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Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
1
M.E.B.
Métodos de Estudo Bíblico
____________
Curso FOCO
Prof. Yuri de Araújo Alves
4ª Edição
Março de 2015
Este curso foi desenvolvido com base em recursos disponibilizados por: Émerson S. Pereira,
professor de MEB do Seminário Bíblico Palavra da Vida, em Atibaia-SP; Igreja Batista Cidade Univer-
sitária em Campinas (ibcu.org.br); e Yuri de Aráujo Alves, bacharel em Teologia com ênfase pastoral
pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida, em Atibaia-SP e pela UniCesumar, Maringá-PR.
A distribuição deste material precisa da autorização de seus editores. A venda deste livro não
está autorizada.
Yuri de Araújo Alves
yurietami@gmail.com
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
2
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
3
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO DO CURSO........................................................................................4
1.1 DESCRIÇÃO..................................................................................................................4
1.2 PROPÓSITO...................................................................................................................4
1.3 OBJETIVOS.....................................................................................................................4
1.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.....................................................................................4
2. INTRODUÇÃO A MEB.....................................................................................................5
2.1 POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA?.................................................................................5
2.2 DIFICULDADES COMUNS PARA ESTUDAR A BÍBLIA.......................................5
2.3 PROBLEMAS FREQUENTES NO ESTUDO DA BÍBLIA........................................6
2.4 A IMPORTÂNCIA DE UM MÉTODO DE ESTUDOS.............................................6
2.5 O QUE É UMA METODOLOGIA?.............................................................................6
2.6 OS DIVERSOS MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO..................................................7
3. MÉTODO DE ESTUDO EXEGÉTICO............................................................................9
3.1 ORAÇÃO......................................................................................................................10
3.2 OBSERVAÇÃO – O QUE VEJO?...............................................................................11
3.3 INTERPRETAÇÃO – O QUE SIGNIFICA?.............................................................22
3.4 APLICAÇÃO – COMO FUNCIONA?......................................................................38
ANEXO 1 – GÊNEROS LITERÁRIOS..............................................................................43
ANEXO 2 – CONJUÇÕES E PREPOSIÇÕES..................................................................44
ANEXO 3 – ESTRUTURA LITERÁRIA............................................................................46
ANEXO 4 – ESBOÇO MECÂNICO...................................................................................48
ANEXO 5 – ADVÉRBIOS....................................................................................................50
BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO.............................................................53
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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1. APRESENTAÇÃO DO CURSO
1.1 DESCRIÇÃO
Métodos de Estudo Bíblico é uma matéria composta por técnicas de leitura, inter-
pretação e aplicação das Escrituras, que proporciona ao aluno ferramentas para um
estudo mais profundo e exato da Bíblia. MEB não visa sanar todas as dúvidas que o
aluno tenha sobre textos bíblicos, mas sim capacitá-lo a chegar a uma conclusão pró-
pria ao utilizar as ferramentas apresentadas ao longo do curso.
1.2 PROPÓSITO
Capacitar o aluno a estudar e interpretar sozinho e corretamente a Bíblia, a fim
de aplicá-la à sua vida diária e ensiná-la a outros.
1.3 OBJETIVOS
Ao final do curso o aluno será capaz de:
• Explicar e aplicar a metodologia proposta no curso;
• Estudar a Bíblia com maior profundidade, coerência e eficácia;
• Aplicar com fidelidade os princípios bíblicos de modo adequado ao contexto
atual;
• Avaliar mais criteriosamente os ensinos bíblicos recebidos, a fim de reter so-
mente o que é bom (cf. 1Ts 5.20,21).
1.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
• Leitura da Apostila (como revisão) - 30%
• Exercícios Mensais - 60%
• Participação em aula – 10%
• Bônus: entregar um trabalho, com base em um dos diversos métodos de estu-
dos bíblicos apresentados na apostila (ponto 2.6). - 15%
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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2. INTRODUÇÃO A MEB
2.1 POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA?
Cl 3.16
2Tm 3.16,17
2Tm 2.15
Sl 19.7-11
Sl 119.9,11
Sl 119.28
Sl 119.99,100,104
Sl 119.105
Cl 1.9,10
1Pe 2.2
2.2 DIFICULDADES COMUNS PARA ESTUDAR A BÍBLIA
•
•
•
•
•
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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2.3 PROBLEMAS FREQUENTES NO ESTUDO DA BÍBLIA
• Tirar o texto de seu contexto e utilizá-lo como fundamento para uma prática
ou ideia;
• Estudar a Bíblia apenas intelectualmente, como se estivesse dissecando um
sapo morto em um laboratório.
• Estudar a Bíblia de modo aleatório.
2.4 A IMPORTÂNCIA DE UM MÉTODO DE ESTUDOS
Por que utilizar um método de estudos?
• Para saber por onde começar e quando terminar;
• Para não se sentir frustrado depois de muito trabalho;
• Para ter um processo pessoal, sistemático e produtivo.
“O estudo bíblico efetivo requer um método. Não se ensina uma criança nadar, jogando-a na
parte funda de uma piscina e dizendo: ‘Tudo bem, agora nade.”
H. Hendricks e W. Hendricks
2.5 O QUE É UMA METODOLOGIA?
“Conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar um fim; or-
dem ou sistema que se segue no estudo ou no ensino de qualquer disciplina; maneira
sistemática de dispor as matérias de um livro; maneira de fazer as coisas; modo de
proceder.” (Dicionário Michaelis)
“Uma estratégia, um plano de ataque, que produzirá resultados máximos para
seu investimento de tempo e esforço”. (Vivendo na Palavra, p. 27)
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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2.6 OS DIVERSOS MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO
Analítico
É o exame cuidadoso de um capítulo, trecho ou versículo bíblico. É o estudo do objeto
em seus pormenores, tendo o cuidado de notar até os mais diminutos aspectos. As partes da
passagem são estudadas como por um microscópio. É como entrar numa biblioteca e focali-
zar um livro na estante.
Exemplo: "A Grande Comissão" (Mt 28.19-20); a salvação em Ef 1; o significado de ós-
culo santo (Rm 16.16).
Sintético
É o exame amplo, global de um livro da Bíblia. É a abordagem de cada livro bíblico
como uma unidade, visando entender seu sentido como um todo. Este estudo não se preocu-
pa com os pormenores, mas com o escopo global do livro, como que por um telescópio. É
como entrar numa biblioteca e focalizar uma estante inteira. Usa gráficos, tabelas, quadros
etc. Exemplo: Efésios: minha nova vida em Cristo; Gálatas: justificados pela fé vivendo no
poder do Espírito; pregações panorâmicas sobre livros inteiros.
Tópico ou Temático
É a investigação sobre um tópico ou tema escolhido, em toda a Bíblia ou numa porção
dela. Nesse método um tópico é "caçado" através da Bíblia. Este estudo exige o uso de uma
concordância bíblica para a coleta de informações.
Exemplos: o "amor" no Evangelho de João; as orações de Jesus; os dons espirituais;
uma doutrina bíblica.
Biográfico
É o estudo que remonta a vida ou parte da vida de pessoas ou personagens bíblicos. A
este estudo pode associar-se elementos cronológicos, geográficos ou históricos. O estudo
pode enfatizar exemplos positivos e negativos, virtudes, feitos, relacionamento com Deus,
etc. Exemplos: A vida de Moisés: 40 anos no Egito, 40 anos em Midiã e 40 anos no deserto;
Daniel; Paulo; Pedro etc.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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Cronológico
É o estudo que remonta e traça uma linha de tempo, organizando fatos históricos rela-
cionados a pessoas, reinos, eventos, acontecimentos etc. Este estudo pode servir como pano
de fundo histórico para outros estudos.
Exemplo: os anos do ministério de Jesus; as dispensações; o reinado de Davi.
Geográfico
É o estudo que procura relacionar aspectos geográficos para ilustrar movimentação de
personagens ou fatos históricos. Este exame inclui lugares, cidades, montes, rios etc.
Exemplo: Elias nos montes Carmelo e Horebe (1Rs 18-19); viagens missionárias de
Paulo; cidades refúgios etc.
Histórico
É o estudo que se preocupa com a história bíblica. Pode envolver aspectos cronológi-
cos, geográficos ou biográficos.
Exemplo: O povo de Israel no deserto; o retorno do exílio; a criação; queda do homem;
narrativas de Atos, etc.
Doutrinário
É o estudo de uma doutrina ou conceito teológico, que pode abranger toda Bíblia, ou
algum livro, autor ou gênero literário bíblico. A abordagem deste estudo pode seguir um pa-
drão sintético, analítico ou tópico, podendo ser apoiado por livros de teologias sistemáticas.
Exemplo: justificação, fé, arrependimento, graça, salvação, inferno, etc.
Etimológico
É o estudo minucioso do significado e ocorrência de termos, palavras e expressões
bíblicas. A eficácia deste estudo necessita a consulta nos idiomas originais bíblicos, através de
léxicos, comentários exegéticos, concordâncias nas línguas bíblicas ou texto bíblico original.
Exemplo: o selo do Espírito em Ef 1.14; palavra "misericórdia" no Antigo Testamento;
termo "alma" na Bíblia.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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3. MÉTODO DE ESTUDO EXEGÉTICO
Em nosso estudo bíblico faremos uma mescla de alguns métodos apresentados
- partindo do Geral para o Específico. Buscaremos uma abordagem exegética, não eise-
gética. Uma abordagem eisegética tenta explicar um texto com base em pressupostos.
O estudo exegético visa chegar a conclusões extraídas do próprio texto em seu contex-
to, tomando cuidado com os pressupostos, embora não seja possível anulá-los por
completo. O objetivo é que o texto conduza à conclusão; e não, a conclusão ao texto.
O vocábulo “exegese” significa “exposição, explicação”. O sentido de exegese é ex-
trair, conduzir para fora como um comentário crítico que analisa o texto no contexto
original. A eisegese é o inverso. A preposição grega eis, “para dentro”, indica movi-
mento de “fora para dentro”.
Basicamente, o método pode ser resumido em 4 passos:
A. Oração – Deve iniciar, permear e concluir todo o estudo.
B. Observação - exame cuidadoso e completo do texto. Quanto mais nos satu-
rarmos do texto melhor será o estudo.
C. Interpretação – é o discernimento do significado do texto, baseado nas ob-
servações já feitas. Exige a busca pelo significado e compreensão do sentido escrito e
transmitido pelo autor bíblico aos seus ouvintes contemporâneos.
EXEGESE
EISEGESE
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
10
D. Aplicação – é a significância do texto. Deve ser tomada como o alvo de
todo estudo bíblico, pois se refere à prática do que foi estudado. A ausência da aplica-
ção revela uma tarefa incompleta.
3.1 ORAÇÃO
Bendito sejas, Senhor! Ensina-me os teus decretos.
Sl 119:12 - NVI
Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei.
Sl 119:18 - NVI
Faze-me discernir o propósito dos teus preceitos, então meditarei nas tuas maravilhas
Sl 119:27 - NVI
Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos, e a eles obedecerei até o fim.
Sl 119:33 - NVI
Dá-me entendimento, para que eu guarde a tua lei e a ela obedeça de todo o coração.
Sl 119:34 - NVI
Inclina o meu coração para os teus estatutos, e não para a ganância.
Sl 119:36 – NVI
As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me entendimento
para aprender os teus mandamentos.
Sl 119:73 – NVI
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
11
3.2 OBSERVAÇÃO – O QUE VEJO?
• Estudo Macro
Como foi dito, partiremos do geral para o es-
pecífico. Isso significa que olharemos para o todo de
um livro, depois para suas divisões, depois para
um de seus parágrafos, então para um versículo
desse parágrafo e, por fim, uma de palavra desse
versículo.
Para o nosso estudo em sala de aula utilizaremos como exemplo o livro de 2 João.
◦ Leitura Panorâmica do Livro
▪ Faça algumas leituras rápidas do livro inteiro.
▪ Procure não se deter em detalhes agora.
▪ Foque em buscar um tema central do livro.
▪ Preencha os 'Dados Introdutórios' abaixo à medida que for possível.
◦ Dados Introdutórios
▪ Autor – quem escreveu?
▪ Data – quando foi escrito?
▪ Destinatários – quem recebeu? Qual o tipo de relacionamento entre o
autor e os leitores primários?
▪ Pano de Fundo – qual o contexto? O que motivou o autor a escrever a
carta?
▪ Temas Principais – Quais assuntos predominam a carta? Quais são as
palavras-chave?
▪ Interesses do Autor – Quais os objetivos do autor ao escrever a carta?
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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◦ Gênero Literário – Ver Anexo 1
◦ Anotações Gerais – Faça alguma anotação que julgue ser relevante; levante
questões que surgiram ao longo da leitura para serem respondidas até o término do
estudo.
◦ Divisões de Parágrafos – Divida o livro inteiro em parágrafos.
Exemplo – Estudo Macro da Observação em 2 João
Autor: O Presbítero (v.1)
Data: Não informada no texto (90-95 d.C - consulta)
Destinatários: Uma senhora e seus filhos (v.1,5). Aparentemente o autor os conhece bem
e sente um grande carinho e amor (v.1,4)
Pano de Fundo: Alguns falsos mestres que estavam se infiltrando nas comunidades
evangélicas e casas a fim de converter os cristãos às suas doutrinas antibíblicas e pecami-
nosas. O apóstolo exorta os crentes a não receberem em suas casas aqueles que negam a
fé em Cristo e querem destruí-la (v.7-11).
Temas Principais: Hospitalidade (v.10), comunhão (v.10,11), falsos mestres (v.7), perseve-
rança na fé (v.8), anticristo (v.7).
Interesses do Autor: Tratar um problema com falsos mestres; exortar os crentes à perse-
verança.
Gênero Literário: Exposição/Epístola
Anotações Gerais:
O que é galardão inteiro?;
“verdade” x “enganadores” - contraste.
A palavra “verdade” aparece 5 vezes nos quatro primeiros versículos.
Divisões de Parágrafos em 2 João
(1-3)
(4-11)
(4-8) divisões secundárias
→
(9-11) divisões secundárias
→
(12-13)
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
13
Exercício – Faça o Estudo Macro em Tito 1 preenchendo a tabela abaixo.
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao co-
nhecimento da verdade que conduz à piedade, 2 fé e conhecimento que se fundamentam na
esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos. 3
No devido tempo, ele trouxe à luz a sua palavra, por meio da pregação a mim confiada por
ordem de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum: Graça e
paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador. 5 A razão de tê-lo deixado em
Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em
cada cidade, como eu o instruí. 6 É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de
uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insub-
missão. 7 Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível:
não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro de-
sonesto. 8 É preciso, porém, que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagra-
do, tenha domínio próprio 9 e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi
ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se
opõem a ela. 10 Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores,
especialmente os do grupo da circuncisão. 11 É necessário que eles sejam silenciados, pois es-
tão arruinando famílias inteiras, ensinando coisas que não devem, e tudo por ganância. 12
Um dos seus próprios profetas chegou a dizer: "Cretenses, sempre mentirosos, feras malig-
nas, glutões preguiçosos". 13 Tal testemunho é verdadeiro. Portanto, repreenda-os severa-
mente, para que sejam sadios na fé 14 e não deem atenção a lendas judaicas nem a manda-
mentos de homens que rejeitam a verdade. 15 Para os puros, todas as coisas são puras; mas
para os impuros e descrentes, nada é puro. De fato, tanto a mente como a consciência deles
estão corrompidas. 16 Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são
detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra. (NVI)
Autor
Data
Destinatário
Pano de Fundo
Temas Principais
•
•
•
•
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
14
Interesses do Autor
•
•
•
•
Gênero Literário
Anotações Gerais
Divisão em Parágrafos
-----------------------------x-----------------------------
• Estudo Micro
Enquanto no Estudo Macro olhamos para o livro de modo panorâmico, agora
vamos focar em um de seus parágrafos, a fim de estudá-lo com mais profundi-
dade. Cuidado com a tentação de começar a interpretar o texto agora.
