SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 1
Estruturas Hipo, Iso e Hiperestáticas:
a) Estruturas Hipostáticas
As estruturas hipostáticas não são estáveis, não possuem equilíbrio estático, tendo por
isso algum movimento (grau de liberdade) não restringido.
De um modo geral, estas estruturas possuem um número de reacções de apoio
inferior ao número de equações de equilíbrio estático. No entanto, é igualmente
possível realizar uma estrutura hipostática com um número de reacções igual ou até
superior ao número de equações de equilíbrio estático desde que essas reacções
estejam dispostas de forma ineficaz.
Estrutura hipostática com um número de
reacções de apoio inferior ao número de
equações de equilíbrio estático.
Nota: No entanto, caso o carregamento
exterior apenas seja vertical a estrutura pode
estar em equilíbrio.
Estrutura hipostática com um número de
reacções de apoio superior ao número de
equações de equilíbrio estático.
Nota: No entanto, caso o carregamento
exterior apenas seja vertical a estrutura pode
estar em equilíbrio.
b) Estruturas Isostáticas:
As estruturas isostáticas têm o número de reacções estritamente necessário para
impedir qualquer movimento. As reacções estão eficazmente dispostas de forma a
restingir os possíveis movimentos da estrutura.
Podem ser definidos dois tipos de estruturas isostáticas:
- Estruturas em que o número de reacções é igual ao número de equações de
equilíbrio da Estática
- Estruturas em que o número de reacções é superior ao número de equações de
equilíbrio da Estática tornadas isostáticas mediante a libertação criteriosa de ligações
entre os possíveis corpos da estrutura global.
Neste último caso, além das equações de equilíbrio da Estática, são necessárias
equações de equilíbrio adicionais em número igual ao excesso de incógnitas do
problema relativamente ao número de equações de equilíbrio da Estática. Estas
equações são definidas de acordo com as referidas libertações introduzidas na
estrutura.
Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 2
Estrutura isostática com um número
de reacções de apoio igual ao número
de equações de equilíbrio estático.
Estrutura com um número de reacções de apoio
superior ao número de equações de equilíbrio estático
e com uma libertação interna garantida pela rótula. A
introdução criteriosa desta rótula garante a
isostaticidade desta estrutura.
NOTA:
A introdução não criteriosa de libertações pode conduzir não a estruturas isostáticas mas sim a
estruturas hipostáticas, como é caso da estrutura abaixo representada, que, com um número de
reacções de apoio superior ao número de equações de equilíbrio estático e uma libertação
interna garantida pela rótula, é hipostática.
c) Estruturas Hiperestáticas:
As estruturas hiperestáticas têm um número de reacções superior ao estritamente
necessário para impedir qualquer movimento. Verifica-se, então, a possibilidade de, ao
serem criteriosamente retiradas determinadas reacções, estas estruturas continuarem
a não apresentar movimento e serem, portanto, estáveis. O grau de hiperestaticidade
é igual ao número de ligações que podem ser suprimidas de forma a que a estrutura
se torne isostática. Daí se deduz que uma estrutura isostática terá um grau de
hiperestaticidade igual a zero. Estas estruturas não podem ser calculadas apenas com
recurso às equações de equilíbrio da Estática.
Estrutura hiperestática – grau de hiperestaticidade = 1. Estrutura hiperestática – grau de
hiperestaticidade = 2.
Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 3
NOTA:
A eliminação não criteriosa de reacções pode conduzir não a estruturas isostáticas mas sim a
estruturas hipostáticas, como é caso das estruturas abaixo representadas, que, após lhes ser
retirado um número de reacções de apoio correspondente ao respectivo grau de
hiperestaticidade, se tornam hipostáticas.
após eliminar a reacção vertical do apoio do lado direito
após eliminar ambas as reacções
horizontais
Exercício:
Considerando as estruturas abaixo representadas, identifique as que correspondem a
estruturas hipostáticas, isostáticas e hiperestáticas.
Relativamente às estruturas hipostáticas determine, caso seja possível, as condições
a que deverá obedecer o carregamento a aplicar a essas estruturas de forma a que
não se tornem instáveis e verifique se é possível determinar as reacções de apoio
para esse carregamento apenas com as equações de equilíbrio da Estática.
Despreze em todos os casos o peso próprio das estruturas.
a) b)
c) d)
e)
A barra da esquerda tem metade do comprimento
da barra da direita.
f)
Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 4
g) h)
i) j)
l)
Barras de igual comprimento e ligadas rigidamente
no ponto onde concorrem.
m)
45º45º45º
Barras de igual comprimento.
n)
o)
p)
q)
r)
s)
t)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

1 resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
1   resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este1   resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
1 resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
turmacivil51
 
