., de que a moral deve ser interpretada e recebida como moral
provisória. Porque assistimos à reiteração dessa hipótese que mais se fortalece por
11
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
repetição que por fundadas razões, partimos do seu afrontamento pelo aprofundamento
de nossa tese que lhe é contrária, o que faz desta nossa comunicação fonte estéril àqueles
que buscam nova expressão para antigas reflexões.
12
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes
Henia Laura de Freitas Duarte
Doutoranda UFU/UNICAEN/CAPES-COFECUB
O trabalho tem como principal objetivo mostrar a influência de Beeckman na
carreira intelectual de Descartes, além de apontar a importância do encontro entre ambos
para a escrita do Compendium musicae, em 1618, surgindo então a primeira oportunidade
para que Descartes elaborasse suas concepções acerca da Música e os seus fenômenos
sonoros.
Inicialmente, faremos uma apresentação de Beeckman, assim como o seu primeiro
encontro com Descartes. Em seguida, mostraremos a importância das pesquisas feitas por
Beeckman, no interior do que Descartes nomeia de “físico-matemático”. Notadamente
quatro anos antes desse encontro, por volta de 1614, Beeckman já havia se interessado
por Música, malgrado não ter publicado nenhum livro, tudo o que pesquisava era
divulgado em seu Journal, assim como os pensamentos de outros cientistas de sua época.
Posteriormente, para melhor apresentarmos a teoria do som, que foi elaborada e
formulada por Descartes, e para obtermos a compreensão necessária, é preciso apresentar
os pontos em que eles concordavam e discordavam. Para concluir, propomos uma
explicação que demonstra em qual medida os estudos e pesquisas de Beeckman
contribuíram para o pensamento cartesiano sobre a Música e também sobre as
matemáticas, influenciando assim os primeiros escritos de Descartes.
13
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii
Lucas Guerrezi D. Marques
Mestrando UFU/CAPES
O ingenium é um daqueles termos utilizados ao longo da história da filosofia que
possuem significados enigmáticos. Seu uso era comum em grande parte dos autores da
escolástica, do renascimento e do início da modernidade, entretanto, sua conceitualização
de forma sintética era praticamente inexistente. Na obra cartesiana e em sua bibliografia
especializada, observamos uma situação parecida. Infelizmente, são raras as
interpretações que tomam o ingenium como objeto de estudo privilegiado. Desse modo,
dispomos como objetivo para essa comunicação apresentar uma breve conceitualização
do termo ingenium com base nas Regulae ad directionem ingenii. Veremos que lá,
Descartes nos apresenta uma prototeoria fisiológica do processo cognitivo. Com o
objetivo de nos expor sua teoria da percepção, Descartes nomeia explicitamente todas as
faculdades aptas a realizarem esse processo. Notar-se-á aí, que o intelecto não é a única
faculdade utilizada para a realização de tal exercício, mas, pelo contrário, que todas as
“forças” do ingenium humano podem de alguma maneira auxiliá-lo. Nesse sentido, cada
faculdade possuirá uma função específica, e cabe ao ingenium utilizá-las da melhor
maneira. Desse modo, explicitaremos o ingenium, principalmente, como aquilo que
designa o conjunto das capacidades inatas de um indivíduo qualquer, e abordaremos
também todas as outras possíveis significações desse termo na referida obra.
14
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse
avec Descartes
Mattia Galati
Doutorando Università del Salento / Sorbonne Université
La Disquisitio Metaphysica, publiée en 1644, contient les textes du célèbre débat
qui eut lieu entre Gassendi et Descartes sur les Meditationes cartésiennes (1641).
Les chercheurs ont considéré les écrits de Gassendi contenus dans l’œuvre, c’est-
à-dire les Quintae Objectiones, déjà publiées en annexe à la première édition des
Meditationes, et les Instantiae, rédigées un peu plus tard, dans la même année, en réponse
aux Quintae Responsiones de Descartes, comme des écrits de nature exclusivement
polémique.
En conséquence, pour reconstituer un cadre de la pensée gassendienne, on a fait
référence principalement aux œuvres systématiques. Il a semblé qu’il fallait privilégier
ces dernières, à cette fin, par rapport aux apologies ou aux commentaires des philosophes
antiques et par rapport aux écrits polémiques contre les contemporains.
Il faut cependant constater qu’en de nombreuses occasions Gassendi, à l’intérieur
de la Disquisitio, réussit à échapper aux limites imposées par la fin explicite et déclarée,
à savoir la présentation de criticités et d’objections à la philosophie cartésienne, en y
insérant de nombreuses expositions de ses propres thèses.
L’approche à l’étude de la pensée de Gassendi dont, dans ma communication,
j’entends décrire les particularités, consiste à considérer la Disquisitio non pas comme un
écrit de nature exclusivement polémique, mais aussi comme un instrument qui enregistre
les positions philosophiques propres de l’auteur au cours des années de la critique à
