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PATOLÓGICOS
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PATOLÓGICOS
Responsável técnico: Allison Silva de Andrade (CRB11/1102)
Biblioteca CEUNI-FAMETRO
S729p Souza, Andiara Silos Moraes de Castro e.
Processos patológicos / Andiara Silos Moraes de Castro e Souza. – Manaus:
FAMETRO, 2022.
50p.
ISBN: 978-85-64293-34-2
1. Doenças. 2. Imunidade. 3. Patologias. I. CEUNI-FAMETRO. II. Título.
CDU.: 616
FAMETRO
Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM
Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro
Todos os direitos reservados © FAMETRO
IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda
Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME
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Palavra
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Reitora
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do Centro Universitário Fametro”
O Centro Universitário Fametro acredita que o
papel de uma instituição de ensino é formar não apenas
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para o desenvolvimento da nossa Amazônia.
A Fametro, portanto, tem premissas claras a
cumprir como instituição de ensino de qualidade.
Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal
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A Fametro, ao longo das últimas duas décadas,
vem se consolidando como a melhor instituição de
ensino do Norte, um espaço democrático e docentes
com variadas visões de mundo. Somos uma instituição
de ensino plural que avança a cada ano em busca sempre
de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa
estrutura é moderna, estamos em diversos municípios
levando uma educação inclusiva e de qualidade.
Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a
experiência em estudar numa instituição com o corpo
docente com mestres e doutores e de qualidade de
ensino comprovada pelo MEC.
Maria do Carmo Seffair
Reitora
Sumário
UNIDADE I - RESPOSTAS IMUNES
Imunidade inata 16
Imunidade adaptativa 17
Imunidade Humoral 19
Imunidade celular 25
Hipersensibilidade 31
UNIDADE II - HIPERSENSIBILIDADE
Doenças autoimunes 34
Infecções na autoimunidade 35
Causas das doenças
autoimunes 37
Doenças causadas
por anticorpos 40
UNIDADE III - AGENTES
ENDÓGENOS E EXÓGENOS
Células do sistema imune 52
Alterações morfofuncionais
nas células 56
Distúrbios de circulação 58
Neoplasias, desordens
e carências 60
UNIDADE IV - PROCESSOS
PATOLÓGICOS HUMANOS
Tipos de lesões 71
Denominação das doenças 72
Divisões da patologia 73
Mecanismos de infecção
e evasão dos microrganismos 75
Referências 77
Unidade
1
Videoaula 1
Videoaula 3
Videoaula 5
Videoaula 2
Videoaula 4
12
13
RESPOSTAS
IMUNES
O termo imunidade significa
proteger de doenças, especifica‐
mente, de patologias infecciosas. O
sistema imune humano consiste em
células e moléculas responsáveis
pela defesa corporal. A área da
imunologia é a responsável por
estudarasrespostasimunes,ouseja,
a resposta coordenada do sistema
de defesa frente a entrada de
substâncias estranhas, as quais, por
sua vez, podem ser microrganismos
infecciosos, não infecciosos e,
inclusive, partes de células. Em
algumas situações, o ataque a
substâncias estranhas no organismo
pode causar lesões e gerar doenças.
Anotações:
14
As doenças autoimunes correspondem às respostas
do mecanismo de defesa contra as próprias células.
A vacinação, por sua vez, tem a função de
induzir artificialmente a imunidade do organismo
contra doenças infecciosas.
Figura 1: Edward Jenner, o primeiro cientista a
realizar uma vacinação
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Edward_Jenner.jpg>.
A primeira vacinação no mundo foi feita por
Edward Jenner (Figura 1), em 1798, que utilizou o
tecido de uma vaca recuperada de varíola bovina
contra a doença humana. A palavra vacina tem
origem no latim e derivando de vaca. A varíola foi a
primeira doença a ser erradicada no mundo através
da vacinação.
Aimunidadeseorganizaeminúmerasrespostas
sequenciais e coordenadas, sendo clas-sificada
como inata ou adaptativa (Figura 2). A imunidade
inata (ou natural) corresponde àquela que ocorre nas
primeiras horas ou dias da infecção, devido a
Anotações:
15
respostas rápidas contra os microrganismos
invasores. Já a imunidade adaptativa (ou adquirida)
acontece a partir das respostas imunes que foram
estimuladas depois da exposição a agentes
infecciosos (antígenos). A imunidade aumenta em
proporção e capacidade defensiva conforme o
organismo é exposto a mais agentes infecciosos, ou
seja, o organismo se adapta mediante à infecção.
Figura 2: Contraste das respostas das imunidades
inata e adaptativa
Fonte: <https://www.tiraojaleco.com.br/2016/06/
introducao-a-imunologia.html?m=1>.
O sistema imune é capaz de detectar e
combaterinúmerosantígenosestranhos,noentanto,
normalmente não ataca as suas próprias substâncias
(tolerância ou autotolerância). Os linfócitos são as
células de defesa que atuam na imunidade
adaptativa. Essas e outras células da imunidade são
capazes de se locomoverem, fazendo com que a
Anotações:
16
resposta imune que ocorre em um local do corpo
seja espalhada rapidamente por todo o indivíduo
(imunidade sistêmica).
IMUNIDADE INATA
O sistema imune inicial responde quase que
imediatamente a microrganismos e células lesadas
que se apresentam no corpo.
Figura 3: Principais células que participam da
imunidade inata
Fonte:<https://planetabiologia.com/sistema-imunitario-
caracteristicas-funcoes-e-celulas-de-defesa/>.
Os principais componentes desta fase de
defesa são as barreiras físicas e químicas (epitélios
e agentes antimicrobianos), os fagócitos (neutró-
Anotações:
17
filos, macrófagos), as células dendríticas, os
mastócitos, as células NK (do inglês, natural killer) e
as proteínas do sangue (Figura 3). Em geral, existem
dois tipos de respostas frente às infecções: a
primeira é a destruição dos microrganismos pelos
fagócitos, o que causa uma inflamação (Figura 4).
Figura 4: Fagocitose no sistema de defesa inato
Fonte: <https://www.sanarmed.com/a-vacina-e-o-sistema-
imune-na-covid-19-colunistas>.
A segunda é o bloqueio da replicação do
material genético ou morte do vírus sem a
necessidade de uma reação inflamatória.
IMUNIDADE ADAPTATIVA
Os linfócitos são os principais componentes da
resposta adaptativa e são capazes de detectar
inúmeros antígenos (10⁷ a 10⁹ aproximadamente), os
quais são substâncias presentes nos organismos
estranhos. Os linfócitos mais conhecidos são o T e
o B (Figura 5).
Anotações:
18
Figura 5: Tipos de linfócitos
Fonte: <https://www.salute-nella-scienza.it/esami/
linfociti.htm>. Adaptado pelo autor.
Os determinantes ou epítopos correspondem
às porções dos antígenos que são reconhecidas
pelos linfócitos, cujas variantes já existem no corpo,
mas são ativadas e aumentadas após a infecção.
Após a resposta imune inata frente a um
antígeno, ocorrerá, em um próximo momento de
infecção do mesmo microrganismo, uma resposta
mais efetiva e rápida por parte do sistema de defesa
(resposta imune secundária ou adaptativa), (Figura
6).
Figura 6: Resposta primária (inata) e secundária
(adaptativa) do sistema de defesa frente ao
mesmo antígeno
Fonte: <https://bioclassi.wordpress.com/estudo-do-
sistema-imunologico-imunologia-celular-e-molecular-
abbas/>.
Logo, há uma memória do sistema imune após
o contato com os diferentes antígenos, sendo essa
a forma como funciona a vacina. Há dois tipos de
respostas imunes adaptativas induzidas por
diferentes tipos de linfócitos e que trabalham para
eliminar distintos microrganismos: a imunidade
humoral e a celular.
IMUNIDADE HUMORAL
A resposta de defesa da imunidade humoral é
mediada por anticorpos que são produzidos pelos
linfócitos B (Figura 7), os quais podem ser
encontrados no sangue e em secreções mucosas
(fluídos corporais).
Anotações:
19
Anotações:
20
Figura 7: Ativação das células B e produção de
anticorpos
Fonte: <https://myloview.de/poster-aktivierung-von-b-zell-
leukozyten-nr-5F55614>.
O foco dos anticorpos são os antígenos de
microrganismos e suas toxinas fora das células, no
interstício. Essas proteínas agem neutralizando a
infecção e designando os fagócitos para eliminá-
los. A imunidade ativa corresponde ao indivíduo que
possui anticorpos contra determinado antígeno
(Figura 8). Os indivíduos que já possuem anticorpos
contra um determinado antígeno são ditos imunes.
Figura 8: Comparação entre a imunidade ativa e a
passiva
Fonte: DUTRA (2021).
Anotações:
21
Os anticorpos são proteínas séricas que se
ligam a substâncias estranhas, como as toxinas. Já
os antígenos consistem em substâncias que se ligam
a receptores específicos em linfócitos, estimulando
ou não respostas imunes. Indivíduos sensibilizados
aos antígenos são aqueles que já tiveram um contato
anterior com a substância estranha (imunidade
inata). A reação antígeno-anticorpo indica que há
uma sensibilidade, ou seja, já houve anteriormente
a produção de anticorpos contra o antígeno
específico (Figura 9).
Figura 9: Atuação da imunidade humoral
Fonte: Autoria própria.
A maioria dos microrganismos estranhos
entram no indivíduo através da pele. Enquanto isso,
as respostas imunes adaptativas se desenvolvem
nos órgãos linfoides periféricos (secundários), onde
ficam os linfócitos. As células apresentadoras de
antígenos (APC, do inglês) são responsáveis por
capturar os antígenos invasores e expô-los aos
linfócitos T naive, ou seja, que nunca tiveram
Anotações:
22
contato com os antígenos. As APCs mais
especializadas são as células dendríticas. Quando os
linfócitos T naive são ativados (após alguns dias), há
uma expansão clonal que aumenta muito o número
dessas células. Posteriormente, esses linfócitos são
modificados para eliminar os antígenos, sendo
chamados de células efetoras e células de memória,
pois sobrevivem por longos períodos com respostas
efetivas contra o mesmo antígeno (Figura 10).
Figura 10: A sequência das respostas imunes
adaptativas
Fonte: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/
5270149/mod_resource/content/0/
resposta%20imune%20adaptativa%20.pdf>.
Outras células efetoras que ajudam a eliminar
osantígenossãoosmacrófagose neutrófilos(Figura
11). Após a erradicação da infecção, o estímulo para
ativação dos linfócitos encerra e grande parte das
Anotações:
23
células efetoras morrem, ficando apenas as células
de memória para detectarem futuras infeções do
mesmo antígeno.
Figura 11: Glóbulos brancos
Fonte: Depositphotos.
Muitas interações entre as células que
participam da imunidade inata e adaptativa são
comandadas pelas citocinas (proteínas). Algumas de
suas principais funções são proporcionar o
crescimento e a diferenciação das células imunes,
ativar os linfócitos e fagócitos e coordenar a
movimentação das células no sistema circulatório
(Figura 12). Por tudo isso, as citocinas possuem
grande importância nas respostas imunes.
Figura 12: As principais funções das citocinas
Fonte: Depositphotos.
Anotações:
24
Na imunidade humoral, os linfócitos B
reconhecem os antígenos, apresentam expansão
clonal e se diferenciam em plasmódios que secretam
diferentes tipos de anticorpos, principalmente as
imunoglobulinas M (IgM) (Figura 13). A resposta dos
linfócitos B só ocorre após a ativação realizada
pelos linfócitos T auxiliares (imunidade celular). Os
microrganismos invasores são neutralizados através
da resposta imune adaptativa antes mesmo de
infectarem as células e, por isso, a vacinação é tão
importante, já que ela consiste na ativação dos
anticorpos para uma defesa mais eficiente e rápida.
Figura 13: Os diferentes tipos de anticorpos
Fonte: Depositphotos.
Os anticorpos IgG marcam os microrganismos
invasores para serem fagocitados pelos neutrófilos
e macrófagos. O sistema complemento é ativado por
IgM e IgG, que fagocitam os microrganismos e os
destroem. A IgA tem a função de neutralizar os
microrganismos da mucosa, principalmente
gastrintestinal e respiratória, prevenindo que essas
substâncias estranhas sejam inaladas ou ingeridas
pelo hospedeiro. Os anticorpos, em geral, vivem por
pouco tempo e são sintetizados aos poucos, o
suficiente para combater uma infecção. As células
de memória auxiliam na resposta rápida quando são
ativadas, aumentando a produção dos plasmócitos
que produzem os anticorpos.
IMUNIDADE CELULAR
A imunidade mediada por células é coman-
dada pelos linfócitos T e ocorre na parte interna da
célula (Figura 14) contra microrganismos que não
morrem dentro dos fagócitos ou vírus que se
espalham durante a infecção.
Figura 14: Ativação dos linfócitos T
Fonte: Depositphotos.
Anotações:
25
Anotações:
26
Os linfócitos T detectam os microrganismos
invasores dentro das células e os marcam para a
fagocitose ou apoptose (morte celular) (Figura 15). .
Figura 15: Função das células B e T auxiliares
Fonte: Depositphotos.
Os antígenos associados à superfície celular
são detectados através do reconhecimento do
complexo principal de histocompatibilidade (MHC,
do inglês) da substância estranha. Os principais
linfócitos são as células T auxiliares e os linfócitos T
citotóxicos ou citolíticos. As células auxiliares são
responsáveis pela produção das citocinas, enquanto
os citotóxicos matam as substâncias estranhas.