Süssekind curso de análise estrutural 3
Süssekind   curso de análise estrutural 3Süssekind   curso de análise estrutural 3
Süssekind curso de análise estrutural 3
Uniceuma
 
1 exercícios - reações em vigas isostáticas
1   exercícios - reações em vigas isostáticas1   exercícios - reações em vigas isostáticas
1 exercícios - reações em vigas isostáticas
Gily Santana
 
Tensoes em-vigas (1)
Tensoes em-vigas (1)Tensoes em-vigas (1)
Tensoes em-vigas (1)
thiagolf7
 

Mais procurados (20)

1 resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
1   resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este1   resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
1 resistencia materiais-estaticas_estruturas - importantíssimo - usar este
 
flambagem
flambagemflambagem
flambagem
 
Resistência dos materiais
Resistência dos materiaisResistência dos materiais
Resistência dos materiais
 
Teoria estruturas ii_aula1
Teoria estruturas ii_aula1Teoria estruturas ii_aula1
Teoria estruturas ii_aula1
 
3. cálculo dos esforços em vigas
3. cálculo dos esforços em vigas3. cálculo dos esforços em vigas
3. cálculo dos esforços em vigas
 
Luiz Martha Análise de Estruturas Conceitos e Métodos Básicos.pdf
Luiz Martha Análise de Estruturas Conceitos e Métodos Básicos.pdfLuiz Martha Análise de Estruturas Conceitos e Métodos Básicos.pdf
Luiz Martha Análise de Estruturas Conceitos e Métodos Básicos.pdf
 
Exercícios sobre reações de apoio
Exercícios sobre reações de apoioExercícios sobre reações de apoio
Exercícios sobre reações de apoio
 
Vigas inclinadas exemplo - viga engastada e livre submetida a uma forca ver...
Vigas inclinadas   exemplo - viga engastada e livre submetida a uma forca ver...Vigas inclinadas   exemplo - viga engastada e livre submetida a uma forca ver...
Vigas inclinadas exemplo - viga engastada e livre submetida a uma forca ver...
 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TEORIA DAS ESTRUTURAS
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TEORIA DAS ESTRUTURAS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TEORIA DAS ESTRUTURAS
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TEORIA DAS ESTRUTURAS
 
Resistência dos Materiais II
Resistência dos Materiais IIResistência dos Materiais II
Resistência dos Materiais II
 
Süssekind curso de análise estrutural 3
Süssekind   curso de análise estrutural 3Süssekind   curso de análise estrutural 3
Süssekind curso de análise estrutural 3
 
Resistência dos materiais - Exercícios Resolvidos
Resistência dos materiais - Exercícios ResolvidosResistência dos materiais - Exercícios Resolvidos
Resistência dos materiais - Exercícios Resolvidos
 
Apoios: Móvel, Fixo e Engaste
Apoios: Móvel, Fixo e EngasteApoios: Móvel, Fixo e Engaste
Apoios: Móvel, Fixo e Engaste
 
1 exercícios - reações em vigas isostáticas
1   exercícios - reações em vigas isostáticas1   exercícios - reações em vigas isostáticas
1 exercícios - reações em vigas isostáticas
 
Mecanica geral
Mecanica geralMecanica geral
Mecanica geral
 
Rm exerc resolvidos
Rm exerc resolvidosRm exerc resolvidos
Rm exerc resolvidos
 
Aula 4 vigas
Aula 4   vigasAula 4   vigas
Aula 4 vigas
 
Notas de aulas_resistencia1
Notas de aulas_resistencia1Notas de aulas_resistencia1
Notas de aulas_resistencia1
 
Tensoes em-vigas (1)
Tensoes em-vigas (1)Tensoes em-vigas (1)
Tensoes em-vigas (1)
 
Metodo dos Esforços
Metodo dos EsforçosMetodo dos Esforços
Metodo dos Esforços
 

Destaque (9)

Lista 4 mcu
Lista 4 mcuLista 4 mcu
Lista 4 mcu
 
Maquina dos fluidos erico antonio
Maquina dos fluidos erico antonioMaquina dos fluidos erico antonio
Maquina dos fluidos erico antonio
 
Estatica dos-corpos-rigidos parte3
Estatica dos-corpos-rigidos parte3Estatica dos-corpos-rigidos parte3
Estatica dos-corpos-rigidos parte3
 
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
 
Aula 06 esforços simples e cargas
Aula 06   esforços simples e cargasAula 06   esforços simples e cargas
Aula 06 esforços simples e cargas
 
Aula 04 cálculo das reações de apoio, estaticidade e estabilidade
Aula 04   cálculo das reações de apoio, estaticidade e estabilidadeAula 04   cálculo das reações de apoio, estaticidade e estabilidade
Aula 04 cálculo das reações de apoio, estaticidade e estabilidade
 
