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CAUSAS DO FRACASSO DO NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO NO
BRASIL E NO MUNDO E COMO RESGATÁ-LO NA ERA CONTEMPORÂNEA
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo apresentar os fatores que levaram ao fracasso do nacional
desenvolvimentismo adotado no Brasil e no mundo e mostrar como resgatá-lo na era
contemporânea. Entende-se por nacional desenvolvimentismo o esforço encetado por
vários governos no mundo após a 2ª Guerra Mundial no sentido de fazer com que seus
países alcançassem o mesmo nível de desenvolvimento dos países capitalistas
desenvolvidos. A identificação dos fatores ou causas que levaram ao fracasso do nacional
desenvolvimentismo vai possibilitar resgatá-lo com os devidos ajustes que, no caso
específico do Brasil, é muito importante que aconteça porque foi, com o nacional
desenvolvimentismo de 1930 a 1980, que o país alcançou o mais elevado nível de
desenvolvimento econômico e social de sua história. O que se pretende, também, neste
artigo é, identificando as reais causas do fracasso do nacional desenvolvimentismo,
contribuir para mostrar os caminhos que levem à emancipação econômica e social da
grande maioria dos países do mundo.
O pensamento nacional desenvolvimentista foi adotado no Brasil em 1930 pelo governo
Getúlio Vargas e, mais tarde, foi assumido em 1948 pela CEPAL, Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe, criada pela ONU (CEPAL. História da CEPAL.
Disponível no website <https://www.cepal.org/pt-br/historia-de-la-cepal>). A CEPAL
deu contribuições relevantes objetivando o desenvolvimento capitalista da América
Latina e Caribe e suas teorias e visões foram ouvidas em muitos lugares do mundo. O
pensamento econômico da CEPAL foi formulado com base em um método analítico,
chamado "histórico-estrutural", que analisa a forma como as instituições e a estrutura
produtiva existente herdadas do período colonial condicionam a dinâmica econômica dos
países em desenvolvimento e geram desenvolvimento econômico tardio com
desempenhos diferentes dos obtidos pelas nações mais desenvolvidas. Segundo a
CEPAL, o "desenvolvimento capitalista tardio", como o do Brasil, tem uma dinâmica
diferente das nações que experimentaram um desenvolvimento robusto, como o dos
países capitalistas desenvolvidos.
Na segunda metade do século XX, a CEPAL era o único centro intelectual em toda a
América Latina e o Caribe capaz de gerar um enfoque analítico próprio, que foi
consistentemente preservado e aperfeiçoado durante toda a sua existência. O pensamento
da CEPAL consistia na defesa de uma necessária política deliberada de desenvolvimento
capitalista a ser adotada pelos países da América Latina e o Caribe, ordenada e
racionalizada com recurso à planificação/programação governamental, com a condução
pelo Estado da industrialização substitutiva de importações. A CEPAL defendia que a
América Latina e o Caribe deveriam elevar a produtividade do trabalho e reter a renda
por eles gerada. O modelo de desenvolvimento preconizado pela CEPAL foi defendido
no Brasil por grandes economistas como Celso Furtado e Rômulo Almeida, entre outros.
Na década de 1960, surge a “teoria da dependência” para repensar criticamente o modelo
da CEPAL e oferecer uma alternativa de interpretação da dinâmica econômica e social da
América Latina e Caribe.
A teoria da dependência é uma formulação teórica desenvolvida por intelectuais como o
economista e sociólogo alemão André Gunder Frank e o economista brasileiro Theotônio
dos Santos, entre outros, que consiste em uma análise marxista não dogmática dos
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processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial, em
contraposição às posições marxistas convencionais dos partidos comunistas da época e à
visão estabelecida pela CEPAL (WIKIPEDIA. Teoria da dependência. Disponível no
website <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_depend%C3%AAncia>). A explicação
sobre a teoria da dependência e a produção intelectual dos autores influenciados por essa
perspectiva analítica obtiveram ampla repercussão na América Latina no final da década
de 1960 e começo da década de 1970 quando ficou evidente que o desenvolvimento
econômico dos países latino-americanos não se dava por etapas como preconizado pela
CEPAL.
Para a teoria da dependência, a caracterização dos países como "atrasados" decorre da
relação no capitalismo mundial da relação de dependência dos países capitalistas
"periféricos" em relação aos países capitalistas "centrais". Segundo seus formuladores,
André Gunder Frank e Theotônio dos Santos, entre outros, não haveria a possibilidade de
desenvolvimento capitalista autônomo e pleno no Brasil e na América Latina e Caribe,
mas apenas de um subdesenvolvimento ao qual esses países estariam condenados, apesar
do processo de industrialização, ao menos que houvesse uma revolução socialista. De
fato, a industrialização nos países periféricos, como no Brasil, não superou seu
subdesenvolvimento, mas eles erraram ao afirmar que a revolução socialista, como a de
Cuba, superaria o subdesenvolvimento.
Segundo os formuladores da teoria da dependência, os países capitalistas "centrais" são o
centro da economia mundial onde estão as sedes das grandes corporações capitalistas
internacionais, são desenvolvidos os meios técnicos, científicos e informacionais em
escala ampliada e os fluxos comerciais e financeiros fluem com mais intensidade. Os
países capitalistas periféricos são aqueles dependentes dos países capitalistas “centrais” e
se apresentam como espaços onde os fluxos comerciais e financeiros e o desenvolvimento
da ciência, da técnica e da informação ocorrem em menor escala. A dependência
significa subordinação, isto é, a ideia de que o desenvolvimento desses países está
submetido (ou limitado) pelo desenvolvimento pelos países capitalistas centrais e não era
resultado da condição agrário-exportadora ou da herança pré-capitalista dos países
subdesenvolvidos, mas pelo padrão de desenvolvimento capitalista do país e por sua
inserção subordinada no capitalismo mundial. Na visão dos teóricos da teoria da
dependência, a superação do subdesenvolvimento passaria pela ruptura com a
dependência e não pela modernização e industrialização da economia, o que pode
implicar, inclusive, a ruptura com o próprio capitalismo.