Após a ativação dos linfócitos T naive nos
órgãos linfoides secundários, estes se diferenciam
em células efetoras e migram para a superfície
celular (Figura 16).
Figura 16: Diferenças entre a imunidade humorar e
celular
Fonte: <https://medium.com/biolhar/aspectos-gerais-das-
respostas-imunes-6de98eb3fc0e>.
Os leucócitos também participam da reação
imune. Os linfócitos T citotóxicos são capazes de
reconhecer tumores que expressam antígenos
estranhos.
Anotações:
27
Unidade
2
Videoaula 1
Videoaula 3
Videoaula 5
Videoaula 2
Videoaula 4
30
31
HIPERSENSIBILIDADE
A tolerância imunológica (ou auto-tolerân‐
cia) ocorre quando o sistema imune não ataca
(tolera) um antígeno estranho já conhecido
pelas células de memória, o que pode causar o
surgimento de doenças autoimunes (Figura 17).
Em geral, os linfócitos são inativados ou
eliminados antes do combate ao próprio
antígeno, mas erros podem ocorrer. Alguns
antígenos induzem a tolerância e, por isso, são
chamados de tolerógenos ou tolerogênicos.
Anotações:
32
Figura 17: Doenças autoimunes
Fonte: <https://pt.dreamstime.com/>.
A autotolerância pode ser induzida em linfóci‐
tos imaturos nos órgãos linfoides geradores (timo e
medula óssea), sendo chamada de tolerância central,
ou em linfócitos maduros nas áreas periféricas,
sendo a tolerância periférica. Como é produzida uma
grande diversidade de células T e B para combater
diversos antígenos, não é estranho surgir células
imunes com afinidade aos próprios antígenos. A
tolerância central garante que a resposta imune de
linfócitos ainda imaturos não afete os autoantíge‐
nos os elimine, modificando a especificidade ou
diferenciando-os em linfócitos reguladores. No
entanto, quando ocorrem erros, a tolerância peri‐
Anotações:
33
férica também trabalha para prevenir a ativação
desses linfócitos po-tencialmente perigosos (Figura
18).
Figura 18: Tolerância central e periférica contra
autoantígenos
Fonte: <https://www.passeidireto.com>.
Os antígenos presentes nos órgãos centrais
geralmente são próprios, já que os antígenos de
microrganismos estranhos, quando encontrados,
são levados aos tecidos periféricos, como o linfono‐
do, baço e as mucosas. Por isso, nos órgãos centrais,
os linfócitos são específicos a autoantígenos. Os
linfócitos T reguladores criados nos órgãos centrais
ajudam na supressão de linfócitos maduros nas
áreas periféricas.
Anotações:
34
Doenças autoimunes
As doenças autoimunes podem ocorrer
dentro de determinados órgãos (miastenia grave,
esclerose múltipla, diabetes tipo 1) ou afetar todo o
sistema corporal (lúpus – Figura 19). Essas doenças,
em geral, são crônicas, progressivas e de autoper‐
petuação. Isso ocorre porque os autoantígenos são
persistentes e, após combater com a resposta
imunológica, os mecanismos de amplificação são
ativados e acabam perpetuando a resposta inicial.
Figura 19: Características de uma pessoa com
Lúpus, uma doença autoimune
Fonte: Depositphotos.
Anotações:
35
Além disso, após a autoimunidade, outros
antígenos acabam sendo liberados e alterados para
também combater os autoantígenos, sendo esse
processo chamado de propagação de epítopo.
Algumas anormalidades autoimunes ocorrem
comumente, como a autotolerância defeituosa,
responsável por causar todas as doenças autoimu‐
nes. O defeito pode ocorrer na deleção de linfócitos
B ou T autoimunes, no número ou função dos
linfócitos T reguladores, na apoptose defeituosa ou
na função inadequada de receptores de inibição.
Pode ocorrer também um aumento anormal de
autoantígenos, como um epítopo, com tolerância a
ele por parte do sistema imune. Uma inflamação ou
uma resposta imune inata inicial podem contribuir
para o surgimento de uma doença autoimune pelo
excesso de produção de linfócitos T.
Infecções na autoimunidade
Infecções bacterianas e viroses podem
proporcionar um aumento na chance de surgimento
de doenças autoimunes ou acelerá-las. A maior parte
dessas doenças está associada a uma infecção
prévia ou posterior. Sendo assim, as infecções
podem provocar a autoimunidade por meio de dois
mecanismos:
(1) Uma infecção específica em tecido provoca
a produção de células T que são tolerantes ao
antígeno do microrganismo. A este tipo de processo,
denomina-se ativação bystander (Figura 20).
Anotações:
36
Figura 20: Duas maneiras de ocorrer doenças
autoimunes a partir de infecções
de microrganismos
Fonte: Autoria própria.
Ao invés dos linfócitos atacarem os antígenos
do agente infeccioso, agridem os pró-prios autoan‐
tígenos.
(2) Os microrganismos infecciosos possuem
um antígeno similar ao autoantígeno, o que provoca
uma resposta imunológica contra o corpo do próprio
hospedeiro. Este processo se denomina de mimetis‐
mo molecular. A febre reumática consiste em uma
doença autoimune, a qual possui o autoantígeno do
miocárdio similar ao de bactérias estreptocócicas.
Nessa situação, há um acúmulo de anticorpos no
coração e o surgimento de miocardite.
No entanto, pode ocorrer de algumas infecções
protegerem para que não ocorra uma resposta
autoimune. Estudos apontam que a redução de
infecções causa um aumento na incidência de
doenças como a esclerose múltipla (Figura 21) e
Anotações:
37
diabetes. Entretanto, o motivo de tal ocorrência
ainda não é claro para os pesquisadores.
Figura 21: Características da esclerose múltipla,
uma das doenças autoimunes mais conhecidas
Fonte: Depositphotos.
A suscetibilidade genética também consiste
em um dos mecanismos de surgimento e aumento
da incidência das doenças autoimunes. Outras
questões que também afetam o surgimento de
reações autoimunes são as alterações anatômicas
nos tecidos e as alterações hormonais.
Causas das doenças autoimunes
A imunidade adaptativa tem a função de
proteger o hospedeiro contra microrganismos
invasores, entretanto, as respostas imunes podem
também causar lesão tecidual e doenças. Os
distúrbios causados pelas respostas imunes são
Anotações:
38
chamados de doenças de hipersensibilidade. Na
maioria das vezes, a resposta imune é capaz de
eliminar as substâncias invasoras sem prejudicar o
próprio hospedeiro. No entanto, pode haver erros no
controle imune, com as células da imunidade sendo
direcionadas ao tecido errado, havendo a presença
de microrganismos comensais (que vivem em
associação dentro do corpo) ou antígenos ambien‐
tais desencadeando respostas indevidas.
Assim, as respostas imunes podem ocorrer
devido a:
• Erros no mecanismo de tolerância, provo‐
cando o ataque aos autoantígenos;
• Reaçõesexcessivascontramicrorganismos
invasores que podem causar uma resposta
autoimune frente a graves lesões, como no
caso da tuberculose, enteropatia e hepati‐
te;
• Ao ataque a antígenos ambientais e não de
microrganismos, como em algumas
doenças alérgicas.
Apósoiníciodeumareaçãoautoimune,émuito
difícil controlá-la ou eliminá-la, pois os causadores
da reação fazem parte do sistema humano corporal.
Além disso, o sistema imune possui muitas alças de
amplificação, o que intensifica ainda mais as
reações. Por isso, as doenças autoimunes são
frequentemente crônicas, progressivas, debilitan‐
tes e mais comuns em pessoas de 20 a 40 anos de
idade e em mulheres. Uma observação importante
a se fazer é que a hipersensibilidade se caracteriza
pelo fato de não haver a sensibilidade (tolerância)
aos autoantígenos e não descrever as lesões que
ocorrem no processo. Tais doenças podem ser
Anotações:
39
classificadas pelo tipo de resposta imune e o
mecanismoefetorresponsávelpelaslesõescelulares
e teciduais, o qual mecanismo pode ser comandado
pelos anticorpos ou células T.
Os diferentes tipos de doenças assim descri‐
tos:
• Hipersensibilidade imediata (tipo I): cau-
sada por anticorpos IgE que ativam os
mastócitos e eosinófilos que atacam
antígenos ambientais, causando inflama‐
ção. Consiste no tipo de doença mais
comum, sendo conhecidas como alergia ou
atopia (Figura 22).
• Hipersensibilidade mediada por anti-cor‐
pos (tipo II): ocorre devido aos anticorpos
IgG e IgM combaterem antígenos da
superfície celular ou matriz extracelular.
Causam lesão tecidual com a inflamação e
prejudicam as funções normais da célula.
• Hipersensibilidade mediada por imuno-
complexos (tipo III): os anticorpos IgG e
IgM combatem os antígenos dispostos no
sangue e formam complexos que podem se
depositar na parede dos vasos sanguíneos
e causar inflamação, trombose e lesão no
tecido.
• Hipersensibilidade mediada por células T
(tipo IV): os linfócitos T são ativados e
atacam os antígenos através de uma
inflamação ou morte celular. As cito-cinas
produzidas pelos linfócitos causam a
inflamação e ativam os leucócitos (neu‐
trófilos e macrófagos) que causam as
lesões celulares.
40
Quadro 1: Principais diferenças entre as doenças
de hipersensibilidade
Fonte: <https://www.passeidireto.com>.
Tipo de Hipersen‐
sibilidade
Mecanismos
Imunopatológicos
Mecanismos de Lesão
Tecidual e Doença
Imediata: Tipo I
Anticorpo IgE, Célu‐
las Th2
Mastócitos, eosinófilos e seus me‐
diadores (aminas vasoativas, me‐
diadores lipídicos, citocinas)
Mediada por anti‐
corpos: Tipo II
Anticorpos IgM e
IgG contra an‐
tígenos de superfi‐
cie celular ou da
matriz extracelular
Opsonização e fagocitose de célu‐
las.
Recrutamento e ativação de
leucócitos (neutrófilos e macrófa‐
gos) mediadas por receptor Fc e
complemento.
Anormalidades nas funções celu‐
lares, por exemplo, sinalização por
receptor de hormônio, bloqueio de
receptor neurotransmissor
Mediada por
imunocomplexos:
Tipo III
Imunocomplexos de
antígenos circu‐
lantes e anticorpos
IgM ou IgG
Recrutamento e ativação de
leucócitos mediados por receptor
Fc e complemento
Mediada por célula
T:
Tipo IV
1. Células T CD4+
(Th1 e Th17)
2. CTLs CD8+
1. Inflamação mediada por citoci‐
nas e ativação de macrófagos
2. Morte Celular direta, inflamação
mediada por citocinas.
Anotações:
41
Os diferentes mecanismos de atuação dos
anticorpos e células T geram distúrbios com
características clínicas e patológicas diferentes. É
importante ressaltar que o surgimento de determi‐
nada doença humana é um resultado de uma
combinação de respostas imunes humorais condu‐
zidas por células, além de outros mecanismos
efetores.
Doenças causadas por anticorpos
As doenças que entram nesta categoria são
as de hipersensibilidade do tipo I, II e III. Os anticor‐
pos se combinam com os antígenos celulares ou
extracelulares, ou combatem substâncias entranhas
na circulação sanguínea. As doenças que surgem da
resposta imune em células e na matriz são específi‐
cas aos locais em que se localizam os antígenos, ou
seja, as doenças são órgão-específicas, não sistê‐
micas. Em relação aos antígenos dispostos no
sangue, a doença surgirá nos locais de depósito do
complexo antígeno-anticorpo, e não nos locais de
origem da substância entranha. Assim, as doenças
de hipersensibilidade mediadas por imunocomple‐
xos são sistêmicas, afetando inúmeros órgãos
(Figura 22).
Anotações:
42
Figura 22: Localização dos diferentes tipos de
anticorpos
Fonte: <https://www.morfofuncionando.com/cópia-
imagens-testículos>.
Os anticorpos atacam os autoantígenos e
causam as doenças por meio de três mecanismos:
opsonização ou fagocitose, inflamação ou devido à
falha nas funções celulares (Figura 23).
Anotações:
43
Figura 23: Diferentes mecanismos que levam os
anticorpos a produzirem doenças autoimunes
Fonte: <https://www.passeidireto.com/>.
A opsonização e fagocitose ocorrem nas
doenças de anemia hemolítica autoimune (Figura 25)
e na trombocitopenia autoimune. A glomerulonefrite
consiste em uma inflamação causada pelos anticor‐
pos e ativação dos leucócitos que causam a lesão
no tecido. No que diz respeito às doenças que
surgem devido a falhas nas funções corporais, não
há incidência de inflamação ou danos teciduais, pois
os anticorpos agem contra os receptores ou
proteínas, como ocorre na doença de Graves, na
Miastenia grave e na anemia perniciosa.
Anotações:
44
Figura 24: Sintomas da anemia hemolítica
Fonte: Depositphotos.
Muitas doenças autoimunes são resultado de
uma resposta imune dos anticorpos sobre os
próprios antígenos, no entanto, em determinadas
situações, pode ocorrer de antígenos de microrga‐
nismos hospedeiros resultarem também nessas
doenças. Neste caso, os antígenos estranhos são
similares aos autoantígenos e confundem o sistema
de defesa. Um exemplo é o que ocorre na febre
reumática, em que a resposta imune ataca os
autoantígenos do coração, ao invés de responder
aos antígenos das bactérias patológicas.
