1) O documento discute os conceitos de memória, resumindo definições de memória de acordo com diferentes autores.
2) A memória é dividida em três componentes principais: memória sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo.
3) Diferentes estudos com humanos e outros animais são apresentados para ilustrar como a memória funciona em diferentes espécies.
1. Armazenagem mnemônica e exemplares
Karen Sampaio e Diego Oliveira
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
2. Memória é o processo de retenção de informação por um
tempo (Matlin, 2005)
Memória é o meio pelo qual organizamos nossas experiências
passadas para usar essas informações no presente (Sternberg,
1999)
Memória é o termo atribuído a estruturas e processos
envolvidos no armazenamento e subsequente recuperação
de informação.
https://www.simplypsychology.org/memory.html
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3. A memória é essencial para as nossas vidas. Sem uma
memória do passado, não podemos operar no presente ou
pensar sobre o futuro. Não seríamos capazes de recordar o
que fizemos ontem, o que estamos fazendo hoje ou o que
planejamos fazer amanhã. Sem memória não
conseguiríamos aprender nada.
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4. Todo organismo celular possui memória.
A memória de uma bactéria decorre do fato de
que o seu sistema sensorial leva alguns segundos
para captar qualquer alteração nas
concentrações químicas, capacitando a bactéria
a comparar seu estado atual com o estado de um
curto período anterior. O número de receptores
estimulados por moléculas de atração ou repulsa
é “comparado” com o número de receptores
estimulados na medição anterior (armazenada
como um sinal interno representando a média das
medidas feitas três segundos antes). A memória
de uma bactéria é mínima: ela só consegue
armazenar um conjunto de resultados
intermediários, permitindo a bactéria lembrar
quaisquer mudanças na concentração química
ocorrida nos últimos 3 segundos.
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5. Todos os organismos celulares possuem
algum tipo de capacidade de memória,
que lhes permite detectar mudanças em
seu ambiente.
http://www.angelfire.com/linux/vjtorley/memory2.html
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6. Lesma do Mar
Estudos desenvolvidos com a
Aplysia Californica, uma lesma do
mar, indicam que ela é capaz de
reter memórias e desenvolver
habilidades de aprendizado
relativas à habituação,
desabituação e sensibilização.
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7. Estudos demonstram que golfinhos
conseguem recordar criqueteios de outros
golfinhos que eles tenham ouvido, mesmo
após vinte anos de separação. Cada
golfinho possui um criqueteio único, que
funciona como uma identificação, um
nome, permitindo aos mamíferos marinhos
manter relações sociais próximas.
Pesquisas demonstram que os golfinhos
possuem um das memórias mais longas
conhecidas, em outras espécies que não
a humana.
A memória dos golfinhos
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8. Um exemplo da memória espaço-temporal de longo prazo pode ser visto
em Foley (2002), que estudos com elefantes no Parque Nacional de
Tarangire, na Tanzânia, durante a grave seca de 1992 a 1994. Manadas
com matriarcas mais velhas deixaram o Parque, mas manadas que
perderam as matriarcas devido à caça furtiva não saíram de lá, e com
água e folhagem insuficientes, sofreram mortalidade infantil e geral em
mais que o dobro que nos clãs normais .
Memória de Elefante
Matriarcas teriam que ter pelo menos 35
anos de idade para ter experimentado pelo
menos uma outra seca igualmente severa e
viajar com sucesso para fora do parque. As
matriarcas das manadas que permaneciam
no parque eram jovens demais para ter
experimentado uma seca tão severa.
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9. Chimpanzés também tem memória
Tetsuro Matsuzawa, pesquisador da Universidade de Kyoto, desenvolveu
um experimento com chimpanzés, para testar sua capacidade de
memória de curto prazo. Quando os números de 1 a 9 apareciam
aleatoriamente em uma tela e desapareciam, o chimpanzé era capaz de
recuperar a sequência exata e o local onde cada número aparecia. De
acordo com o pesquisador, alguns humanos apresentam essa
capacidade, mas elas geralmente estão associadas à síndrome de savant,
que vem acompanhada de severos transtornos mentais.