Uma das mais importantes referências da teoria da dependência é o sociólogo Fernando
Henrique Cardoso (FHC) que, mais tarde, se tornou presidente do Brasil (WIKIPEDIA.
Teoria da dependência. Disponível no website
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_depend%C3%AAncia>). Em sua obra escrita
com Enzo Faletto, em 1967, (intitulada "Dependência e Desenvolvimento na América
Latina") e, em textos posteriores (como o livro "As ideias e seu lugar"), FHC colocou em
relevo o papel dos fatores internos do país na compreensão dos processos estruturais de
dependência. Nesta direção, ele procurava mostrar as diferentes formas de articulação
entre economias nacionais e o sistema internacional e, ao mesmo tempo, os diferentes
arranjos de poder, que indicavam modalidades distintas de integração com os polos
hegemônicos do capitalismo.
Segundo FHC, nos países da América Latina em seus primórdios (período primário-
exportador), podiam ser identificadas duas formas distintas de organização econômica:
as economias de enclave e aquelas na qual existia o controle nacional do sistema
produtivo. A evolução destas diferentes formas de articulação econômica com o
3
capitalismo mundial também se diferenciou de acordo com as composições e lutas de
classes dos diferentes países da América Latina. Nas décadas de 1960 e 1970, as
sociedades latino-americanas já tinham consolidado seu mercado interno e havia a
internacionalização de suas economias subordinada ao capitalismo monopolista (com a
expansão das indústrias multinacionais) indicando um novo padrão de dependência.
A obra de Fernando Henrique Cardoso notabilizou-se, também, pelo fato de negar que a
dependência implicava necessariamente em estagnação econômica e
subdesenvolvimento e negar que a revolução socialista seria a única via possível para a
industrialização do continente. Os fatos da história demonstram que FHC errou ao negar
que a dependência não levaria à estagnação e ao subdesenvolvimento como, de fato,
ocorreu nos países da América Latina e Caribe, mas acertou ao afirmar que a revolução
socialista não seria a única via possível para a industrialização do continente porque Cuba
socialista, por exemplo, não se industrializou. Durante a década de 1980 encerra-se o
ciclo desenvolvimentista da América Latina e Caribe a partir das experiência de
industrialização planejadas pelos governos locais. As economias desses países ficaram
mergulhadas na estagnação, na hiperinflação e na crise da dívida externa, como foi o caso
do Brasil. Diante do fracasso do desenvolvimentismo, na década de 1980, surge o
"pensamento neoliberal" que atraiu o interesse de muitos intelectuais e formuladores das
políticas públicas do Brasil por este pensamento econômico.
Pode-se afirmar que, em todos os governos do Brasil de 1930 a 1980, houve inúmeros
equívocos que contribuíram para o fracasso do nacional desenvolvimentismo no Brasil
porque acreditaram no seguinte: 1) O Brasil poderia sair da condição de país periférico
para o de desenvolvido nos marcos do capitalismo; 2) A industrialização abriria o
caminho para o desenvolvimento; 3) A burguesia nacional daria sustentação ao processo
de conquista do desenvolvimento autônomo; 4) A ação planejada do Estado brasileiro
seria suficiente para promover o desenvolvimento nacional; 5) As empresas estatais
poderiam compensar as debilidades do capital privado nacional; 6) O desenvolvimento
do Brasil seria alcançado mesmo com a forte presença do capital estrangeiro no país; 7)
O desenvolvimento do Brasil seria alcançado mesmo com o país dependente financeira e
tecnologicamente do exterior; 8) O desenvolvimento de todas as regiões do Brasil poderia
acontecer mesmo com a concentração dos investimentos em São Paulo.
Nenhuma dessas crenças se realizou no Brasil pelos fatos seguintes: 1) Apesar de todo
esforço realizado, o Brasil não galgou a condição de país capitalista desenvolvido; 2) A
industrialização não abriu o caminho para o desenvolvimento porque os setores mais
dinâmicos da indústria brasileira foram ocupados pelo capital estrangeiro e ocorreu a
desindustrialização que ainda está em curso no país; 3) A burguesia nacional não deu
sustentação ao processo de conquista do desenvolvimento autônomo do Brasil porque se
aliou ao capital estrangeiro servindo de forma subalterna a seus interesses; 4) A ação
planejada do Estado brasileiro não foi suficiente para promover o desenvolvimento
nacional, apesar dos notáveis avanços alcançados pela economia nacional com a ação do
Estado brasileiro que chegou ao fim na década de 1980; 5) As empresas estatais não
compensaram todas as debilidades do capital privado nacional, como aconteceu em
alguns setores econômicos com a criação de empresas como a Petrobras, Eletrobras, entre
outras; 6) O desenvolvimento do Brasil não foi alcançado com a forte presença do capital
estrangeiro no país como demonstra o fato de não ter alcançado a condição de país
desenvolvido; 7) O desenvolvimento do Brasil não foi alcançado mesmo com o País
dependente financeira e tecnologicamente do exterior como se pensava porque, muito
pelo contrário, fez com que aumentasse ainda mais a dependência financeira e tecnológica
em relação aos países capitalistas desenvolvidos; 8) O desenvolvimento de todas as
4
regiões do Brasil não aconteceu como se pensava mesmo com a concentração dos
investimentos em São Paulo porque os desequilíbrios econômicos regionais continuam
existindo no Brasil.
Não se pode negar que houve legados positivos do nacional desenvolvimentismo
brasileiro como, por exemplo, a implantação do parque industrial em São Paulo e em
outras regiões do país, o aumento do tamanho do PIB, a crescente geração de emprego e
renda, o aumento da renda nacional e a modernização do Brasil. Como legados negativos
tivemos, entretanto, o domínio dos setores mais dinâmicos da indústria brasileira pelo
capital estrangeiro, o aumento da dependência financeira e tecnológica do país, o
endividamento externo excessivo do Brasil, os desequilíbrios econômicos entre as regiões
do país e a desindustrialização do país. Sobre a indústria brasileira, é importante ressaltar
que sua participação no PIB do Brasil alcançou seu maior valor (24,9%) em 1970. Esta
participação (que reúne todo o setor manufatureiro) caiu para 11,79% do PIB em 2019 e
11,30% em 2020, se mantendo nesse patamar no 1º trimestre de 2021, equivalente ao
registrado em 1947 (11,27%), ano em que se inicia a série histórica das contas nacionais
calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estes números
demonstram estar havendo um processo de desindustrialização que se iniciou em 1985 e
se mantém até o momento atual.