Introducao teoria das estruturas
Introducao teoria das estruturasIntroducao teoria das estruturas
Introducao teoria das estruturas
 
exercicios
exerciciosexercicios
exercicios
 
Exercicios resolvidos
Exercicios resolvidosExercicios resolvidos
Exercicios resolvidos
 

Estruturas hiperestáticas

  • 1. Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 1 Estruturas Hipo, Iso e Hiperestáticas: a) Estruturas Hipostáticas As estruturas hipostáticas não são estáveis, não possuem equilíbrio estático, tendo por isso algum movimento (grau de liberdade) não restringido. De um modo geral, estas estruturas possuem um número de reacções de apoio inferior ao número de equações de equilíbrio estático. No entanto, é igualmente possível realizar uma estrutura hipostática com um número de reacções igual ou até superior ao número de equações de equilíbrio estático desde que essas reacções estejam dispostas de forma ineficaz. Estrutura hipostática com um número de reacções de apoio inferior ao número de equações de equilíbrio estático. Nota: No entanto, caso o carregamento exterior apenas seja vertical a estrutura pode estar em equilíbrio. Estrutura hipostática com um número de reacções de apoio superior ao número de equações de equilíbrio estático. Nota: No entanto, caso o carregamento exterior apenas seja vertical a estrutura pode estar em equilíbrio. b) Estruturas Isostáticas: As estruturas isostáticas têm o número de reacções estritamente necessário para impedir qualquer movimento. As reacções estão eficazmente dispostas de forma a restingir os possíveis movimentos da estrutura. Podem ser definidos dois tipos de estruturas isostáticas: - Estruturas em que o número de reacções é igual ao número de equações de equilíbrio da Estática - Estruturas em que o número de reacções é superior ao número de equações de equilíbrio da Estática tornadas isostáticas mediante a libertação criteriosa de ligações entre os possíveis corpos da estrutura global. Neste último caso, além das equações de equilíbrio da Estática, são necessárias equações de equilíbrio adicionais em número igual ao excesso de incógnitas do problema relativamente ao número de equações de equilíbrio da Estática. Estas equações são definidas de acordo com as referidas libertações introduzidas na estrutura.
  • 2. Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 2 Estrutura isostática com um número de reacções de apoio igual ao número de equações de equilíbrio estático. Estrutura com um número de reacções de apoio superior ao número de equações de equilíbrio estático e com uma libertação interna garantida pela rótula. A introdução criteriosa desta rótula garante a isostaticidade desta estrutura. NOTA: A introdução não criteriosa de libertações pode conduzir não a estruturas isostáticas mas sim a estruturas hipostáticas, como é caso da estrutura abaixo representada, que, com um número de reacções de apoio superior ao número de equações de equilíbrio estático e uma libertação interna garantida pela rótula, é hipostática. c) Estruturas Hiperestáticas: As estruturas hiperestáticas têm um número de reacções superior ao estritamente necessário para impedir qualquer movimento. Verifica-se, então, a possibilidade de, ao serem criteriosamente retiradas determinadas reacções, estas estruturas continuarem a não apresentar movimento e serem, portanto, estáveis. O grau de hiperestaticidade é igual ao número de ligações que podem ser suprimidas de forma a que a estrutura se torne isostática. Daí se deduz que uma estrutura isostática terá um grau de hiperestaticidade igual a zero. Estas estruturas não podem ser calculadas apenas com recurso às equações de equilíbrio da Estática. Estrutura hiperestática – grau de hiperestaticidade = 1. Estrutura hiperestática – grau de hiperestaticidade = 2.
  • 3. Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 3 NOTA: A eliminação não criteriosa de reacções pode conduzir não a estruturas isostáticas mas sim a estruturas hipostáticas, como é caso das estruturas abaixo representadas, que, após lhes ser retirado um número de reacções de apoio correspondente ao respectivo grau de hiperestaticidade, se tornam hipostáticas. após eliminar a reacção vertical do apoio do lado direito após eliminar ambas as reacções horizontais Exercício: Considerando as estruturas abaixo representadas, identifique as que correspondem a estruturas hipostáticas, isostáticas e hiperestáticas. Relativamente às estruturas hipostáticas determine, caso seja possível, as condições a que deverá obedecer o carregamento a aplicar a essas estruturas de forma a que não se tornem instáveis e verifique se é possível determinar as reacções de apoio para esse carregamento apenas com as equações de equilíbrio da Estática. Despreze em todos os casos o peso próprio das estruturas. a) b) c) d) e) A barra da esquerda tem metade do comprimento da barra da direita. f)
  • 4. Xavier Romão – Mecânica I – 2002/2003 4 g) h) i) j) l) Barras de igual comprimento e ligadas rigidamente no ponto onde concorrem. m) 45º45º45º Barras de igual comprimento. n) o) p) q) r) s) t)