Descartes.
Dans la deuxième partie de ma communication, je donnerai un essai de cette
approche. Je montrerai que, dans ses écrits contenus dans la Disquisitio Metaphysica,
Gassendi offre une exposition, bien que non systématique en raison du contexte littéraire
dans lequel elle s'inscrit, d'une des thèses fondamentales de son empirisme : la traçabilité
de toutes sortes d'idées à une nature adventice.
15
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um
problema metafísico
Rafael Teruel Coelho
Doutorando USP
Inúmeras passagens da correspondência de Descartes e a princesa da Boêmia
atestam que Elisabeth era uma nobre desventurada e melancólica. A princesa palatina
sofria de transtornos psicossomáticos, próprios de um espírito tomado pelos negros
vapores da bile, cujas consequências para a vida prática da monarca se agravavam ainda
mais em virtude das debilidades de seu corpo. Uma vez cônscia do papel relevante que
sua alma desempenhava em suas desordens orgânicas, Elisabeth decide escrever a
Descartes almejando descobrir como a alma poderia mover o corpo, de modo que ela
pudesse, pela força da virtude de seu espírito, direcionar sua vontade à cura de suas
doenças. É justamente por isso que, a partir da formulação de um problema metafísico
(aquele da relação mente/corpo), vemos germinar uma espécie de terapêutica filosófica
que se desenvolveu por meio de uma troca epistolar, cujos principais aspectos serão
tratados na presente comunicação.
16
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios
Suellen Caroline Teixeira
Doutoranda UFU (FAPEMIG) / UNIVERSITÉ CAEN NORMANDIE (CAPES)
Na Carta-Prefácio aos Princípios da Filosofia Descartes afirma que o primeiro
grau de sabedoria, do qual dependem todos os outros, são noções muito evidentes, aceitas
pelo intelecto imediatamente, sem qualquer esforço meditativo, “o primeiro grau contém
apenas noções que são tão claras em si mesmas que podem ser adquiridas sem meditação”
(DESCARTES, 2008, p.413). Nos Princípios ele explica que tudo o que podemos
perceber vem de duas origens, ou estão fora do nosso pensamento ou existem somente
dentro do nosso pensamento (P I §47, §48 e §49). As coisas que estão fora do nosso
pensamento para serem conhecidas são acessadas pelos sentidos, que ele situará no
segundo grau de sabedoria. Portanto resta apenas concluir que as coisas que já estão em
nosso pensamento são as únicas que podemos encontrar no primeiro grau de sabedoria.
Dentre essas coisas, estão as naturezas simples/noções simples ou simplíssimas que
provém unicamente do intelecto puro são noções irredutíveis, como o número ou a
substância. Além delas, as verdades eternas têm sua sede na mente e algumas são noções
comuns ou axiomas, como: é impossível que o mesmo seja e não seja ao mesmo tempo,
o que foi feito não pode não ter sido feito; a partir do nada nada vem a ser etc. (P I §49).
Noções simplíssimas e verdades eternas/noções comuns são inatas, imutáveis e universais
e, por isso, absolutamente evidentes. O conhecimento que provém do nosso próprio
intelecto é o mais seguro que temos acesso e, por isso, o primeiro grau de sabedoria, que
antecede tanto a experiência sensível quanto a própria experiência reflexiva do intelecto.
17
Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU
A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento
Tiago de Lima Castro
Doutor UNESP
A obra de Descartes tem sido continuamente estudada desde o século XVII em
suas diversas temáticas. É costumaz que a metafísica e o problema do método sejam os
fios condutores na pesquisa e interpretação de suas obras, pela influência na história da
filosofia e da ciência modernas destas. A música é um caso peculiar por ser objeto do
Compendium musicæ, sua primeira obra, antecedendo seus textos principais, porém,
sendo uma primeira experiência do método. O texto enuncia que a motivação de lacunas
na obra é devido a necessidade de maior conhecimento dos movimentos da alma, sua
relação com o corpo e as paixões. O interesse por música é perceptível por ter continuado
em sua correspondência, sendo partícipe do desenvolvimento do pensamento cartesiano
ao ter ideias inicialmente discutidas na temática musical aparecerem em obras como em
O homem e As paixões da alma. Todavia, este é um tema marginal nos estudos
cartesianos, mesmo em trabalhos específicos sobre o desenvolvimento das ideias de
Descartes ao longo de seus textos.
Mesmo o compêndio e parte da correspondência sobre música ter circulado no
século XVII, sendo referenciado em discussões estéticas e musicais do XVIII, somente a
partir do XX que ocorre um aprofundamento nesta temática, principalmente com os
esforços de publicar suas obras completas.
Com a análise deste histórico, propomos uma hipótese para explicar o
esquecimento da música nos estudos cartesianos. A análise deste histórico permite
aferirmos os desafios intrínsecos a esse campo de pesquisa.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Caderno de Resumos Jornada.pdf