O nacional desenvolvimentismo brasileiro foi inaugurado pelo governo Getúlio Vargas
com a Revolução de 1930 e chegou a um fim melancólico com o governo Ernesto Geisel
em 1979 com a falência do Estado brasileiro e a estagnação da economia brasileira
durante a década perdida de 1980. O nacional desenvolvimentismo foi substituído no
Brasil, a partir da década de 1990, pela política neoliberal de inserção do país ao processo
de globalização que levou ao enfraquecimento do papel do Estado na economia e à maior
abertura do mercado nacional ao capital estrangeiro. De 1990 a 2014, a economia
brasileira evoluiu com baixíssimo crescimento do PIB e crescente dependência financeira
e tecnológica do exterior. De 2015 até o presente momento, a economia brasileira se
defronta com a estagnação que foi agravada pela pandemia do novo coronavírus. A
perspectiva para o próximo ano de 2022 é de estagflação com a estagnação aprofundada
e a escalada da inflação em curso no País. Os fatos da história demonstram que o nacional
desenvolvimentismo fracassou no Brasil na consecução de seus objetivos, mas o
neoliberalismo que o substituiu fracassou mais ainda ao desmantelar a economia
brasileira de 1990 até o momento atual.
Pergunta-se: como superar a crise atual e resgatar o nacional desenvolvimentismo com os
ajustes necessários na era contemporânea? Para responder a estas perguntas, é preciso
conhecer, antes de tudo, as verdadeiras causas da dependência do Brasil em relação aos
países capitalistas centrais responsável pelo seu atraso econômico e social. Para conhecer
as causas da dependência do Brasil, é preciso conhecer a teoria dos sistemas mundiais
desenvolvida por Immanuel Wallerstein e Fernand Braudel que consideram que o mundo
se organiza economicamente sob a forma de “economias-mundo”, que seriam, no
linguajar de Braudel, “um fragmento do universo, um pedaço do planeta economicamente
autônomo, capaz de, no essencial, bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas
internas conferem certa unidade orgânica” (BRAUDEL, F. Civilização material,
economia e capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 1996). Segundo Wallerstein, a
formação do sistema-mundo ocorreu do século XVI – início do sistema capitalista – e
suas transformações até nossos dias, considerando o sistema capitalista como sistema
mundial. No século XIX, praticamente todas as regiões do planeta haviam sido
incorporadas ao sistema-mundo capitalista (WALLERSTEIN, Immanuel. Unthinking
Social Science. Cambridge: Polity Press, 1991). A partir de 1990, com a globalização
5
econômica e financeira, o sistema-mundo capitalista integrou todos os imperialismos das
grandes potências que se transformaram no novo imperialismo do capital globalizado.
Segundo Wallerstein, o sistema- mundo capitalista é composto por uma divisão
entre centro, periferia e semiperiferia, em função da divisão do trabalho entre as regiões
do planeta. O centro é a área de grande desenvolvimento tecnológico que produz produtos
complexos; a periferia é a área que fornece matérias-primas, produtos agrícolas e força
de trabalho barata para o centro. A troca econômica entre periferia e centro é desigual: a
periferia tem de vender barato os seus produtos enquanto compra caro os produtos do
centro, e essa situação tende a reproduzir-se de forma automática, quase determinista,
embora seja também dinâmica e mude historicamente. Quanto à semiperiferia trata-se de
uma região de desenvolvimento intermediário que funciona como um centro para a
periferia e uma periferia para o centro como é o caso do Brasil. Alguns países do centro
assumiram a condição de imperialistas ao exercerem seu domínio sobre países da
periferia e semiperiferia que têm sido objeto de espoliação secular.
A semiperiferia é caracterizada por Wallerstein como um elemento estrutural necessário
por realizar um papel estabilizador semelhante ao da classe média dentro da configuração
de classes em um país. Assumiria ainda uma função, nos dizeres de Arrighi, de
“legitimação sistêmica”, mostrando à periferia que existe a possibilidade de mobilidade
dentro da divisão internacional do trabalho para os que forem suficientemente “capazes”
e/ou “bem-comportados” (ARRIGHI, Giovanni. A ilusão do desenvolvimento. Petrópolis:
Vozes, 1997). Segundo Arrighi, a condição semiperiférica é descrita como aquela na qual
um número significativo de Estados nacionais como o Brasil fica estacionado de forma
permanente entre as condições central e periférica, e que, apesar de ter passado por
transformações sociais e econômicas de longo alcance, continua relativamente atrasado
em aspectos importantes.
Arrighi afirma que o centro do sistema-mundo é composto pelos países mais
desenvolvidos do mundo que são aqueles integrantes do núcleo orgânico da economia
capitalista mundial, isto é, os países da Europa Ocidental (Bélgica, Holanda,
Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia, Alemanha Ocidental,
Áustria, Suíça, França e Reino Unido), da América do Norte (Estados Unidos e Canadá),
Austrália e Nova Zelândia. Após a Segunda Guerra Mundial, passaram a integrar este
núcleo o Japão e a Itália que eram países semiperiféricos. A tese que vigorava após a
Segunda Guerra Mundial de que seria possível a todas as nações periféricas e
semiperiféricas alcançarem o estágio de elevado nível de desenvolvimento desfrutado
pelos países capitalistas centrais similar aos Estados Unidos não se realizou. A partir da
segunda metade do século XX, houve várias tentativas de promoção do desenvolvimento
econômico e social em vários os países do mundo que fracassaram sejam aquelas nos
marcos do capitalismo com o nacional desenvolvimentismo encetado, por exemplo, no
Brasil, e aquelas com a implantação do socialismo como a União Soviética, países
socialistas do leste europeu e Cuba, entre outros. Houve vários sucessos parciais e
temporários. Mas exatamente no momento em que todos os indicadores pareciam rumar
na direção ascendente, quase todos os países capitalistas periféricos e semiperiféricos
entraram em colapso durante a década de 1980.