Nas doenças originárias devido a imunocom‐
plexos, o ataque imune também pode ser contra
autoantígenos ou antígenos estranhos. A resposta
imune contra antígenos estranhos foi observada
quando humanos recebem soro de anticorpos de
doenças específicas como forma de prevenção a
doenças, uma vez que os anticorpos respondem aos
antígenos do organismo estranho que produziu os
Anotações:
45
anticorpos (cavalo, camundongo). Este tipo de
doença foi chamado de doenças séricas, pois os
antígenos atacam as proteínas séricas do cavalo de
onde foi retirado o soro.
Oprincipalmecanismodelesãotecidualdessas
doenças é a inflamação nos vasos sanguíneos.
Algumas doenças que podem ser citadas, como
exemplo, são a doença do soro, lúpus eritematoso
sistêmico e a glomerulonefrite pós-estreptocócica.
Nessasdoenças,oslinfócitosTprovocamlesãotecidual
pelaproduçãodecitocinasqueinduzemainflamação
ou a destruição direta da célula estranha (Figura 25).
Figura 25: Resposta imune dos linfócitos T
Fonte: <https://docplayer.com.br/81366874-Reacoes-de-hi‐
persensibilidade-profa-alessandra-barone-prof-archangelo-
p-fernandes.html>.
As células CD4+
são responsáveis por causar
a inflamação, enquanto as CD8+
matam as células
estranhas. Os linfócitos, por sua vez, agem contra
os autoantígenos ou antígenos estranhos. No caso
de microrganismos persistentes, a resposta imune
pode ser bastante efetiva, principalmente se
tratando das invasões intracelulares.
Anotações:
46
As células responsáveis pela liberação das
citocinas e, consecutivamente, dos leucócitos, são
as células CD4+
Th1 e Th17. As lesões nos tecidos são
causadas pelas células de defesa. A inflamação
geralmente é crônica e resulta em fibrose. Muitas
doenças autoimunes existem devido à resposta
imune contra autoantígenos, como a psoríase
(Figura 26), esclerose múltipla, artrite reumatoide e
diabetes tipo 1. Algumas respostas imunes contra
microrganismos invasores podem levar a inflamação
e lesão nos tecidos do hospedeiro, como na tuber‐
culose.
Figura 26: Pessoa com psoríase nos braços
Fonte: <https://www.sanarmed.com/resumo-completo-so‐
bre-psoriase-posderm>.
Muitas doenças de pele chamadas de sensibi‐
lidade de contato são oriundas da exposição tópica
a agentes químicos e microrganismos ambientais,
o que pode causar reações crônicas e até eczemas.
Alguns exemplos deste tipo de resposta são as
erupções cutâneas causadas por hera venenosa e
carvalho, por contato com metais (níquel e berílio) e
com tiourama, que compõe as luvas de látex.
O tipo de reação imune que ocorre como
resposta das células T é chamado de hiper-sensibi‐
lidade do tipo tardio (DTH, do inglês), pois ocorre de
24h a 48h após a detecção do antígeno por células
Anotações:
47
de memória (reinfecção). As alergias correspondem
a reações de hipersensibilidade imediata, pois
ocorrem após minutos do contato com o antígeno.
Os humanos podem ser sensibilizados pelo DTH
através de uma infecção microbiana, com produtos
químicos, antígenos ambientais ou por injeção de
antígenos (Figura 27).
Figura 27: Processos da hipersensibilidade tardia
(DTH)
Fonte: <https://www.ufjf.br/imunologia/files/2010/08/Meca‐
nismos-efetores-da-imunidade-celular-e-humoral1.pdf>.
Após 18h da injeção de antígeno por um
indivíduo sensibilizado, as citocinas já foram
produzidas e liberaram os leucócitos, fazendo com
que o local fique inchado e enrijecido com o acúmulo
de células de defesa. A ausência dessas caracte‐
rísticas demonstra que o indivíduo possui um
problema com as células T, denominada anergia.
Unidade
3
Videoaula 1
Videoaula 3
Videoaula 2
Videoaula 4
Videoaula 5
50
51
AGENTES
ENDÓGENOS E
EXÓGENOS
As lesões e doenças são causadas
por diversas agressões, as quais podem
ser endógenas ou exógenas. As endóge‐
nas se referem a causas oriundas do
interior do próprio organismo, enquanto
as exógenas são ocasionadas devido ao
meio ambiente. Nas ocorrências em que
não se conhece a origem da lesão, a
doença é denominada de criptogenética,
idiopática ou essencial.
O meio pode interferir no corpo de
forma física ou social, enquanto o próprio
organismo pode causar questões psíqui‐
cas e também sociais. Os agentes
externos podem ser físicos, químicos ou
biológicos. Internamente, os distúrbios
envolvem a alteração no material genéti‐
Anotações:
52
co, nos mecanismos de defesa e nas emoções. Os
mecanismos físicos podem ser a força mecânica, as
radiações, alterações de temperatura e de pressão
atmosférica. Os agentes químicos são substâncias
tóxicas, como defensivos agrícolas, poluentes
ambientais, contaminantes alimentares, medica‐
mentos e drogas. Já os agentes biológicos são
principalmente os microrganismos (vírus, bactérias,
fungos).
As agressões ocorrem predominantemente
através da diminuição de oxigênio das células, dos
radicais livres, de anormalidade de material genéti‐
co e proteínas, de respostas imunes e distúrbios
metabólicos.
Células do sistema imune
As células que participam do sistema de defesa
frequentemente estão localizadas no sangue, linfa,
órgãos linfoides e distribuídas pelo restante do
corpo. O sistema de defesa deve ser capaz de
detectar rapidamente a entrada de inúmeros
microrganismos invasores diferentes em qualquer
local do corpo. A maioria das células de defesa deve
ser capaz de se deslocar prontamente a outras
regiões do corpo.
As células de defesa que atuam na imunidade
inata e adaptativa são os fagócitos, as células
dendríticas, linfócitos antígeno-específicos e outros
leucócitos (Figura 28). A maioria tem origem nas
células-tronco hematopoiéticas na medula óssea.
Os fagócitos e as dendríticas são denominados de
células mieloides, enquanto os linfócitos são
agrupados nas células linfoides.
Anotações:
53
Figura 28: Glóbulos brancos
Fonte: Depositphotos.
Os neutrófilos e macrófagos são fagócitos que
possuem a função de destruir e ingerir microrganis‐
mos, além de remover tecidos danificados e regular
respostas imunes. Neutrófilos e monócitos ficam no
sangue enquanto não são chamados para áreas
inflamatórias. Os monócitos se transformarão
posteriormente em macrófagos nos tecidos (Figura
29).
Figura 29: Monócitos originam os macrófagos e as
células dendríticas.
Fonte: Depositphotos.
Anotações:
54
Estas células são mais importantes na imuni‐
dade inata.
Os mastócitos, basófilos e eosinófilos também
participam do sistema de defesa, destruindo
microrganismos estranhos. No interior de suas
células, há grânulos com mediadores inflamatórios
e antimicrobianos que digerem as substâncias alvo.
Os mastócitos são particularmente importantes na
defesacontraparasitaseresponsáveisporexpressar
as inflamações nas doenças alérgicas, além de
secretar e liberar citocinas após ativação. Os
basófilos são granulócitos, e constituem uma
pequena porção dos leucócitos. Os eosinófilos
também são granulócitos e se localizam principal‐
mente no sangue. As células dendríticas iniciam as
reações de defesa inata e capturam substâncias
estranhas para as células T, assim começando a
resposta imune adaptativa. São conhecidas como
as sentinelas de infecção, com respostas rápidas às
substâncias estranhas. Também são responsáveis
por secretar citocinas que ativam células inatas nas
áreas de infecção.
Os linfócitos consistem em umas das principais
células do sistema imune. Apresentam uma incrível
capacidade clonal que é compatível com diversos
antígenos diferentes, existindo mais de milhões de
linfócitos distribuídos por todo o corpo. Cada clone
de linfócito B ou T possui uma especificidade única,
e a principal função se dá na mediação da imunidade
adaptativa (Figura 30).
Anotações:
55
Figura 30: Maturação dos linfócitos
Fonte: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/6589514/
mod_resource/content/1/BMI0296%20Aula%204%20-%20‐
Processamento%20apresenta%C3%A7%C3%A3o%20T‐
CR%20BCR.pdf>.
A origem está na medula óssea e no timo , mas
também podem ser encontrados no sangue, pele,
tecidos linfoides das mucosas do sistema gastroin‐
testinal e respiratório e nos órgãos linfoides (baço e
linfonodos). Os linfócitos são classificados em B e T.
Os linfócitos B são derivados da medula óssea
e produzem os anticorpos. Os linfócitos T são
produzidos por células precursoras na medula óssea
que amadurecem no timo. Os linfócitos T auxiliares
CD4, os citotóxicos CD8, as células reguladoras e
natural killers (NKT) são alguns dos tipos de linfóci‐
tos T existentes. Já as células B auxiliares, da zona
marginal, e B-1 consistem em classificações do
linfócito B.
As células natural killer (NK) e as linfoides
inatas (ILC, do inglês) derivam da medula óssea,
possuindo morfologia linfoide e funções efetoras
similares às células T no sistema imune inato. As
principais funções destas células na primeira defesa
são:
• Conferir defesa inicial contra patógenos;
• Reconhecer células do hospedeiro que
Anotações:
56
Estão estressadas ou lesadas;
• Eliminar células defeituosas do hospedeiro;
• Influenciar a resposta imune adaptativa.
As NK circulam no sangue e estão também em
vários tecidos linfoides. Enquanto isso, as ILCs
secretam citocinas e são mais raras no sangue,
sendo encontradas predominantemente nos tecidos
das mucosas, dos pulmões e do intestino.
Alterações morfofuncionais nas células
Atualmente, as análises patológicas contam
não apenas com as verificações micro e macroscópi‐
cas dos tecidos, mas também com a utilização de
recentes tecnologias para se detectar as doenças e
os organismos patogênicos. O estudo morfológico
consiste em verificar alterações físicas nos tecidos
do corpo, tanto para investigação de doença, quanto
para o diagnóstico. Os exames citológicos verificam
as células com o intuito de identificar neoplasias
malignaselesões,agentesinfecciososeparasitários.
A imuno-histoquímica consiste em um exame
morfológico que utiliza anticorpos como reagentes
para se detectar antígenos localizados em células
ou tecidos. Com a reação antígeno-anticorpo, pode-
se notar a presença de células normais ou patológi‐
cas, além de substâncias estranhas, como os
microrganismos invasores (Figura 31). Essa análise
pode ser utilizada como diagnóstico ou investigação
científica.
Anotações:
57
Figura 31: Vírus com os anticorpos ligados nos
antígenos
Fonte: <https://drawallyodontologia.com.br/herpes-labial/>.
A maior parte das doenças pode ser detectada
simplesmente com análises morfológicas, em
especial, as neoplasias e as doenças infecciosas,
pois são mais comuns de serem diagnosticadas.
Atualmente, existem inúmeros anticorpos específi‐
cos para se detectar várias doenças infecciosas. A
técnica de morfometria, por exemplo, permite
visualizar os leucócitos e detectar se a inflamação
é discreta, moderada ou acentuada.
Distúrbios de circulação
As agressões feitas ao organismo podem ser
em células parenquimatosas ou do estroma, nos
componentes intercelulares (interstício ou matriz
extracelular), na circulação sanguínea ou linfática e
no sistema nervoso. Esses componentes podem ser
agredidos de forma isolada ou em conjunto com
outros, envolvendo um tecido celular ou todos eles.
Assim, as lesões são classificadas de acordo com o
local da agressão. No caso das alterações de
Anotações:
58
circulação, pode ocorrer um aumento, diminuição
ou rompimento total do fluxo sanguíneo que vai para
os tecidos corporais, provocando uma hipermia,
oligoemia e isquemia, respectivamente.
Figura 32: Isquemia nos vasos sanguíneos
Fonte: Depositphotos.
Pode ocorrer também uma coagulação no
sangue de um vaso sanguíneo, provocando uma
trombose.
Figura 33: Coágulo nos vasos sanguíneos
Fonte: <https://www.jornaldosite.com.br/?p=4271>.
Anotações:
59
Substâncias estranhas que não se diluem no
sangue podem surgir e causar uma obstrução nos
vasos, que é denominada de embolia.
Figura 34: Embolia nos vasos sanguíneos
Fonte: Depositphotos.
O sangue pode sair dos vasos sanguíneos e
causar uma hemorragia interna ou externa ao corpo.
Figura 35: Hemorragia interna
Fonte: https://pt.dreamstime.com/
Anotações:
60
Por último, podem ocorrer alterações no fluxo
entre o plasma e o interstício e causando edemas.
Figura 36: Edema nas pernas de uma mulher idosa
Fonte: <https://angiomais.com.br/varizes-5/>.
Neoplasias, desordens e carências
Como dito anteriormente, as agressões no
corpo humano podem causar também as lesões nas
células, podendo ser letais ou não. A gravidade das
lesões depende do local de ocorrência, tipo de
célula atingida, qualidade, intensidade e duração da
agressão. Nas lesões não letais, as células podem
retornar à normalidade após a agressão. As agres‐
sões podem modificar o metabolismo das células,
causando um acúmulo de substâncias intercelulares,
sendo chamado de degeneração, mas também
podem alterar os mecanismos que regulam a
multiplicação e a diferenciação celular, causando
alterações no tecido local ou em todo o corpo.