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)Rodrigo De Oliveira Reis
 
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdf
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdfPauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdf
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdfJoão Soares
 
1533 5609-2-pb
1533 5609-2-pb1533 5609-2-pb
1533 5609-2-pbgrazi87
 
Reflexões sobre questões ultimas da vida
Reflexões sobre questões ultimas da vidaReflexões sobre questões ultimas da vida
Reflexões sobre questões ultimas da vidaMagno Paganelli
 
Reale, miguel experiência e cultura
Reale, miguel   experiência e culturaReale, miguel   experiência e cultura
Reale, miguel experiência e culturaRondinelle Salles
 
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaK leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaMagali Kleber
 
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaK leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaMagali Kleber
 
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMES
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMESOBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMES
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMESRonaldo Novaes
 
Marcelina (Antropofágica)
Marcelina (Antropofágica)Marcelina (Antropofágica)
Marcelina (Antropofágica)kamillanunes
 
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdfMiguelCalderari1
 
Resumo livro cultura laraia versão 2
Resumo livro cultura   laraia versão 2Resumo livro cultura   laraia versão 2
Resumo livro cultura laraia versão 2Fernandes Luiz
 
A filosofia atual - Dardo Scavino
A filosofia atual - Dardo ScavinoA filosofia atual - Dardo Scavino
A filosofia atual - Dardo ScavinoCesar de Alencar
 

Semelhante a Caderno de Resumos Jornada.pdf (20)

Programação minicursos
Programação minicursosProgramação minicursos
Programação minicursos
 
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Tomo II (FEB)
 
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdf
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdfPauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdf
PauloAlexandreVasconcelos_dissertacao.pdf
 
1533 5609-2-pb
1533 5609-2-pb1533 5609-2-pb
1533 5609-2-pb
 
1aula vestibular - filosofia
1aula   vestibular - filosofia1aula   vestibular - filosofia
1aula vestibular - filosofia
 
Claude Lévi-Strauss
Claude Lévi-StraussClaude Lévi-Strauss
Claude Lévi-Strauss
 
Dissert de Mestrado-Revisada
Dissert de Mestrado-RevisadaDissert de Mestrado-Revisada
Dissert de Mestrado-Revisada
 
48d206 94c329b8646a4fc88cbcae87db88c853
48d206 94c329b8646a4fc88cbcae87db88c85348d206 94c329b8646a4fc88cbcae87db88c853
48d206 94c329b8646a4fc88cbcae87db88c853
 
Reflexões sobre questões ultimas da vida
Reflexões sobre questões ultimas da vidaReflexões sobre questões ultimas da vida
Reflexões sobre questões ultimas da vida
 
Reale, miguel experiência e cultura
Reale, miguel   experiência e culturaReale, miguel   experiência e cultura
Reale, miguel experiência e cultura
 
Transdisciplinaridade
TransdisciplinaridadeTransdisciplinaridade
Transdisciplinaridade
 
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaK leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
 
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de músicaK leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
K leber teorias curriculares e suas implicações no ensino superior de música
 
Sangiorgi e barco
Sangiorgi e barcoSangiorgi e barco
Sangiorgi e barco
 
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMES
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMESOBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMES
OBSERVAÇÕES DE PADRÕES RETÓRICOS NA OBRA DE ANDRE DA SILVA GOMES
 
Marcelina (Antropofágica)
Marcelina (Antropofágica)Marcelina (Antropofágica)
Marcelina (Antropofágica)
 
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf
2018_MariadoSocorroNerideSousa.pdf
 
Resumo livro cultura laraia versão 2
Resumo livro cultura   laraia versão 2Resumo livro cultura   laraia versão 2
Resumo livro cultura laraia versão 2
 
A filosofia atual - Dardo Scavino
A filosofia atual - Dardo ScavinoA filosofia atual - Dardo Scavino
A filosofia atual - Dardo Scavino
 
Mentes e maquinas
Mentes e maquinasMentes e maquinas
Mentes e maquinas
 

Último

Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptx
Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptxSlides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptx
Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...LuizHenriquedeAlmeid6
 
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptxnelsontobontrujillo
 
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdf
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdfSQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdf
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdfAndersonW5
 
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptx
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptxQuímica-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptx
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptxKeslleyAFerreira
 
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigas
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigasPeça de teatro infantil: A cigarra e as formigas
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigasBibliotecaViatodos
 
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...marioeugenio8
 
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024azulassessoria9
 
Apresentação sobre Robots e processos educativos
Apresentação sobre Robots e processos educativosApresentação sobre Robots e processos educativos
Apresentação sobre Robots e processos educativosFernanda Ledesma
 
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...GisellySobral
 
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptxSlides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na ÁfricaPeriodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na Áfricajuekfuek
 
Acróstico - Maio Laranja
Acróstico  - Maio Laranja Acróstico  - Maio Laranja
Acróstico - Maio Laranja Mary Alvarenga
 
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhoso
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhosoO Reizinho Autista.pdf - livro maravilhoso
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhosoVALMIRARIBEIRO1
 
QUESTÃO 4 Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
QUESTÃO 4   Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...QUESTÃO 4   Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
QUESTÃO 4 Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...azulassessoria9
 
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdf
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdfTema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdf
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdfAnaAugustaLagesZuqui
 
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.HandersonFabio
 
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVASAPRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVASricardo644666
 

Último (20)

Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptx
Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptxSlides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptx
Slides Lição 07, Central Gospel, As Duas Testemunhas Do Final Dos Tempos.pptx
 
Poema - Aedes Aegypt.
Poema - Aedes Aegypt.Poema - Aedes Aegypt.
Poema - Aedes Aegypt.
 
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...
Slides Lição 7, Betel, Ordenança para uma vida de fidelidade e lealdade, 2Tr2...
 