Segundo Arrighi, a transformação de país capitalista periférico ou semiperiférico para a
condição de desenvolvido é bastante difícil de se realizar conforme está demonstrado em
sua obra A ilusão do desenvolvimento. Arrighi afirma que, na segunda metade do século
6
XX, o Japão e a Itália foram os únicos países que saíram da condição de países
semiperiféricos para a de integrantes do núcleo de países desenvolvidos. Devido à sua
importância geopolítica durante a Guerra Fria, o Japão e a Coréia do Sul conseguiram
escalar para um nível mais alto de desenvolvimento devido ao apoio financeiro que
obtiveram dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, pelo papel
desempenhado pelo Estado nacional na promoção do desenvolvimento. A Coréia do Sul
foi o único país da periferia do sistema- mundo capitalista que evoluiu para a condição de
semiperiférico e o Japão e a Itália foram os únicos da semiperiferia a alcançarem o
patamar de países desenvolvidos na segunda metade do século XX.
A China, que era um país semiperiférico da economia mundial, abandonou após 1980 a
construção do socialismo maoísta e se integrou após 1990 ao sistema-mundo capitalista
aproveitando de suas vantagens econômicas comparativas (gigantesco tamanho do
mercado, baixíssimo custo da mão-de-obra, grande infraestrutura existente, etc.) sem se
tornar subalterno às grandes potências capitalistas como os demais graças à sua condição
de grande potência militar e nuclear e ao papel desenvolvimentista independente exercido
pelo governo chinês, pode evoluir para integrar o núcleo de países desenvolvidos. Com o
fim da União Soviética, a Rússia, que se enquadra como país semiperiférico da economia
mundial, se integrou ao sistema-mundo capitalista em 1991 sem se tornar subalterno às
grandes potências capitalistas como os demais graças à sua condição de grande potência
militar e nuclear e ao papel desenvolvimentista independente exercido pelo governo
russo, pode alcançar o status de país desenvolvido devido às suas vantagens econômicas
comparativas (grande mercado, grandes recursos naturais e estrutura industrial de grande
porte). Por sua vez, o Brasil era um país periférico até 1930 a partir do qual galgou a
condição de país semiperiférico que, apesar de possuir grandes recursos naturais e
razoável mercado consumidor, está ameaçado de retroagir de país semiperiférico da
economia mundial para a condição de país periférico com a continuidade do modelo
neoliberal.
Pode-se afirmar que o insucesso na promoção do desenvolvimento econômico e social
dos países periféricos e semiperiféricos do mundo deve ser atribuído ao fato desses países
não conseguirem se libertar de sua dependência do sistema- mundo capitalista. Em sua
obra Unthinking Social Science, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein
afirma que é preciso rever os paradigmas atuais das ciências sociais e passar a pensar de
outro modo no século XXI. Wallerstein defende a tese de que não basta encetar a luta de
libertação nacional em cada país isoladamente como aconteceu durante o século XX sem
que ocorra a ruptura dos países periféricos e semiperiféricos do mundo em relação ao
sistema-mundo capitalista. Isto explica o insucesso da grande maioria dos países
periféricos e semiperiféricos em romper com a dependência.
O insucesso da quase totalidade dos países periféricos e semiperiféricos capitalistas e
socialistas que tentaram promover seu desenvolvimento autônomo em relação ao sistema-
mundo capitalista se deve ao fato de terem promovido suas ações sem realizarem uma
revolução mundial coordenada globalmente, entre outros fatores. Isto significa dizer que
não basta realizar revoluções socialista ou capitalista isoladas em cada país. Os povos de
todos os países periféricos e semiperiféricos deveriam realizar suas revoluções nacionais
simultaneamente com a realização de uma revolução mundial visando o fim do sistema-
mundo capitalista com a construção de uma nova ordem econômica e política mundial
que contribua para acabar com a espoliação que sofrem no momento atual pelo
imperialismo globalizado. Sem esta perspectiva, o nacional desenvolvimentismo
capitalista e o socialismo como projetos de sociedade estarão fadados ao fracasso como
7
ocorreu no passado.
Conclui-se, pelo exposto, que o Brasil e todos os países periféricos e semiperiféricos só
se libertarão de seu atraso econômico realizando simultaneamente em cada país uma
verdadeira revolução que promova mudanças na base econômica e na superestrutura
política e jurídica da nação e o fim da secular dependência em relação aos imperialismos
antigo e moderno e com a realização de uma revolução mundial que promova a
construção de uma nova ordem econômica e política mundial. Para tanto, é preciso fazer
com que os povos dos países periféricos e semiperiféricos atuem de forma coordenada na
luta contra o inimigo comum, o sistema-mundo capitalista. Portanto, para serem bem
sucedidas, as revoluções nacionais nos países periféricos e semiperiféricos deveriam se
realizar simultaneamente com a revolução mundial e não de forma isolada como no
passado. Em condições ideais, as revoluções nacionais deveriam ser realizadas sem o uso
da violência buscando construir o consenso entre os integrantes da sociedade civil, o
governo e os detentores do setor produtivo nacional como ocorreu com os países
escandinavos a partir de 1930 quando implantaram o Estado de Bem Estar Social que,
segundo a ONU, são os países mais bem governados do mundo e que apresentam o mais
elevado progresso político, econômico e social entre todos os países do mundo.
Para realizar a revolução mundial, é preciso constituir um Fórum Mundial pelo Progresso
da Humanidade por organizações da Sociedade Civil de todos os países do mundo através
do qual seriam estabelecidos os objetivos e estratégias de um movimento mundial pela
construção de um novo modelo de sociedade democrática em cada país do mundo de
acordo com a vontade de seus povos e pela constituição de um governo democrático
mundial e um parlamento mundial para coordenar a economia mundial, evitar a
degradação do meio ambiente e assegurar a paz mundial. Este seria o caminho que
permitiria realizar simultaneamente as revoluções nacionais e a revolução mundial sem o
uso da violência. Se este caminho não for possível, a violência revolucionária ocorrerá
inevitavelmente em cada país.