Com essas agressões podem surgir hipotro‐
fias, hipertrofias, hiperplasias, hipoplasias, meta‐
plasias, displasias, neoplasias ou o acúmulo de
pigmentos endógenos ou exógenos (pigmentação).
Ahipotrofiaéumestadoouprocessodecrescimento
ou desenvolvimento subnormal, ou seja, abaixo do
normal. Já a hipertrofia, como o próprio nome
sugere, consiste no estado ou processo de cresci‐
Anotações:
61
mento e desenvolvimento acima do normal. A
hipotrofia e a hipertrofia muscular têm uma menor
e uma maior taxa de músculos no corpo, respectiva‐
mente (Figura 37).
Figura 37: Homem com hipertrofia e hipotrofia
muscular
Fonte: Depositphotos.
A hipoplasia consiste em uma formação
incompleta e anormal de alguma estrutura ou órgão
do corpo (Figura 38).
Figura 38: A imagem apresenta a hipoplasia do
útero de uma mulher
Fonte: Depositphotos.
Anotações:
62
Em contrapartida, a hiperplasia representa a
maior capacidade funcional de um órgão (Figura 39).
Figura 39: Hiperplasia benigna da próstata
Fonte: Depositphotos.
A metaplasia ocorre quando uma célula adulta
é substituída por outra de um tipo celular diferente
(Figura 40). Geralmente ocorre devido a um estresse
sofrido pela célula.
Figura 40: Metaplasia do epitélio respiratório
Fonte: <https://pt.dreamstime.com/>.
A displasia consiste em um crescimento
anormal de células no corpo. Como exemplo, pode-
se citar a displasia do quadril (Figura 41).
Anotações:
63
Figura 41: Displasia do quadril
Fonte: <https://www.heilpraxisnet.de/symptome/ziehen-in-
der-leiste/>.
A neoplasia é o crescimento desordenado de
células que formam uma massa anormal de tecido
(Figura 42). Pode ser benigna ou maligna. A neopla‐
sia benigna cresce de forma mais lenta e ordenada,
já a neoplasia maligna é geralmente denominada de
tumor.
Figura 42: Imagem que representa uma neoplasia
Fonte: Depositphotos.
As lesões letais são representadas pela
necrose, apoptose, dentre outras.
Unidade
4
Videoaula 1
Videoaula 3
Videoaula 2
Videoaula 4
Videoaula 5
66
67
PROCESSOS
PATOLÓGICOS
HUMANOS
A patologia é a área que estuda
as causas das doenças, os mecanis‐
mos que as produzem, os locais onde
ocorrem e as alterações morfológicas,
molecularesefuncionaisqueapresen‐
tam. Além disso, proporciona um
melhor entendimento sobre a preven‐
ção, sinais, sintomas, prognóstico,
diagnóstico, tratamento e evolução
das doenças. Já o termo doença
caracteriza-se por uma falta de
adaptação ao ambiente físico, psíqui‐
co ou social, em que o doente apre‐
senta sinais (alterações detectadas
clinicamente) e sintomas (mal-estar).
Anotações:
68
Qualquer agressão sofrida pelo indivíduo
provoca respostas que podem ser de defesa ou de
adaptação. Nas situações em que o corpo não
consegue se adaptar ou conter a agressão, há o
surgimento de lesões, as quais podem ser crônicas
ou agudas, e gerar doenças. As agressões podem
ser de origem interna ou externa ao indivíduo, sendo
provocadas por agentes químicos, físicos ou
biológicos.
A primeira defesa do corpo está nas barreiras
mecânicas e químicas da pele e das mucosas. Além
disso, contra agentes infecciosos (patógenos) há a
fagocitose, o sistema complemento e a reação
inflamatória (expressão morfológica da resposta
imune). Contra agentes genotóxicos (que agridem o
genoma, material genético) existe o sistema de
reparo no DNA, e contra compostos químicos
tóxicos, como os radicais livres, as células possuem
sistemas enzimáticos de detoxificação e antioxidan‐
tes.
A adaptação se dá pelo ajuste das funções
celulares dentro de certos limites, como forma de
se acomodar às modificações induzidas pela
agressão. Essa resposta adaptativa sistêmica e
inespecífica que o organismo apresenta é chamada
de estresse. Caso ocorra a lesão ou o processo
patológico, esse consiste em algumas alterações
morfológicas, moleculares e/ou funcionais (fenôme‐
nos fisiopatológicos) no local de agressão. O termo
“processo” indica que há uma listagem de aconteci‐
mentos, em geral, como o início, evolução, cura ou
cronicidade (tornar-se crônica).
Uma questão importante a se elucidar é que
todas as lesões iniciam a partir de uma alteração
molecular. Os agentes agressores prejudicam as
69
Anotações:
células através de uma ação direta ou indireta. A
ação direta corresponde às alterações moleculares
que se transformam em mudanças morfológicas, já
a ação indireta decorre de erro na adaptação das
células frente a um invasor. Todas as agressões
geram estímulos que induzem respostas adaptativas
que tornam os mecanismos de defesa mais resisten‐
tes às próximas agressões.
Figura 43: Respostas dos organismos frente às
agressões
Fonte: O próprio autor.
Tipos de lesões
As lesões podem ser classificadas de acordo
com o tipo de local atingido, sendo:
Lesões celulares: podem ser letais e não
letais dependendo da qualidade, intensidade e
duração das agressões, além do estado funcional ou
tipo de célula atingida. Nas agressões não letais, as
células podem voltar a sua normalidade após a
finalização da lesão. Já as lesões letais consistem
na necrose (morte celular seguida de autólise),
apoptose (morte celular não seguida de autólise) ou
Anotações:
70
outros tipos de mortes celulares.
Alterações no interstício (matriz celular):
englobam as modificações estruturais e de depósi‐
tos na substância fundamental amorfa e nas fibras
elásticas, colágenas e reticulares.
Distúrbios de circulação: podem ser oriundos
do aumento (hiperemia), diminuição (oligoemia) ou
cessação (isquemia) do fluxo sanguíneo para os
tecidos, de coagulação do sangue (trombose), do
surgimento de substâncias que causam obstrução
dos vasos (embolia), da saída de sangue dos vasos
(hemorragia) ou da alteração nas trocas de líquidos
entre o plasma e o interstício (edema).
Alterações de inervação: mudanças no
funcionamento do sistema nervoso que ainda são
pouco conhecidas.
A inflamação é uma grave lesão que abrange
todas as células do tecido devido a um problema na
microcirculação e a consequente saída de leucócitos
dos vasos sanguíneos, acompanhada, então, de
lesões celulares e no interstício. Ou seja, a inflama‐
ção ocorre devido a respostas imunes acompanha‐
das pelas lesões.
Denominação das doenças
É importante que a denominação das doenças
estejaenvolvidacomassuascaracterísticasbásicas,
como a natureza, o local de ocorrência e o tipo de
lesão. Por exemplo, gastrite é o nome da doença
que causa uma inflamação (“ite”) no estômago
(“gastro”). No entanto, muitas doenças se referem ao
nome do pesquisador ou ao local de descoberta, o
que dificulta o entendimento da sua natureza. Assim,
71
Anotações:
a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu
uma nomenclatura universal como padronização do
nome das doenças chamada Classificação Interna‐
cional das doenças (CID). Para a definição, é
necessário o conhecimento dos sinais, sintomas e
lesões que causam a doença, criando-se um
número para se referir a cada uma delas. Com a
padronização se espera que haja uma facilitação na
determinação de ações mais efetivas na prevenção,
diagnóstico, tratamento e prognóstico.
Divisões da patologia
Asdoençaspodemsercausadasporalterações
moleculares ou morfológicas que resultam em
alterações funcionais no organismo ou em regiões
específicas, causando sinais (manifestações
objetivas) e sintomas (subjetivas). Assim, a patologia
pode ser dividida em determinadas áreas, como:
• Etiologia: estudo das causas das doen-
ças.
• Patogênese: estudo dos mecanismos das
doenças.
• Anatomia patológica: estudo das altera‐
ções morfológicas (lesões).
• Fisiopatologia: estudo das alterações
funcionais de órgãos e sistemas.
A semiologia são os sinais e sintomas detec‐
tados no paciente doente. A propedêutica é realiza‐
da pelos profissionais e nada mais é do que fazer o
diagnóstico das doenças. Além disso, ainda é
verificado o prognóstico, o tratamento e a prevenção
das doenças.
Anotações:
72
Figura 44: Definições de importantes termos
dentro da área da patologia
Fonte: O próprio autor.
A patologia geral é o estudo dos aspectos
comuns de diferentes doenças, tanto humanas
quanto de outros animais. Já a patologia especial
dedica-se a doenças de um determinado órgão ou
sistema, além de estudar também doenças agrupa‐
das por causas.
Mecanismos de infecção e evasão dos
microrganismos
Os principais alvos da resposta imune são as
substâncias estranhas, as quais podem estar em
agentes infecciosos ou moléculas endógenas
alteradas por estresse oxidativo, bem como por
agressão exógenas às células ou interstício. Nesse
momento de resposta, as células imunes também
podem ocasionar lesões ou doenças ao próprio
organismo. Alterações que causam um aumento ou
diminuição da resposta imune também podem gerar
doenças autoimunes ou infecciosas, respectivamen‐
73
Anotações:
te. Os agentes biológicos, ou seja, os microrganis‐
mos, podem invadir um hospedeiro e causar as
doenças infecciosas. Um microrganismo pode
causar lesão no tecido hospedeiro a partir dos
seguintes mecanismos:
• Ação direta: o microrganismo invade as
células e causa a morte. Alguns exemplos
de agentes biológicos com essas caracte‐
rísticas são os vírus, bactérias, algas e
protozoários.
• Substâncias tóxicas liberadas pelos
microrganismos: as bactérias, fungos e
protozoários possuem essas exotoxinas.
• Toxinas endógenas ou endotoxinas:
liberadas pelos microrganismos após a sua
morte e que também são capazes de
lesionar as células do hospedeiro.
• Ativação de componentes do sistema do
complemento: o que causa uma inflama‐
ção no local da invasão.
• Indução de resposta imunitária aos
diferentes antígenos (de superfície, es-
trutura ou excreção) do microrganismo:
esse tipo de resposta pode ser humoral ou
celular, assim como na resposta imune
adaptativa.
• Antígenos se aderem à superfície celular
ou a outras estruturas teciduais: em
resposta a isso, anticorpos ou respostas
imunes são dirigidas aos epítopos dos
antígenos. Esses epítopos de substâncias
estranhas podem ser inclusive, similares a
componentes do próprio organismo, o que
pode acarretar em uma resposta autoimu‐
ne.
Anotações:
74
• Integração ao genoma nuclear e altera‐
ções na síntese de proteínas: o que pode
acarretar em neoplasias, ou seja, tumores.
Todos esses mecanismos podem ocorrer com
maioroumenorintensidade,dependendodomaterial
genético do organismo hospedeiro, pois cada DNA
terá diferentes receptores para toxinas e diferentes
tipos de respostas dependendo do agente agressor.
Além disso, as condições de saúde do organismo no
presente também podem afetar essas respostas
imunes.
75
Anotações:
REFERÊNCIAS
ABBAS, Abul K.; LICHTMANN, ANDREW H.; POBER,
J. S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015. 536p.
JANEWAY, Charles A.; MURPHY, Kenneth; TRAVERS,
Paul; WALPORT, Mark. Imunobiologia: o sistema
imune na saúde e na doença. 7ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2013. 767p.
BOGLIOLO, B. Patologia. 8ª ed, 2012.
Rubira, A. P.; Nogueira, I.A.T.; Almeida, L.A. Imuni‐
dade contra microorganismos. Uma análise em
relaç ão à s defesas inatas e adquiridas. Revista
Ciência Amazônida, ILES/ULBRA Porto Velho/RO. v.
1, n. 1 (2016).
Machado, P.L.R.; Araújo, M.I.A.S.; Carvalho, E.M.;
Carvalho, L. Mecanismos de resposta imune à s
infecç ões. An bras Dermatol, Rio de Janeiro,
79(6):647-664, nov/dez. 2004.
CRUVINEL, W.M.; Mesquita J.D.; Araújo, J.A.P.
Sistema Imunitário – Parte I. Fundamentos da
imunidade inata com ênfase nos mecanismos
moleculares e celulares da resposta inflamatória.
Rev Bras Reumatol, 50(4):434-61, 2010.
DUTRA, Mellanie Fontes; Disponível em:
<https://twitter.com/mellziland/status/
1412798057498955782>. Acesso: 13 de maio 2022.
Unidade
4
76
QUESTÃO 1
Fonte: Adaptada de PUC-RJ-2007.
O assunto vacinação está bastante em alta em
todo o mundo devido à pandemia do COVID-19.
Desde o início, pesquisadores de inúmeras Univer‐
sidades vêm trabalhando com o intuito de criar uma
vacina contra o vírus. Sendo assim, a vacina consiste
em:
a. Anticorpos contra determinado patógeno,
os quais estimulam a resposta imunológica
do indivíduo.
b. Soro de indivíduos previamente imunizados
contra aquele patógeno.
c. Anticorpos contra determinado patógeno
produzidos por outro animal, os quais
fornecem proteção imunológica.
d. Células brancas produzidas por animais, as
quais se multiplicam no corpo do indivíduo
que recebe a vacina.
e. Um patógeno vivo enfraquecido ou partes
dele para estimular a resposta imunológica,
mas não causar a doença.