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx
5. EJEMPLOS DE ESTRUCTURASQUINTO GRADO.pptx
 
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdf
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdfSQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdf
SQL Parte 1 - Criação de Banco de Dados.pdf
 
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptx
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptxQuímica-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptx
Química-ensino médio ESTEQUIOMETRIA.pptx
 
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigas
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigasPeça de teatro infantil: A cigarra e as formigas
Peça de teatro infantil: A cigarra e as formigas
 
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...
Proposta de redação Soneto de texto do gênero poema para a,usos do 9 ano do e...
 
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024
ATIVIDADE 1 - ENF - ENFERMAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS - 52_2024
 
Apresentação sobre Robots e processos educativos
Apresentação sobre Robots e processos educativosApresentação sobre Robots e processos educativos
Apresentação sobre Robots e processos educativos
 
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...
472037515-Coelho-Nelly-Novaes-Literatura-Infantil-teoria-analise-e-didatica-p...
 
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptxSlides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Slides Lição 8, CPAD, Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
 
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na ÁfricaPeriodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África
Periodo da escravidAo O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África
 
662938.pdf aula digital de educação básica
662938.pdf aula digital de educação básica662938.pdf aula digital de educação básica
662938.pdf aula digital de educação básica
 
Acróstico - Maio Laranja
Acróstico  - Maio Laranja Acróstico  - Maio Laranja
Acróstico - Maio Laranja
 
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhoso
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhosoO Reizinho Autista.pdf - livro maravilhoso
O Reizinho Autista.pdf - livro maravilhoso
 
QUESTÃO 4 Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
QUESTÃO 4   Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...QUESTÃO 4   Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
QUESTÃO 4 Os estudos das competências pessoais é de extrema importância, pr...
 
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdf
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdfTema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdf
Tema de redação - A prática do catfish e seus perigos.pdf
 
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.
APH- Avaliação de cena , analise geral do ambiente e paciente.
 
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVASAPRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
APRENDA COMO USAR CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
 