Vamos aplicar os seguintes passos:
◦ Leitura cuidadosa de um parágrafo
▪ Leia várias vezes o texto:
• ____________________________
• ____________________________
• ____________________________
• ____________________________
• ____________________________
• ____________________________
• ____________________________
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
15
▪ Compare com outras versões.
◦ Gênero Literário do Parágrafo (Ver anexo 1)
◦ Clima do Texto
Desespero, Urgência, Alegria, Exortação, Humildade, Gratidão, Tristeza, Ansi-
edade, Surpresa, Medo, Confiança, Consolo, Frustração, Contemplação, Arrependi-
mento etc.
TEXTO CLIMA GÊNERO
Gl 3.1-5
Êx 4.10-17
Ap 19.1-6
Sl 51.1-4
Mc 6.49-52
◦ Perguntas Observadoras
Quem? Para quem? O quê? Onde? Como? Quando? Quanto? Por quê? Para quê?
Quem ?
Quem são as pessoas ?
O que sabemos sobre elas de antemão ?
O que elas dizem ?
O que dizem delas ?
Escreveu ? (autor)
Para quem escreveu ? (público)
O que ... ?
O que está acontecendo?
Um milagre? De que tipo?
Uma História? Você consegue descrevê-la?
Uma ordem?
O que cada personagem está falando, fazendo?
O que acontece antes do evento? e depois? [tente entender a relação
entre o que vem antes e o que vem depois].
Que eventos acontecem?
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
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Qual a ordem dos eventos ?
Onde... ? (use um mapa)
Onde as coisas aconteceram?
De onde vinham as pessoas?
Para onde iam? Por onde passaram?
Onde estava o autor?
Onde estava o público alvo?
A maioria das Bíblias tem um mapa no final, o que já é um bom começo. Geografia
bíblica é assunto normalmente ignorado.
Quando... ?
Quando as coisas aconteceram?
Cedo? A tarde? De madrugada?
Que dia? O que aconteceu na véspera?
Em que período? (contexto)
Em que época da vida dos personagens?
Quando foi escrito o livro?
Como...?
Como as coisas aconteceram?
Rapidamente?
Vagarosamente?
Por meio de um milagre?
Por mãos humanas?
Por que...?
Por que as coisas aconteceram?
Por que foi incluído? (veja Jo 20.30,31; 1Jo 2.26, 5.13)
Por que antes disso / depois daquilo ?
Por que alguém disse algo? Se calou?
Para que?
Houve um propósito?
Um objetivo?
◦ Estrutura Gramatical
▪ Verbos – Observe com calma. Avalie o tempo verbal, voz (passiva ou ati-
va), pessoa e número.
▪ Substantivos – Observe o quanto ao número e o gênero.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
17
▪ Modificadores – São os advérbios; adjetivos; e adjuntos nominais e ver-
bais (veja o anexo 5, sobre advérbios).
▪ Conectivos – Conjunções e preposições (ver anexo 2).
◦ Estrutura Literária (Ver anexo 3)
◦ Esboço Mecânico – (Ver Anexo 4)
Exemplo – Estudo Micro da Observação em 2João
Para essa parte do estudo focaremos no parágrafo v.9-11. Vamos estudar todo o parágrafo e os termos
“prevarica” (v.9) e “doutrina” (v.9).
◦ Leitura cuidadosa do parágrafo
◦ Gênero Literário do Parágrafo – Exposição, um argumento lógico minucioso. Típico das
epístolas apostólicas.
◦ Perguntas Observadoras
Quem está falando? - o presbítero (v.1).
O que sabemos delas? - conhecia seus ouvintes e se importava muito com eles (v.1).
Para quem? - Uma senhora e seus filhos (v.1).
O que dizem delas? - São crentes e estão nos caminhos da verdade (v.1,4).
O que está acontecendo? - A influência de falsos mestres tem corrompido a muitos cristãos.
O quê está falando? - O apóstolo ensina que os cristãos não deveriam cumpri-
mentar ou receber em casa aqueles que “prevaricaram e não perseveraram” na dou-
trina de Cristo.
(Note que a explicação foi bem óbvia, pois não se deve
interpretar o texto agora, somente observá-lo.)
Onde está acontecendo? - O texto não especifica.
Como fazer o que está sendo dito? - Não receber em casa nem cumprimentar os
falsos mestres.
Quando fazer? - Sempre
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
18
Quanto? - (não cabe essa pergunta aqui)
Por quê? - Porque quem hospeda ou cumprimenta os falsos mestres tem parte
nas suas más obras (cf. v.11).
Para quê? - O texto não diz explicitamente, mas o v.8 parece mostrar o objetivo central.
◦ Estrutura Gramatical
Verbos principais
“prevarica” Indica uma ação presente, atual.
→
“persevera” Indica uma ação presente, atual.
→
“tem” Indica uma ação presente, atual.
→
“recebais” Imperativo, indica ordem; está no plural;
→
“saudeis” Imperativo, indica ordem; está no plural;
→
Substantivos principais
“doutrina” singular, pois se refere a uma doutrina (a de Cristo – v.9), e não de várias
→
outras doutrinas.
“obras” plural, indicando variedade de ações.
→
Modificadores
“muitos” (v.7) Pronome Indefinido – quantifica os “enganadores”.
→
“inteiro” (v,8) Adjetivo – qualifica o “galardão”.
→
“más” (v.11) Adjetivo – qualifica as obras dos falsos mestres.
→
“todo” (v.9) Adjetivo – qualifica “aquele”.
→ Indicando que não há exceções.
Conectivos – Conjunções e preposições
“e” (v.9) – conj. aditiva, liga duas orações.
“na” (v.9) – prep. “em” + “a” (artigo definido) – se refere a uma doutrina específica.
“Se” (v.10) – conj. condicional – indica possibilidade.
“porque” (v.11) – conj. explicativa – fornece uma explicação para o que foi dito antes.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
19
◦ Estrutura Literária
9 Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus.
EFEITO CAUSA
Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.
EFEITO CAUSA
10 Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.
CAUSA EFEITO
11 Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.
EXPLICAÇÃO
◦ Esboço Mecânico
aquele que
todo
prevarica,
e na doutrina de Cristo,
não persevera
não tem a Deus.
Quem
persevera na doutrina de Cristo,
tem tanto ao Pai como ao Filho.
esse
Se alguém vem ter convosco,
e não traz esta doutrina,
não o recebais
em casa,
nem o saudeis.
tampouco
Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
20
EXERCÍCIO – Construa um esboço mecânico para o texto abaixo;
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo
de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.” (1Pe 2.9).
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
21
EXERCÍCIO - Utilizando flechas, círculos, linhas, marcadores etc. identifique os
instrumentos da estrutura literária de Fp 2.1-11
1 Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se algu-
ma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, 2 Completai o
meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentin-
do uma mesma coisa. 3 Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humil-
dade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. 4 Não atente cada um para
o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas es-
vaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos ho-
mens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até
à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe
deu um nome que é sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo
o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a língua con-
fesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
22
3.3 INTERPRETAÇÃO – O QUE
SIGNIFICA?
Neste passo buscaremos determinar de modo
objetivo qual o significado do texto para os seus pri-
meiros leitores. Uma pergunta que nos auxilia muito
nesse ponto é: “O que o autor queria que os seus leito-
res primários entendessem e/ou fizessem?”.
• A Necessidade da Interpretação
A interpretação é necessária devido à existência
de algumas barreiras:
 Barreira Linguística
_______________________________
_______________________________
 Barreira Cultural
_______________________________
_______________________________
_______________________________
 Barreira Histórica
_______________________________
 Barreira Geográfica
_______________________________
 Barreira Literária
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
23
Algumas armadilhas durante o processo de interpretação:
 Má leitura do texto bíblico
 Distorção equivocada do texto
 Manipulação proposital do texto
 Contradição do texto
 Subjetivismo/Relativismo
 Neo-ortodoxismo
 Desconhecimento da característica literária de uma passagem
• Estudo Macro
◦ Princípios de Hermenêutica Geral
▪ A Bíblia TODA é a Palavra de Deus
Regra Áurea: todas as experiências interpretadas à luz da Bíblia, não o
contrário (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21; Mt 5.17-18).
▪ A Bíblia deve ser interpretada biblicamente (“Analogia da Escritura”)
As interpretações mais claras e objetivas iluminam as mais obscuras e
subjetivas.
Uma doutrina deve ter base sólida em mais de um versículo.
▪ A Bíblia deve ser interpretada NORMALMENTE
Costuma-se dizer “literalmente”, porém, é necessário lembrar que há fi-
guras de linguagem no texto. Isso precisa ser considerado. Uma leitura
normal é que a leva em conta o gênero literário, estilo do autor, figuras
de linguagem, contexto, etc.
▪ A Bíblia deve ser interpretada gramaticalmente
Ela foi escrita em idiomas que seguiram estruturas gramaticais coeren-
tes aos termos, palavras, objetos e complementos.
▪ A Bíblia deve ser interpretada sintaticamente
Ela segue a estrutura da lógica do autor, mediante a qual as ideias prin-
cipais e subordinadas se relacionam pelos termos e orações.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
24
▪ A Bíblia deve ser interpretada historicamente
A interpretação honesta respeita todo um conjunto de pano de fundo,
situação política, ambiente social e contexto religioso da época.
▪ A Bíblia deve ser interpretada contextualmente
“Texto fora de contexto vira pretexto.”
Versículo – Parágrafo – Capítulo – Divisão Maior – Livro (propósito) – Toda Bíblia.
▪ A Bíblia deve ser interpretada progressivamente
O AT aponta para NT; O NT ilumina o AT. Jesus Cristo é a revelação
máxima. O Judaísmo aponta para o Cristianismo. Hb 1.1-3; Gl 3.23.
▪ A Bíblia deve ser interpretada Literariamente
A Bíblia deve ser entendida como uma literatura divinamente inspira-
da, na qual cada texto deve estar amarrado à natureza literária a que
pertence.
▪ A Bíblia deve ser interpretada Teocentricamente/Cristocêntricamente
Toda interpretação deve ser entendida na perspectiva que Deus está no
centro da aplicação de toda mensagem.
• Cuidado com tipologia em cima de Jesus.
▪ Cada texto tem UM ÚNICO significado/sentido1
Cuidado com o subjetivismo ou o relativismo.
-----------x-----------
1 Alguns estudiosos defendem que há uma exceção para essa regra quando o assunto é profecia, pois
o seu cumprimento pode apontar para momentos históricos e escatológicos ao mesmo tempo.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
25
◦ Mensagem do Livro
Busque resumir a mensagem do livro inteiro em uma oração.
Alguns exemplos de mensagens de livros bíblicos:
1João
Os verdadeiros filhos de Deus são revelados por uma vida semelhante a de Cristo
2João
A cooperação ministerial depende da comunhão da fé segundo a Verdade.
Efésios
Privilégios espirituais no Cristo exaltado devem levar o corpo ao crescimento em união, à santificação
na vida diária e ao triunfo no conflito espiritual.2
Gálatas
O cristão é justificado e santificado pela fé em Cristo, no poder do Espírito Santo, sem as obras da lei.
ELABORANDO UMA PROPOSIÇÃO:
1. Busque o _______________ principal do livro - (SUJEITO)
2. Defina _______________ sobre o assunto principal do livro - (PREDICADO)
3. Procure formar uma frase com _________ + _________ + _________ = Proposição.
OBS.: Evite utilizar verbos de ligação (“ser”/”estar”) como verbo principal da proposição. Pre-
fira verbos como almeja, conduz, promove, resulta, aponta, impede, delimita, auxilia, motiva,
encoraja, desfruta, realiza, compartilha, lembra, ajuda, etc.
2 Carlos Osvaldo Pinto. Foco e desenvolvimento no Novo Testamento, p.345
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
26
Exercício - Construa proposições para os trechos abaixo:
Sl 23.1
Jo 3.16
Mt 6.25-33
-----------x-----------
◦ Propósito do Livro
Resuma o propósito do livro inteiro em uma sentença. Isso será muito impor-
tante para a interpretação de qualquer parágrafo do livro, pois tudo deverá estar re-
lacionado com o propósito do autor.
Exemplos:
1João
Capacitar os crentes a discernir os verdadeiros filhos de Deus, fortalecendo-lhes a fé
e motivando-os à santificação e perseverança na verdade.
2João
Fortalecer a fé dos cristãos ao instruí-los sobre a hospitalidade e relacionamento sadios.
Efésios
Encorajar o desfrute da posição privilegiada da Igreja em Cristo
e sua aplicação na vida cotidiana para Cristo no mundo.3
Gálatas
Convencer os crentes sobre a autoridade apostólica de Paulo e
a verdadeira relação entre a lei, o evangelho e a liberdade em Cristo,
conduzindo-lhes à verdadeira vida pela graça e pela fé.
3 Carlos Osvaldo Pinto. Foco e desenvolvimento no Novo Testamento, p.340
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
27
◦ Esboço Sintético
Nível Básico: Dar um título para cada divisão do texto.
Nível avançado: Dê um título para cada parágrafo e depois faça uma proposi-
ção4
para cada um deles. Esse ponto é importante pois auxilia o estudante a ter uma
visão mais ampla do desenvolvimento da mensagem e de como os parágrafos se rela-
cionam.
Exemplo em 2 João:
ESBOÇO SINTÉTICO – 2 João
1. SAUDAÇÃO (1-3)
A saudação apostólica visa se identificar com os leitores como participantes eternos da Verdade cristã.
2. ORIENTAÇÃO (4-11)
2.1 Exortação à Perseverança na Verdade (4-8)
A presença de falsos mestres na comunidade cristã promoveu a necessidade de uma exortação à
perseverança na fé pura e à rejeição dos anticristos, atitude que possibilita o progresso do discipulado
outrora iniciado.
2.2 Exortação contra a Comunhão com Enganadores (9-11)
A cooperação com falsos mestres demonstra a unidade de pensamento entre as duas partes, o que
exclui a possibilidade da prática da hospitalidade e envolvimento fraternal com eles.
3. DESPEDIDA (12-13)
O término da breve carta sugere um ambiente de urgência para uma solução.
OBS.: Note que há um verbo principal que separa o “sujeito” do “predicado”.
-----------x-----------
4 Proposição é uma frase completa – Sujeito + Verbo + Predicado. Deve-se procurar usar termos auto
explicativos, pois a frase visa explicar o texto. No caso de proposições para livros/parágrafos os
termos devem ser bem gerais, para abranger ao máximo o conteúdo apresentado.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
28
• Estudo Micro
◦ Hermenêutica Especial
O nível micro exigirá a aplicação dos princípios de interpretação segundo a
Hermenêutica Especial. Uma vez que a hermenêutica geral trata de princípios gerais
universais, a especial trata de princípios específicos relacionados ao gênero literário a
que pertence o texto ou passagem bíblica. Ver quadro "Gêneros Literários da Bíblia"
(Anexo 1).
Após identificar o gênero literário, o estudante deve cuidar para tratar distinta-
mente cada gênero. Por exemplo, parábolas não devem receber o mesmo tratamento
concedido às epístolas; apesar, de toda Bíblia ser a Palavra de Deus, o próprio Deus
permitiu que os escritores bíblicos livremente utilizassem gêneros literário diferentes
ao escreverem seus livros e epístolas - elemento que evidencia ainda mais a riqueza
da unidade bíblica.
Algumas orientações:
 As narrativas não devem ser vistas como normativas, sim como descritivas;
 As parábolas estão sempre relacionadas a um princípio ou ensino;
 As profecias devem ser entendidas à luz do plano histórico revelado nas Escrituras;
 As epístolas são normativas e suas aplicações devem cuidar das questões culturais da
época;
 As poesias refletem ideias e pensamentos que devem ser interpretados como princípios;
 Os provérbios devem ser vistos como princípios, não como mandamentos ou promessas;
 Os discursos devem ser vistos como normativos, no caso de Jesus.