QUESTÃO 2
Fonte: Adaptada de UNISC.
No sangue, além das hemácias, encontramos
os leucócitos. Um dos tipos de leucócitos são os
linfócitos, cuja frequência é relativamente alta no
sangue. Em relação a essas células, podemos
afirmar que:
a. São células encontradas exclusivamente
no sangue.
ISBN 978-85-64293-34-2
9 788564 293342

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  • 2.
  • 4. Responsável técnico: Allison Silva de Andrade (CRB11/1102) Biblioteca CEUNI-FAMETRO S729p Souza, Andiara Silos Moraes de Castro e. Processos patológicos / Andiara Silos Moraes de Castro e Souza. – Manaus: FAMETRO, 2022. 50p. ISBN: 978-85-64293-34-2 1. Doenças. 2. Imunidade. 3. Patologias. I. CEUNI-FAMETRO. II. Título. CDU.: 616 FAMETRO Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro Todos os direitos reservados © FAMETRO IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD Luciana Braga | Projeto Gráfico e Direção de Arte Andreh Braga Garcia | Diagramação Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Produção e Revisão Leandro Carvalho | Revisor Imagens | depositphotos.com Imagens | unsplash.com Imagens | br.freepik.com "Nos termos da Lei n.º 9.610/98, o autor desta obra é titular de todo o complexo de direitos autorais sobre a presente criação. Assim, é vedada a cópia, reprodução, edição ou distribuição desta obra sem autorização expressa do Autor ou da Editora e, ainda é vedado utilizar, citar, publicar esta obra integral ou parcialmente sem deixar de indicar ou anunciar o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor sob pena da aplicação das medidas previstas nos Art. 101 a 110 da Lei n.º 9.610/98."
  • 5. Palavra da Reitora “É a educação que faz o futuro parecer um lugar de esperança e transformação”. (Marianna Moreno) “Sejam todos e todas bem-vindos ao EaD do Centro Universitário Fametro” O Centro Universitário Fametro acredita que o papel de uma instituição de ensino é formar não apenas profissionais, mas também formar profissionais no Ensino Superior, com valores éticos, humanísticos e com respeito ao meio ambiente capazes de contribuir para o desenvolvimento da nossa Amazônia. A Fametro, portanto, tem premissas claras a cumprir como instituição de ensino de qualidade. Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal bandeira. A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, vem se consolidando como a melhor instituição de ensino do Norte, um espaço democrático e docentes com variadas visões de mundo. Somos uma instituição de ensino plural que avança a cada ano em busca sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa estrutura é moderna, estamos em diversos municípios levando uma educação inclusiva e de qualidade. Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a experiência em estudar numa instituição com o corpo docente com mestres e doutores e de qualidade de ensino comprovada pelo MEC. Maria do Carmo Seffair Reitora
  • 6.
  • 7. Sumário UNIDADE I - RESPOSTAS IMUNES Imunidade inata 16 Imunidade adaptativa 17 Imunidade Humoral 19 Imunidade celular 25 Hipersensibilidade 31
  • 8. UNIDADE II - HIPERSENSIBILIDADE Doenças autoimunes 34 Infecções na autoimunidade 35 Causas das doenças autoimunes 37 Doenças causadas por anticorpos 40 UNIDADE III - AGENTES ENDÓGENOS E EXÓGENOS Células do sistema imune 52 Alterações morfofuncionais nas células 56 Distúrbios de circulação 58 Neoplasias, desordens e carências 60
  • 9. UNIDADE IV - PROCESSOS PATOLÓGICOS HUMANOS Tipos de lesões 71 Denominação das doenças 72 Divisões da patologia 73 Mecanismos de infecção e evasão dos microrganismos 75 Referências 77
  • 10.
  • 11. Unidade 1 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 5 Videoaula 2 Videoaula 4
  • 12. 12
  • 13. 13 RESPOSTAS IMUNES O termo imunidade significa proteger de doenças, especifica‐ mente, de patologias infecciosas. O sistema imune humano consiste em células e moléculas responsáveis pela defesa corporal. A área da imunologia é a responsável por estudarasrespostasimunes,ouseja, a resposta coordenada do sistema de defesa frente a entrada de substâncias estranhas, as quais, por sua vez, podem ser microrganismos infecciosos, não infecciosos e, inclusive, partes de células. Em algumas situações, o ataque a substâncias estranhas no organismo pode causar lesões e gerar doenças.
  • 14. Anotações: 14 As doenças autoimunes correspondem às respostas do mecanismo de defesa contra as próprias células. A vacinação, por sua vez, tem a função de induzir artificialmente a imunidade do organismo contra doenças infecciosas. Figura 1: Edward Jenner, o primeiro cientista a realizar uma vacinação Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Edward_Jenner.jpg>. A primeira vacinação no mundo foi feita por Edward Jenner (Figura 1), em 1798, que utilizou o tecido de uma vaca recuperada de varíola bovina contra a doença humana. A palavra vacina tem origem no latim e derivando de vaca. A varíola foi a primeira doença a ser erradicada no mundo através da vacinação. Aimunidadeseorganizaeminúmerasrespostas sequenciais e coordenadas, sendo clas-sificada como inata ou adaptativa (Figura 2). A imunidade inata (ou natural) corresponde àquela que ocorre nas primeiras horas ou dias da infecção, devido a
  • 15. Anotações: 15 respostas rápidas contra os microrganismos invasores. Já a imunidade adaptativa (ou adquirida) acontece a partir das respostas imunes que foram estimuladas depois da exposição a agentes infecciosos (antígenos). A imunidade aumenta em proporção e capacidade defensiva conforme o organismo é exposto a mais agentes infecciosos, ou seja, o organismo se adapta mediante à infecção. Figura 2: Contraste das respostas das imunidades inata e adaptativa Fonte: <https://www.tiraojaleco.com.br/2016/06/ introducao-a-imunologia.html?m=1>. O sistema imune é capaz de detectar e combaterinúmerosantígenosestranhos,noentanto, normalmente não ataca as suas próprias substâncias (tolerância ou autotolerância). Os linfócitos são as células de defesa que atuam na imunidade adaptativa. Essas e outras células da imunidade são capazes de se locomoverem, fazendo com que a
  • 16. Anotações: 16 resposta imune que ocorre em um local do corpo seja espalhada rapidamente por todo o indivíduo (imunidade sistêmica). IMUNIDADE INATA O sistema imune inicial responde quase que imediatamente a microrganismos e células lesadas que se apresentam no corpo. Figura 3: Principais células que participam da imunidade inata Fonte:<https://planetabiologia.com/sistema-imunitario- caracteristicas-funcoes-e-celulas-de-defesa/>. Os principais componentes desta fase de defesa são as barreiras físicas e químicas (epitélios e agentes antimicrobianos), os fagócitos (neutró-
  • 17. Anotações: 17 filos, macrófagos), as células dendríticas, os mastócitos, as células NK (do inglês, natural killer) e as proteínas do sangue (Figura 3). Em geral, existem dois tipos de respostas frente às infecções: a primeira é a destruição dos microrganismos pelos fagócitos, o que causa uma inflamação (Figura 4). Figura 4: Fagocitose no sistema de defesa inato Fonte: <https://www.sanarmed.com/a-vacina-e-o-sistema- imune-na-covid-19-colunistas>. A segunda é o bloqueio da replicação do material genético ou morte do vírus sem a necessidade de uma reação inflamatória. IMUNIDADE ADAPTATIVA Os linfócitos são os principais componentes da resposta adaptativa e são capazes de detectar inúmeros antígenos (10⁷ a 10⁹ aproximadamente), os quais são substâncias presentes nos organismos estranhos. Os linfócitos mais conhecidos são o T e o B (Figura 5).
  • 18. Anotações: 18 Figura 5: Tipos de linfócitos Fonte: <https://www.salute-nella-scienza.it/esami/ linfociti.htm>. Adaptado pelo autor. Os determinantes ou epítopos correspondem às porções dos antígenos que são reconhecidas pelos linfócitos, cujas variantes já existem no corpo, mas são ativadas e aumentadas após a infecção. Após a resposta imune inata frente a um antígeno, ocorrerá, em um próximo momento de infecção do mesmo microrganismo, uma resposta mais efetiva e rápida por parte do sistema de defesa (resposta imune secundária ou adaptativa), (Figura 6).
  • 19. Figura 6: Resposta primária (inata) e secundária (adaptativa) do sistema de defesa frente ao mesmo antígeno Fonte: <https://bioclassi.wordpress.com/estudo-do- sistema-imunologico-imunologia-celular-e-molecular- abbas/>. Logo, há uma memória do sistema imune após o contato com os diferentes antígenos, sendo essa a forma como funciona a vacina. Há dois tipos de respostas imunes adaptativas induzidas por diferentes tipos de linfócitos e que trabalham para eliminar distintos microrganismos: a imunidade humoral e a celular. IMUNIDADE HUMORAL A resposta de defesa da imunidade humoral é mediada por anticorpos que são produzidos pelos linfócitos B (Figura 7), os quais podem ser encontrados no sangue e em secreções mucosas (fluídos corporais). Anotações: 19
  • 20. Anotações: 20 Figura 7: Ativação das células B e produção de anticorpos Fonte: <https://myloview.de/poster-aktivierung-von-b-zell- leukozyten-nr-5F55614>. O foco dos anticorpos são os antígenos de microrganismos e suas toxinas fora das células, no interstício. Essas proteínas agem neutralizando a infecção e designando os fagócitos para eliminá- los. A imunidade ativa corresponde ao indivíduo que possui anticorpos contra determinado antígeno (Figura 8). Os indivíduos que já possuem anticorpos contra um determinado antígeno são ditos imunes. Figura 8: Comparação entre a imunidade ativa e a passiva Fonte: DUTRA (2021).
  • 21. Anotações: 21 Os anticorpos são proteínas séricas que se ligam a substâncias estranhas, como as toxinas. Já os antígenos consistem em substâncias que se ligam a receptores específicos em linfócitos, estimulando ou não respostas imunes. Indivíduos sensibilizados aos antígenos são aqueles que já tiveram um contato anterior com a substância estranha (imunidade inata). A reação antígeno-anticorpo indica que há uma sensibilidade, ou seja, já houve anteriormente a produção de anticorpos contra o antígeno específico (Figura 9). Figura 9: Atuação da imunidade humoral Fonte: Autoria própria. A maioria dos microrganismos estranhos entram no indivíduo através da pele. Enquanto isso, as respostas imunes adaptativas se desenvolvem nos órgãos linfoides periféricos (secundários), onde ficam os linfócitos. As células apresentadoras de antígenos (APC, do inglês) são responsáveis por capturar os antígenos invasores e expô-los aos linfócitos T naive, ou seja, que nunca tiveram
  • 22. Anotações: 22 contato com os antígenos. As APCs mais especializadas são as células dendríticas. Quando os linfócitos T naive são ativados (após alguns dias), há uma expansão clonal que aumenta muito o número dessas células. Posteriormente, esses linfócitos são modificados para eliminar os antígenos, sendo chamados de células efetoras e células de memória, pois sobrevivem por longos períodos com respostas efetivas contra o mesmo antígeno (Figura 10). Figura 10: A sequência das respostas imunes adaptativas Fonte: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/ 5270149/mod_resource/content/0/ resposta%20imune%20adaptativa%20.pdf>. Outras células efetoras que ajudam a eliminar osantígenossãoosmacrófagose neutrófilos(Figura 11). Após a erradicação da infecção, o estímulo para ativação dos linfócitos encerra e grande parte das
  • 23. Anotações: 23 células efetoras morrem, ficando apenas as células de memória para detectarem futuras infeções do mesmo antígeno. Figura 11: Glóbulos brancos Fonte: Depositphotos. Muitas interações entre as células que participam da imunidade inata e adaptativa são comandadas pelas citocinas (proteínas). Algumas de suas principais funções são proporcionar o crescimento e a diferenciação das células imunes, ativar os linfócitos e fagócitos e coordenar a movimentação das células no sistema circulatório (Figura 12). Por tudo isso, as citocinas possuem grande importância nas respostas imunes. Figura 12: As principais funções das citocinas Fonte: Depositphotos.