Caderno de Resumos Jornada.pdf

  • 1. Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Caderno de Resumos II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU 21 e 22/11/2022 Volume II – Número II Novembro de 2022 IFILO - UFU Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFU Grupo de Estudos Cartesianos
  • 2. Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Resumos da II Jornada de Estudo Cartesianos da Pós- Graduação UFU Volume II – Número II Novembro de 2022 IFILO – UFU Organizadores: Henia Laura de Freitas Duarte Lucas Guerrezi Derze Marques Suellen Caroline Teixeira Revisores: Henia Laura de Freitas Duarte Lucas Guerrezi Derze Marques Suellen Caroline Teixeira
  • 3. Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Apresentação É com prazer que informamos que nos dias 21 e 22 de novembro ocorrerá a II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação da UFU. Esse ano, nossa Jornada fará parte do grupo de eventos que compõem a III Bienal de Filosofia de Uberlândia. Evento esse que contará com inúmeras participações de alguns dos nomes mais importantes da Filosofia nacional e internacional. A Jornada de Estudos Cartesianos foi pensada com o propósito de promover um encontro entre os pesquisadores do pensamento de Descartes a fim de que possam se familiarizar com o que vem sendo investigado sobre o filósofo nos programas de pós-graduação em diversas universidades do país e fora dele. O evento receberá 11 pesquisadores, em quatro mesas por dois dias. A palestra de abertura será proferida pelo Padre Jean-Robert Armogathe.
  • 4. Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Comissão Organizadora Henia Laura de Freitas Duarte Lucas Guerrezi Derze Marques Suellen Caroline Teixeira II Jornada de Estudo Cartesianos da Pós-Graduação UFU Programa de Pós-Graduação em Filosofia-UFU E-mail: ppgfilufu@ifilo.ufu.br e ppgfilufu@gmail.com Maiores informações no site https://jornadacartesiana.blogspot.com/ INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU) Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125 Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica Uberlândia - MG - CEP 38408-100 Telefone: (55) 34 3239-4185 http://www.ifilo.ufu.br/
  • 5. 3 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Programação Primeiro encontro: 21 de novembro, segunda-feira 10h – Palestra de abertura: - Jean-Robert Armogathe État présent des études cartésiennes em France et em Italie *Jean-Robert Armogathe é diretor de estudos emérito da École pratique de hautes études (Sorbonne). Cofundador do Centre d’études cartésiennes (Paris) e do Centro di studi su Descartes e il Seicento (Lecce). Publicou inúmeras obras sobre Descartes e os cartesianos, bem como a edição de numerosos textos (mais recentemente a Correspondance de Descartes, dois volumes, Folio - Gallimard). Ele fundou e dirigiu o Bulletin cartésien por muitos anos e publicou a Bibliographie cartésienne com Vincent Carraud (1960 - 1996). 14h - mesa 1: - Carmel Ramos Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática - Rafael Teruel Coelho Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um problema metafísico - Carmine Taddeo La nature de l’homme dans Descartes 16h - mesa 2: - Ana Cláudia Teodoro Sousa A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico cartesiano - Geder Paulo Friedrich Cominetti A moral por provisão como etapa das Meditações - Lucas Guerrezi D. Marques O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii
  • 6. 4 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Segundo encontro: 22 de novembro, terça-feira 09h mesa 3: - Henia Laura de Freitas Duarte As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes - Tiago de Lima Castro A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento 10:30h mesa 4: - Francesco Paolo Gallotta Science moderne et nominalisme - Mattia Galati L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse avec Descartes - Suellen Caroline Teixeira As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios
  • 7. 5 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Sumário Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico cartesiano........................................................................................................................06 Ana Cláudia Teodoro .....................................................................................................06 Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática..........07 Carmel da Silva Ramos ..................................................................................................07 La nature de l’homme dans Descartes .........................................................................08 Carmine Taddeo..............................................................................................................08 Science moderne et nominalisme..................................................................................09 Francesco Paolo Gallotta................................................................................................09 A moral por provisão como etapa das Meditações......................................................10 Geder Paulo Friedrich Cominetti ..................................................................................10 As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes ............12 Henia Laura de Freitas Duarte...............................................................................12 O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii......................................13 Lucas Guerrezi Derze Marques ......................................................................................13 L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse avec Descartes.........................................................................................................................14 Mattia Galati .....................................................................................................................14 Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um problema metafísico.......................................................................................................15 Rafael Teruel Coelho .....................................................................................................15 As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios .........................................................................................................................................16 Suellen Caroline Teixeira ..............................................................................................16 A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento..................................17 Tiago de Lima Castro .....................................................................................................17