Um ser humano comum não consegue fazer
isso. Por outro lado, dos seis chimpanzés
testados, todos os seis apresentaram tal
habilidade. Essa incrível memória de curto
prazo ajuda os chimpanzés a sobreviverem no
habitat natural, onde eles geralmente devem
tomar decisões rápidas e complexas.
http://www.kyoto-u.ac.jp/static/en/research/forefronts/archives/matsuzawa.html
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10. Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
11. http://www.human-memory.net/index.html
O cérebro humano, uma das estruturas vivas
mais complexas do universo é o locus da
memória
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14. O SpiNNaker – abreviação de Spiking Neural Network Architecture – é o
resultado de décadas de trabalho e milhões de libras de investimento. O
resultado é um supercomputador projetado para imitar o funcionamento
do cérebro humano, que, espera-se, dará aos neurocientistas um novo
entendimento sobre como funciona a mente e abrirá novas linhas de
pesquisa médica.
A gênese do projeto jaz no final dos anos noventa, com o trabalho de
Steve Furber, agora professor de engenharia da computação na
Universidade de Manchester.
“Eu estava començando a perguntar por que, com os processadores
tendo chegado tão longe, havia coisas que eles achavam difícil fazer,
que, como humanos, nós achamos relativamente fácil”, diz Furber. Ele
começou a explorar memórias associativas e, ao tentar resolver as
dificuldades dos processadores com inputs inexatos, voltou sua atenção
para redes neurais.
https://www.zdnet.com/article/this-million-core-supercomputer-inspired-by-the-human-brain-breaks-all-the-rules/
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17. Desde tempos imemoriais, os serem humanos vem tentando
entender o que é a memória, como ela funciona e porque ela
tem seus erros. Ela é uma parte importante do que nos torna
verdadeiramente humanos, sendo um dos atributos humanos
mais indescristíveis e mal compreendidos.
A imagem popular da memória humana é como um pequeno
armário de arquivos cheio de pastas de memórias individuais
em que a informação é armazenada, ou talvez como um
supercomputador com capacidade e velocidade enormes. No
entanto, à luz do conhecimento psicológico e biológico atuais,
essas metáforas podem não ser totalmente úteis e, hoje, os
especialistas acreditam que a memória é de fato muito mais
complexa e sutil do que isso.
http://www.human-memory.net/index.html
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18. A memória não é um depósito
estático
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19. http://www.human-memory.net/index.html
A memória não é um processo unitário, ao contrário, há
tipos diferentes de memória. Nossas memórias de curto
e longo prazo são codificadas e armazenadas de
formas diferentes e em partes diferentes do cérebro,
por motivos que os cientistas estão começando a
adivinhar. Anos de estudos de caso com pacientes que
sofreram acidentes ou doenças relacionadas ao
cérebro tem indicado algumas das complexidades dos
processos da memória e grandes avanços tem sido
feitos na neurociência e na psicologia cognitiva, mas
muitos mecanismos envolvidos permanecem carentes
de descrição.
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20. Desordens cerebrais e suas implicações para
os estudos sobre memória.
O caso de H.M.
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21. Desordens cerebrais e suas implicações para
os estudos sobre memória.
O caso de Clive Wearying
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22. Desordens cerebrais e suas implicações para
os estudos sobre memória.
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23. O modelo de multiarmazenamento foi proposto po Atkinson e Shiffrin
(1968), e é considerado um modelo estrutural. Os autores propunham
que a memória consistia de três módulos de armazenamento: a
memória sensorial, a memória de curto prazo e a memória de longo
prazo.
A informação passa de módulo para módulo de forma linear, o que
fez o modelo ser considerado como modelo de processamento de
informação (como um computador) com um input, um processo e
um output.
O modelo de armazenamento múltiplo
de Atkinson e Schiffrin (1968)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
24. O modelo de armazenamento múltiplo de Atkinson e
Schiffrin (1968)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
25. https://www.simplypsychology.org/multi-store.html
A informação é detectada pelos órgãos de sentido e
introduzida na memória sensorial. Se foi captada pela
memória sensorial, a informação passa para a memória de
curto prazo.
A informação da memória de curto prazo é transferida
para a memória de longo prazo somente se a informação
é repetida. Se não ocorre a repetição, a informação é
esquecida e desaparece da memória de curto prazo por
meio de processos de deslocamento ou decaída.