Para uma melhor compreensão e aplicação da Hermenêutica Especial o estu-
dante deve consultar:
"A Interpretação Bíblica", por Roy B. Zuck. Edições Vida Nova
"Entendes o Que Lês", por Gordon Fee e Douglas Stuart . Edições Vida Nova
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
29
◦ Figuras de Linguagem
Na Bíblia encontra-se muitas figuras de linguagem, principalmente nos livros
poéticos e proféticos. O Novo Testamento também vemos a presença da linguagem
figurada nas palavras de Jesus, nos escritos do apóstolo Paulo e no Apocalipse, em
especial.
Categoria Função Exemplos
SÍMILE Comparação explícita através de termos (semelhante, como, tal...).
Sl 1.4
Lc 10.3
METÁFORA Comparação implícita através de uma figura ou símbolo. Utiliza o verbo
(ser).
Is 40.6
Mt 5.13
METONÍMIA Troca de nomes por outros de mesma relação.
Gn 25.23
Lc 16.29
SINÉDOQUE Troca de conceitos por outros de mesma relação.
Gn 6.12
Rm 3.23
PERSONIFI-
CAÇÃO
Atribuição de características humanas a coisas, ideias, animais...
Gn 4.10
Is 55.12
ANTROPO-
MORFISMO
Atribuição de características humanas a Deus.
2Cr 16.9
Sl 8.3
EUFEMISMO Suavização de uma expressão, substituição por uma mais agradável.
At 7.60
1Co 11.30
HIPÉRBOLE Exagero para se dar uma ênfase.
Dt 1.28
Sl 6.6
IRONIA Linguagem sarcástica.
1Re 18.27
Jr 18.18
PARÁBOLA Símile ampliada: história + aplicação.
Is 5.1-7
Lc 8.4-15
ALEGORIA Metáfora ampliada: história + aplicação.
Is 5.1-7
Rm 7.1-6
PROVÉRBIO Parábola ou alegoria comprimida.
Pv 27.18-21
28.3
RETÓRICA
Pergunta que exige resposta não verbal, mas força uma resposta lógica e
óbvia.
Gn 18.14
Rm 8.31
FIGURADO OU LITERAL?
Sempre usar o sentido literal, a menos que:
 A passagem indique que se deve usar o sentido figurado, por meio de figura de linguagem;
 O sentido literal indicar algo absurdo, ilógico, impossível ou imoral;
 O sentido literal contrariar o contexto imediato ou maior da passagem;
 O sentido literal contrariar o propósito e a mensagem do autor;
 O sentido literal contrariar outras partes da Bíblia ou ensino doutrinários.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
30
EXERCÍCIO - Identifique nas seguintes passagens as figuras de linguagem presen-
te, explicado seu sentido dentro da própria passagem
Texto
Figura
(palavra no texto)
Categoria Sentido no Texto
Sl 17.6
Mt 5.14
Is 55.12
Dt 1.28
Rm 11.34
1Pe 1.24
Gn 18.14
Sl 84.11
Sl 98.8
Lc 8.4-15
Pv 15.3
-----------x-----------
◦ Estudo de Vocábulos
Este nível de estudo também requer a análise de detalhes. Palavras ou expres-
sões específicas, quando estudados minuciosamente, têm sua compreensão ampliada
à luz do entendimento dos leitores contemporâneos ao autor bíblico. O nível de pes-
quisa do estudo de vocábulos pode variar de acordo com a profundidade desejada
ou pela disponibilidade de fontes de pesquisa disponíveis.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
31
▪ Nível Básico
• Verificar o significado de termos ou nomes próprios (pessoas, locais)
em dicionários bíblicos e dicionários comuns;
• Comparar uso da palavra estudada em diferentes versões de Bíblias
(em português).
• Concluir com um resumo de sua compreensão sobre o termo.
▪ Nível Avançado
• Verificar ocorrências do termo no livro, no autor e na Bíblia (concor-
dância hebraica ou grega);
• Verificar o significado original do termo (texto bíblico original, léxi-
co, Dicionário Internacional de Teologia do AT ou NT., etc);
• Consultar enciclopédias bíblicas;
• Consultar crítica e cuidadosamente os comentários bíblicos;
• Fazer uma conclusão sobre o termo analisado.
Observação:
Muitos destes recursos podem ser encontrados
em softwares ou em recursos na Internet.
Recomendo os softwares: TheWord e E-Sword, são gratuitos.
Exemplo: 2Jo 9-11 – vocábulo escolhido: “prevarica” (ACF).
1. Verificar ocorrências do termo no livro, no autor e na Bíblia (concordância he-
braica ou grega);
A palavra aparece 4 vezes no NT:
Mt 15.2,3 (2x) o conceito está ligado a
→ transgredir os mandamentos de Deus.
At 1.25 o termo é utilizado para se referir ao
→ desvio de Judas Escariotes.
2 Jo 9 A expressão é traduzida como ultrapassa (ARA), não fica com
→
(NTLH), não permanece (NVI), passar além (VIVA).
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
32
2. Verificar o significado original do termo (texto bíblico original, léxico, Dicioná-
rio Internacional de Teologia do AT ou NT., etc);
Dic. Strong (TheWord)
1) ir para o lado de
2) passar a frente ou por sobre sem tocar em algo
3) ultrapassar, negligenciar, violar, transgredir
4) passar tanto a ponto de desviar-se de
4a) partir, sair, ser dissuadido de
5) alguém que abandona sua verdade
Dicionário VINE
Literalmente, “ir à parte, afastar-se”, por implicação, “ir além”.
3. Consultar enciclopédias bíblicas
4. Consultar crítica e cuidadosamente os comentários bíblicos
Conclusão
Como João estava falando sobre os falsos mestres, que não permaneceram na
doutrina de Cristo e passaram a ensinar outras doutrinas, negando a Cristo. Pode-se,
afirmar que “prevaricar” é se desviar, se apartar. Os falsos profetas daquele tempo se
afastaram da verdade do evangelho de Cristo. E por isso eles não eram de Deus.
IMPORTANTE:
 O estudo de vocábulo tem como objetivo lançar luz ao entendimento do estudante e ouvintes,
uma vez que existe uma barreira linguística levantada pelos séculos que separaram o escritor
bíblico e o leitor original dos leitores do século XXI.
 O estudante não fará um estudo de vocábulo de todas as palavras e termos de seu texto. Depen-
dendo do seu conhecimento e habilidade com línguas bíblicas (hebraico e grego), terá maior facili-
dade em identificar e definir palavras e expressões centrais. Porém, de maneira geral, deverá ob-
servar qual ou quais termos apresentam um valor importante ou destaque no texto em estudo
(dentro do raciocínio do escritor bíblico) que “merecem” uma análise específica a fim de ajudar na
compreensão do texto em questão.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
33
◦ Correlação
Um próximo passo no nível micro da interpretação é a correlação, que implica
na verificação do relacionamento do texto ou da passagem em estudo como seu con-
texto e com outras passagens bíblias (correlação interna), e na consulta de outras fer-
ramentas que explicam o texto, como comentário bíblicos (correlação externa).
Pode-se resumir a Correlação em 6 C's: Conteúdo, Contexto, Comparação, Con-
sulta, Conclusão e Comprovação. Utilizaremos como exemplo o parágrafo 2 João 10.
1. Conteúdo
Qual o significado aparente da expressão/trecho de seu parágrafo quando
olhado de forma isolada?
Exemplo: 2Jo 10
Qual o significado do expressão/trecho de seu parágrafo?
Parece que João está falando que há um tipo de pessoa que se desviou da dou-
trina de Cristo. Essa pessoa não tem a Deus, não é convertida (v.9). Assim, se ela vies-
se ao encontro dos cristãos, eles não deveriam recebê-la (v.10). Pois isso significaria
que os cristãos estão apoiando o incrédulo.
Conclusão 1: O v.10 significa que os crentes não devem falar com desviados da fé.
2. Contexto
Como os parágrafos anteriores e posteriores auxiliam na interpretação do tex-
to? Como seu parágrafo se relaciona com o restante do livro (antes e depois)? Como
ele se encaixa na linha de raciocínio do autor?
Exemplo: 2Jo 10
João, após uma saudação (1-4), expressa sua alegria por saber que alguns de
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
34
seus conhecidos perseveram na verdade, no evangelho (5,6). Sua felicidade tem ainda
mais motivos diante da realidade de falsos mestres, que tem pregado heresias a res-
peito de Jesus. Por isso, João também exorta aos cristãos que tenham muito cuidado,
para permanecerem na Verdade (7,8).
Então vem o parágrafo 9-11, com uma ordem para não se associar com os des-
viados do evangelho.
Por fim, uma despedida breve (12,13).
Conclusão 2: João pode não estar se referindo a qualquer crente desviado ou
incrédulo. Seu foco deve estar nos falsos mestres que ensina heresias sobre Jesus. As-
sim, o v.10 significa que os cristãos não deveriam receber e conversar com esses men-
tirosos.
3. Comparação
Veja se o ensino extraído de seu parágrafo está presente em outros textos bíbli-
cos. É aconselhado que você siga o seguinte roteiro:
• com outros textos do mesmo livro;
• com outros textos do mesmo autor;
• com outros textos do mesmo testamento;
• com a Bíblia inteira.
Exemplo: 2Jo 10
Rm 16:17,18 - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e
escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não
servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e
lisonjas enganam os corações dos simples.
Gl 1:8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
35
2 Tm 3.4-6 - Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que
amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes
afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas
mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;
Tt 3:10 - Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o,
Jo 8:47 - Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais,
porque não sois de Deus.
1Jo 4:2 - Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus;
Conclusão 3 – a 2ª conclusão pode ser reforçada com base nos textos acima.
4. Consulta
Somente neste momento o estudante utilizará de ferramentas interpretativas
do significado da passagem em estudo. Você poderá usar livros, Bíblias de Estudo,
Comentários, Dicionários etc.
Exemplo: 2Jo 10
1. John MacArthur comenta que João não está proibindo os cristãos de receber pesso-
as que estão em desacordo com questões de menor importância. Seu alvo era os fal-
sos mestres, que estavam promovendo uma campanha contra o evangelho, visando
destruir os fundamentos do cristianismo. Assim, era necessário cortar qualquer tipo
de vínculo com eles. Pois os cristãos só poderiam ajudar aqueles que proclamam a
verdade. (Bíblia de Estudo MacArthur p.1767)
2. Simon Kistemaker explica que era comum que os cristãos se reunissem em casas
para se edificarem mutuamente. Assim, o apóstolo estava exortando os irmãos a não
darem espaço para as pessoas que querem destruir a igreja de Jesus com suas falsas
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
36
doutrinas. Aquele que fizesse poderia ser considerado cúmplice das más obras desse
falsos mestre. ( CNT – Tiago e epístolas de João - Simon Kistemaker p.513,514)
3. Segundo John Stott, João não estava proibindo o recebimento de visitantes casuais
e normais, mas sim de mestres oficiais, que vinham com uma doutrina errada a ensi-
nar. A esses, não se devia receber em casa, nem mesmo dar-lhes boas vindas. (I,II e III
João – Introdução e Comentário – John Stott p.183).
4. C.H. Dodd diverge dos comentaristas acima. Ele defende que João estava proibin-
do a hospedagem de qualquer cristão devido um momento de emergência causado
pelos falsos mestres. Assim, não se deve entender o v.10 como uma ordem para hoje.
(I,II e III João – Introdução e Comentário – John Stott p.183).
Conclusão 4 – João tem em mente os falsos mestres (cf. 7-9), que viviam de casa em
casa, buscando seduzir os crentes verdadeiros para si. O v.10 significa que os cristãos
não deveriam receber esses homens, nem sequer dar-lhes boas vindas. Pois isso de-
monstraria apoio nas más obras deles.
5. Conclusão
Pronto. Agora basta escrever uma conclusão final para o texto analisado no es-
tudo micro de interpretação.
6. Comprovação
Esse ponto é melhor aplicado no caso de um ensino amplo, como o significado
de um parágrafo ou capítulo. Para frases, orações ou versículos pequenos sua aplica-
ção não é impossível, mas pode ser bem mais difícil. Pois a ideia aqui é comprovar
que sua última conclusão se encaixa na mensagem e propósito do livro, os quais você
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
37
registrou no seu Estudo Macro, no passo da Observação. Para tanto, faça o seguinte:
• Relacione sua conclusão final com a mensagem do Livro. Demonstre que sua
conclusão faz sentido no todo do livro.
• Relacione sua conclusão final com o propósito do Livro.
Caso você encontre muita dificuldade em relacionar o ensino do seu texto com a mensa-
gem ou propósito do livro então algo pode estar errado. Verifique se sua mensagem e pro-
pósito do livro estão corretas e depois verifique se seu estudo de interpretação micro seguiu
todos os passos.
◦ Elabore uma Proposição Final
O último passo da Interpretação é resumir o significado de seu texto em uma
proposição (Tema central + Verbo + Complemento). Essa frase deve resumir o ensino
básico da passagem.
OBS.: É possível que o seu texto tenha palavras que necessitaram de um estudo
mais profundo para que você as compreendesse melhor. Assim, ao construir sua pro-
posição procure utilizar expressões que facilitem o entendimento do texto para um
leitor que não teve todo o trabalho de pesquisa sobre o texto. Procure utilizar termos
auto explicativos, interpretativos (que revelam o significado).
Por exemplo: Em vez de escrever “A justificação pela graça de Deus ocorre median-
te a fé em Cristo”, escreva “A culpa do pecado é anulada pela graça de Deus mediante a fé em
Cristo“, ou “A culpa pelo pecado é cancelada pelo favor imerecido de Deus por meio
da confiança na pessoa e obra salvadora de Jesus”.
Lembre-se que nesse momento nós devemos interpretar o texto, dizer o que sig-
nifica. Portanto, a proposição final deve resumir seu entendimento do significado do
texto.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
38
3.4 APLICAÇÃO – COMO FUNCIONA?
A Aplicação é o estágio mais negligenciado, porém,
essencial no processo do estudo bíblico. Tudo o que foi feito
até aqui deve caminhar na direção da prática, pois a Aplica-
ção é o alvo de todo estudo bíblico.
A conclusão da interpretação não significa o término
do estudo. Infelizmente, muitos estudantes param antes da
conclusão de seus estudos e perdem a praticidade que Deus espera de todo cristão.
“O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas
e não aumentar o nosso conhecimento.”
W.Henrischen
“O estudo Bíblico que não leva a aplicação é um aborto espiritual.”
H. Hendriks
A aplicação “é o conjunto de modos, maneiras ou jeitos de usar a verdade in-
terpretada nos dias atuais, nas mais diferentes situações. Desta forma há somente
uma interpretação verdadeira e correta para o texto, ainda que possa haver muitas
aplicações possíveis.” (U. Crespo).
Uma vez que o estudo bíblico conduz à aplicação, o estudante deve entender
que durante o processo a Aplicação deve receber a mesma atenção que conferida à
Observação e à Interpretação.
SIGNIFICADO – Expressa o sentido natural e real do texto de modo impessoal.
SIGNIFICÂNCIA – Expressa o valor do significado do texto para o leitor. Seria o mesmo que
ouvir a explicação de um texto e perguntar: “i daí, o que isso tem a ver comigo?”.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
39
PRINCÍPIOS GERAIS PARA APLICAÇÃO
◦ Aplicação deve ser baseada numa interpretação correta;
◦ Aplicações devem ser baseadas em princípios eternos;
SITUAÇÃO PRINCÍPIO APLICAÇÃO
HISTÓRICA ETERNO BÍBLICA
Princípios eternos são verdades independentes do tempo e cultura,
sendo aplicáveis tanto ao leitor do primeiro século quando a nós,
hoje. Por exemplo: Deus deseja que seu povo seja santo, assim como
Ele é santo.