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de
sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC-
O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil
(Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de
doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização
e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século
XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions
of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo,
São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI
(Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o
Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade
ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).

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CAUSAS DO FRACASSO DO NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO NO BRASIL E NO MUNDO E COMO RESGATÁ-LO NA ERA CONTEMPORÂNEA

  • 1. 1 CAUSAS DO FRACASSO DO NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO NO BRASIL E NO MUNDO E COMO RESGATÁ-LO NA ERA CONTEMPORÂNEA Fernando Alcoforado* Este artigo tem por objetivo apresentar os fatores que levaram ao fracasso do nacional desenvolvimentismo adotado no Brasil e no mundo e mostrar como resgatá-lo na era contemporânea. Entende-se por nacional desenvolvimentismo o esforço encetado por vários governos no mundo após a 2ª Guerra Mundial no sentido de fazer com que seus países alcançassem o mesmo nível de desenvolvimento dos países capitalistas desenvolvidos. A identificação dos fatores ou causas que levaram ao fracasso do nacional desenvolvimentismo vai possibilitar resgatá-lo com os devidos ajustes que, no caso específico do Brasil, é muito importante que aconteça porque foi, com o nacional desenvolvimentismo de 1930 a 1980, que o país alcançou o mais elevado nível de desenvolvimento econômico e social de sua história. O que se pretende, também, neste artigo é, identificando as reais causas do fracasso do nacional desenvolvimentismo, contribuir para mostrar os caminhos que levem à emancipação econômica e social da grande maioria dos países do mundo. O pensamento nacional desenvolvimentista foi adotado no Brasil em 1930 pelo governo Getúlio Vargas e, mais tarde, foi assumido em 1948 pela CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, criada pela ONU (CEPAL. História da CEPAL. Disponível no website <https://www.cepal.org/pt-br/historia-de-la-cepal>). A CEPAL deu contribuições relevantes objetivando o desenvolvimento capitalista da América Latina e Caribe e suas teorias e visões foram ouvidas em muitos lugares do mundo. O pensamento econômico da CEPAL foi formulado com base em um método analítico, chamado "histórico-estrutural", que analisa a forma como as instituições e a estrutura produtiva existente herdadas do período colonial condicionam a dinâmica econômica dos países em desenvolvimento e geram desenvolvimento econômico tardio com desempenhos diferentes dos obtidos pelas nações mais desenvolvidas. Segundo a CEPAL, o "desenvolvimento capitalista tardio", como o do Brasil, tem uma dinâmica diferente das nações que experimentaram um desenvolvimento robusto, como o dos países capitalistas desenvolvidos. Na segunda metade do século XX, a CEPAL era o único centro intelectual em toda a América Latina e o Caribe capaz de gerar um enfoque analítico próprio, que foi consistentemente preservado e aperfeiçoado durante toda a sua existência. O pensamento da CEPAL consistia na defesa de uma necessária política deliberada de desenvolvimento capitalista a ser adotada pelos países da América Latina e o Caribe, ordenada e racionalizada com recurso à planificação/programação governamental, com a condução pelo Estado da industrialização substitutiva de importações. A CEPAL defendia que a América Latina e o Caribe deveriam elevar a produtividade do trabalho e reter a renda por eles gerada. O modelo de desenvolvimento preconizado pela CEPAL foi defendido no Brasil por grandes economistas como Celso Furtado e Rômulo Almeida, entre outros. Na década de 1960, surge a “teoria da dependência” para repensar criticamente o modelo da CEPAL e oferecer uma alternativa de interpretação da dinâmica econômica e social da América Latina e Caribe. A teoria da dependência é uma formulação teórica desenvolvida por intelectuais como o economista e sociólogo alemão André Gunder Frank e o economista brasileiro Theotônio dos Santos, entre outros, que consiste em uma análise marxista não dogmática dos
  • 2. 2 processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial, em contraposição às posições marxistas convencionais dos partidos comunistas da época e à visão estabelecida pela CEPAL (WIKIPEDIA. Teoria da dependência. Disponível no website <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_depend%C3%AAncia>). A explicação sobre a teoria da dependência e a produção intelectual dos autores influenciados por essa perspectiva analítica obtiveram ampla repercussão na América Latina no final da década de 1960 e começo da década de 1970 quando ficou evidente que o desenvolvimento econômico dos países latino-americanos não se dava por etapas como preconizado pela CEPAL. Para a teoria da dependência, a caracterização dos países como "atrasados" decorre da relação no capitalismo mundial da relação de dependência dos países capitalistas "periféricos" em relação aos países capitalistas "centrais". Segundo seus formuladores, André Gunder Frank e Theotônio dos Santos, entre outros, não haveria a possibilidade de desenvolvimento capitalista autônomo e pleno no Brasil e na América Latina e Caribe, mas apenas de um subdesenvolvimento ao qual esses países estariam condenados, apesar do processo de industrialização, ao menos que houvesse uma revolução socialista. De fato, a industrialização nos países periféricos, como no Brasil, não superou seu subdesenvolvimento, mas eles erraram ao afirmar que a revolução socialista, como a de Cuba, superaria o subdesenvolvimento. Segundo os formuladores da teoria da dependência, os países capitalistas "centrais" são o centro da economia mundial onde estão as sedes das grandes corporações capitalistas internacionais, são desenvolvidos os meios técnicos, científicos e informacionais em escala ampliada e os fluxos comerciais e financeiros fluem com mais intensidade. Os países capitalistas periféricos são aqueles dependentes dos países capitalistas “centrais” e se apresentam como espaços onde os fluxos comerciais e financeiros e o desenvolvimento da ciência, da técnica e da informação ocorrem em menor escala. A dependência significa subordinação, isto é, a ideia de que o desenvolvimento