  • 8. 6 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU A relevância do Studium Bonae Mentis e a agudeza do primeiro tratado filosófico cartesiano Ana Cláudia Teodoro Sousa Doutoranda UFMG Fundamentalmente, o que se sabe sobre o Studium Bonae Mentis – Estudo do Bom Senso ou Arte de Compreender Bem (Baillet II, 406) –, tem origem naquilo que Baillet conservou dessa obra em La Vie de Descartes. Esse tratado escrito em latim que Descartes teria “levado bastante longe”, era composto de considerações sobre o desejo que nós temos de saber, sobre as ciências, sobre as disposições do espírito para aprender, sobre a ordem que devemos manter para adquirir a sabedoria, isto é, a ciência com a virtude, conjugando as funções da vontade com aquelas do entendimento. (Baillet II, 406) Tomando como base esse sumário que Baillet faz do conteúdo do Studium e levando em consideração os excertos conservados pelo biógrafo, propomos identificar as linhas de continuidade que são apresentadas nesse tratado da juventude e que permanecem dentro do pensamento de Descartes até a maturidade. Nossa apresentação, nesse sentido, pretende abordar três tópicos principais: 1) o programa principal de Descartes que procura compreender o bom senso; 2) a ordem e um possível esboço do método; e, por fim, 3) o interesse duplo de Descartes que, além de investigar problemas científicos, empenha-se em questões morais. Baseado nessa exposição, argumentaremos que o Studium Bonae Mentis é um escrito crucial para reconhecer os dilemas que se apresentam a Descartes em sua juventude, momento em que ele se depara com dificuldades que precisam ser resolvidas, mas sobre as quais ele ainda não tem condições de solucionar. Nossa intenção, por fim, é retratar o jovem Descartes, este que está começando a filosofar, desejando “abrir um caminho inteiramente novo” (Baillet II, 406) que o levasse a sabedoria e que também já pressente que o entendimento é fundamental para qualquer ciência possível, o que será de fato realizado nas Regras e na instauração do cogito.
  • 9. 7 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Heroísmo e melancolia: Elisabeth da Boêmia diante da moral aristocrática Carmel Ramos Doutora e Docente UFRJ Já foi observado pela literatura especializada o comprometimento da moral cartesiana com certo ideal heroico de domínio das circunstâncias da vida, tão bem representado pelos personagens das tragédias de Pierre Corneille, dramaturgo contemporâneo do autor. Jean-Marie Beyssade – num artigo de 1991 intitulado « Descartes et Corneille ou les démesures de l’ego » –, assim como, mais recentemente, Vinicius Figueiredo – em seu livro A paixão da igualdade. Uma genealogia do indivíduo moral na França, de 2021 –, apontam para o modo como a liberdade cartesiana se associa ao ideal aristocrático de imposição e afirmação da vontade soberana diante das vicissitudes do mundo. Meu objetivo, nessa apresentação, é contrapor tal moralidade aristocrática à postura melancólica manifestada por Elisabeth da Boêmia em sua correspondência com Descartes. Minha hipótese é a de que Elisabeth possui questionamentos importantes a este indivíduo moral, que talvez possam ser remetidos, em última análise, a uma crítica de gênero
  • 10. 8 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU La nature de l’homme dans Descartes Carmine Taddeo Doutorando Università del Salento / Sorbonne Université L’intérêt de Descartes pour l’homme et sa définition transparaissent dans toutes ses œuvres, bien qu’il ne traite pas ce thème de manière systématique et continue. On pourrait presque dire, en fait, qu’il n’a pas besoin de consacrer un travail entier à un tel sujet simplement parce que, d’une certaine manière, chacun de ses écrits tente d’approfondir un aspect particulier de l’homme, que ce soit la physiologie, la médecine, la nature de l’homme ou autre. Ma recherche, donc, se structure en deux parties différentes : la première, de caractère strictement philologique, a pour objectif une comparaison entre les différentes éditions françaises et latines de L’Homme, œuvre physiologique inachevée du philosophe. En revanche, dans la deuxième partie, on s’efforcera de répondre à la question philosophique centrale de ma recherche, c’est-à-dire de voir : a) si chez Descartes est effectivement présente la question : quelle est la nature de l’homme ? b) quelle est éventuellement sa réponse. L’enquête vise à intégrer l’analyse de la physiologie avec les textes métaphysiques, dans la conviction que la réflexion physiologique de Descartes ne peut pas se constituer de manière indépendante de la base métaphysique. La physiologie, en fait, peut être considérée le point de départ pour comprendre ce qu’est la nature de l’homme ; cependant, il faut se demander si c’est aussi le point d’arrivée
  • 11. 9 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Science moderne et nominalisme Francesco Paolo Gallotta Doutor Università del Salento / Sorbonne Université, Professeur au Boston College Cette intervention porte sur l'interprétation heideggérienne des présupposés historiques de la science cartésienne moderne. En particulier, je voudrais illustrer le rôle que, selon Heidegger, le nominalisme a joué dans la fondation de la science “mathématique”. Comme on le sait, au fond de la méthode expérimentale est présent un projet fondamental à partir duquel la réalité se montre dans une façon essentiellement différente. La « chose », qui est au fond du projet mathématique de la nature, de même que le temps absolu et l’espace absolu newtonien, ont leur signification dans le projet, et non pas dans une connaissance empirique. Mais ce projet n'est plus celui du platonisme médiéval. La recherche des lois générales dans la moderne science mathématique de la nature ne peut pas être identifiée avec l’ordre du monde selon l’universel de la doctrina médiévale. Ce n’est pas possible, par exemple, lire les concepts de légalité et de nature, qui commencent à être en vigueur seulement dans la moderne science mathématique, en continuité avec les concepts médiévaux de genera et universalia. C'est le nominalisme, selon Heidegger, qui rend possible, de manière indirecte, le nouveau projet de la nature. Alors que l’universel dans la doctrina médiévale est le point de départ pour le savoir et il incombe sur l’étant conçu comme particulier, dans la science mathématique le point de départ c’est l’étant en tant que singulier et l’hypothèse que l’on formule c’est en vue d’une explication suffisante pour celui-ci. Le bouleversement total provoqué du nominalisme, dans le contexte de la querelle des universaux, ne tient pas seulement à l’affirmation de la réalité linguistique et du caractère uniquement représentatif de l’universel. Au contraire, cette mutation semble être possible lorsqu’on a dépassé la conception qui, en opposant l’étant à son être, conçoit la « participation », c’est-¬à-¬dire la coïncidence seulement partielle du particulier effectif avec l’universel. C’est grâce à la révolution du nominalisme que le « monde » devient pour la première fois possible et réel. Cette interprétation empêche ainsi de considérer la science moderne dans le cadre d'un processus de sécularisation des doctrines métaphysiques ou religieuses. Mais en même temps, elle permet de saisir le caractère intrinsèquement métaphysique, mais particulier, du projet moderne de la nature.