◦ Aplicações apresentam limitações quanto a:
▪ Contexto
▪ História
▪ Cultura
▪ Outros ensinos bíblicos
◦ Princípio x Literalismo
Princípio = base, fundamento
Literalismo = “ao pé da letra”
O que pode nos auxiliar a descobrir qual o princípio por trás do texto é
perguntar “por quê?”.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
40
• Perguntas Aplicativas
Algumas perguntas podem ajudar na elaboração das aplicações de um estudo
bíblico ou mensagem:
1. Há um exemplo a seguir?
2. Há uma ordem a obedecer?
3. Há um erro a evitar?
4. Há um pecado a abandonar?
5. Há alguma promessa para me apropriar?
6. Há um novo pensamento acerca de Deus?
• Alvo das Aplicações
 Família:
pai, mãe, filhos, irmãos, educação, disciplina...
 Pessoas:
adultos, idosos, jovens, adolescentes, crianças, homens, mulheres...
 Relacionamentos:
casamento, noivado, namoro, amizade...
 Grupos Sociais:
classe média, classe baixa, profissionais liberais, autônomos...
 Igreja:
liderança, ministério, membros, novos convertidos...
 Atividades:
trabalho, estudo, curso, viagens, diversão, esportes, lazer, hobbies...
 Necessidades:
doença, desemprego, dívidas...
-----------x-----------
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
41
• Formulação de Aplicações
A aplicação deve ser vista como outra parte do Estudo e não, apenas, como
uma simples conclusão ou desfecho. Assim como o estudante gasta tempo nos pas-
sos de Observação e Interpretação, precisa gastar tempo no preparo da Aplicação.
Nem sempre a aplicação é tão fácil de se formular. Por isso, você pode desen-
volvê-las observando os pontos abaixo:
A Aplicação deve ser:
◦ Prática – Se refere ao “o quê” e “como”. Cuidado com ideias muito abstra-
tas, por exemplo: “devo amar mais as pessoas”. Essa aplicação não está errada, po-
rém, não está completa.
◦ Executável – Cuidado com a utopia, por exemplo: “vou me dedicar ao
evangelismo traduzindo a bíblia inteira para as mais de 2000 tribos não alcançadas
espalhadas pelo mundo”.
◦ Mensurável – é importante que você seja capaz de avaliar se você tem con-
seguido aplicar ou não os princípios bíblicos propostos. Esse ponto se refere ao
“Quando?” e “Como?”.
◦ Pessoal – elabore uma aplicação pensando em você, e não em outras pes-
soas. Use sempre “eu”, não “nós”.
Para cada aplicação criada você deverá avaliar
se ela atende todos os requisitos acima.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
42
Exemplo: 2 João 9-11
Princípio Extraído:
Deus não deseja que eu ofereça qualquer tipo de cooperação para com aqueles
que rejeitaram o evangelho e passaram a pregar outra mensagem que compete com
Cristo, o nega e visa destruir a verdadeira igreja.
Aplicações:
1. Não vou comprar o material que Testemunhas de Jeová me oferecem na por-
ta de casa.
2. Ao conhecer um novo pastor ou igreja, avaliarei, por meio de conversas e
testemunhos, se o pastor/igreja é realmente um propagador do verdadeiro evange-
lho. Se for, estarei à disposição para ajudá-lo no que for possível. Se não, não oferece-
rei nenhum tipo de apoio formal ou informal.
3. Não vou contribuir em campanhas de outras religiões, feitas para o seu pro-
gresso ministerial.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
43
ANEXO 1 – GÊNEROS LITERÁRIOS
A riqueza da revelação escrita de Deus pode ser vista na liberdade criativa que
o Espírito Santo concedeu aos autores bíblicos. Essa liberdade criativa divinamente
supervisionada implica, entre outras coisas, na variedade de gêneros ou estilos literá-
rios contidos nas Escrituras Sagradas, de Gênesis ao Apocalipse.
Muito embora, grande parte da Bíblia registre histórias, nem toda Bíblia con-
siste de narrativas. O passo da observação exige a identificação do gênero literário
que corresponde o texto ou passagem bíblica em estudo.
Categoria Características Exemplos
APOCALÍPTICO Material dramático, altamente simbólico; imagens vívidas; luta
entre bem e mal; catástrofes e cataclismos
Apocalipse
NARRATIVA Categoria amplamente marcada pela presença de elementos
históricos: personagens, cenário e enredo
Gênesis, histórias dos
Evangelhos, Atos
EVANGELHO Material único organizado com o propósito de revelar o Evange-
lho por meio da narração da vida terrena de Jesus
Mateus, Marcos, Lucas
e João
PARÁBOLA Breve história oral que ilustra um princípio ensinado; recorre à
reflexão mediante o uso de cenas da vida diária
2Sm 12.1-6; Ec 9.14-16,
Parábolas de Jesus
EXPOSIÇÃO Argumento ou explicação cuidadosa e minuciosamente funda-
mental; organizado com fluxo lógico
Epístolas
POESIA Verso escrito para ser declamado ou cantado ao invés de lido;
apela às emoções devido às imagens e símbolos
Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes, Cantares
PROVÉRBIO Dito ou declaração curta de uma verdade moral; marcado por
paralelismos de ideias e metáforas
Provérbios
SABEDORIA Ampla categoria na qual a sabedoria dos mais velhos é passada
aos mais novos; apela à experiência da vida
Jó, Provérbios, Sl 37 e
90, Eclesiastes
PROFECIA Declaração autoritária das palavras divinas que visam correção e
consolação
Profetas Maiores,
Profetas Menores
DRAMA Amplamente dependente da narrativa apresenta a trajetória de
um enredo, com clímax e tensões entre personagens
História de Rute
DISCURSO Ensino didático com tom de proclamação de verdades ou de de-
fesas apologéticas
Sermão da Montanha
Defesa de Paulo (At 22-
23)
TIPOLOGIA Relação representativa que pessoas, eventos e instituições tem
com pessoas, eventos e instituições
Tabernáculo
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
44
ANEXO 2 – CONJUÇÕES5
E PREPOSIÇÕES
Conjunções Coordenativas
Classificação Sentido Exemplos
Aditivas
e, nem, mas também
adição, soma
A sua pesquisa é clara e objetiva.
Ela não só dirigiu a pesquisa
como também escreveu o relatório.
Adversativas
mas, porém, contudo,
todavia, entretanto
oposição, contraste Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
Alternativas
ou, ou...ou, ora...ora, já...já,
quer...
alternância, exclusão Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
Conclusivas
quer logo, pois (posposto
ao verbo), portanto
conclusão explicação
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não ficou
nervosa.
Explicativas
pois (anteposto ao verbo),
porque, que
justificativa Não demore, que o filme já vai começar.
Conjunções Subordinadas
Classificação Sentido Exemplos
Integrantes
que, se
sem valor semântico
específico, apenas
ligam orações
Espero que você volte. (Espero sua volta.)
Não sei se ele voltará. (Não sei da sua volta.)
Causais
porque, como, já que,
visto que
causa, motivo
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
Como não se interessa por arte, desistiu do curso.
Condicionais
se, caso, desde que,
contanto que, a menos
condição
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
Não irei ao escritório hoje, a não ser que haja algum negócio
muito urgente.
Consecutivas
que (precedido de tão, tal,
tanto), de modo que
consequência
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exame.
A dor era tanta que a moça desmaiou.
Comparativas
como, que (precedido de
mais ou menos), assim
como
comparação
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ele é preguiçoso tal como o irmão.
Conformativas
como, conforme, segundo
conformidade
O passeio ocorreu como havíamos planejado.
Arrume a exposição segundo as ordens do professor.
Concessivas
embora, se bem que,
mesmo que, ainda que
concessão
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem.
Temporais
quando, assim que, antes
que, depois que
tempo
A briga começou assim que saímos da festa.
A cidade ficou mais triste depois que ele partiu.
Finais
para que, a fim de que,
que
finalidade
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
Aproxime-se a fim de que possamos vê-lo melhor.
Proporcionais
à medida que, à
proporção que
proporção
O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.
Quanto mais reclamava menos atenção recebia.
5 Adaptado de http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conjuncao-e-mas-ou-logo-pois-que-
como-porque.htm ; http://www.soportugues.com.br/secoes/morf.php; – Acesso 19/2/2013
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
45
Principais Relações estabelecidas pelas Preposições6
▪ Autoria - Esta música é de Roberto Carlos.
▪ Lugar - Estou em casa.
▪ Tempo -Eu viajei durante as férias.
▪ Modo ou conformidade - Vamos escolher por sorteio.
▪ Causa - Estou tremendo de frio
▪ Assunto - Não gosto de falar sobre política.
▪ Fim ou finalidade - Eu vim para ficar
▪ Instrumento - Paulo feriu- se com a faca.
▪ Companhia - Hoje vou sair com meus amigos.
▪ Meio - Voltarei a andar a cavalo.
▪ Matéria - Devolva-me meu anel de prata.
▪ Posse - Este é o carro de João.
▪ Oposição - O Flamengo jogou contra Fluminense.
▪ Conteúdo - Tomei um copo de (com) vinho.
▪ Preço - Vendemos o filhote de nosso cachorro a (por) R$ 300, 00.
▪ Origem - Você descende de família humilde.
▪ Especialidade - João formou-se em Medicina.
▪ Destino ou direção - Olhe para frente!
Preposições, leitura e produção de textos
A referência constante às preposições quando se estuda a Língua Portuguesa demonstra a importância
que elas possuem na construção de frases e textos eficientes. As relações que as preposições estabele-
cem entre as apartes do discurso são tão diversificadas quanto imprescindíveis; seja em textos narrati-
vos, descritivos ou dissertativos, noções como tempo, lugar, causa, assunto, finalidade e outras costu-
mam participar da construção da coerência textual e da obtenção dos efeitos de sentido discursivos.
6 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf83.php – Acesso em 19/2/2013
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
46
ANEXO 3 – ESTRUTURA LITERÁRIA
Assim como toda literatura, cada livro bíblico possui uma estrutura literária
(FLUXO), mas dentro do mesmo livro ou trecho, pode-se encontrar diferentes instru-
mentos:
Instrumentos Características Exemplos
CAUSA E EFEITO Ação, evento ou conceito que causa outro ou outros.
Expressões: "portanto, então, assim, para, para que"
Mc 11.27-12.44
Rm 1.24-32; 12.1-2
EFEITO E CAUSA Ação, evento ou conceito causado por outro ou outros.
Expressões: "por esta razão, por esta causa, por isso "
1Co 11.29-30
2Ts 2.5-12
COMPARAÇÃO Elementos semelhantes ou parecidos
Expressões: "como, assim como também"
Sl 1.3-4
Jo 3.8,12,14
CONTRASTE Elementos antagônicos ou dissimilares
Expressões: "mas, porém, contudo, todavia"
Sl 73
Gl 5.19-23
EXPLICAÇÃO ou
RAZÃO
Ação, evento ou conceito seguido de uma explicação
Expressões: "porque, pois"
Dn 2,4,5,7,9
Mc 4.13-20
ILUSTRAÇÃO Ação, evento ou conceito seguido por uma ilustração
(história, evento, milagre, analogia, metáfora)
Mt 17.24-27
Mt 21.12-18
PROPÓSITO Declarações específicas do propósito do autor em rela-
ção ao seu conteúdo apresentado
Jo 20.30-31
Jd 3-4
PERGUNTA E
RESPOSTA
Perguntas seguidas de resposta ou perguntas retóricas
para confirmar ou argumentar ideias.
Ml 1.2-3, 2.14-15
Rm 8.31-39
INSTRUMENTALIDADE
Termo ou figura que serve como meio ou recurso no de-
senvolvimento de uma ideia ou ação.
1Co 11.1-15
1Ts 5.4
FINALIDADE Termos e frases que expressam alvos, objetivos
Expressões: "para que, a fim de que, que”
Gl 3.13-14
Cl 2.1-2
Obs.: Essas são apenas algumas estruturas literárias.
A análise da estrutura literária tem como objetivo identificar o fluxo do pensa-
mento no texto, mostrando o relacionamento entre palavras, termos e sentenças den-
tro do seu sentido natural. Neste processo torna-se útil identificar os diferentes ins-
trumentos da estrutura literária por meio de destaques com sinais gráficos para que o
estudante visualize o fluxo e relacionamento entre termos e ideias no texto.
Cuidado para não confundir GÊNERO LITERÁRIO e ESTRUTURA LITERÁ-
RIA. O Gênero Literário revela o tipo de literatura, a Estrutura Literária, o “movi-
mento interno” nesta literatura.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
47
EXEMPLO: Gálatas 5.16-25
Digo, porém: → CONTRASTE com versículos anteriores
Andai no Espírito
e jamais satisfareis a concupiscência da carne
(ação futura) (ação presente)
IMPERATIVO porque a carne milita contra o Espírito
(ação presente) e o Espírito contra a carne
EXPLICAÇÕES porque são opostos entre si
para que não façais o que porventura seja do vosso querer
(ação presente/futura)
Mas, CONTRASTE FINALIDADE
se sois guiados pelo Espírito CONTRASTE
(ação presente)
não estais sob a lei
(ação presente)
Ora, as obras da carne são conhecidas e são: ILUSTRAÇÃO da obras
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes,
iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias
e coisas semelhantes a estas
a respeito das quais eu vos declaro, EFEITO
como já outrora vos preveni que
CONDIÇÕES CONTRASTE que não entrarão no Reino
de Deus
(ação futura)
os que tais coisas praticam
(ação presente)
Mas, o fruto do Espírito é: CAUSA
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio
CONTRASTE
Contra estas coisas não há lei
ILUSTRAÇÃO do fruto
e os que são de Cristo Jesus crucificaram (ação passada)
a carne com suas paixões e concupiscências
se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito
(ação presente) (ação presente)
CAUSA EFEITO
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
48
ANEXO 4 – ESBOÇO MECÂNICO
Corresponde a uma análise sintática esquematizada, de modo que o estudante
visualize no próprio texto o fluxo lógico e natural da sua estrutura gramatical. O pro-
cesso consiste em:
 Reescrever o texto completo (conforme a versão bíblica utilizada)
 Escrever ideias principais à esquerda
 Escrever ideias subordinadas à direita e debaixo das principais
(atenção às orações subordinadas, às conjunções subordinativas, gerúndios etc.)
 Analisar a estrutura gramatical
(atenção aos verbos, modificadores e conectivos)
 Destacar a análise da estrutura literária
(atenção aos instrumentos da estrutura literária – cf. Anexo 3)
IMPORTANTE: esta técnica é muito útil para análise do fluxo de argumenta-
ções, como as EPÍSTOLAS, não sendo muito apropriado para narrativas, poesias e
profecias, muito embora em alguns destes casos seja possível sua utilização.
EXEMPLOS:
Pedro obteve notas no seu curso
excelentes
porque
estudou
muito
a fim de
concorrer a uma bolsa de estudos
integral .
Porém ,
João ficou abaixo da média
muito geral
e
desperdiçou o melhor dos seu tempo
livre
saindo com amigos
assistindo televisão
navegando na Internet.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
49
Ef 6.10-13
Ef 6.1-4
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
50
ANEXO 5 – ADVÉRBIOS7
Compare estes exemplos: “O ônibus chegou”. | “O ônibus chegou ontem”. A palavra
ontem acrescentou ao verbo chegou uma circunstância de tempo: ontem é um advér-
bio.
“Marcos jogou bem”. | “Marcos jogou muito bem”. A palavra muito intensifi-
cou o sentido do advérbio bem: muito, aqui, é um advérbio.
A criança é linda.
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do
próprio advérbio.
Às vezes, um advérbio pode se referir a uma oração inteira; nessa situação,
normalmente transmitem a avaliação de quem fala ou escreve sobre o conteúdo da
oração.
Por exemplo:
As providências tomadas foram infrutíferas, lamentavelmente.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescentar várias ideias, tais
como:
Tempo: Ela chegou tarde.
Lugar: Ele mora aqui.
Modo: Eles agiram mal.
Negação: Ela não saiu de casa.
Dúvida: Talvez ele volte.
Observações: Os advérbios que se relacionam ao verbo são palavras que ex-
pressam circunstâncias do processo verbal, podendo assim, ser classificados como
determinantes. Por exemplo: “Ninguém manda aqui!”