desses países está submetido (ou limitado) pelo desenvolvimento pelos países capitalistas centrais e não era resultado da condição agrário-exportadora ou da herança pré-capitalista dos países subdesenvolvidos, mas pelo padrão de desenvolvimento capitalista do país e por sua inserção subordinada no capitalismo mundial. Na visão dos teóricos da teoria da dependência, a superação do subdesenvolvimento passaria pela ruptura com a dependência e não pela modernização e industrialização da economia, o que pode implicar, inclusive, a ruptura com o próprio capitalismo. Uma das mais importantes referências da teoria da dependência é o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC) que, mais tarde, se tornou presidente do Brasil (WIKIPEDIA. Teoria da dependência. Disponível no website <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_depend%C3%AAncia>). Em sua obra escrita com Enzo Faletto, em 1967, (intitulada "Dependência e Desenvolvimento na América Latina") e, em textos posteriores (como o livro "As ideias e seu lugar"), FHC colocou em relevo o papel dos fatores internos do país na compreensão dos processos estruturais de dependência. Nesta direção, ele procurava mostrar as diferentes formas de articulação entre economias nacionais e o sistema internacional e, ao mesmo tempo, os diferentes arranjos de poder, que indicavam modalidades distintas de integração com os polos hegemônicos do capitalismo. Segundo FHC, nos países da América Latina em seus primórdios (período primário- exportador), podiam ser identificadas duas formas distintas de organização econômica: as economias de enclave e aquelas na qual existia o controle nacional do sistema produtivo. A evolução destas diferentes formas de articulação econômica com o
  • 3. 3 capitalismo mundial também se diferenciou de acordo com as composições e lutas de classes dos diferentes países da América Latina. Nas décadas de 1960 e 1970, as sociedades latino-americanas já tinham consolidado seu mercado interno e havia a internacionalização de suas economias subordinada ao capitalismo monopolista (com a expansão das indústrias multinacionais) indicando um novo padrão de dependência. A obra de Fernando Henrique Cardoso notabilizou-se, também, pelo fato de negar que a dependência implicava necessariamente em estagnação econômica e subdesenvolvimento e negar que a revolução socialista seria a única via possível para a industrialização do continente. Os fatos da história demonstram que FHC errou ao negar que a dependência não levaria à estagnação e ao subdesenvolvimento como, de fato, ocorreu nos países da América Latina e Caribe, mas acertou ao afirmar que a revolução socialista não seria a única via possível para a industrialização do continente porque Cuba socialista, por exemplo, não se industrializou. Durante a década de 1980 encerra-se o ciclo desenvolvimentista da América Latina e Caribe a partir das experiência de industrialização planejadas pelos governos locais. As economias desses países ficaram mergulhadas na estagnação, na hiperinflação e na crise da dívida externa, como foi o caso do Brasil. Diante do fracasso do desenvolvimentismo, na década de 1980, surge o "pensamento neoliberal" que atraiu o interesse de muitos intelectuais e formuladores das políticas públicas do Brasil por este pensamento econômico. Pode-se afirmar que, em todos os governos do Brasil de 1930 a 1980, houve inúmeros equívocos que contribuíram para o fracasso do nacional desenvolvimentismo no Brasil porque acreditaram no seguinte: 1) O Brasil poderia sair da condição de país periférico para o de desenvolvido nos marcos do capitalismo; 2) A industrialização abriria o caminho para o desenvolvimento; 3) A burguesia nacional daria sustentação ao processo de conquista do desenvolvimento autônomo; 4) A ação planejada do Estado brasileiro seria suficiente para promover o desenvolvimento nacional; 5) As empresas estatais poderiam compensar as debilidades do capital privado nacional; 6) O desenvolvimento do Brasil seria alcançado mesmo com a forte presença do capital estrangeiro no país; 7) O desenvolvimento do Brasil seria alcançado mesmo com o país dependente financeira e tecnologicamente do exterior; 8) O desenvolvimento de todas as regiões do Brasil poderia acontecer mesmo com a concentração dos investimentos em São Paulo. Nenhuma dessas crenças se realizou no Brasil pelos fatos seguintes: 1) Apesar de todo esforço realizado, o Brasil não galgou a condição de país capitalista desenvolvido; 2) A industrialização não abriu o caminho para o desenvolvimento porque os setores mais dinâmicos da indústria brasileira foram ocupados pelo capital estrangeiro e ocorreu a desindustrialização que ainda está em curso no país; 3) A burguesia nacional não deu sustentação ao processo de conquista do desenvolvimento autônomo do Brasil porque se aliou ao capital estrangeiro servindo de forma subalterna a seus interesses; 4) A ação planejada do Estado brasileiro não foi suficiente para promover o desenvolvimento nacional, apesar dos notáveis avanços alcançados pela economia nacional com a ação do Estado brasileiro que chegou ao fim na década de 1980; 5) As empresas estatais não compensaram todas as debilidades do capital privado nacional, como aconteceu em alguns setores econômicos com a criação de empresas como a Petrobras, Eletrobras, entre outras; 6) O desenvolvimento do Brasil não foi alcançado com a forte presença do capital estrangeiro no país como demonstra o fato de não ter alcançado a condição de país desenvolvido; 7) O desenvolvimento do Brasil não foi alcançado mesmo com o País dependente financeira e tecnologicamente do exterior como se pensava porque, muito pelo contrário, fez com que aumentasse ainda mais a dependência financeira e tecnológica em relação aos países capitalistas desenvolvidos; 8) O desenvolvimento de todas as