  • 24. Anotações: 24 Na imunidade humoral, os linfócitos B reconhecem os antígenos, apresentam expansão clonal e se diferenciam em plasmódios que secretam diferentes tipos de anticorpos, principalmente as imunoglobulinas M (IgM) (Figura 13). A resposta dos linfócitos B só ocorre após a ativação realizada pelos linfócitos T auxiliares (imunidade celular). Os microrganismos invasores são neutralizados através da resposta imune adaptativa antes mesmo de infectarem as células e, por isso, a vacinação é tão importante, já que ela consiste na ativação dos anticorpos para uma defesa mais eficiente e rápida. Figura 13: Os diferentes tipos de anticorpos Fonte: Depositphotos. Os anticorpos IgG marcam os microrganismos invasores para serem fagocitados pelos neutrófilos e macrófagos. O sistema complemento é ativado por IgM e IgG, que fagocitam os microrganismos e os destroem. A IgA tem a função de neutralizar os microrganismos da mucosa, principalmente
  • 25. gastrintestinal e respiratória, prevenindo que essas substâncias estranhas sejam inaladas ou ingeridas pelo hospedeiro. Os anticorpos, em geral, vivem por pouco tempo e são sintetizados aos poucos, o suficiente para combater uma infecção. As células de memória auxiliam na resposta rápida quando são ativadas, aumentando a produção dos plasmócitos que produzem os anticorpos. IMUNIDADE CELULAR A imunidade mediada por células é coman- dada pelos linfócitos T e ocorre na parte interna da célula (Figura 14) contra microrganismos que não morrem dentro dos fagócitos ou vírus que se espalham durante a infecção. Figura 14: Ativação dos linfócitos T Fonte: Depositphotos. Anotações: 25
  • 26. Anotações: 26 Os linfócitos T detectam os microrganismos invasores dentro das células e os marcam para a fagocitose ou apoptose (morte celular) (Figura 15). . Figura 15: Função das células B e T auxiliares Fonte: Depositphotos. Os antígenos associados à superfície celular são detectados através do reconhecimento do complexo principal de histocompatibilidade (MHC, do inglês) da substância estranha. Os principais linfócitos são as células T auxiliares e os linfócitos T citotóxicos ou citolíticos. As células auxiliares são responsáveis pela produção das citocinas, enquanto os citotóxicos matam as substâncias estranhas. Após a ativação dos linfócitos T naive nos órgãos linfoides secundários, estes se diferenciam em células efetoras e migram para a superfície celular (Figura 16).
  • 27. Figura 16: Diferenças entre a imunidade humorar e celular Fonte: <https://medium.com/biolhar/aspectos-gerais-das- respostas-imunes-6de98eb3fc0e>. Os leucócitos também participam da reação imune. Os linfócitos T citotóxicos são capazes de reconhecer tumores que expressam antígenos estranhos. Anotações: 27
  • 28.
  • 29. Unidade 2 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 5 Videoaula 2 Videoaula 4
  • 30. 30
  • 31. 31 HIPERSENSIBILIDADE A tolerância imunológica (ou auto-tolerân‐ cia) ocorre quando o sistema imune não ataca (tolera) um antígeno estranho já conhecido pelas células de memória, o que pode causar o surgimento de doenças autoimunes (Figura 17). Em geral, os linfócitos são inativados ou eliminados antes do combate ao próprio antígeno, mas erros podem ocorrer. Alguns antígenos induzem a tolerância e, por isso, são chamados de tolerógenos ou tolerogênicos.
  • 32. Anotações: 32 Figura 17: Doenças autoimunes Fonte: <https://pt.dreamstime.com/>. A autotolerância pode ser induzida em linfóci‐ tos imaturos nos órgãos linfoides geradores (timo e medula óssea), sendo chamada de tolerância central, ou em linfócitos maduros nas áreas periféricas, sendo a tolerância periférica. Como é produzida uma grande diversidade de células T e B para combater diversos antígenos, não é estranho surgir células imunes com afinidade aos próprios antígenos. A tolerância central garante que a resposta imune de linfócitos ainda imaturos não afete os autoantíge‐ nos os elimine, modificando a especificidade ou diferenciando-os em linfócitos reguladores. No entanto, quando ocorrem erros, a tolerância peri‐
  • 33. Anotações: 33 férica também trabalha para prevenir a ativação desses linfócitos po-tencialmente perigosos (Figura 18). Figura 18: Tolerância central e periférica contra autoantígenos Fonte: <https://www.passeidireto.com>. Os antígenos presentes nos órgãos centrais geralmente são próprios, já que os antígenos de microrganismos estranhos, quando encontrados, são levados aos tecidos periféricos, como o linfono‐ do, baço e as mucosas. Por isso, nos órgãos centrais, os linfócitos são específicos a autoantígenos. Os linfócitos T reguladores criados nos órgãos centrais ajudam na supressão de linfócitos maduros nas áreas periféricas.
  • 34. Anotações: 34 Doenças autoimunes As doenças autoimunes podem ocorrer dentro de determinados órgãos (miastenia grave, esclerose múltipla, diabetes tipo 1) ou afetar todo o sistema corporal (lúpus – Figura 19). Essas doenças, em geral, são crônicas, progressivas e de autoper‐ petuação. Isso ocorre porque os autoantígenos são persistentes e, após combater com a resposta imunológica, os mecanismos de amplificação são ativados e acabam perpetuando a resposta inicial. Figura 19: Características de uma pessoa com Lúpus, uma doença autoimune Fonte: Depositphotos.
  • 35. Anotações: 35 Além disso, após a autoimunidade, outros antígenos acabam sendo liberados e alterados para também combater os autoantígenos, sendo esse processo chamado de propagação de epítopo. Algumas anormalidades autoimunes ocorrem comumente, como a autotolerância defeituosa, responsável por causar todas as doenças autoimu‐ nes. O defeito pode ocorrer na deleção de linfócitos B ou T autoimunes, no número ou função dos linfócitos T reguladores, na apoptose defeituosa ou na função inadequada de receptores de inibição. Pode ocorrer também um aumento anormal de autoantígenos, como um epítopo, com tolerância a ele por parte do sistema imune. Uma inflamação ou uma resposta imune inata inicial podem contribuir para o surgimento de uma doença autoimune pelo excesso de produção de linfócitos T. Infecções na autoimunidade Infecções bacterianas e viroses podem proporcionar um aumento na chance de surgimento de doenças autoimunes ou acelerá-las. A maior parte dessas doenças está associada a uma infecção prévia ou posterior. Sendo assim, as infecções podem provocar a autoimunidade por meio de dois mecanismos: (1) Uma infecção específica em tecido provoca a produção de células T que são tolerantes ao antígeno do microrganismo. A este tipo de processo, denomina-se ativação bystander (Figura 20).
  • 36. Anotações: 36 Figura 20: Duas maneiras de ocorrer doenças autoimunes a partir de infecções de microrganismos Fonte: Autoria própria. Ao invés dos linfócitos atacarem os antígenos do agente infeccioso, agridem os pró-prios autoan‐ tígenos. (2) Os microrganismos infecciosos possuem um antígeno similar ao autoantígeno, o que provoca uma resposta imunológica contra o corpo do próprio hospedeiro. Este processo se denomina de mimetis‐ mo molecular. A febre reumática consiste em uma doença autoimune, a qual possui o autoantígeno do miocárdio similar ao de bactérias estreptocócicas. Nessa situação, há um acúmulo de anticorpos no coração e o surgimento de miocardite. No entanto, pode ocorrer de algumas infecções protegerem para que não ocorra uma resposta autoimune. Estudos apontam que a redução de infecções causa um aumento na incidência de doenças como a esclerose múltipla (Figura 21) e
  • 37. Anotações: 37 diabetes. Entretanto, o motivo de tal ocorrência ainda não é claro para os pesquisadores. Figura 21: Características da esclerose múltipla, uma das doenças autoimunes mais conhecidas Fonte: Depositphotos. A suscetibilidade genética também consiste em um dos mecanismos de surgimento e aumento da incidência das doenças autoimunes. Outras questões que também afetam o surgimento de reações autoimunes são as alterações anatômicas nos tecidos e as alterações hormonais. Causas das doenças autoimunes A imunidade adaptativa tem a função de proteger o hospedeiro contra microrganismos invasores, entretanto, as respostas imunes podem também causar lesão tecidual e doenças. Os distúrbios causados pelas respostas imunes são
  • 38. Anotações: 38 chamados de doenças de hipersensibilidade. Na maioria das vezes, a resposta imune é capaz de eliminar as substâncias invasoras sem prejudicar o próprio hospedeiro. No entanto, pode haver erros no controle imune, com as células da imunidade sendo direcionadas ao tecido errado, havendo a presença de microrganismos comensais (que vivem em associação dentro do corpo) ou antígenos ambien‐ tais desencadeando respostas indevidas. Assim, as respostas imunes podem ocorrer devido a: • Erros no mecanismo de tolerância, provo‐ cando o ataque aos autoantígenos; • Reaçõesexcessivascontramicrorganismos invasores que podem causar uma resposta autoimune frente a graves lesões, como no caso da tuberculose, enteropatia e hepati‐ te; • Ao ataque a antígenos ambientais e não de microrganismos, como em algumas doenças alérgicas. Apósoiníciodeumareaçãoautoimune,émuito difícil controlá-la ou eliminá-la, pois os causadores da reação fazem parte do sistema humano corporal. Além disso, o sistema imune possui muitas alças de amplificação, o que intensifica ainda mais as reações. Por isso, as doenças autoimunes são frequentemente crônicas, progressivas, debilitan‐ tes e mais comuns em pessoas de 20 a 40 anos de idade e em mulheres. Uma observação importante a se fazer é que a hipersensibilidade se caracteriza pelo fato de não haver a sensibilidade (tolerância) aos autoantígenos e não descrever as lesões que ocorrem no processo. Tais doenças podem ser
  • 39. Anotações: 39 classificadas pelo tipo de resposta imune e o mecanismoefetorresponsávelpelaslesõescelulares e teciduais, o qual mecanismo pode ser comandado pelos anticorpos ou células T. Os diferentes tipos de doenças assim descri‐ tos: • Hipersensibilidade imediata (tipo I): cau- sada por anticorpos IgE que ativam os mastócitos e eosinófilos que atacam antígenos ambientais, causando inflama‐ ção. Consiste no tipo de doença mais comum, sendo conhecidas como alergia ou atopia (Figura 22). • Hipersensibilidade mediada por anti-cor‐ pos (tipo II): ocorre devido aos anticorpos IgG e IgM combaterem antígenos da superfície celular ou matriz extracelular. Causam lesão tecidual com a inflamação e prejudicam as funções normais da célula. • Hipersensibilidade mediada por imuno- complexos (tipo III): os anticorpos IgG e IgM combatem os antígenos dispostos no sangue e formam complexos que podem se depositar na parede dos vasos sanguíneos e causar inflamação, trombose e lesão no tecido. • Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV): os linfócitos T são ativados e atacam os antígenos através de uma inflamação ou morte celular. As cito-cinas produzidas pelos linfócitos causam a inflamação e ativam os leucócitos (neu‐ trófilos e macrófagos) que causam as lesões celulares.
  • 40. 40 Quadro 1: Principais diferenças entre as doenças de hipersensibilidade Fonte: <https://www.passeidireto.com>. Tipo de Hipersen‐ sibilidade Mecanismos Imunopatológicos Mecanismos de Lesão Tecidual e Doença Imediata: Tipo I Anticorpo IgE, Célu‐ las Th2 Mastócitos, eosinófilos e seus me‐ diadores (aminas vasoativas, me‐ diadores lipídicos, citocinas) Mediada por anti‐ corpos: Tipo II Anticorpos IgM e IgG contra an‐ tígenos de superfi‐ cie celular ou da matriz extracelular Opsonização e fagocitose de célu‐ las. Recrutamento e ativação de leucócitos (neutrófilos e macrófa‐ gos) mediadas por receptor Fc e complemento. Anormalidades nas funções celu‐ lares, por exemplo, sinalização por receptor de hormônio, bloqueio de receptor neurotransmissor Mediada por imunocomplexos: Tipo III Imunocomplexos de antígenos circu‐ lantes e anticorpos IgM ou IgG Recrutamento e ativação de leucócitos mediados por receptor Fc e complemento Mediada por célula T: Tipo IV 1. Células T CD4+ (Th1 e Th17) 2. CTLs CD8+ 1. Inflamação mediada por citoci‐ nas e ativação de macrófagos 2. Morte Celular direta, inflamação mediada por citocinas.
  • 41. Anotações: 41 Os diferentes mecanismos de atuação dos anticorpos e células T geram distúrbios com características clínicas e patológicas diferentes. É importante ressaltar que o surgimento de determi‐ nada doença humana é um resultado de uma combinação de respostas imunes humorais condu‐ zidas por células, além de outros mecanismos efetores. Doenças causadas por anticorpos As doenças que entram nesta categoria são as de hipersensibilidade do tipo I, II e III. Os anticor‐ pos se combinam com os antígenos celulares ou extracelulares, ou combatem substâncias entranhas na circulação sanguínea. As doenças que surgem da resposta imune em células e na matriz são específi‐ cas aos locais em que se localizam os antígenos, ou seja, as doenças são órgão-específicas, não sistê‐ micas. Em relação aos antígenos dispostos no sangue, a doença surgirá nos locais de depósito do complexo antígeno-anticorpo, e não nos locais de origem da substância entranha. Assim, as doenças de hipersensibilidade mediadas por imunocomple‐ xos são sistêmicas, afetando inúmeros órgãos (Figura 22).
  • 42. Anotações: 42 Figura 22: Localização dos diferentes tipos de anticorpos Fonte: <https://www.morfofuncionando.com/cópia- imagens-testículos>. Os anticorpos atacam os autoantígenos e causam as doenças por meio de três mecanismos: opsonização ou fagocitose, inflamação ou devido à falha nas funções celulares (Figura 23).
  • 43. Anotações: 43 Figura 23: Diferentes mecanismos que levam os anticorpos a produzirem doenças autoimunes Fonte: <https://www.passeidireto.com/>. A opsonização e fagocitose ocorrem nas doenças de anemia hemolítica autoimune (Figura 25) e na trombocitopenia autoimune. A glomerulonefrite consiste em uma inflamação causada pelos anticor‐ pos e ativação dos leucócitos que causam a lesão no tecido. No que diz respeito às doenças que surgem devido a falhas nas funções corporais, não há incidência de inflamação ou danos teciduais, pois os anticorpos agem contra os receptores ou proteínas, como ocorre na doença de Graves, na Miastenia grave e na anemia perniciosa.