7 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.php
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
51
mandar: verbo
aqui: advérbio de lugar = determinante do verbo
Quando modifica um adjetivo, o advérbio acrescenta a ideia de intensidade.
Por exemplo: “O filme era muito bom”.
Classificação dos Advérbios
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás,
aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte,
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a dis-
tância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em
volta.
Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, dantes, de-
pois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre,
já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, pri-
meiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tem-
pos em tempos, em breve, hoje em dia.
Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, deva-
gar, às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor,
em vão e a maior parte dos que terminam em "-mente": calmamente, tristemente,
propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
bondosamente, generosamente.
Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decidida-
mente, deveras, indubitavelmente.
Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tam-
pouco, de jeito nenhum.
Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casu-
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
52
almente, por certo, quem sabe.
Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, de-
masiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
de todo, de muito, por completo, extremamente, intensamente, grandemente, bem
(quando aplicado a propriedades graduáveis).
Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só,
unicamente. Por exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. Por exemplo: O indiví-
duo também amadurece durante a adolescência.
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por exemplo: Primeiramente, eu
gostaria de agradecer aos meus amigos por comparecerem à festa.
Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico
53
BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO
FEE, Gordon e STUART, Douglas. Entendes o que Lês? Tradução de Gordon Chow. São
Paulo: Edições Vida Nova, 1984.
HENDRICKS, Howard e HENDRICKS, William. Vivendo na Palavra. Tradução de Talita
Rose Bauler. São Paulo: Editora Batista Regular, 1998.
ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica. Tradução de César A. Bueno Vieira. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1994.

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  • 1. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 1 M.E.B. Métodos de Estudo Bíblico ____________ Curso FOCO Prof. Yuri de Araújo Alves 4ª Edição Março de 2015 Este curso foi desenvolvido com base em recursos disponibilizados por: Émerson S. Pereira, professor de MEB do Seminário Bíblico Palavra da Vida, em Atibaia-SP; Igreja Batista Cidade Univer- sitária em Campinas (ibcu.org.br); e Yuri de Aráujo Alves, bacharel em Teologia com ênfase pastoral pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida, em Atibaia-SP e pela UniCesumar, Maringá-PR. A distribuição deste material precisa da autorização de seus editores. A venda deste livro não está autorizada. Yuri de Araújo Alves yurietami@gmail.com
  • 2. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 2
  • 3. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 3 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO DO CURSO........................................................................................4 1.1 DESCRIÇÃO..................................................................................................................4 1.2 PROPÓSITO...................................................................................................................4 1.3 OBJETIVOS.....................................................................................................................4 1.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.....................................................................................4 2. INTRODUÇÃO A MEB.....................................................................................................5 2.1 POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA?.................................................................................5 2.2 DIFICULDADES COMUNS PARA ESTUDAR A BÍBLIA.......................................5 2.3 PROBLEMAS FREQUENTES NO ESTUDO DA BÍBLIA........................................6 2.4 A IMPORTÂNCIA DE UM MÉTODO DE ESTUDOS.............................................6 2.5 O QUE É UMA METODOLOGIA?.............................................................................6 2.6 OS DIVERSOS MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO..................................................7 3. MÉTODO DE ESTUDO EXEGÉTICO............................................................................9 3.1 ORAÇÃO......................................................................................................................10 3.2 OBSERVAÇÃO – O QUE VEJO?...............................................................................11 3.3 INTERPRETAÇÃO – O QUE SIGNIFICA?.............................................................22 3.4 APLICAÇÃO – COMO FUNCIONA?......................................................................38 ANEXO 1 – GÊNEROS LITERÁRIOS..............................................................................43 ANEXO 2 – CONJUÇÕES E PREPOSIÇÕES..................................................................44 ANEXO 3 – ESTRUTURA LITERÁRIA............................................................................46 ANEXO 4 – ESBOÇO MECÂNICO...................................................................................48 ANEXO 5 – ADVÉRBIOS....................................................................................................50 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO.............................................................53
  • 4. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 4 1. APRESENTAÇÃO DO CURSO 1.1 DESCRIÇÃO Métodos de Estudo Bíblico é uma matéria composta por técnicas de leitura, inter- pretação e aplicação das Escrituras, que proporciona ao aluno ferramentas para um estudo mais profundo e exato da Bíblia. MEB não visa sanar todas as dúvidas que o aluno tenha sobre textos bíblicos, mas sim capacitá-lo a chegar a uma conclusão pró- pria ao utilizar as ferramentas apresentadas ao longo do curso. 1.2 PROPÓSITO Capacitar o aluno a estudar e interpretar sozinho e corretamente a Bíblia, a fim de aplicá-la à sua vida diária e ensiná-la a outros. 1.3 OBJETIVOS Ao final do curso o aluno será capaz de: • Explicar e aplicar a metodologia proposta no curso; • Estudar a Bíblia com maior profundidade, coerência e eficácia; • Aplicar com fidelidade os princípios bíblicos de modo adequado ao contexto atual; • Avaliar mais criteriosamente os ensinos bíblicos recebidos, a fim de reter so- mente o que é bom (cf. 1Ts 5.20,21). 1.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO • Leitura da Apostila (como revisão) - 30% • Exercícios Mensais - 60% • Participação em aula – 10% • Bônus: entregar um trabalho, com base em um dos diversos métodos de estu- dos bíblicos apresentados na apostila (ponto 2.6). - 15%
  • 5. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 5 2. INTRODUÇÃO A MEB 2.1 POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA? Cl 3.16 2Tm 3.16,17 2Tm 2.15 Sl 19.7-11 Sl 119.9,11 Sl 119.28 Sl 119.99,100,104 Sl 119.105 Cl 1.9,10 1Pe 2.2 2.2 DIFICULDADES COMUNS PARA ESTUDAR A BÍBLIA • • • • •
  • 6. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 6 2.3 PROBLEMAS FREQUENTES NO ESTUDO DA BÍBLIA • Tirar o texto de seu contexto e utilizá-lo como fundamento para uma prática ou ideia; • Estudar a Bíblia apenas intelectualmente, como se estivesse dissecando um sapo morto em um laboratório. • Estudar a Bíblia de modo aleatório. 2.4 A IMPORTÂNCIA DE UM MÉTODO DE ESTUDOS Por que utilizar um método de estudos? • Para saber por onde começar e quando terminar; • Para não se sentir frustrado depois de muito trabalho; • Para ter um processo pessoal, sistemático e produtivo. “O estudo bíblico efetivo requer um método. Não se ensina uma criança nadar, jogando-a na parte funda de uma piscina e dizendo: ‘Tudo bem, agora nade.” H. Hendricks e W. Hendricks 2.5 O QUE É UMA METODOLOGIA? “Conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar um fim; or- dem ou sistema que se segue no estudo ou no ensino de qualquer disciplina; maneira sistemática de dispor as matérias de um livro; maneira de fazer as coisas; modo de proceder.” (Dicionário Michaelis) “Uma estratégia, um plano de ataque, que produzirá resultados máximos para seu investimento de tempo e esforço”. (Vivendo na Palavra, p. 27)
  • 7. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 7 2.6 OS DIVERSOS MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO Analítico É o exame cuidadoso de um capítulo, trecho ou versículo bíblico. É o estudo do objeto em seus pormenores, tendo o cuidado de notar até os mais diminutos aspectos. As partes da passagem são estudadas como por um microscópio. É como entrar numa biblioteca e focali- zar um livro na estante. Exemplo: "A Grande Comissão" (Mt 28.19-20); a salvação em Ef 1; o significado de ós- culo santo (Rm 16.16). Sintético É o exame amplo, global de um livro da Bíblia. É a abordagem de cada livro bíblico como uma unidade, visando entender seu sentido como um todo. Este estudo não se preocu- pa com os pormenores, mas com o escopo global do livro, como que por um telescópio. É como entrar numa biblioteca e focalizar uma estante inteira. Usa gráficos, tabelas, quadros etc. Exemplo: Efésios: minha nova vida em Cristo; Gálatas: justificados pela fé vivendo no poder do Espírito; pregações panorâmicas sobre livros inteiros. Tópico ou Temático É a investigação sobre um tópico ou tema escolhido, em toda a Bíblia ou numa porção dela. Nesse método um tópico é "caçado" através da Bíblia. Este estudo exige o uso de uma concordância bíblica para a coleta de informações. Exemplos: o "amor" no Evangelho de João; as orações de Jesus; os dons espirituais; uma doutrina bíblica. Biográfico É o estudo que remonta a vida ou parte da vida de pessoas ou personagens bíblicos. A este estudo pode associar-se elementos cronológicos, geográficos ou históricos. O estudo pode enfatizar exemplos positivos e negativos, virtudes, feitos, relacionamento com Deus, etc. Exemplos: A vida de Moisés: 40 anos no Egito, 40 anos em Midiã e 40 anos no deserto; Daniel; Paulo; Pedro etc.
  • 8. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 8 Cronológico É o estudo que remonta e traça uma linha de tempo, organizando fatos históricos rela- cionados a pessoas, reinos, eventos, acontecimentos etc. Este estudo pode servir como pano de fundo histórico para outros estudos. Exemplo: os anos do ministério de Jesus; as dispensações; o reinado de Davi. Geográfico É o estudo que procura relacionar aspectos geográficos para ilustrar movimentação de personagens ou fatos históricos. Este exame inclui lugares, cidades, montes, rios etc. Exemplo: Elias nos montes Carmelo e Horebe (1Rs 18-19); viagens missionárias de Paulo; cidades refúgios etc. Histórico É o estudo que se preocupa com a história bíblica. Pode envolver aspectos cronológi- cos, geográficos ou biográficos. Exemplo: O povo de Israel no deserto; o retorno do exílio; a criação; queda do homem; narrativas de Atos, etc. Doutrinário É o estudo de uma doutrina ou conceito teológico, que pode abranger toda Bíblia, ou algum livro, autor ou gênero literário bíblico. A abordagem deste estudo pode seguir um pa- drão sintético, analítico ou tópico, podendo ser apoiado por livros de teologias sistemáticas. Exemplo: justificação, fé, arrependimento, graça, salvação, inferno, etc. Etimológico É o estudo minucioso do significado e ocorrência de termos, palavras e expressões bíblicas. A eficácia deste estudo necessita a consulta nos idiomas originais bíblicos, através de léxicos, comentários exegéticos, concordâncias nas línguas bíblicas ou texto bíblico original. Exemplo: o selo do Espírito em Ef 1.14; palavra "misericórdia" no Antigo Testamento; termo "alma" na Bíblia.
  • 9. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 9 3. MÉTODO DE ESTUDO EXEGÉTICO Em nosso estudo bíblico faremos uma mescla de alguns métodos apresentados - partindo do Geral para o Específico. Buscaremos uma abordagem exegética, não eise- gética. Uma abordagem eisegética tenta explicar um texto com base em pressupostos. O estudo exegético visa chegar a conclusões extraídas do próprio texto em seu contex- to, tomando cuidado com os pressupostos, embora não seja possível anulá-los por completo. O objetivo é que o texto conduza à conclusão; e não, a conclusão ao texto. O vocábulo “exegese” significa “exposição, explicação”. O sentido de exegese é ex- trair, conduzir para fora como um comentário crítico que analisa o texto no contexto original. A eisegese é o inverso. A preposição grega eis, “para dentro”, indica movi- mento de “fora para dentro”. Basicamente, o método pode ser resumido em 4 passos: A. Oração – Deve iniciar, permear e concluir todo o estudo. B. Observação - exame cuidadoso e completo do texto. Quanto mais nos satu- rarmos do texto melhor será o estudo. C. Interpretação – é o discernimento do significado do texto, baseado nas ob- servações já feitas. Exige a busca pelo significado e compreensão do sentido escrito e transmitido pelo autor bíblico aos seus ouvintes contemporâneos. EXEGESE EISEGESE
  • 10. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 10 D. Aplicação – é a significância do texto. Deve ser tomada como o alvo de todo estudo bíblico, pois se refere à prática do que foi estudado. A ausência da aplica- ção revela uma tarefa incompleta. 3.1 ORAÇÃO Bendito sejas, Senhor! Ensina-me os teus decretos. Sl 119:12 - NVI Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei. Sl 119:18 - NVI Faze-me discernir o propósito dos teus preceitos, então meditarei nas tuas maravilhas Sl 119:27 - NVI Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos, e a eles obedecerei até o fim. Sl 119:33 - NVI Dá-me entendimento, para que eu guarde a tua lei e a ela obedeça de todo o coração. Sl 119:34 - NVI Inclina o meu coração para os teus estatutos, e não para a ganância. Sl 119:36 – NVI As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me entendimento para aprender os teus mandamentos. Sl 119:73 – NVI
  • 11. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 11 3.2 OBSERVAÇÃO – O QUE VEJO? • Estudo Macro Como foi dito, partiremos do geral para o es- pecífico. Isso significa que olharemos para o todo de um livro, depois para suas divisões, depois para um de seus parágrafos, então para um versículo desse parágrafo e, por fim, uma de palavra desse versículo. Para o nosso estudo em sala de aula utilizaremos como exemplo o livro de 2 João. ◦ Leitura Panorâmica do Livro ▪ Faça algumas leituras rápidas do livro inteiro. ▪ Procure não se deter em detalhes agora. ▪ Foque em buscar um tema central do livro. ▪ Preencha os 'Dados Introdutórios' abaixo à medida que for possível. ◦ Dados Introdutórios ▪ Autor – quem escreveu? ▪ Data – quando foi escrito? ▪ Destinatários – quem recebeu? Qual o tipo de relacionamento entre o autor e os leitores primários? ▪ Pano de Fundo – qual o contexto? O que motivou o autor a escrever a carta? ▪ Temas Principais – Quais assuntos predominam a carta? Quais são as palavras-chave? ▪ Interesses do Autor – Quais os objetivos do autor ao escrever a carta?