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26. Memória Sensorial
Uma forma de confirmar existência da memória sensorial
pode ser demonstrada de modo muito simples, através
do estímulo visual, por meio do que ficou conhecido
como persistência da visão (cf. Baddeley) esticando um
dos dedos da mão e passando em frente aos olhos.
Fazendo isso lentamente, perceberemos que a cena
parece instável, mas se fizermos mais rápido,
observaremos algo que parece ser uma cena normal
ainda que um pouco desfocada. Quando o movimento
é rápido, a cena só é interrompida brevemente,
permitindo que a informação registrada pela retina seja
atualizada antes de desaparecer por completo.
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28. Memória de Curto prazo
Tanto na compreensão linguística como na aritmética, há a
necessidade de armazenagem temporária de informação,
para realizar várias funções subsidiárias ao entendimento e ao
cálculo. Depois que a tarefa é realizada, a informação
subsidiária não é mais requerida. A memória de curto prazo
ou memória de trabalho é o nome dado a esse sistema, ou,
talvez de modo mais apropriado, conjunto de sistemas.
Informação essencial por um período breve de tempo é
armazenada brevemente, tornando-se depois totalmente
irrelevante. (BADDELEY, 1999, p. 14)
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29. Em que medida a memória de curto prazo representa um
sistema bem diferente da memória de longo prazo? Aqui, mais
uma vez tem havido controvérsia considerável recentemente.
Uma visão é que a memória de curto prazo representa o mesmo
sistema que a de longo prazo, mas é usada em condições
especiais, que levam a uma retenção de curto prazo muito
pequena. [visão de Atkinson e Shiffrin] A visão alternativa, que
eu mesmo sustento, é que a memória de longo e de curto prazo
envolvem sistemas separados, embora muito proximamente
integrados em operação. Eu mesmo argumentarei que a
memória de curto prazo representa não um mas um conjunto
complexo de subsistemas em interação, ao qual vou me referir
como memória de trabalho. (BADDELEY, 1999, p. 14)
Memória de Curto prazo
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30. Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
31. Memória de longo prazo
É o sistema de memória que representa a informação que é
armazenada por períodos consideráveis de tempo. De fato, alguns
teóricos defendem que informação na memória nunca
desaparece, mas simplesmente se torna cada vez menos acessível.
Lembrar seu próprio nome, como falar, onde você morou quando
criança, ou onde você estava no ano passado ou cinco minutos
atrás são todas informações que se assumem dependentes da
memória de longo prazo. Essa memória refere-se primariamente à
armazenagem de informação, diferentemente da memória
sensorial e da memória de curso prazo, em que a armazenagem é
um traço incidental de outros aspectos do sistema. (BADDELEY 1999,
p. 14)
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32. O lado bom da proposta de Atkinson & Schiffrin (1968)
→ O modelo fornece um bom entendimento sobre a estrutura e o processo da
memória de curto prazo.
→ Permite aos pesquisadores a expander o modelo, eles podem fazer experimentos
para melhorar o modelo e torná-lo mais válido demonstrando o que os módulos de
armazenagem realmente fazem.
→ Muitos estudos de memória fornecem evidência para sustentar a distinção entre
memória de curto prazo e memória de longo prazo (em termos de codificação,
duração e capacidade). O modelo pode dar conta de feitos de primazia e
recência.
→ O modelo é sustentado por estudos com amnésicos, como o caso de HM por
exemplo. HM exibe problemas na memória de longo prazo, depois de uma cirugia
cerebral. Ele não se recorda de eventos de sua vida, embora sua memória de
curto prazo tenha permanecido intacta.
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33. Críticas ao modelo de Atkinson & Schiffrin (1968)
→ O modelo é supersimplificado, particularmente quando sugere que tanto a
memória de curto prazo como a de longo prazo operam de forma única e
uniforme. Hoje há evidências de que esse não é o caso.
→ Atualmente observa-se que as memórias de curto e de longo prazo são mais
complicadas do que se pensava anteriormente. Por exemplo, a proposta de
memória de trabalho, de Baddeley e Hitch (1974) mostrou que a memória de
curto prazo é mais do que apenas um modulo de armazenagem unitário e
envolve diversos componentes (por exemplo, o central executive, o visual-
especial, etc.)