  • 44. Anotações: 44 Figura 24: Sintomas da anemia hemolítica Fonte: Depositphotos. Muitas doenças autoimunes são resultado de uma resposta imune dos anticorpos sobre os próprios antígenos, no entanto, em determinadas situações, pode ocorrer de antígenos de microrga‐ nismos hospedeiros resultarem também nessas doenças. Neste caso, os antígenos estranhos são similares aos autoantígenos e confundem o sistema de defesa. Um exemplo é o que ocorre na febre reumática, em que a resposta imune ataca os autoantígenos do coração, ao invés de responder aos antígenos das bactérias patológicas. Nas doenças originárias devido a imunocom‐ plexos, o ataque imune também pode ser contra autoantígenos ou antígenos estranhos. A resposta imune contra antígenos estranhos foi observada quando humanos recebem soro de anticorpos de doenças específicas como forma de prevenção a doenças, uma vez que os anticorpos respondem aos antígenos do organismo estranho que produziu os
  • 45. Anotações: 45 anticorpos (cavalo, camundongo). Este tipo de doença foi chamado de doenças séricas, pois os antígenos atacam as proteínas séricas do cavalo de onde foi retirado o soro. Oprincipalmecanismodelesãotecidualdessas doenças é a inflamação nos vasos sanguíneos. Algumas doenças que podem ser citadas, como exemplo, são a doença do soro, lúpus eritematoso sistêmico e a glomerulonefrite pós-estreptocócica. Nessasdoenças,oslinfócitosTprovocamlesãotecidual pelaproduçãodecitocinasqueinduzemainflamação ou a destruição direta da célula estranha (Figura 25). Figura 25: Resposta imune dos linfócitos T Fonte: <https://docplayer.com.br/81366874-Reacoes-de-hi‐ persensibilidade-profa-alessandra-barone-prof-archangelo- p-fernandes.html>. As células CD4+ são responsáveis por causar a inflamação, enquanto as CD8+ matam as células estranhas. Os linfócitos, por sua vez, agem contra os autoantígenos ou antígenos estranhos. No caso de microrganismos persistentes, a resposta imune pode ser bastante efetiva, principalmente se tratando das invasões intracelulares.
  • 46. Anotações: 46 As células responsáveis pela liberação das citocinas e, consecutivamente, dos leucócitos, são as células CD4+ Th1 e Th17. As lesões nos tecidos são causadas pelas células de defesa. A inflamação geralmente é crônica e resulta em fibrose. Muitas doenças autoimunes existem devido à resposta imune contra autoantígenos, como a psoríase (Figura 26), esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes tipo 1. Algumas respostas imunes contra microrganismos invasores podem levar a inflamação e lesão nos tecidos do hospedeiro, como na tuber‐ culose. Figura 26: Pessoa com psoríase nos braços Fonte: <https://www.sanarmed.com/resumo-completo-so‐ bre-psoriase-posderm>. Muitas doenças de pele chamadas de sensibi‐ lidade de contato são oriundas da exposição tópica a agentes químicos e microrganismos ambientais, o que pode causar reações crônicas e até eczemas. Alguns exemplos deste tipo de resposta são as erupções cutâneas causadas por hera venenosa e carvalho, por contato com metais (níquel e berílio) e com tiourama, que compõe as luvas de látex. O tipo de reação imune que ocorre como resposta das células T é chamado de hiper-sensibi‐ lidade do tipo tardio (DTH, do inglês), pois ocorre de 24h a 48h após a detecção do antígeno por células
  • 47. Anotações: 47 de memória (reinfecção). As alergias correspondem a reações de hipersensibilidade imediata, pois ocorrem após minutos do contato com o antígeno. Os humanos podem ser sensibilizados pelo DTH através de uma infecção microbiana, com produtos químicos, antígenos ambientais ou por injeção de antígenos (Figura 27). Figura 27: Processos da hipersensibilidade tardia (DTH) Fonte: <https://www.ufjf.br/imunologia/files/2010/08/Meca‐ nismos-efetores-da-imunidade-celular-e-humoral1.pdf>. Após 18h da injeção de antígeno por um indivíduo sensibilizado, as citocinas já foram produzidas e liberaram os leucócitos, fazendo com que o local fique inchado e enrijecido com o acúmulo de células de defesa. A ausência dessas caracte‐ rísticas demonstra que o indivíduo possui um problema com as células T, denominada anergia.
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  • 49. Unidade 3 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 2 Videoaula 4 Videoaula 5
  • 50. 50
  • 51. 51 AGENTES ENDÓGENOS E EXÓGENOS As lesões e doenças são causadas por diversas agressões, as quais podem ser endógenas ou exógenas. As endóge‐ nas se referem a causas oriundas do interior do próprio organismo, enquanto as exógenas são ocasionadas devido ao meio ambiente. Nas ocorrências em que não se conhece a origem da lesão, a doença é denominada de criptogenética, idiopática ou essencial. O meio pode interferir no corpo de forma física ou social, enquanto o próprio organismo pode causar questões psíqui‐ cas e também sociais. Os agentes externos podem ser físicos, químicos ou biológicos. Internamente, os distúrbios envolvem a alteração no material genéti‐
  • 52. Anotações: 52 co, nos mecanismos de defesa e nas emoções. Os mecanismos físicos podem ser a força mecânica, as radiações, alterações de temperatura e de pressão atmosférica. Os agentes químicos são substâncias tóxicas, como defensivos agrícolas, poluentes ambientais, contaminantes alimentares, medica‐ mentos e drogas. Já os agentes biológicos são principalmente os microrganismos (vírus, bactérias, fungos). As agressões ocorrem predominantemente através da diminuição de oxigênio das células, dos radicais livres, de anormalidade de material genéti‐ co e proteínas, de respostas imunes e distúrbios metabólicos. Células do sistema imune As células que participam do sistema de defesa frequentemente estão localizadas no sangue, linfa, órgãos linfoides e distribuídas pelo restante do corpo. O sistema de defesa deve ser capaz de detectar rapidamente a entrada de inúmeros microrganismos invasores diferentes em qualquer local do corpo. A maioria das células de defesa deve ser capaz de se deslocar prontamente a outras regiões do corpo. As células de defesa que atuam na imunidade inata e adaptativa são os fagócitos, as células dendríticas, linfócitos antígeno-específicos e outros leucócitos (Figura 28). A maioria tem origem nas células-tronco hematopoiéticas na medula óssea. Os fagócitos e as dendríticas são denominados de células mieloides, enquanto os linfócitos são agrupados nas células linfoides.
  • 53. Anotações: 53 Figura 28: Glóbulos brancos Fonte: Depositphotos. Os neutrófilos e macrófagos são fagócitos que possuem a função de destruir e ingerir microrganis‐ mos, além de remover tecidos danificados e regular respostas imunes. Neutrófilos e monócitos ficam no sangue enquanto não são chamados para áreas inflamatórias. Os monócitos se transformarão posteriormente em macrófagos nos tecidos (Figura 29). Figura 29: Monócitos originam os macrófagos e as células dendríticas. Fonte: Depositphotos.
  • 54. Anotações: 54 Estas células são mais importantes na imuni‐ dade inata. Os mastócitos, basófilos e eosinófilos também participam do sistema de defesa, destruindo microrganismos estranhos. No interior de suas células, há grânulos com mediadores inflamatórios e antimicrobianos que digerem as substâncias alvo. Os mastócitos são particularmente importantes na defesacontraparasitaseresponsáveisporexpressar as inflamações nas doenças alérgicas, além de secretar e liberar citocinas após ativação. Os basófilos são granulócitos, e constituem uma pequena porção dos leucócitos. Os eosinófilos também são granulócitos e se localizam principal‐ mente no sangue. As células dendríticas iniciam as reações de defesa inata e capturam substâncias estranhas para as células T, assim começando a resposta imune adaptativa. São conhecidas como as sentinelas de infecção, com respostas rápidas às substâncias estranhas. Também são responsáveis por secretar citocinas que ativam células inatas nas áreas de infecção. Os linfócitos consistem em umas das principais células do sistema imune. Apresentam uma incrível capacidade clonal que é compatível com diversos antígenos diferentes, existindo mais de milhões de linfócitos distribuídos por todo o corpo. Cada clone de linfócito B ou T possui uma especificidade única, e a principal função se dá na mediação da imunidade adaptativa (Figura 30).
  • 55. Anotações: 55 Figura 30: Maturação dos linfócitos Fonte: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/6589514/ mod_resource/content/1/BMI0296%20Aula%204%20-%20‐ Processamento%20apresenta%C3%A7%C3%A3o%20T‐ CR%20BCR.pdf>. A origem está na medula óssea e no timo , mas também podem ser encontrados no sangue, pele, tecidos linfoides das mucosas do sistema gastroin‐ testinal e respiratório e nos órgãos linfoides (baço e linfonodos). Os linfócitos são classificados em B e T. Os linfócitos B são derivados da medula óssea e produzem os anticorpos. Os linfócitos T são produzidos por células precursoras na medula óssea que amadurecem no timo. Os linfócitos T auxiliares CD4, os citotóxicos CD8, as células reguladoras e natural killers (NKT) são alguns dos tipos de linfóci‐ tos T existentes. Já as células B auxiliares, da zona marginal, e B-1 consistem em classificações do linfócito B. As células natural killer (NK) e as linfoides inatas (ILC, do inglês) derivam da medula óssea, possuindo morfologia linfoide e funções efetoras similares às células T no sistema imune inato. As principais funções destas células na primeira defesa são: • Conferir defesa inicial contra patógenos; • Reconhecer células do hospedeiro que
  • 56. Anotações: 56 Estão estressadas ou lesadas; • Eliminar células defeituosas do hospedeiro; • Influenciar a resposta imune adaptativa. As NK circulam no sangue e estão também em vários tecidos linfoides. Enquanto isso, as ILCs secretam citocinas e são mais raras no sangue, sendo encontradas predominantemente nos tecidos das mucosas, dos pulmões e do intestino. Alterações morfofuncionais nas células Atualmente, as análises patológicas contam não apenas com as verificações micro e macroscópi‐ cas dos tecidos, mas também com a utilização de recentes tecnologias para se detectar as doenças e os organismos patogênicos. O estudo morfológico consiste em verificar alterações físicas nos tecidos do corpo, tanto para investigação de doença, quanto para o diagnóstico. Os exames citológicos verificam as células com o intuito de identificar neoplasias malignaselesões,agentesinfecciososeparasitários. A imuno-histoquímica consiste em um exame morfológico que utiliza anticorpos como reagentes para se detectar antígenos localizados em células ou tecidos. Com a reação antígeno-anticorpo, pode- se notar a presença de células normais ou patológi‐ cas, além de substâncias estranhas, como os microrganismos invasores (Figura 31). Essa análise pode ser utilizada como diagnóstico ou investigação científica.
  • 57. Anotações: 57 Figura 31: Vírus com os anticorpos ligados nos antígenos Fonte: <https://drawallyodontologia.com.br/herpes-labial/>. A maior parte das doenças pode ser detectada simplesmente com análises morfológicas, em especial, as neoplasias e as doenças infecciosas, pois são mais comuns de serem diagnosticadas. Atualmente, existem inúmeros anticorpos específi‐ cos para se detectar várias doenças infecciosas. A técnica de morfometria, por exemplo, permite visualizar os leucócitos e detectar se a inflamação é discreta, moderada ou acentuada. Distúrbios de circulação As agressões feitas ao organismo podem ser em células parenquimatosas ou do estroma, nos componentes intercelulares (interstício ou matriz extracelular), na circulação sanguínea ou linfática e no sistema nervoso. Esses componentes podem ser agredidos de forma isolada ou em conjunto com outros, envolvendo um tecido celular ou todos eles. Assim, as lesões são classificadas de acordo com o local da agressão. No caso das alterações de
  • 58. Anotações: 58 circulação, pode ocorrer um aumento, diminuição ou rompimento total do fluxo sanguíneo que vai para os tecidos corporais, provocando uma hipermia, oligoemia e isquemia, respectivamente. Figura 32: Isquemia nos vasos sanguíneos Fonte: Depositphotos. Pode ocorrer também uma coagulação no sangue de um vaso sanguíneo, provocando uma trombose. Figura 33: Coágulo nos vasos sanguíneos Fonte: <https://www.jornaldosite.com.br/?p=4271>.