  • 12. 10 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU A moral por provisão como etapa das Meditações Geder Paulo Friedrich Cominetti Doutorando UNIOESTE Docente no IFPR Nesta comunicação, defendemos a tese de que a moral desenvolvida no Discurso do Método serve de etapa preparatória às reflexões contidas na parte sequente dessa obra, cujo tema é revisitado nas Meditações de Filosofia Primeira. Notamos a tendência de os intérpretes tomarem a moral contida no Discurso como tema tratado à parte das reflexões sobre a filosofia primeira de Descartes (Teixeira, 1990). Esse tratamento à parte da moral pode ser influenciado pela circunscrição temática seccionada pelo próprio Descartes, tal como recebemos o Discurso (Gueroult, 1966). Todavia, não nos parece haver tratativa justificada de que a terceira parte do Discurso é um tratado moral (Kambouchner, 2008). Aliás, nos impressiona a criatividade que alguns autores põem à lume quando se dedicam a costurar passagens daqui e dali forjando esperanças de reencarnar a letra cartesiana em suas próprias palavras. Partem da hipótese que de ali há uma moral a serviço da felicidade, e formam tecido dessa hipótese com retalhos do tratado das Paixões da Alma e de algumas cartas privadas em que Descartes figura correspondente (Renault, 2000). Nos parece lúcida outra hipótese, da qual partimos para auferir nova interpretação: a moral ali contida não serve à felicidade dos homens, mas à felicidade como fim daquele que se ocupa das ciências. Assim, a felicidade deste sujeito não passa de alegria em prestar bem o seu ofício; a moral não se destaca do Discurso como um tratado à parte, mas como uma etapa fundamental das reflexões acerca da Filosofia Primeira que a segue e; por fim, justificamos a tradução literal da expressão francesa “morale par provision”, alçada pelo próprio pensador, acusando, assim, a interpretação na tradução portuguesa do termo, que desvia seu mais profundo significado. Para obter tais conclusões, nos fiamos na interpretação literal do texto do Discurso apontando como a moral vai, gradativamente, encaminhando seu autor ao repouso e à solidão que narra imediatamente no início das Meditações. Justificamos a aproximação entre a terceira parte do Discurso e a primeira Meditação a partir da ideia de que as Meditações revisitam e desenvolvem a quarta parte do Discurso como um tratado à parte. No caso, Descartes afirma ter escrito esse tratado de filosofia primeira no Discurso, e omite qualquer menção a um tratado moral à parte dessa obra. Por fim, nos recolhemos de apresentar de modo aprofundado a hipótese que descartamos de saída, i.e., de que a moral deve ser interpretada e recebida como moral provisória. Porque assistimos à reiteração dessa hipótese que mais se fortalece por
  • 13. 11 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU repetição que por fundadas razões, partimos do seu afrontamento pelo aprofundamento de nossa tese que lhe é contrária, o que faz desta nossa comunicação fonte estéril àqueles que buscam nova expressão para antigas reflexões.
  • 14. 12 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU As influências de Isaac Beeckman na carreira intelectual de Descartes Henia Laura de Freitas Duarte Doutoranda UFU/UNICAEN/CAPES-COFECUB O trabalho tem como principal objetivo mostrar a influência de Beeckman na carreira intelectual de Descartes, além de apontar a importância do encontro entre ambos para a escrita do Compendium musicae, em 1618, surgindo então a primeira oportunidade para que Descartes elaborasse suas concepções acerca da Música e os seus fenômenos sonoros. Inicialmente, faremos uma apresentação de Beeckman, assim como o seu primeiro encontro com Descartes. Em seguida, mostraremos a importância das pesquisas feitas por Beeckman, no interior do que Descartes nomeia de “físico-matemático”. Notadamente quatro anos antes desse encontro, por volta de 1614, Beeckman já havia se interessado por Música, malgrado não ter publicado nenhum livro, tudo o que pesquisava era divulgado em seu Journal, assim como os pensamentos de outros cientistas de sua época. Posteriormente, para melhor apresentarmos a teoria do som, que foi elaborada e formulada por Descartes, e para obtermos a compreensão necessária, é preciso apresentar os pontos em que eles concordavam e discordavam. Para concluir, propomos uma explicação que demonstra em qual medida os estudos e pesquisas de Beeckman contribuíram para o pensamento cartesiano sobre a Música e também sobre as matemáticas, influenciando assim os primeiros escritos de Descartes.
  • 15. 13 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU O conceito de ingenium nas Regulae ad directionem ingenii Lucas Guerrezi D. Marques Mestrando UFU/CAPES O ingenium é um daqueles termos utilizados ao longo da história da filosofia que possuem significados enigmáticos. Seu uso era comum em grande parte dos autores da escolástica, do renascimento e do início da modernidade, entretanto, sua conceitualização de forma sintética era praticamente inexistente. Na obra cartesiana e em sua bibliografia especializada, observamos uma situação parecida. Infelizmente, são raras as interpretações que tomam o ingenium como objeto de estudo privilegiado. Desse modo, dispomos como objetivo para essa comunicação apresentar uma breve conceitualização do termo ingenium com base nas Regulae ad directionem ingenii. Veremos que lá, Descartes nos apresenta uma prototeoria fisiológica do processo cognitivo. Com o objetivo de nos expor sua teoria da percepção, Descartes nomeia explicitamente todas as faculdades aptas a realizarem esse processo. Notar-se-á aí, que o intelecto não é a única faculdade utilizada para a realização de tal exercício, mas, pelo contrário, que todas as “forças” do ingenium humano podem de alguma maneira auxiliá-lo. Nesse sentido, cada faculdade possuirá uma função específica, e cabe ao ingenium utilizá-las da melhor maneira. Desse modo, explicitaremos o ingenium, principalmente, como aquilo que designa o conjunto das capacidades inatas de um indivíduo qualquer, e abordaremos também todas as outras possíveis significações desse termo na referida obra.
