O presidente do Departamento de Física da FCUL discute os principais desafios do cargo, incluindo a avaliação excessiva. Ele explica que a fusão com outra universidade não afetará os cursos do departamento. Além disso, ele descreve as perspectivas de carreira para graduados em Física, Engenharia Física e Engenharia Biomédica e enfatiza a importância do trabalho nessas áreas para a sociedade.
Entrevista ao presidente do Departamento de Física
1. H: Quais foram os principais desafios que enfrentou neste 1º ano no cargo?
AA: Todos os dias encontro desafios diferentes e inesperados. Essa é uma faceta cativante deste cargo. Um
exemplo é esta moda de avaliar tudo. Isto acontece por fases, há épocas em que não se avalia nada e agora
caímos no extremo oposto. É preciso atingir um compromisso no futuro, se não passamos a vida só a fazer
avaliações.
H: A fusão entre a UL e a UTL deve ser outra fonte de trabalho. O que vai acontecer aos cursos do DF, em
particular a Eng. Física, que sofreu alterações há apenas 2 anos?
AA: Em primeiro lugar o caso de Eng. Física não é especial. Há 3 anos havia Física e um dos ramos era
engenharia, agora Eng. Física é um mestrado integrado e assim vai continuar. A fusão não afectará os cursos
do DF porque têm um perfil diferente dos do IST e por isso são compatíveis Em relação aos departamentos,
continuarão a funcionar separadamente, a fusão representa sobretudo uma oportunidade para o futuro.
H: O que deve esperar um aluno formado em Física, Eng. Física ou Eng. Biomédica?
AA: Os cursos são diferentes, claro. Física é mais vocacionado para a investigação, mas há muita gente que
segue para a banca ou para a indústria. Eng. Física também é voltada para a indústria, mas há muitas pessoas a
irem trabalhar na ESA ou no CERN, que independentemente das crises mantêm o financiamento. Biomédica é
um mestrado integrado recente na FCUL, que abriu há 6 anos, mas a 1ª geração seguiu com sucesso para várias
instituições de investigação internacionais. Cá acha-se que é preciso ser um génio para seguir física ou ter
sucesso nas ciências exactas, mas não é assim. Pode-se fazer uma carreira em física ou numa das engenharias
com trabalho honesto sem ser um génio, como noutra profissão técnica. É preciso mostrar isso aos jovens,
que identificam medicina e enfermagem como trabalhos interessantes, em parte porque são aquelas com
que contactam mais facilmente. Temos de mudar essa percepção e mostrar mais à sociedade o que fazemos
também nos outros domínios.
H:Paraterminar,qualéaimportânciadotrabalhonasáreasrelacionadascomafísicaparaasociedade?
AA: Essa é uma questão sobre a qual o país tem de falar, e para toda a ciência. O que é que queremos
da investigação? No passado a ciência em Portugal
era muito fechada. Com a entrada para a UE
internacionalizou-se e chegou-se ao outro extremo,
com muito trabalho de investigadores portugueses
mas sem resultar no máximo benefício para o país.
A investigação está muito desconectada com as
necessidades das empresas e a cadeia de valor tem
de ser mais bem aproveitada. Pode-se ter trabalho e
resultados, mas se o país não aproveitar a cadeia de
valor não há dinheiro para pagar reformas. Agora
isto está outra vez a mudar, e é necessário arranjar
um equilíbrio entre a aposta na investigação local e
global.
Entrevista ao Presidente do D. F.
António Amorim tomou posse como Presidente do Departamento de Física da FCUL
no início deste ano lectivo. Fomos conversar com ele sobre alguns assuntos de interesse
para atuais e futuros alunos.
Entrevistadores: Arthur Vieira, Emiliano Pinto
Entrevista
Entrevista ao Presidente do D.F. - Entrevista | Edição 0
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