→ No caso da memória de longo prazo, é improvável que diferentes tipos de
conhecimento, como lembrar como jogar um jogo de computador, as regras
de subtração e lembrar o que você fez ontem sejam todas armazenadas em
um modulo único de armazenagem de memória de longo prazo. De fato
diferentes tipos de memória de longo prazo tem sido identificados, a saber,
episódica (memória de eventos), procedural (o conhecimento de como fazer
as coisas) e semântica (conhecimento geral).
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
34. → ensaio” (rehearsal) é considerado uma explicação simples demais para
dar conta da transferência da informação da memória de curto prazo
para a memória de longo prazo. Por exemplo, o modelo ignora fatores
como motivação, efeito e estratégia (mnemônicas) que subjazem ao
aprendizado.
→ Ensaio também não é essencial para a tranferência da informação para
a memória de longo prazo. Por exemplo, por que somos capazes de
recuperar informação que não ensaiamos (por exemplo, natação),
embora não consigamos recuperar informação que nós ensaiamos (por
exemplo, ler notas enquanto durante a revisão). Portanto, o papel do
ensaio como um meio de tranferência da MCP para a MLP é muito
menos importante do que Atkinson e Shiffrin defenderam em seu modelo.
Críticas ao modelo de Atkinson & Schiffrin (1968)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
35. → A principal ênfase do modelo era na estrutura e tendia a negligenciar os
elementos processuais na memória (por exemplo, ele somente foca a atenção e o
ensaio de manutenção). Por exemplo, o ensaio de elaboração leva à
recuperação de informação, envolvendo uma análise mais significativa da
informação (imagens, pensamento, associações, etc.) e levando a uma melhor
recuperação. Por exemplo, atribuir significado às palavras ou associá-las a
conhecimento prévio. Essas limitações são trabalhadas no modelo de níveis de
processamento de Craik & Lockhart 1972).
→ Embora o ensaio tenha sido descrito inicialmente por Atkinson e Shiffring como
ensaio de manutenção (repetição da informação), Shiffring depois sugere que o
ensaio pode ser elaborativo (Raaijmakers, & Shiffrin, 2003).
→ O modelo de multiarmazenamento tem sido criticado por ser um modelo passivo,
unilateral e linear.
Críticas ao modelo de Atkinson & Schiffrin (1968)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
36. Desenvolvimentos posteriores – os trabalhos de
Baddeley
→ A memória de curto prazo funciona como memória de trabalho. Essa
abordagem assume que o sistema de memória de curto prazo é
como a torre de controle de um grande aeroporto, responsável por
planejar e coordenar todos os voos de chegada e partida.
→ A armazenagem de curto prazo está envolvida no sistema usado
para o raciocínio, a compreensão e o aprendizado, mas esse
envolvimento não é total; parece ter alguns componentes
sobrepostos, mas não depende inteiramente do mesmo sistema de
capacidade limitada.
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
37. Representação simples do modelo de memória de
trabalho proposto por Baddeley e Hitch (1974)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
38. A formação de uma memória como um processo
físico-químico no nível celular
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
39.
40. Memórias podem ser reforçadas e alteradas
O estudo de Nader com ratos
Reconsolidação da memória
- processo em que uma
memória de longo prazo
consolidada pode se tornar
suscetível a perturbações e
restauração.
Consolidação da memória -
processo de estabilização
(dependente do tempo) de
uma memória adquirida.
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
41. Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
42. Memórias podem ser esquecidas
O que você fez ontem? O que você fez nesse mesmo dia
na semana passada? Ou um ano atrás?
Dez anos atrás? Pela razão que for, é improvável que nos
lembremos do que estávamos fazendo numa data
específica dez anos atrás. Nós provavelmente nos
esquecemos. Para entender nossas memórias, precisamos
saber não nomente como obtemos informação, mas
também como a informação é perdida. (Baddeley 1999)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
43. Onde estão localizadas nossas memórias no cérebro?
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
44. Contraponto dos modelos baseados no uso com os modelos de
base formalista e estruturalista em relação à memória
Modelos estruturalistas e gerativistas:
→ Redundâncias e variação são extraídos do signo e do
código e descartados, em vez de serem armazenados
na memória;
→ As regularidades não precisam ser registradas a partir de
itens lexicais específicos;
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
45. Modelos baseados no uso:
→ Um pré-requisito necessário para formar uma generalização é
o acúmulo, na memória, de um conjunto de exemplos em
que basear a generalização, os quais não precisam ser
descartados depois que a generalização é feita;
→ os modelos baseados no uso tentam estabelecer se
propriedades gerais da memória e sua organização podem
ser aplicadas à língua.