  • 12. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 12 ◦ Gênero Literário – Ver Anexo 1 ◦ Anotações Gerais – Faça alguma anotação que julgue ser relevante; levante questões que surgiram ao longo da leitura para serem respondidas até o término do estudo. ◦ Divisões de Parágrafos – Divida o livro inteiro em parágrafos. Exemplo – Estudo Macro da Observação em 2 João Autor: O Presbítero (v.1) Data: Não informada no texto (90-95 d.C - consulta) Destinatários: Uma senhora e seus filhos (v.1,5). Aparentemente o autor os conhece bem e sente um grande carinho e amor (v.1,4) Pano de Fundo: Alguns falsos mestres que estavam se infiltrando nas comunidades evangélicas e casas a fim de converter os cristãos às suas doutrinas antibíblicas e pecami- nosas. O apóstolo exorta os crentes a não receberem em suas casas aqueles que negam a fé em Cristo e querem destruí-la (v.7-11). Temas Principais: Hospitalidade (v.10), comunhão (v.10,11), falsos mestres (v.7), perseve- rança na fé (v.8), anticristo (v.7). Interesses do Autor: Tratar um problema com falsos mestres; exortar os crentes à perse- verança. Gênero Literário: Exposição/Epístola Anotações Gerais: O que é galardão inteiro?; “verdade” x “enganadores” - contraste. A palavra “verdade” aparece 5 vezes nos quatro primeiros versículos. Divisões de Parágrafos em 2 João (1-3) (4-11) (4-8) divisões secundárias → (9-11) divisões secundárias → (12-13)
  • 13. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 13 Exercício – Faça o Estudo Macro em Tito 1 preenchendo a tabela abaixo. 1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao co- nhecimento da verdade que conduz à piedade, 2 fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos. 3 No devido tempo, ele trouxe à luz a sua palavra, por meio da pregação a mim confiada por ordem de Deus, nosso Salvador, 4 a Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum: Graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador. 5 A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí. 6 É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insub- missão. 7 Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro de- sonesto. 8 É preciso, porém, que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagra- do, tenha domínio próprio 9 e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela. 10 Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão. 11 É necessário que eles sejam silenciados, pois es- tão arruinando famílias inteiras, ensinando coisas que não devem, e tudo por ganância. 12 Um dos seus próprios profetas chegou a dizer: "Cretenses, sempre mentirosos, feras malig- nas, glutões preguiçosos". 13 Tal testemunho é verdadeiro. Portanto, repreenda-os severa- mente, para que sejam sadios na fé 14 e não deem atenção a lendas judaicas nem a manda- mentos de homens que rejeitam a verdade. 15 Para os puros, todas as coisas são puras; mas para os impuros e descrentes, nada é puro. De fato, tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. 16 Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra. (NVI) Autor Data Destinatário Pano de Fundo Temas Principais • • • •
  • 14. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 14 Interesses do Autor • • • • Gênero Literário Anotações Gerais Divisão em Parágrafos -----------------------------x----------------------------- • Estudo Micro Enquanto no Estudo Macro olhamos para o livro de modo panorâmico, agora vamos focar em um de seus parágrafos, a fim de estudá-lo com mais profundi- dade. Cuidado com a tentação de começar a interpretar o texto agora. Vamos aplicar os seguintes passos: ◦ Leitura cuidadosa de um parágrafo ▪ Leia várias vezes o texto: • ____________________________ • ____________________________ • ____________________________ • ____________________________ • ____________________________ • ____________________________ • ____________________________
  • 15. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 15 ▪ Compare com outras versões. ◦ Gênero Literário do Parágrafo (Ver anexo 1) ◦ Clima do Texto Desespero, Urgência, Alegria, Exortação, Humildade, Gratidão, Tristeza, Ansi- edade, Surpresa, Medo, Confiança, Consolo, Frustração, Contemplação, Arrependi- mento etc. TEXTO CLIMA GÊNERO Gl 3.1-5 Êx 4.10-17 Ap 19.1-6 Sl 51.1-4 Mc 6.49-52 ◦ Perguntas Observadoras Quem? Para quem? O quê? Onde? Como? Quando? Quanto? Por quê? Para quê? Quem ? Quem são as pessoas ? O que sabemos sobre elas de antemão ? O que elas dizem ? O que dizem delas ? Escreveu ? (autor) Para quem escreveu ? (público) O que ... ? O que está acontecendo? Um milagre? De que tipo? Uma História? Você consegue descrevê-la? Uma ordem? O que cada personagem está falando, fazendo? O que acontece antes do evento? e depois? [tente entender a relação entre o que vem antes e o que vem depois]. Que eventos acontecem?
  • 16. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 16 Qual a ordem dos eventos ? Onde... ? (use um mapa) Onde as coisas aconteceram? De onde vinham as pessoas? Para onde iam? Por onde passaram? Onde estava o autor? Onde estava o público alvo? A maioria das Bíblias tem um mapa no final, o que já é um bom começo. Geografia bíblica é assunto normalmente ignorado. Quando... ? Quando as coisas aconteceram? Cedo? A tarde? De madrugada? Que dia? O que aconteceu na véspera? Em que período? (contexto) Em que época da vida dos personagens? Quando foi escrito o livro? Como...? Como as coisas aconteceram? Rapidamente? Vagarosamente? Por meio de um milagre? Por mãos humanas? Por que...? Por que as coisas aconteceram? Por que foi incluído? (veja Jo 20.30,31; 1Jo 2.26, 5.13) Por que antes disso / depois daquilo ? Por que alguém disse algo? Se calou? Para que? Houve um propósito? Um objetivo? ◦ Estrutura Gramatical ▪ Verbos – Observe com calma. Avalie o tempo verbal, voz (passiva ou ati- va), pessoa e número. ▪ Substantivos – Observe o quanto ao número e o gênero.
  • 17. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 17 ▪ Modificadores – São os advérbios; adjetivos; e adjuntos nominais e ver- bais (veja o anexo 5, sobre advérbios). ▪ Conectivos – Conjunções e preposições (ver anexo 2). ◦ Estrutura Literária (Ver anexo 3) ◦ Esboço Mecânico – (Ver Anexo 4) Exemplo – Estudo Micro da Observação em 2João Para essa parte do estudo focaremos no parágrafo v.9-11. Vamos estudar todo o parágrafo e os termos “prevarica” (v.9) e “doutrina” (v.9). ◦ Leitura cuidadosa do parágrafo ◦ Gênero Literário do Parágrafo – Exposição, um argumento lógico minucioso. Típico das epístolas apostólicas. ◦ Perguntas Observadoras Quem está falando? - o presbítero (v.1). O que sabemos delas? - conhecia seus ouvintes e se importava muito com eles (v.1). Para quem? - Uma senhora e seus filhos (v.1). O que dizem delas? - São crentes e estão nos caminhos da verdade (v.1,4). O que está acontecendo? - A influência de falsos mestres tem corrompido a muitos cristãos. O quê está falando? - O apóstolo ensina que os cristãos não deveriam cumpri- mentar ou receber em casa aqueles que “prevaricaram e não perseveraram” na dou- trina de Cristo. (Note que a explicação foi bem óbvia, pois não se deve interpretar o texto agora, somente observá-lo.) Onde está acontecendo? - O texto não especifica. Como fazer o que está sendo dito? - Não receber em casa nem cumprimentar os falsos mestres. Quando fazer? - Sempre
  • 18. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 18 Quanto? - (não cabe essa pergunta aqui) Por quê? - Porque quem hospeda ou cumprimenta os falsos mestres tem parte nas suas más obras (cf. v.11). Para quê? - O texto não diz explicitamente, mas o v.8 parece mostrar o objetivo central. ◦ Estrutura Gramatical Verbos principais “prevarica” Indica uma ação presente, atual. → “persevera” Indica uma ação presente, atual. → “tem” Indica uma ação presente, atual. → “recebais” Imperativo, indica ordem; está no plural; → “saudeis” Imperativo, indica ordem; está no plural; → Substantivos principais “doutrina” singular, pois se refere a uma doutrina (a de Cristo – v.9), e não de várias → outras doutrinas. “obras” plural, indicando variedade de ações. → Modificadores “muitos” (v.7) Pronome Indefinido – quantifica os “enganadores”. → “inteiro” (v,8) Adjetivo – qualifica o “galardão”. → “más” (v.11) Adjetivo – qualifica as obras dos falsos mestres. → “todo” (v.9) Adjetivo – qualifica “aquele”. → Indicando que não há exceções. Conectivos – Conjunções e preposições “e” (v.9) – conj. aditiva, liga duas orações. “na” (v.9) – prep. “em” + “a” (artigo definido) – se refere a uma doutrina específica. “Se” (v.10) – conj. condicional – indica possibilidade. “porque” (v.11) – conj. explicativa – fornece uma explicação para o que foi dito antes.
  • 19. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 19 ◦ Estrutura Literária 9 Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. EFEITO CAUSA Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. EFEITO CAUSA 10 Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. CAUSA EFEITO 11 Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras. EXPLICAÇÃO ◦ Esboço Mecânico aquele que todo prevarica, e na doutrina de Cristo, não persevera não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, tem tanto ao Pai como ao Filho. esse Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem o saudeis. tampouco Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.
  • 20. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 20 EXERCÍCIO – Construa um esboço mecânico para o texto abaixo; “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1Pe 2.9).
  • 21. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 21 EXERCÍCIO - Utilizando flechas, círculos, linhas, marcadores etc. identifique os instrumentos da estrutura literária de Fp 2.1-11 1 Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se algu- ma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, 2 Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentin- do uma mesma coisa. 3 Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humil- dade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. 4 Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. 5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas es- vaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos ho- mens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a língua con- fesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
  • 22. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 22 3.3 INTERPRETAÇÃO – O QUE SIGNIFICA? Neste passo buscaremos determinar de modo objetivo qual o significado do texto para os seus pri- meiros leitores. Uma pergunta que nos auxilia muito nesse ponto é: “O que o autor queria que os seus leito- res primários entendessem e/ou fizessem?”. • A Necessidade da Interpretação A interpretação é necessária devido à existência de algumas barreiras:  Barreira Linguística _______________________________ _______________________________  Barreira Cultural _______________________________ _______________________________ _______________________________  Barreira Histórica _______________________________  Barreira Geográfica _______________________________  Barreira Literária
  • 23. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 23 Algumas armadilhas durante o processo de interpretação:  Má leitura do texto bíblico  Distorção equivocada do texto  Manipulação proposital do texto  Contradição do texto  Subjetivismo/Relativismo  Neo-ortodoxismo  Desconhecimento da característica literária de uma passagem • Estudo Macro ◦ Princípios de Hermenêutica Geral ▪ A Bíblia TODA é a Palavra de Deus Regra Áurea: todas as experiências interpretadas à luz da Bíblia, não o contrário (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21; Mt 5.17-18). ▪ A Bíblia deve ser interpretada biblicamente (“Analogia da Escritura”) As interpretações mais claras e objetivas iluminam as mais obscuras e subjetivas. Uma doutrina deve ter base sólida em mais de um versículo. ▪ A Bíblia deve ser interpretada NORMALMENTE Costuma-se dizer “literalmente”, porém, é necessário lembrar que há fi- guras de linguagem no texto. Isso precisa ser considerado. Uma leitura normal é que a leva em conta o gênero literário, estilo do autor, figuras de linguagem, contexto, etc. ▪ A Bíblia deve ser interpretada gramaticalmente Ela foi escrita em idiomas que seguiram estruturas gramaticais coeren- tes aos termos, palavras, objetos e complementos. ▪ A Bíblia deve ser interpretada sintaticamente Ela segue a estrutura da lógica do autor, mediante a qual as ideias prin- cipais e subordinadas se relacionam pelos termos e orações.
  • 24. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 24 ▪ A Bíblia deve ser interpretada historicamente A interpretação honesta respeita todo um conjunto de pano de fundo, situação política, ambiente social e contexto religioso da época. ▪ A Bíblia deve ser interpretada contextualmente “Texto fora de contexto vira pretexto.” Versículo – Parágrafo – Capítulo – Divisão Maior – Livro (propósito) – Toda Bíblia. ▪ A Bíblia deve ser interpretada progressivamente O AT aponta para NT; O NT ilumina o AT. Jesus Cristo é a revelação máxima. O Judaísmo aponta para o Cristianismo. Hb 1.1-3; Gl 3.23. ▪ A Bíblia deve ser interpretada Literariamente A Bíblia deve ser entendida como uma literatura divinamente inspira- da, na qual cada texto deve estar amarrado à natureza literária a que pertence. ▪ A Bíblia deve ser interpretada Teocentricamente/Cristocêntricamente Toda interpretação deve ser entendida na perspectiva que Deus está no centro da aplicação de toda mensagem. • Cuidado com tipologia em cima de Jesus. ▪ Cada texto tem UM ÚNICO significado/sentido1 Cuidado com o subjetivismo ou o relativismo. -----------x----------- 1 Alguns estudiosos defendem que há uma exceção para essa regra quando o assunto é profecia, pois o seu cumprimento pode apontar para momentos históricos e escatológicos ao mesmo tempo.
  • 25. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 25 ◦ Mensagem do Livro Busque resumir a mensagem do livro inteiro em uma oração. Alguns exemplos de mensagens de livros bíblicos: 1João Os verdadeiros filhos de Deus são revelados por uma vida semelhante a de Cristo 2João A cooperação ministerial depende da comunhão da fé segundo a Verdade. Efésios Privilégios espirituais no Cristo exaltado devem levar o corpo ao crescimento em união, à santificação na vida diária e ao triunfo no conflito espiritual.2 Gálatas O cristão é justificado e santificado pela fé em Cristo, no poder do Espírito Santo, sem as obras da lei. ELABORANDO UMA PROPOSIÇÃO: 1. Busque o _______________ principal do livro - (SUJEITO) 2. Defina _______________ sobre o assunto principal do livro - (PREDICADO) 3. Procure formar uma frase com _________ + _________ + _________ = Proposição. OBS.: Evite utilizar verbos de ligação (“ser”/”estar”) como verbo principal da proposição. Pre- fira verbos como almeja, conduz, promove, resulta, aponta, impede, delimita, auxilia, motiva, encoraja, desfruta, realiza, compartilha, lembra, ajuda, etc. 2 Carlos Osvaldo Pinto. Foco e desenvolvimento no Novo Testamento, p.345
  • 26. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 26 Exercício - Construa proposições para os trechos abaixo: Sl 23.1 Jo 3.16 Mt 6.25-33 -----------x----------- ◦ Propósito do Livro Resuma o propósito do livro inteiro em uma sentença. Isso será muito impor- tante para a interpretação de qualquer parágrafo do livro, pois tudo deverá estar re- lacionado com o propósito do autor. Exemplos: 1João Capacitar os crentes a discernir os verdadeiros filhos de Deus, fortalecendo-lhes a fé e motivando-os à santificação e perseverança na verdade. 2João Fortalecer a fé dos cristãos ao instruí-los sobre a hospitalidade e relacionamento sadios. Efésios Encorajar o desfrute da posição privilegiada da Igreja em Cristo e sua aplicação na vida cotidiana para Cristo no mundo.3 Gálatas Convencer os crentes sobre a autoridade apostólica de Paulo e a verdadeira relação entre a lei, o evangelho e a liberdade em Cristo, conduzindo-lhes à verdadeira vida pela graça e pela fé. 3 Carlos Osvaldo Pinto. Foco e desenvolvimento no Novo Testamento, p.340
  • 27. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 27 ◦ Esboço Sintético Nível Básico: Dar um título para cada divisão do texto. Nível avançado: Dê um título para cada parágrafo e depois faça uma proposi- ção4 para cada um deles. Esse ponto é importante pois auxilia o estudante a ter uma visão mais ampla do desenvolvimento da mensagem e de como os parágrafos se rela- cionam. Exemplo em 2 João: ESBOÇO SINTÉTICO – 2 João 1. SAUDAÇÃO (1-3) A saudação apostólica visa se identificar com os leitores como participantes eternos da Verdade cristã. 2. ORIENTAÇÃO (4-11) 2.1 Exortação à Perseverança na Verdade (4-8) A presença de falsos mestres na comunidade cristã promoveu a necessidade de uma exortação à perseverança na fé pura e à rejeição dos anticristos, atitude que possibilita o progresso do discipulado outrora iniciado. 2.2 Exortação contra a Comunhão com Enganadores (9-11) A cooperação com falsos mestres demonstra a unidade de pensamento entre as duas partes, o que exclui a possibilidade da prática da hospitalidade e envolvimento fraternal com eles. 3. DESPEDIDA (12-13) O término da breve carta sugere um ambiente de urgência para uma solução. OBS.: Note que há um verbo principal que separa o “sujeito” do “predicado”. -----------x----------- 4 Proposição é uma frase completa – Sujeito + Verbo + Predicado. Deve-se procurar usar termos auto explicativos, pois a frase visa explicar o texto. No caso de proposições para livros/parágrafos os termos devem ser bem gerais, para abranger ao máximo o conteúdo apresentado.