  • 4. 4 regiões do Brasil não aconteceu como se pensava mesmo com a concentração dos investimentos em São Paulo porque os desequilíbrios econômicos regionais continuam existindo no Brasil. Não se pode negar que houve legados positivos do nacional desenvolvimentismo brasileiro como, por exemplo, a implantação do parque industrial em São Paulo e em outras regiões do país, o aumento do tamanho do PIB, a crescente geração de emprego e renda, o aumento da renda nacional e a modernização do Brasil. Como legados negativos tivemos, entretanto, o domínio dos setores mais dinâmicos da indústria brasileira pelo capital estrangeiro, o aumento da dependência financeira e tecnológica do país, o endividamento externo excessivo do Brasil, os desequilíbrios econômicos entre as regiões do país e a desindustrialização do país. Sobre a indústria brasileira, é importante ressaltar que sua participação no PIB do Brasil alcançou seu maior valor (24,9%) em 1970. Esta participação (que reúne todo o setor manufatureiro) caiu para 11,79% do PIB em 2019 e 11,30% em 2020, se mantendo nesse patamar no 1º trimestre de 2021, equivalente ao registrado em 1947 (11,27%), ano em que se inicia a série histórica das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estes números demonstram estar havendo um processo de desindustrialização que se iniciou em 1985 e se mantém até o momento atual. O nacional desenvolvimentismo brasileiro foi inaugurado pelo governo Getúlio Vargas com a Revolução de 1930 e chegou a um fim melancólico com o governo Ernesto Geisel em 1979 com a falência do Estado brasileiro e a estagnação da economia brasileira durante a década perdida de 1980. O nacional desenvolvimentismo foi substituído no Brasil, a partir da década de 1990, pela política neoliberal de inserção do país ao processo de globalização que levou ao enfraquecimento do papel do Estado na economia e à maior abertura do mercado nacional ao capital estrangeiro. De 1990 a 2014, a economia brasileira evoluiu com baixíssimo crescimento do PIB e crescente dependência financeira e tecnológica do exterior. De 2015 até o presente momento, a economia brasileira se defronta com a estagnação que foi agravada pela pandemia do novo coronavírus. A perspectiva para o próximo ano de 2022 é de estagflação com a estagnação aprofundada e a escalada da inflação em curso no País. Os fatos da história demonstram que o nacional desenvolvimentismo fracassou no Brasil na consecução de seus objetivos, mas o neoliberalismo que o substituiu fracassou mais ainda ao desmantelar a economia brasileira de 1990 até o momento atual. Pergunta-se: como superar a crise atual e resgatar o nacional desenvolvimentismo com os ajustes necessários na era contemporânea? Para responder a estas perguntas, é preciso conhecer, antes de tudo, as verdadeiras causas da dependência do Brasil em relação aos países capitalistas centrais responsável pelo seu atraso econômico e social. Para conhecer as causas da dependência do Brasil, é preciso conhecer a teoria dos sistemas mundiais desenvolvida por Immanuel Wallerstein e Fernand Braudel que consideram que o mundo se organiza economicamente sob a forma de “economias-mundo”, que seriam, no linguajar de Braudel, “um fragmento do universo, um pedaço do planeta economicamente autônomo, capaz de, no essencial, bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas internas conferem certa unidade orgânica” (BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 1996). Segundo Wallerstein, a formação do sistema-mundo ocorreu do século XVI – início do sistema capitalista – e suas transformações até nossos dias, considerando o sistema capitalista como sistema mundial. No século XIX, praticamente todas as regiões do planeta haviam sido incorporadas ao sistema-mundo capitalista (WALLERSTEIN, Immanuel. Unthinking Social Science. Cambridge: Polity Press, 1991). A partir de 1990, com a globalização
  • 5. 5 econômica e financeira, o sistema-mundo capitalista integrou todos os imperialismos das grandes potências que se transformaram no novo imperialismo do capital globalizado. Segundo Wallerstein, o sistema- mundo capitalista é composto por uma divisão entre centro, periferia e semiperiferia, em função da divisão do trabalho entre as regiões do planeta. O centro é a área de grande desenvolvimento tecnológico que produz produtos complexos; a periferia é a área que fornece matérias-primas, produtos agrícolas e força de trabalho barata para o centro. A troca econômica entre periferia e centro é desigual: a periferia tem de vender barato os seus produtos enquanto compra caro os produtos do centro, e essa situação tende a reproduzir-se de forma automática, quase determinista, embora seja também dinâmica e mude historicamente. Quanto à semiperiferia trata-se de uma região de desenvolvimento intermediário que funciona como um centro para a periferia e uma periferia para o centro como é o caso do Brasil. Alguns países do centro assumiram a condição de imperialistas ao exercerem seu domínio sobre países da periferia e semiperiferia que têm sido objeto de espoliação secular. A semiperiferia é caracterizada por Wallerstein como um elemento estrutural necessário por realizar um papel estabilizador semelhante ao da classe média dentro da configuração de classes em um país. Assumiria ainda uma função, nos dizeres de Arrighi, de “legitimação sistêmica”, mostrando à periferia que existe a possibilidade de mobilidade dentro da divisão internacional do trabalho para os que forem suficientemente “capazes” e/ou “bem-comportados” (ARRIGHI, Giovanni. A ilusão do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1997). Segundo Arrighi, a condição semiperiférica é descrita como aquela na qual um número significativo de Estados nacionais como o Brasil fica estacionado de forma permanente entre as condições central e periférica, e que, apesar de ter passado por transformações sociais e econômicas de longo alcance, continua relativamente atrasado em aspectos importantes. Arrighi afirma que o centro do sistema-mundo é composto pelos países mais desenvolvidos do mundo que são aqueles integrantes do núcleo orgânico da economia capitalista mundial, isto é, os países da Europa Ocidental (Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia, Alemanha Ocidental, Áustria, Suíça, França e Reino Unido), da América do Norte (Estados Unidos e Canadá), Austrália e Nova Zelândia. Após a Segunda Guerra Mundial, passaram a integrar este núcleo o Japão e a Itália que eram países semiperiféricos. A tese que vigorava após a Segunda Guerra Mundial de que seria possível a todas as nações periféricas e semiperiféricas alcançarem o estágio de elevado nível de desenvolvimento desfrutado pelos países capitalistas centrais similar aos Estados Unidos não se realizou. A partir da segunda metade do século XX, houve várias tentativas de promoção do desenvolvimento econômico e social em vários os países do mundo que fracassaram sejam aquelas nos marcos do capitalismo com o nacional desenvolvimentismo encetado, por exemplo, no Brasil, e aquelas com a implantação do socialismo como a União Soviética, países socialistas do leste europeu e Cuba, entre outros. Houve vários sucessos parciais e temporários. Mas exatamente no momento em que todos os indicadores pareciam rumar na direção ascendente, quase todos os países capitalistas periféricos e semiperiféricos entraram em colapso durante a década de 1980. Segundo Arrighi, a transformação de país capitalista periférico ou semiperiférico para a condição de desenvolvido é bastante difícil de se realizar conforme está demonstrado em sua obra A ilusão do desenvolvimento. Arrighi afirma que, na segunda metade do século