Contraponto dos modelos baseados no uso com os modelos de
base formalista e estruturalista em relação à memória
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
46. Evidência experimental
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
→ Geralmente defende-se que, com exceção de algumas
circunstâncias, as pessoas esquecem quase que imediatamente os
detalhes de superfície da língua que ouvem, lembrando somente o
conteúdo.
→ A memória literal é perdida assim que o enunciado é
compreendido.
→ A memória de estrutura de superfície só existe quando os sujeitos
são avisados de que participarão de uma tarefa de memória.
→ Além disso, caso a memória literal permaneça por períodos
maiores, ela se refere apenas a palavras de classe aberta.
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
47. → 5 experimentos
1. Spiderman (reconhecimento)
A memória literal no reconhecimento demonstrou-se
significativa, apesar de o contexto experimental não ter
sido altamente interativo, de o texto ter sido coeso, e de os
sujeitos não estarem avisados de que fariam uma tarefa de
memória.
Evidência experimental
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
48. 2. Gramps and the fire dragons (reconhecimento)
→ A memória linguística no reconhecimento demonstrou-se
significativa, independentemente de itens lexicais individuais.
→ Além disso, observou-se que não é necessário que a estória já seja
conhecida e nem que a estória seja contada em primeira pessoa,
como no caso do homem aranha.
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
Evidência experimental
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
49. 3. Spiderman (recuperação)
→ Os participantes demonstraram uma notável capacidade de recordar as
frases ouvidas em uma estória bastante longa (300 palavras) sem
receber qualquer indicação de que sua memória para as estórias seriam
testadas.
→ Assim como em estudos anteriores, a maior parte do que os participantes
recordam não é literalmente compatível com o que eles ouviram: eles
não lembram o texto das estórias inteiras. Mas o fato é que quantidade
significativa de memória textual é mantida.
Evidência experimental
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
50. 4. Gramps and the fire dragons (recuperação)
→ Reproduz a principal descoberta do experimento 3, a saber, que a
tendência dos sujeitos de repetir enunciados da história que ouviram
quando solicitados a recontá-la era mais comum do que se poderia esperar
por coincidência.
→ Como no Experimento 3, a história foi bastante longa e nenhum aviso de
teste de memória foi dado. O experimento 4, além disso, descartou a
possibilidade de que a memória de verbete no experimento 3 fosse
decorrente da memória para itens lexicais de classe aberta, uma vez que
os itens de classe aberta eram compartilhados entre as duas versões da
história.
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
Evidência experimental
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
51. 5. Recuperação incidental após 6 dias
→ A memória linguística existe e pode durar por um longo período de
tempo.
→ Os participantes demonstraram tendência a reutilizar orações
ouvidas anteriormente em suas próprias descrições, sem qualquer
instrução, sustentando a hipótese de que essa retenção pode ser
mediada por meios inteiramente implícitos.
Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
Evidência experimental
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
52. Gurevich, Johnson e Goldberg (2011)
→ A memória literal explícita existe em contextos naturais, em que os
participantes são expostos a estórias longas, coerentes e não
interativas, quando não há aviso de que passarão por teste de
memória e quando os efeitos da memória lexical são controlados;
→ Além disso, a memória literal assume papel importante na
recuperação explícita, ou produção espontânea, mesmo depois
de um período de seis dias.