  • 28. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 28 • Estudo Micro ◦ Hermenêutica Especial O nível micro exigirá a aplicação dos princípios de interpretação segundo a Hermenêutica Especial. Uma vez que a hermenêutica geral trata de princípios gerais universais, a especial trata de princípios específicos relacionados ao gênero literário a que pertence o texto ou passagem bíblica. Ver quadro "Gêneros Literários da Bíblia" (Anexo 1). Após identificar o gênero literário, o estudante deve cuidar para tratar distinta- mente cada gênero. Por exemplo, parábolas não devem receber o mesmo tratamento concedido às epístolas; apesar, de toda Bíblia ser a Palavra de Deus, o próprio Deus permitiu que os escritores bíblicos livremente utilizassem gêneros literário diferentes ao escreverem seus livros e epístolas - elemento que evidencia ainda mais a riqueza da unidade bíblica. Algumas orientações:  As narrativas não devem ser vistas como normativas, sim como descritivas;  As parábolas estão sempre relacionadas a um princípio ou ensino;  As profecias devem ser entendidas à luz do plano histórico revelado nas Escrituras;  As epístolas são normativas e suas aplicações devem cuidar das questões culturais da época;  As poesias refletem ideias e pensamentos que devem ser interpretados como princípios;  Os provérbios devem ser vistos como princípios, não como mandamentos ou promessas;  Os discursos devem ser vistos como normativos, no caso de Jesus. Para uma melhor compreensão e aplicação da Hermenêutica Especial o estu- dante deve consultar: "A Interpretação Bíblica", por Roy B. Zuck. Edições Vida Nova "Entendes o Que Lês", por Gordon Fee e Douglas Stuart . Edições Vida Nova
  • 29. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 29 ◦ Figuras de Linguagem Na Bíblia encontra-se muitas figuras de linguagem, principalmente nos livros poéticos e proféticos. O Novo Testamento também vemos a presença da linguagem figurada nas palavras de Jesus, nos escritos do apóstolo Paulo e no Apocalipse, em especial. Categoria Função Exemplos SÍMILE Comparação explícita através de termos (semelhante, como, tal...). Sl 1.4 Lc 10.3 METÁFORA Comparação implícita através de uma figura ou símbolo. Utiliza o verbo (ser). Is 40.6 Mt 5.13 METONÍMIA Troca de nomes por outros de mesma relação. Gn 25.23 Lc 16.29 SINÉDOQUE Troca de conceitos por outros de mesma relação. Gn 6.12 Rm 3.23 PERSONIFI- CAÇÃO Atribuição de características humanas a coisas, ideias, animais... Gn 4.10 Is 55.12 ANTROPO- MORFISMO Atribuição de características humanas a Deus. 2Cr 16.9 Sl 8.3 EUFEMISMO Suavização de uma expressão, substituição por uma mais agradável. At 7.60 1Co 11.30 HIPÉRBOLE Exagero para se dar uma ênfase. Dt 1.28 Sl 6.6 IRONIA Linguagem sarcástica. 1Re 18.27 Jr 18.18 PARÁBOLA Símile ampliada: história + aplicação. Is 5.1-7 Lc 8.4-15 ALEGORIA Metáfora ampliada: história + aplicação. Is 5.1-7 Rm 7.1-6 PROVÉRBIO Parábola ou alegoria comprimida. Pv 27.18-21 28.3 RETÓRICA Pergunta que exige resposta não verbal, mas força uma resposta lógica e óbvia. Gn 18.14 Rm 8.31 FIGURADO OU LITERAL? Sempre usar o sentido literal, a menos que:  A passagem indique que se deve usar o sentido figurado, por meio de figura de linguagem;  O sentido literal indicar algo absurdo, ilógico, impossível ou imoral;  O sentido literal contrariar o contexto imediato ou maior da passagem;  O sentido literal contrariar o propósito e a mensagem do autor;  O sentido literal contrariar outras partes da Bíblia ou ensino doutrinários.
  • 30. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 30 EXERCÍCIO - Identifique nas seguintes passagens as figuras de linguagem presen- te, explicado seu sentido dentro da própria passagem Texto Figura (palavra no texto) Categoria Sentido no Texto Sl 17.6 Mt 5.14 Is 55.12 Dt 1.28 Rm 11.34 1Pe 1.24 Gn 18.14 Sl 84.11 Sl 98.8 Lc 8.4-15 Pv 15.3 -----------x----------- ◦ Estudo de Vocábulos Este nível de estudo também requer a análise de detalhes. Palavras ou expres- sões específicas, quando estudados minuciosamente, têm sua compreensão ampliada à luz do entendimento dos leitores contemporâneos ao autor bíblico. O nível de pes- quisa do estudo de vocábulos pode variar de acordo com a profundidade desejada ou pela disponibilidade de fontes de pesquisa disponíveis.
  • 31. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 31 ▪ Nível Básico • Verificar o significado de termos ou nomes próprios (pessoas, locais) em dicionários bíblicos e dicionários comuns; • Comparar uso da palavra estudada em diferentes versões de Bíblias (em português). • Concluir com um resumo de sua compreensão sobre o termo. ▪ Nível Avançado • Verificar ocorrências do termo no livro, no autor e na Bíblia (concor- dância hebraica ou grega); • Verificar o significado original do termo (texto bíblico original, léxi- co, Dicionário Internacional de Teologia do AT ou NT., etc); • Consultar enciclopédias bíblicas; • Consultar crítica e cuidadosamente os comentários bíblicos; • Fazer uma conclusão sobre o termo analisado. Observação: Muitos destes recursos podem ser encontrados em softwares ou em recursos na Internet. Recomendo os softwares: TheWord e E-Sword, são gratuitos. Exemplo: 2Jo 9-11 – vocábulo escolhido: “prevarica” (ACF). 1. Verificar ocorrências do termo no livro, no autor e na Bíblia (concordância he- braica ou grega); A palavra aparece 4 vezes no NT: Mt 15.2,3 (2x) o conceito está ligado a → transgredir os mandamentos de Deus. At 1.25 o termo é utilizado para se referir ao → desvio de Judas Escariotes. 2 Jo 9 A expressão é traduzida como ultrapassa (ARA), não fica com → (NTLH), não permanece (NVI), passar além (VIVA).
  • 32. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 32 2. Verificar o significado original do termo (texto bíblico original, léxico, Dicioná- rio Internacional de Teologia do AT ou NT., etc); Dic. Strong (TheWord) 1) ir para o lado de 2) passar a frente ou por sobre sem tocar em algo 3) ultrapassar, negligenciar, violar, transgredir 4) passar tanto a ponto de desviar-se de 4a) partir, sair, ser dissuadido de 5) alguém que abandona sua verdade Dicionário VINE Literalmente, “ir à parte, afastar-se”, por implicação, “ir além”. 3. Consultar enciclopédias bíblicas 4. Consultar crítica e cuidadosamente os comentários bíblicos Conclusão Como João estava falando sobre os falsos mestres, que não permaneceram na doutrina de Cristo e passaram a ensinar outras doutrinas, negando a Cristo. Pode-se, afirmar que “prevaricar” é se desviar, se apartar. Os falsos profetas daquele tempo se afastaram da verdade do evangelho de Cristo. E por isso eles não eram de Deus. IMPORTANTE:  O estudo de vocábulo tem como objetivo lançar luz ao entendimento do estudante e ouvintes, uma vez que existe uma barreira linguística levantada pelos séculos que separaram o escritor bíblico e o leitor original dos leitores do século XXI.  O estudante não fará um estudo de vocábulo de todas as palavras e termos de seu texto. Depen- dendo do seu conhecimento e habilidade com línguas bíblicas (hebraico e grego), terá maior facili- dade em identificar e definir palavras e expressões centrais. Porém, de maneira geral, deverá ob- servar qual ou quais termos apresentam um valor importante ou destaque no texto em estudo (dentro do raciocínio do escritor bíblico) que “merecem” uma análise específica a fim de ajudar na compreensão do texto em questão.
  • 33. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 33 ◦ Correlação Um próximo passo no nível micro da interpretação é a correlação, que implica na verificação do relacionamento do texto ou da passagem em estudo como seu con- texto e com outras passagens bíblias (correlação interna), e na consulta de outras fer- ramentas que explicam o texto, como comentário bíblicos (correlação externa). Pode-se resumir a Correlação em 6 C's: Conteúdo, Contexto, Comparação, Con- sulta, Conclusão e Comprovação. Utilizaremos como exemplo o parágrafo 2 João 10. 1. Conteúdo Qual o significado aparente da expressão/trecho de seu parágrafo quando olhado de forma isolada? Exemplo: 2Jo 10 Qual o significado do expressão/trecho de seu parágrafo? Parece que João está falando que há um tipo de pessoa que se desviou da dou- trina de Cristo. Essa pessoa não tem a Deus, não é convertida (v.9). Assim, se ela vies- se ao encontro dos cristãos, eles não deveriam recebê-la (v.10). Pois isso significaria que os cristãos estão apoiando o incrédulo. Conclusão 1: O v.10 significa que os crentes não devem falar com desviados da fé. 2. Contexto Como os parágrafos anteriores e posteriores auxiliam na interpretação do tex- to? Como seu parágrafo se relaciona com o restante do livro (antes e depois)? Como ele se encaixa na linha de raciocínio do autor? Exemplo: 2Jo 10 João, após uma saudação (1-4), expressa sua alegria por saber que alguns de
  • 34. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 34 seus conhecidos perseveram na verdade, no evangelho (5,6). Sua felicidade tem ainda mais motivos diante da realidade de falsos mestres, que tem pregado heresias a res- peito de Jesus. Por isso, João também exorta aos cristãos que tenham muito cuidado, para permanecerem na Verdade (7,8). Então vem o parágrafo 9-11, com uma ordem para não se associar com os des- viados do evangelho. Por fim, uma despedida breve (12,13). Conclusão 2: João pode não estar se referindo a qualquer crente desviado ou incrédulo. Seu foco deve estar nos falsos mestres que ensina heresias sobre Jesus. As- sim, o v.10 significa que os cristãos não deveriam receber e conversar com esses men- tirosos. 3. Comparação Veja se o ensino extraído de seu parágrafo está presente em outros textos bíbli- cos. É aconselhado que você siga o seguinte roteiro: • com outros textos do mesmo livro; • com outros textos do mesmo autor; • com outros textos do mesmo testamento; • com a Bíblia inteira. Exemplo: 2Jo 10 Rm 16:17,18 - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples. Gl 1:8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
  • 35. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 35 2 Tm 3.4-6 - Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Tt 3:10 - Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, Jo 8:47 - Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus. 1Jo 4:2 - Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; Conclusão 3 – a 2ª conclusão pode ser reforçada com base nos textos acima. 4. Consulta Somente neste momento o estudante utilizará de ferramentas interpretativas do significado da passagem em estudo. Você poderá usar livros, Bíblias de Estudo, Comentários, Dicionários etc. Exemplo: 2Jo 10 1. John MacArthur comenta que João não está proibindo os cristãos de receber pesso- as que estão em desacordo com questões de menor importância. Seu alvo era os fal- sos mestres, que estavam promovendo uma campanha contra o evangelho, visando destruir os fundamentos do cristianismo. Assim, era necessário cortar qualquer tipo de vínculo com eles. Pois os cristãos só poderiam ajudar aqueles que proclamam a verdade. (Bíblia de Estudo MacArthur p.1767) 2. Simon Kistemaker explica que era comum que os cristãos se reunissem em casas para se edificarem mutuamente. Assim, o apóstolo estava exortando os irmãos a não darem espaço para as pessoas que querem destruir a igreja de Jesus com suas falsas
  • 36. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 36 doutrinas. Aquele que fizesse poderia ser considerado cúmplice das más obras desse falsos mestre. ( CNT – Tiago e epístolas de João - Simon Kistemaker p.513,514) 3. Segundo John Stott, João não estava proibindo o recebimento de visitantes casuais e normais, mas sim de mestres oficiais, que vinham com uma doutrina errada a ensi- nar. A esses, não se devia receber em casa, nem mesmo dar-lhes boas vindas. (I,II e III João – Introdução e Comentário – John Stott p.183). 4. C.H. Dodd diverge dos comentaristas acima. Ele defende que João estava proibin- do a hospedagem de qualquer cristão devido um momento de emergência causado pelos falsos mestres. Assim, não se deve entender o v.10 como uma ordem para hoje. (I,II e III João – Introdução e Comentário – John Stott p.183). Conclusão 4 – João tem em mente os falsos mestres (cf. 7-9), que viviam de casa em casa, buscando seduzir os crentes verdadeiros para si. O v.10 significa que os cristãos não deveriam receber esses homens, nem sequer dar-lhes boas vindas. Pois isso de- monstraria apoio nas más obras deles. 5. Conclusão Pronto. Agora basta escrever uma conclusão final para o texto analisado no es- tudo micro de interpretação. 6. Comprovação Esse ponto é melhor aplicado no caso de um ensino amplo, como o significado de um parágrafo ou capítulo. Para frases, orações ou versículos pequenos sua aplica- ção não é impossível, mas pode ser bem mais difícil. Pois a ideia aqui é comprovar que sua última conclusão se encaixa na mensagem e propósito do livro, os quais você
  • 37. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 37 registrou no seu Estudo Macro, no passo da Observação. Para tanto, faça o seguinte: • Relacione sua conclusão final com a mensagem do Livro. Demonstre que sua conclusão faz sentido no todo do livro. • Relacione sua conclusão final com o propósito do Livro. Caso você encontre muita dificuldade em relacionar o ensino do seu texto com a mensa- gem ou propósito do livro então algo pode estar errado. Verifique se sua mensagem e pro- pósito do livro estão corretas e depois verifique se seu estudo de interpretação micro seguiu todos os passos. ◦ Elabore uma Proposição Final O último passo da Interpretação é resumir o significado de seu texto em uma proposição (Tema central + Verbo + Complemento). Essa frase deve resumir o ensino básico da passagem. OBS.: É possível que o seu texto tenha palavras que necessitaram de um estudo mais profundo para que você as compreendesse melhor. Assim, ao construir sua pro- posição procure utilizar expressões que facilitem o entendimento do texto para um leitor que não teve todo o trabalho de pesquisa sobre o texto. Procure utilizar termos auto explicativos, interpretativos (que revelam o significado). Por exemplo: Em vez de escrever “A justificação pela graça de Deus ocorre median- te a fé em Cristo”, escreva “A culpa do pecado é anulada pela graça de Deus mediante a fé em Cristo“, ou “A culpa pelo pecado é cancelada pelo favor imerecido de Deus por meio da confiança na pessoa e obra salvadora de Jesus”. Lembre-se que nesse momento nós devemos interpretar o texto, dizer o que sig- nifica. Portanto, a proposição final deve resumir seu entendimento do significado do texto.
  • 38. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 38 3.4 APLICAÇÃO – COMO FUNCIONA? A Aplicação é o estágio mais negligenciado, porém, essencial no processo do estudo bíblico. Tudo o que foi feito até aqui deve caminhar na direção da prática, pois a Aplica- ção é o alvo de todo estudo bíblico. A conclusão da interpretação não significa o término do estudo. Infelizmente, muitos estudantes param antes da conclusão de seus estudos e perdem a praticidade que Deus espera de todo cristão. “O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas e não aumentar o nosso conhecimento.” W.Henrischen “O estudo Bíblico que não leva a aplicação é um aborto espiritual.” H. Hendriks A aplicação “é o conjunto de modos, maneiras ou jeitos de usar a verdade in- terpretada nos dias atuais, nas mais diferentes situações. Desta forma há somente uma interpretação verdadeira e correta para o texto, ainda que possa haver muitas aplicações possíveis.” (U. Crespo). Uma vez que o estudo bíblico conduz à aplicação, o estudante deve entender que durante o processo a Aplicação deve receber a mesma atenção que conferida à Observação e à Interpretação. SIGNIFICADO – Expressa o sentido natural e real do texto de modo impessoal. SIGNIFICÂNCIA – Expressa o valor do significado do texto para o leitor. Seria o mesmo que ouvir a explicação de um texto e perguntar: “i daí, o que isso tem a ver comigo?”.
  • 39. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 39 PRINCÍPIOS GERAIS PARA APLICAÇÃO ◦ Aplicação deve ser baseada numa interpretação correta; ◦ Aplicações devem ser baseadas em princípios eternos; SITUAÇÃO PRINCÍPIO APLICAÇÃO HISTÓRICA ETERNO BÍBLICA Princípios eternos são verdades independentes do tempo e cultura, sendo aplicáveis tanto ao leitor do primeiro século quando a nós, hoje. Por exemplo: Deus deseja que seu povo seja santo, assim como Ele é santo. ◦ Aplicações apresentam limitações quanto a: ▪ Contexto ▪ História ▪ Cultura ▪ Outros ensinos bíblicos ◦ Princípio x Literalismo Princípio = base, fundamento Literalismo = “ao pé da letra” O que pode nos auxiliar a descobrir qual o princípio por trás do texto é perguntar “por quê?”.