  • 6. 6 XX, o Japão e a Itália foram os únicos países que saíram da condição de países semiperiféricos para a de integrantes do núcleo de países desenvolvidos. Devido à sua importância geopolítica durante a Guerra Fria, o Japão e a Coréia do Sul conseguiram escalar para um nível mais alto de desenvolvimento devido ao apoio financeiro que obtiveram dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial e, sobretudo, pelo papel desempenhado pelo Estado nacional na promoção do desenvolvimento. A Coréia do Sul foi o único país da periferia do sistema- mundo capitalista que evoluiu para a condição de semiperiférico e o Japão e a Itália foram os únicos da semiperiferia a alcançarem o patamar de países desenvolvidos na segunda metade do século XX. A China, que era um país semiperiférico da economia mundial, abandonou após 1980 a construção do socialismo maoísta e se integrou após 1990 ao sistema-mundo capitalista aproveitando de suas vantagens econômicas comparativas (gigantesco tamanho do mercado, baixíssimo custo da mão-de-obra, grande infraestrutura existente, etc.) sem se tornar subalterno às grandes potências capitalistas como os demais graças à sua condição de grande potência militar e nuclear e ao papel desenvolvimentista independente exercido pelo governo chinês, pode evoluir para integrar o núcleo de países desenvolvidos. Com o fim da União Soviética, a Rússia, que se enquadra como país semiperiférico da economia mundial, se integrou ao sistema-mundo capitalista em 1991 sem se tornar subalterno às grandes potências capitalistas como os demais graças à sua condição de grande potência militar e nuclear e ao papel desenvolvimentista independente exercido pelo governo russo, pode alcançar o status de país desenvolvido devido às suas vantagens econômicas comparativas (grande mercado, grandes recursos naturais e estrutura industrial de grande porte). Por sua vez, o Brasil era um país periférico até 1930 a partir do qual galgou a condição de país semiperiférico que, apesar de possuir grandes recursos naturais e razoável mercado consumidor, está ameaçado de retroagir de país semiperiférico da economia mundial para a condição de país periférico com a continuidade do modelo neoliberal. Pode-se afirmar que o insucesso na promoção do desenvolvimento econômico e social dos países periféricos e semiperiféricos do mundo deve ser atribuído ao fato desses países não conseguirem se libertar de sua dependência do sistema- mundo capitalista. Em sua obra Unthinking Social Science, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein afirma que é preciso rever os paradigmas atuais das ciências sociais e passar a pensar de outro modo no século XXI. Wallerstein defende a tese de que não basta encetar a luta de libertação nacional em cada país isoladamente como aconteceu durante o século XX sem que ocorra a ruptura dos países periféricos e semiperiféricos do mundo em relação ao sistema-mundo capitalista. Isto explica o insucesso da grande maioria dos países periféricos e semiperiféricos em romper com a dependência. O insucesso da quase totalidade dos países periféricos e semiperiféricos capitalistas e socialistas que tentaram promover seu desenvolvimento autônomo em relação ao sistema- mundo capitalista se deve ao fato de terem promovido suas ações sem realizarem uma revolução mundial coordenada globalmente, entre outros fatores. Isto significa dizer que não basta realizar revoluções socialista ou capitalista isoladas em cada país. Os povos de todos os países periféricos e semiperiféricos deveriam realizar suas revoluções nacionais simultaneamente com a realização de uma revolução mundial visando o fim do sistema- mundo capitalista com a construção de uma nova ordem econômica e política mundial que contribua para acabar com a espoliação que sofrem no momento atual pelo imperialismo globalizado. Sem esta perspectiva, o nacional desenvolvimentismo capitalista e o socialismo como projetos de sociedade estarão fadados ao fracasso como
  • 7. 7 ocorreu no passado. Conclui-se, pelo exposto, que o Brasil e todos os países periféricos e semiperiféricos só se libertarão de seu atraso econômico realizando simultaneamente em cada país uma verdadeira revolução que promova mudanças na base econômica e na superestrutura política e jurídica da nação e o fim da secular dependência em relação aos imperialismos antigo e moderno e com a realização de uma revolução mundial que promova a construção de uma nova ordem econômica e política mundial. Para tanto, é preciso fazer com que os povos dos países periféricos e semiperiféricos atuem de forma coordenada na luta contra o inimigo comum, o sistema-mundo capitalista. Portanto, para serem bem sucedidas, as revoluções nacionais nos países periféricos e semiperiféricos deveriam se realizar simultaneamente com a revolução mundial e não de forma isolada como no passado. Em condições ideais, as revoluções nacionais deveriam ser realizadas sem o uso da violência buscando construir o consenso entre os integrantes da sociedade civil, o governo e os detentores do setor produtivo nacional como ocorreu com os países escandinavos a partir de 1930 quando implantaram o Estado de Bem Estar Social que, segundo a ONU, são os países mais bem governados do mundo e que apresentam o mais elevado progresso político, econômico e social entre todos os países do mundo. Para realizar a revolução mundial, é preciso constituir um Fórum Mundial pelo Progresso da Humanidade por organizações da Sociedade Civil de todos os países do mundo através do qual seriam estabelecidos os objetivos e estratégias de um movimento mundial pela construção de um novo modelo de sociedade democrática em cada país do mundo de acordo com a vontade de seus povos e pela constituição de um governo democrático mundial e um parlamento mundial para coordenar a economia mundial, evitar a degradação do meio ambiente e assegurar a paz mundial. Este seria o caminho que permitiria realizar simultaneamente as revoluções nacionais e a revolução mundial sem o uso da violência. Se este caminho não for possível, a violência revolucionária ocorrerá inevitavelmente em cada país. * Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co- autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).