  • 59. Anotações: 59 Substâncias estranhas que não se diluem no sangue podem surgir e causar uma obstrução nos vasos, que é denominada de embolia. Figura 34: Embolia nos vasos sanguíneos Fonte: Depositphotos. O sangue pode sair dos vasos sanguíneos e causar uma hemorragia interna ou externa ao corpo. Figura 35: Hemorragia interna Fonte: https://pt.dreamstime.com/
  • 60. Anotações: 60 Por último, podem ocorrer alterações no fluxo entre o plasma e o interstício e causando edemas. Figura 36: Edema nas pernas de uma mulher idosa Fonte: <https://angiomais.com.br/varizes-5/>. Neoplasias, desordens e carências Como dito anteriormente, as agressões no corpo humano podem causar também as lesões nas células, podendo ser letais ou não. A gravidade das lesões depende do local de ocorrência, tipo de célula atingida, qualidade, intensidade e duração da agressão. Nas lesões não letais, as células podem retornar à normalidade após a agressão. As agres‐ sões podem modificar o metabolismo das células, causando um acúmulo de substâncias intercelulares, sendo chamado de degeneração, mas também podem alterar os mecanismos que regulam a multiplicação e a diferenciação celular, causando alterações no tecido local ou em todo o corpo. Com essas agressões podem surgir hipotro‐ fias, hipertrofias, hiperplasias, hipoplasias, meta‐ plasias, displasias, neoplasias ou o acúmulo de pigmentos endógenos ou exógenos (pigmentação). Ahipotrofiaéumestadoouprocessodecrescimento ou desenvolvimento subnormal, ou seja, abaixo do normal. Já a hipertrofia, como o próprio nome sugere, consiste no estado ou processo de cresci‐
  • 61. Anotações: 61 mento e desenvolvimento acima do normal. A hipotrofia e a hipertrofia muscular têm uma menor e uma maior taxa de músculos no corpo, respectiva‐ mente (Figura 37). Figura 37: Homem com hipertrofia e hipotrofia muscular Fonte: Depositphotos. A hipoplasia consiste em uma formação incompleta e anormal de alguma estrutura ou órgão do corpo (Figura 38). Figura 38: A imagem apresenta a hipoplasia do útero de uma mulher Fonte: Depositphotos.
  • 62. Anotações: 62 Em contrapartida, a hiperplasia representa a maior capacidade funcional de um órgão (Figura 39). Figura 39: Hiperplasia benigna da próstata Fonte: Depositphotos. A metaplasia ocorre quando uma célula adulta é substituída por outra de um tipo celular diferente (Figura 40). Geralmente ocorre devido a um estresse sofrido pela célula. Figura 40: Metaplasia do epitélio respiratório Fonte: <https://pt.dreamstime.com/>. A displasia consiste em um crescimento anormal de células no corpo. Como exemplo, pode- se citar a displasia do quadril (Figura 41).
  • 63. Anotações: 63 Figura 41: Displasia do quadril Fonte: <https://www.heilpraxisnet.de/symptome/ziehen-in- der-leiste/>. A neoplasia é o crescimento desordenado de células que formam uma massa anormal de tecido (Figura 42). Pode ser benigna ou maligna. A neopla‐ sia benigna cresce de forma mais lenta e ordenada, já a neoplasia maligna é geralmente denominada de tumor. Figura 42: Imagem que representa uma neoplasia Fonte: Depositphotos. As lesões letais são representadas pela necrose, apoptose, dentre outras.
  • 64.
  • 65. Unidade 4 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 2 Videoaula 4 Videoaula 5
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  • 67. 67 PROCESSOS PATOLÓGICOS HUMANOS A patologia é a área que estuda as causas das doenças, os mecanis‐ mos que as produzem, os locais onde ocorrem e as alterações morfológicas, molecularesefuncionaisqueapresen‐ tam. Além disso, proporciona um melhor entendimento sobre a preven‐ ção, sinais, sintomas, prognóstico, diagnóstico, tratamento e evolução das doenças. Já o termo doença caracteriza-se por uma falta de adaptação ao ambiente físico, psíqui‐ co ou social, em que o doente apre‐ senta sinais (alterações detectadas clinicamente) e sintomas (mal-estar).
  • 68. Anotações: 68 Qualquer agressão sofrida pelo indivíduo provoca respostas que podem ser de defesa ou de adaptação. Nas situações em que o corpo não consegue se adaptar ou conter a agressão, há o surgimento de lesões, as quais podem ser crônicas ou agudas, e gerar doenças. As agressões podem ser de origem interna ou externa ao indivíduo, sendo provocadas por agentes químicos, físicos ou biológicos. A primeira defesa do corpo está nas barreiras mecânicas e químicas da pele e das mucosas. Além disso, contra agentes infecciosos (patógenos) há a fagocitose, o sistema complemento e a reação inflamatória (expressão morfológica da resposta imune). Contra agentes genotóxicos (que agridem o genoma, material genético) existe o sistema de reparo no DNA, e contra compostos químicos tóxicos, como os radicais livres, as células possuem sistemas enzimáticos de detoxificação e antioxidan‐ tes. A adaptação se dá pelo ajuste das funções celulares dentro de certos limites, como forma de se acomodar às modificações induzidas pela agressão. Essa resposta adaptativa sistêmica e inespecífica que o organismo apresenta é chamada de estresse. Caso ocorra a lesão ou o processo patológico, esse consiste em algumas alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais (fenôme‐ nos fisiopatológicos) no local de agressão. O termo “processo” indica que há uma listagem de aconteci‐ mentos, em geral, como o início, evolução, cura ou cronicidade (tornar-se crônica). Uma questão importante a se elucidar é que todas as lesões iniciam a partir de uma alteração molecular. Os agentes agressores prejudicam as
  • 69. 69 Anotações: células através de uma ação direta ou indireta. A ação direta corresponde às alterações moleculares que se transformam em mudanças morfológicas, já a ação indireta decorre de erro na adaptação das células frente a um invasor. Todas as agressões geram estímulos que induzem respostas adaptativas que tornam os mecanismos de defesa mais resisten‐ tes às próximas agressões. Figura 43: Respostas dos organismos frente às agressões Fonte: O próprio autor. Tipos de lesões As lesões podem ser classificadas de acordo com o tipo de local atingido, sendo: Lesões celulares: podem ser letais e não letais dependendo da qualidade, intensidade e duração das agressões, além do estado funcional ou tipo de célula atingida. Nas agressões não letais, as células podem voltar a sua normalidade após a finalização da lesão. Já as lesões letais consistem na necrose (morte celular seguida de autólise), apoptose (morte celular não seguida de autólise) ou
  • 70. Anotações: 70 outros tipos de mortes celulares. Alterações no interstício (matriz celular): englobam as modificações estruturais e de depósi‐ tos na substância fundamental amorfa e nas fibras elásticas, colágenas e reticulares. Distúrbios de circulação: podem ser oriundos do aumento (hiperemia), diminuição (oligoemia) ou cessação (isquemia) do fluxo sanguíneo para os tecidos, de coagulação do sangue (trombose), do surgimento de substâncias que causam obstrução dos vasos (embolia), da saída de sangue dos vasos (hemorragia) ou da alteração nas trocas de líquidos entre o plasma e o interstício (edema). Alterações de inervação: mudanças no funcionamento do sistema nervoso que ainda são pouco conhecidas. A inflamação é uma grave lesão que abrange todas as células do tecido devido a um problema na microcirculação e a consequente saída de leucócitos dos vasos sanguíneos, acompanhada, então, de lesões celulares e no interstício. Ou seja, a inflama‐ ção ocorre devido a respostas imunes acompanha‐ das pelas lesões. Denominação das doenças É importante que a denominação das doenças estejaenvolvidacomassuascaracterísticasbásicas, como a natureza, o local de ocorrência e o tipo de lesão. Por exemplo, gastrite é o nome da doença que causa uma inflamação (“ite”) no estômago (“gastro”). No entanto, muitas doenças se referem ao nome do pesquisador ou ao local de descoberta, o que dificulta o entendimento da sua natureza. Assim,
  • 71. 71 Anotações: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma nomenclatura universal como padronização do nome das doenças chamada Classificação Interna‐ cional das doenças (CID). Para a definição, é necessário o conhecimento dos sinais, sintomas e lesões que causam a doença, criando-se um número para se referir a cada uma delas. Com a padronização se espera que haja uma facilitação na determinação de ações mais efetivas na prevenção, diagnóstico, tratamento e prognóstico. Divisões da patologia Asdoençaspodemsercausadasporalterações moleculares ou morfológicas que resultam em alterações funcionais no organismo ou em regiões específicas, causando sinais (manifestações objetivas) e sintomas (subjetivas). Assim, a patologia pode ser dividida em determinadas áreas, como: • Etiologia: estudo das causas das doen- ças. • Patogênese: estudo dos mecanismos das doenças. • Anatomia patológica: estudo das altera‐ ções morfológicas (lesões). • Fisiopatologia: estudo das alterações funcionais de órgãos e sistemas. A semiologia são os sinais e sintomas detec‐ tados no paciente doente. A propedêutica é realiza‐ da pelos profissionais e nada mais é do que fazer o diagnóstico das doenças. Além disso, ainda é verificado o prognóstico, o tratamento e a prevenção das doenças.
  • 72. Anotações: 72 Figura 44: Definições de importantes termos dentro da área da patologia Fonte: O próprio autor. A patologia geral é o estudo dos aspectos comuns de diferentes doenças, tanto humanas quanto de outros animais. Já a patologia especial dedica-se a doenças de um determinado órgão ou sistema, além de estudar também doenças agrupa‐ das por causas. Mecanismos de infecção e evasão dos microrganismos Os principais alvos da resposta imune são as substâncias estranhas, as quais podem estar em agentes infecciosos ou moléculas endógenas alteradas por estresse oxidativo, bem como por agressão exógenas às células ou interstício. Nesse momento de resposta, as células imunes também podem ocasionar lesões ou doenças ao próprio organismo. Alterações que causam um aumento ou diminuição da resposta imune também podem gerar doenças autoimunes ou infecciosas, respectivamen‐
  • 73. 73 Anotações: te. Os agentes biológicos, ou seja, os microrganis‐ mos, podem invadir um hospedeiro e causar as doenças infecciosas. Um microrganismo pode causar lesão no tecido hospedeiro a partir dos seguintes mecanismos: • Ação direta: o microrganismo invade as células e causa a morte. Alguns exemplos de agentes biológicos com essas caracte‐ rísticas são os vírus, bactérias, algas e protozoários. • Substâncias tóxicas liberadas pelos microrganismos: as bactérias, fungos e protozoários possuem essas exotoxinas. • Toxinas endógenas ou endotoxinas: liberadas pelos microrganismos após a sua morte e que também são capazes de lesionar as células do hospedeiro. • Ativação de componentes do sistema do complemento: o que causa uma inflama‐ ção no local da invasão. • Indução de resposta imunitária aos diferentes antígenos (de superfície, es- trutura ou excreção) do microrganismo: esse tipo de resposta pode ser humoral ou celular, assim como na resposta imune adaptativa. • Antígenos se aderem à superfície celular ou a outras estruturas teciduais: em resposta a isso, anticorpos ou respostas imunes são dirigidas aos epítopos dos antígenos. Esses epítopos de substâncias estranhas podem ser inclusive, similares a componentes do próprio organismo, o que pode acarretar em uma resposta autoimu‐ ne.
  • 74. Anotações: 74 • Integração ao genoma nuclear e altera‐ ções na síntese de proteínas: o que pode acarretar em neoplasias, ou seja, tumores. Todos esses mecanismos podem ocorrer com maioroumenorintensidade,dependendodomaterial genético do organismo hospedeiro, pois cada DNA terá diferentes receptores para toxinas e diferentes tipos de respostas dependendo do agente agressor. Além disso, as condições de saúde do organismo no presente também podem afetar essas respostas imunes.
  • 75. 75 Anotações: REFERÊNCIAS ABBAS, Abul K.; LICHTMANN, ANDREW H.; POBER, J. S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 536p. JANEWAY, Charles A.; MURPHY, Kenneth; TRAVERS, Paul; WALPORT, Mark. Imunobiologia: o sistema imune na saúde e na doença. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 767p. BOGLIOLO, B. Patologia. 8ª ed, 2012. Rubira, A. P.; Nogueira, I.A.T.; Almeida, L.A. Imuni‐ dade contra microorganismos. Uma análise em relaç ão à s defesas inatas e adquiridas. Revista Ciência Amazônida, ILES/ULBRA Porto Velho/RO. v. 1, n. 1 (2016). Machado, P.L.R.; Araújo, M.I.A.S.; Carvalho, E.M.; Carvalho, L. Mecanismos de resposta imune à s infecç ões. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 79(6):647-664, nov/dez. 2004. CRUVINEL, W.M.; Mesquita J.D.; Araújo, J.A.P. Sistema Imunitário – Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Rev Bras Reumatol, 50(4):434-61, 2010. DUTRA, Mellanie Fontes; Disponível em: <https://twitter.com/mellziland/status/ 1412798057498955782>. Acesso: 13 de maio 2022.
  • 76. Unidade 4 76 QUESTÃO 1 Fonte: Adaptada de PUC-RJ-2007. O assunto vacinação está bastante em alta em todo o mundo devido à pandemia do COVID-19. Desde o início, pesquisadores de inúmeras Univer‐ sidades vêm trabalhando com o intuito de criar uma vacina contra o vírus. Sendo assim, a vacina consiste em: a. Anticorpos contra determinado patógeno, os quais estimulam a resposta imunológica do indivíduo. b. Soro de indivíduos previamente imunizados contra aquele patógeno. c. Anticorpos contra determinado patógeno produzidos por outro animal, os quais fornecem proteção imunológica. d. Células brancas produzidas por animais, as quais se multiplicam no corpo do indivíduo que recebe a vacina. e. Um patógeno vivo enfraquecido ou partes dele para estimular a resposta imunológica, mas não causar a doença. QUESTÃO 2 Fonte: Adaptada de UNISC. No sangue, além das hemácias, encontramos os leucócitos. Um dos tipos de leucócitos são os linfócitos, cuja frequência é relativamente alta no sangue. Em relação a essas células, podemos afirmar que: a. São células encontradas exclusivamente no sangue. ISBN 978-85-64293-34-2 9 788564 293342