  • 16. 14 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU L’idée et son origine. Éléments de l’empirisme de Gassendi dans la controverse avec Descartes Mattia Galati Doutorando Università del Salento / Sorbonne Université La Disquisitio Metaphysica, publiée en 1644, contient les textes du célèbre débat qui eut lieu entre Gassendi et Descartes sur les Meditationes cartésiennes (1641). Les chercheurs ont considéré les écrits de Gassendi contenus dans l’œuvre, c’est- à-dire les Quintae Objectiones, déjà publiées en annexe à la première édition des Meditationes, et les Instantiae, rédigées un peu plus tard, dans la même année, en réponse aux Quintae Responsiones de Descartes, comme des écrits de nature exclusivement polémique. En conséquence, pour reconstituer un cadre de la pensée gassendienne, on a fait référence principalement aux œuvres systématiques. Il a semblé qu’il fallait privilégier ces dernières, à cette fin, par rapport aux apologies ou aux commentaires des philosophes antiques et par rapport aux écrits polémiques contre les contemporains. Il faut cependant constater qu’en de nombreuses occasions Gassendi, à l’intérieur de la Disquisitio, réussit à échapper aux limites imposées par la fin explicite et déclarée, à savoir la présentation de criticités et d’objections à la philosophie cartésienne, en y insérant de nombreuses expositions de ses propres thèses. L’approche à l’étude de la pensée de Gassendi dont, dans ma communication, j’entends décrire les particularités, consiste à considérer la Disquisitio non pas comme un écrit de nature exclusivement polémique, mais aussi comme un instrument qui enregistre les positions philosophiques propres de l’auteur au cours des années de la critique à Descartes. Dans la deuxième partie de ma communication, je donnerai un essai de cette approche. Je montrerai que, dans ses écrits contenus dans la Disquisitio Metaphysica, Gassendi offre une exposition, bien que non systématique en raison du contexte littéraire dans lequel elle s'inscrit, d'une des thèses fondamentales de son empirisme : la traçabilité de toutes sortes d'idées à une nature adventice.
  • 17. 15 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU Elisabeth da Boêmia e René Descartes: uma terapia da alma em torno de um problema metafísico Rafael Teruel Coelho Doutorando USP Inúmeras passagens da correspondência de Descartes e a princesa da Boêmia atestam que Elisabeth era uma nobre desventurada e melancólica. A princesa palatina sofria de transtornos psicossomáticos, próprios de um espírito tomado pelos negros vapores da bile, cujas consequências para a vida prática da monarca se agravavam ainda mais em virtude das debilidades de seu corpo. Uma vez cônscia do papel relevante que sua alma desempenhava em suas desordens orgânicas, Elisabeth decide escrever a Descartes almejando descobrir como a alma poderia mover o corpo, de modo que ela pudesse, pela força da virtude de seu espírito, direcionar sua vontade à cura de suas doenças. É justamente por isso que, a partir da formulação de um problema metafísico (aquele da relação mente/corpo), vemos germinar uma espécie de terapêutica filosófica que se desenvolveu por meio de uma troca epistolar, cujos principais aspectos serão tratados na presente comunicação.
  • 18. 16 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU As verdades eternas como primeiro grau de sabedoria nos Princípios Suellen Caroline Teixeira Doutoranda UFU (FAPEMIG) / UNIVERSITÉ CAEN NORMANDIE (CAPES) Na Carta-Prefácio aos Princípios da Filosofia Descartes afirma que o primeiro grau de sabedoria, do qual dependem todos os outros, são noções muito evidentes, aceitas pelo intelecto imediatamente, sem qualquer esforço meditativo, “o primeiro grau contém apenas noções que são tão claras em si mesmas que podem ser adquiridas sem meditação” (DESCARTES, 2008, p.413). Nos Princípios ele explica que tudo o que podemos perceber vem de duas origens, ou estão fora do nosso pensamento ou existem somente dentro do nosso pensamento (P I §47, §48 e §49). As coisas que estão fora do nosso pensamento para serem conhecidas são acessadas pelos sentidos, que ele situará no segundo grau de sabedoria. Portanto resta apenas concluir que as coisas que já estão em nosso pensamento são as únicas que podemos encontrar no primeiro grau de sabedoria. Dentre essas coisas, estão as naturezas simples/noções simples ou simplíssimas que provém unicamente do intelecto puro são noções irredutíveis, como o número ou a substância. Além delas, as verdades eternas têm sua sede na mente e algumas são noções comuns ou axiomas, como: é impossível que o mesmo seja e não seja ao mesmo tempo, o que foi feito não pode não ter sido feito; a partir do nada nada vem a ser etc. (P I §49). Noções simplíssimas e verdades eternas/noções comuns são inatas, imutáveis e universais e, por isso, absolutamente evidentes. O conhecimento que provém do nosso próprio intelecto é o mais seguro que temos acesso e, por isso, o primeiro grau de sabedoria, que antecede tanto a experiência sensível quanto a própria experiência reflexiva do intelecto.
  • 19. 17 Resumos da II Jornada de Estudos Cartesianos da Pós-Graduação UFU A música na obra de René Descartes: desafios e esquecimento Tiago de Lima Castro Doutor UNESP A obra de Descartes tem sido continuamente estudada desde o século XVII em suas diversas temáticas. É costumaz que a metafísica e o problema do método sejam os fios condutores na pesquisa e interpretação de suas obras, pela influência na história da filosofia e da ciência modernas destas. A música é um caso peculiar por ser objeto do Compendium musicæ, sua primeira obra, antecedendo seus textos principais, porém, sendo uma primeira experiência do método. O texto enuncia que a motivação de lacunas na obra é devido a necessidade de maior conhecimento dos movimentos da alma, sua relação com o corpo e as paixões. O interesse por música é perceptível por ter continuado em sua correspondência, sendo partícipe do desenvolvimento do pensamento cartesiano ao ter ideias inicialmente discutidas na temática musical aparecerem em obras como em O homem e As paixões da alma. Todavia, este é um tema marginal nos estudos cartesianos, mesmo em trabalhos específicos sobre o desenvolvimento das ideias de Descartes ao longo de seus textos. Mesmo o compêndio e parte da correspondência sobre música ter circulado no século XVII, sendo referenciado em discussões estéticas e musicais do XVIII, somente a partir do XX que ocorre um aprofundamento nesta temática, principalmente com os esforços de publicar suas obras completas. Com a análise deste histórico, propomos uma hipótese para explicar o esquecimento da música nos estudos cartesianos. A análise deste histórico permite aferirmos os desafios intrínsecos a esse campo de pesquisa.