Evidência experimental
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
53. Modelo de Exemplares: uma introdução
No modelo de exemplares, uma categoria perceptual é definida como
o conjunto de todos os exemplos da categoria, que foram
experienciados. Em outras palavras, não é postulado um protótipo
abstrato da categoria. O processo de categorização, portanto, envolve
a comparação do item a ser categorizado com cada um dos exemplos
lembrados de cada categoria, de modo que a categorização é
baseada no somatório de similaridade sobre cada categoria. (Johnson
1996, p 146)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
54. Modelo de Exemplares: uma introdução
[...] um modelo de exemplares puro é obviamente impossível,
porque é necessário assumir que o indivíduo percebe coisas
demais (Johnson 1996, p146)
[...] embora um modelo de exemplares pareça precisar de uma
quantidade irreal de memória, as pessoas têm uma habilidade
surpreendente de se lembrar de exemplos. (Johnson 1996, p146)
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55. Modelo de Exemplares: uma introdução
Nas últimas décadas, um conjunto considerável de evidência
demonstra que os falantes têm conhecimento fonético detalhado, de
um tipo que não é modelável pelas regras de categorias da teoria
fonológica. [...] Um resultado particularmente interessante e desafiador
é a descoberta de que o detalhe fonético aprendido pode ser
associado não somente a línguas e dialetos, mas até mesmo a palavras
específicas no léxico de um determinado dialeto. (Pierrehumbert 2001,
p.1)
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56. Modelo de Exemplares: uma introdução
Em um modelo de exemplares cada categoria é representada na memória por uma
ampla nuvem de dados lembrados, que representam a categoria. Essas memórias
são organizadas em um mapa cognitivo, de modo que as memórias de instâncias
altamente similares ficam próximo uma das outras e as memórias de exemplos
diferentes ficam distante. Os dados lembrados exibem uma banda de variação que é
exibida nas manifestações físicas da categoria. Por exemplo, dados lembrados da
vogal /ɛ/ exibiriam uma variedade de valores de formantes (relacionados à variação
na anatomia do trato vocal dos falantes, variação ao longo da dimensão de hipo-
hiperarticulação, etc.) assim como variação em F0 e duração. O sistema inteiro é
então um mapeamento entre pontos em um espaço de parâmetro fonético e os
rótulos do sistema de categorização. Os rótulos constituem um nível de representação
por si só ou podem ser vistos como links funcionais para outros níveis de representação.
(Pierrehumbert 2001, p. 3-4)
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57. Se cada dado de uma categoria encontrado é armazenado como um exemplar
separado, então categorias frequentes serão obviamente representadas por
dados numerosos e categorias infrequentes são representadas por dados menos
numerosos. A diferença na contagem de dados é um ingrediente das
explicações dos efeitos de frequência do modelo […] A capacidade da mente
para memórias de longo prazo de exemplos individuais é de fato
surpreendentemente ampla, como os experimentos resenhados por Johnson
(1996) revelam. Entretanto, o volume de fala que uma pessoa processa no
decorrer da vida é tão grande, que não desejaríamos assumir memórias
individuais para cada uso de cada palavra. (Pierrehumbert 2001, p. 4)
Modelo de Exemplares: uma introdução
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
58. 1) assume-se que as memórias decaem. As memórias de enunciados que ouvimos
ontem são mais vívidas do que as memórias de uma década atrás.
2) Em Segundo lugar, assume-se que o espaço de parêmetro em que os exemplares
são representados é granulizado. Exemplos cujas diferenças são sutis demais para
aparecerem sob essa granulização são codificados como identicos.
• o ouvido não pode distinguir arbitrariamente as diferenças sutis de F0. O limiar
de discriminação de f0 em uma determinada parte da banda é determinado
pela resolução dos mecanismos anatômicos e neurais envolvidos na
codificação de f0. Assim, é razoável supor que os dados de fala que diferem
em menos de um limiar de discriminação de f0 são armazenados como se
fossem f0s idênticos. […] Como consequência, um exemplar individual – que
é uma memória perceptual detalhada – não corresponde a uma única
experiência perceptual, mas a uma classe de equivalência de experiências
perceptuais. (Pierrehumbert 2001, p. 4)
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
Modelo de Exemplares: uma introdução
59. Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.
60. 1- relações podem ser formadas em níveis diversos, ao longo de
várias dimensões. Uma palavra, que consiste em um grupamento
de exemplars fonéticos, assim como um conjunto de exemplares
semânticos, pode ser considerada uma unidade que pode então
estar relacionada a outras palavras de várias maneiras. Palavras
formam relações ao longo de dimensões fonéticas, assim como
ao longo de dimensões semânticas.
Morfologia
Disciplina LEF 829 e LEF762 – Material organizado por Karen Sampaio e Diego Leite de Oliveira.