  • 40. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 40 • Perguntas Aplicativas Algumas perguntas podem ajudar na elaboração das aplicações de um estudo bíblico ou mensagem: 1. Há um exemplo a seguir? 2. Há uma ordem a obedecer? 3. Há um erro a evitar? 4. Há um pecado a abandonar? 5. Há alguma promessa para me apropriar? 6. Há um novo pensamento acerca de Deus? • Alvo das Aplicações  Família: pai, mãe, filhos, irmãos, educação, disciplina...  Pessoas: adultos, idosos, jovens, adolescentes, crianças, homens, mulheres...  Relacionamentos: casamento, noivado, namoro, amizade...  Grupos Sociais: classe média, classe baixa, profissionais liberais, autônomos...  Igreja: liderança, ministério, membros, novos convertidos...  Atividades: trabalho, estudo, curso, viagens, diversão, esportes, lazer, hobbies...  Necessidades: doença, desemprego, dívidas... -----------x-----------
  • 41. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 41 • Formulação de Aplicações A aplicação deve ser vista como outra parte do Estudo e não, apenas, como uma simples conclusão ou desfecho. Assim como o estudante gasta tempo nos pas- sos de Observação e Interpretação, precisa gastar tempo no preparo da Aplicação. Nem sempre a aplicação é tão fácil de se formular. Por isso, você pode desen- volvê-las observando os pontos abaixo: A Aplicação deve ser: ◦ Prática – Se refere ao “o quê” e “como”. Cuidado com ideias muito abstra- tas, por exemplo: “devo amar mais as pessoas”. Essa aplicação não está errada, po- rém, não está completa. ◦ Executável – Cuidado com a utopia, por exemplo: “vou me dedicar ao evangelismo traduzindo a bíblia inteira para as mais de 2000 tribos não alcançadas espalhadas pelo mundo”. ◦ Mensurável – é importante que você seja capaz de avaliar se você tem con- seguido aplicar ou não os princípios bíblicos propostos. Esse ponto se refere ao “Quando?” e “Como?”. ◦ Pessoal – elabore uma aplicação pensando em você, e não em outras pes- soas. Use sempre “eu”, não “nós”. Para cada aplicação criada você deverá avaliar se ela atende todos os requisitos acima.
  • 42. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 42 Exemplo: 2 João 9-11 Princípio Extraído: Deus não deseja que eu ofereça qualquer tipo de cooperação para com aqueles que rejeitaram o evangelho e passaram a pregar outra mensagem que compete com Cristo, o nega e visa destruir a verdadeira igreja. Aplicações: 1. Não vou comprar o material que Testemunhas de Jeová me oferecem na por- ta de casa. 2. Ao conhecer um novo pastor ou igreja, avaliarei, por meio de conversas e testemunhos, se o pastor/igreja é realmente um propagador do verdadeiro evange- lho. Se for, estarei à disposição para ajudá-lo no que for possível. Se não, não oferece- rei nenhum tipo de apoio formal ou informal. 3. Não vou contribuir em campanhas de outras religiões, feitas para o seu pro- gresso ministerial.
  • 43. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 43 ANEXO 1 – GÊNEROS LITERÁRIOS A riqueza da revelação escrita de Deus pode ser vista na liberdade criativa que o Espírito Santo concedeu aos autores bíblicos. Essa liberdade criativa divinamente supervisionada implica, entre outras coisas, na variedade de gêneros ou estilos literá- rios contidos nas Escrituras Sagradas, de Gênesis ao Apocalipse. Muito embora, grande parte da Bíblia registre histórias, nem toda Bíblia con- siste de narrativas. O passo da observação exige a identificação do gênero literário que corresponde o texto ou passagem bíblica em estudo. Categoria Características Exemplos APOCALÍPTICO Material dramático, altamente simbólico; imagens vívidas; luta entre bem e mal; catástrofes e cataclismos Apocalipse NARRATIVA Categoria amplamente marcada pela presença de elementos históricos: personagens, cenário e enredo Gênesis, histórias dos Evangelhos, Atos EVANGELHO Material único organizado com o propósito de revelar o Evange- lho por meio da narração da vida terrena de Jesus Mateus, Marcos, Lucas e João PARÁBOLA Breve história oral que ilustra um princípio ensinado; recorre à reflexão mediante o uso de cenas da vida diária 2Sm 12.1-6; Ec 9.14-16, Parábolas de Jesus EXPOSIÇÃO Argumento ou explicação cuidadosa e minuciosamente funda- mental; organizado com fluxo lógico Epístolas POESIA Verso escrito para ser declamado ou cantado ao invés de lido; apela às emoções devido às imagens e símbolos Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares PROVÉRBIO Dito ou declaração curta de uma verdade moral; marcado por paralelismos de ideias e metáforas Provérbios SABEDORIA Ampla categoria na qual a sabedoria dos mais velhos é passada aos mais novos; apela à experiência da vida Jó, Provérbios, Sl 37 e 90, Eclesiastes PROFECIA Declaração autoritária das palavras divinas que visam correção e consolação Profetas Maiores, Profetas Menores DRAMA Amplamente dependente da narrativa apresenta a trajetória de um enredo, com clímax e tensões entre personagens História de Rute DISCURSO Ensino didático com tom de proclamação de verdades ou de de- fesas apologéticas Sermão da Montanha Defesa de Paulo (At 22- 23) TIPOLOGIA Relação representativa que pessoas, eventos e instituições tem com pessoas, eventos e instituições Tabernáculo
  • 44. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 44 ANEXO 2 – CONJUÇÕES5 E PREPOSIÇÕES Conjunções Coordenativas Classificação Sentido Exemplos Aditivas e, nem, mas também adição, soma A sua pesquisa é clara e objetiva. Ela não só dirigiu a pesquisa como também escreveu o relatório. Adversativas mas, porém, contudo, todavia, entretanto oposição, contraste Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. Alternativas ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer... alternância, exclusão Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Conclusivas quer logo, pois (posposto ao verbo), portanto conclusão explicação Marta estava bem preparada para o teste, portanto não ficou nervosa. Explicativas pois (anteposto ao verbo), porque, que justificativa Não demore, que o filme já vai começar. Conjunções Subordinadas Classificação Sentido Exemplos Integrantes que, se sem valor semântico específico, apenas ligam orações Espero que você volte. (Espero sua volta.) Não sei se ele voltará. (Não sei da sua volta.) Causais porque, como, já que, visto que causa, motivo Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. Como não se interessa por arte, desistiu do curso. Condicionais se, caso, desde que, contanto que, a menos condição Se precisar de minha ajuda, telefone-me. Não irei ao escritório hoje, a não ser que haja algum negócio muito urgente. Consecutivas que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que consequência Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exame. A dor era tanta que a moça desmaiou. Comparativas como, que (precedido de mais ou menos), assim como comparação O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Ele é preguiçoso tal como o irmão. Conformativas como, conforme, segundo conformidade O passeio ocorreu como havíamos planejado. Arrume a exposição segundo as ordens do professor. Concessivas embora, se bem que, mesmo que, ainda que concessão Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem. Temporais quando, assim que, antes que, depois que tempo A briga começou assim que saímos da festa. A cidade ficou mais triste depois que ele partiu. Finais para que, a fim de que, que finalidade Toque o sinal para que todos entrem no salão. Aproxime-se a fim de que possamos vê-lo melhor. Proporcionais à medida que, à proporção que proporção O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam. Quanto mais reclamava menos atenção recebia. 5 Adaptado de http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conjuncao-e-mas-ou-logo-pois-que- como-porque.htm ; http://www.soportugues.com.br/secoes/morf.php; – Acesso 19/2/2013
  • 45. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 45 Principais Relações estabelecidas pelas Preposições6 ▪ Autoria - Esta música é de Roberto Carlos. ▪ Lugar - Estou em casa. ▪ Tempo -Eu viajei durante as férias. ▪ Modo ou conformidade - Vamos escolher por sorteio. ▪ Causa - Estou tremendo de frio ▪ Assunto - Não gosto de falar sobre política. ▪ Fim ou finalidade - Eu vim para ficar ▪ Instrumento - Paulo feriu- se com a faca. ▪ Companhia - Hoje vou sair com meus amigos. ▪ Meio - Voltarei a andar a cavalo. ▪ Matéria - Devolva-me meu anel de prata. ▪ Posse - Este é o carro de João. ▪ Oposição - O Flamengo jogou contra Fluminense. ▪ Conteúdo - Tomei um copo de (com) vinho. ▪ Preço - Vendemos o filhote de nosso cachorro a (por) R$ 300, 00. ▪ Origem - Você descende de família humilde. ▪ Especialidade - João formou-se em Medicina. ▪ Destino ou direção - Olhe para frente! Preposições, leitura e produção de textos A referência constante às preposições quando se estuda a Língua Portuguesa demonstra a importância que elas possuem na construção de frases e textos eficientes. As relações que as preposições estabele- cem entre as apartes do discurso são tão diversificadas quanto imprescindíveis; seja em textos narrati- vos, descritivos ou dissertativos, noções como tempo, lugar, causa, assunto, finalidade e outras costu- mam participar da construção da coerência textual e da obtenção dos efeitos de sentido discursivos. 6 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf83.php – Acesso em 19/2/2013
  • 46. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 46 ANEXO 3 – ESTRUTURA LITERÁRIA Assim como toda literatura, cada livro bíblico possui uma estrutura literária (FLUXO), mas dentro do mesmo livro ou trecho, pode-se encontrar diferentes instru- mentos: Instrumentos Características Exemplos CAUSA E EFEITO Ação, evento ou conceito que causa outro ou outros. Expressões: "portanto, então, assim, para, para que" Mc 11.27-12.44 Rm 1.24-32; 12.1-2 EFEITO E CAUSA Ação, evento ou conceito causado por outro ou outros. Expressões: "por esta razão, por esta causa, por isso " 1Co 11.29-30 2Ts 2.5-12 COMPARAÇÃO Elementos semelhantes ou parecidos Expressões: "como, assim como também" Sl 1.3-4 Jo 3.8,12,14 CONTRASTE Elementos antagônicos ou dissimilares Expressões: "mas, porém, contudo, todavia" Sl 73 Gl 5.19-23 EXPLICAÇÃO ou RAZÃO Ação, evento ou conceito seguido de uma explicação Expressões: "porque, pois" Dn 2,4,5,7,9 Mc 4.13-20 ILUSTRAÇÃO Ação, evento ou conceito seguido por uma ilustração (história, evento, milagre, analogia, metáfora) Mt 17.24-27 Mt 21.12-18 PROPÓSITO Declarações específicas do propósito do autor em rela- ção ao seu conteúdo apresentado Jo 20.30-31 Jd 3-4 PERGUNTA E RESPOSTA Perguntas seguidas de resposta ou perguntas retóricas para confirmar ou argumentar ideias. Ml 1.2-3, 2.14-15 Rm 8.31-39 INSTRUMENTALIDADE Termo ou figura que serve como meio ou recurso no de- senvolvimento de uma ideia ou ação. 1Co 11.1-15 1Ts 5.4 FINALIDADE Termos e frases que expressam alvos, objetivos Expressões: "para que, a fim de que, que” Gl 3.13-14 Cl 2.1-2 Obs.: Essas são apenas algumas estruturas literárias. A análise da estrutura literária tem como objetivo identificar o fluxo do pensa- mento no texto, mostrando o relacionamento entre palavras, termos e sentenças den- tro do seu sentido natural. Neste processo torna-se útil identificar os diferentes ins- trumentos da estrutura literária por meio de destaques com sinais gráficos para que o estudante visualize o fluxo e relacionamento entre termos e ideias no texto. Cuidado para não confundir GÊNERO LITERÁRIO e ESTRUTURA LITERÁ- RIA. O Gênero Literário revela o tipo de literatura, a Estrutura Literária, o “movi- mento interno” nesta literatura.
  • 47. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 47 EXEMPLO: Gálatas 5.16-25 Digo, porém: → CONTRASTE com versículos anteriores Andai no Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da carne (ação futura) (ação presente) IMPERATIVO porque a carne milita contra o Espírito (ação presente) e o Espírito contra a carne EXPLICAÇÕES porque são opostos entre si para que não façais o que porventura seja do vosso querer (ação presente/futura) Mas, CONTRASTE FINALIDADE se sois guiados pelo Espírito CONTRASTE (ação presente) não estais sob a lei (ação presente) Ora, as obras da carne são conhecidas e são: ILUSTRAÇÃO da obras prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas a respeito das quais eu vos declaro, EFEITO como já outrora vos preveni que CONDIÇÕES CONTRASTE que não entrarão no Reino de Deus (ação futura) os que tais coisas praticam (ação presente) Mas, o fruto do Espírito é: CAUSA amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio CONTRASTE Contra estas coisas não há lei ILUSTRAÇÃO do fruto e os que são de Cristo Jesus crucificaram (ação passada) a carne com suas paixões e concupiscências se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (ação presente) (ação presente) CAUSA EFEITO
  • 48. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 48 ANEXO 4 – ESBOÇO MECÂNICO Corresponde a uma análise sintática esquematizada, de modo que o estudante visualize no próprio texto o fluxo lógico e natural da sua estrutura gramatical. O pro- cesso consiste em:  Reescrever o texto completo (conforme a versão bíblica utilizada)  Escrever ideias principais à esquerda  Escrever ideias subordinadas à direita e debaixo das principais (atenção às orações subordinadas, às conjunções subordinativas, gerúndios etc.)  Analisar a estrutura gramatical (atenção aos verbos, modificadores e conectivos)  Destacar a análise da estrutura literária (atenção aos instrumentos da estrutura literária – cf. Anexo 3) IMPORTANTE: esta técnica é muito útil para análise do fluxo de argumenta- ções, como as EPÍSTOLAS, não sendo muito apropriado para narrativas, poesias e profecias, muito embora em alguns destes casos seja possível sua utilização. EXEMPLOS: Pedro obteve notas no seu curso excelentes porque estudou muito a fim de concorrer a uma bolsa de estudos integral . Porém , João ficou abaixo da média muito geral e desperdiçou o melhor dos seu tempo livre saindo com amigos assistindo televisão navegando na Internet.
  • 49. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 49 Ef 6.10-13 Ef 6.1-4
  • 50. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 50 ANEXO 5 – ADVÉRBIOS7 Compare estes exemplos: “O ônibus chegou”. | “O ônibus chegou ontem”. A palavra ontem acrescentou ao verbo chegou uma circunstância de tempo: ontem é um advér- bio. “Marcos jogou bem”. | “Marcos jogou muito bem”. A palavra muito intensifi- cou o sentido do advérbio bem: muito, aqui, é um advérbio. A criança é linda. Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio. Às vezes, um advérbio pode se referir a uma oração inteira; nessa situação, normalmente transmitem a avaliação de quem fala ou escreve sobre o conteúdo da oração. Por exemplo: As providências tomadas foram infrutíferas, lamentavelmente. Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescentar várias ideias, tais como: Tempo: Ela chegou tarde. Lugar: Ele mora aqui. Modo: Eles agiram mal. Negação: Ela não saiu de casa. Dúvida: Talvez ele volte. Observações: Os advérbios que se relacionam ao verbo são palavras que ex- pressam circunstâncias do processo verbal, podendo assim, ser classificados como determinantes. Por exemplo: “Ninguém manda aqui!” 7 http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.php
  • 51. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 51 mandar: verbo aqui: advérbio de lugar = determinante do verbo Quando modifica um adjetivo, o advérbio acrescenta a ideia de intensidade. Por exemplo: “O filme era muito bom”. Classificação dos Advérbios De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio pode ser de: Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a dis- tância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta. Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, dantes, de- pois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, pri- meiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tem- pos em tempos, em breve, hoje em dia. Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, deva- gar, às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em "-mente": calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosamente, generosamente. Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decidida- mente, deveras, indubitavelmente. Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tam- pouco, de jeito nenhum. Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casu-
  • 52. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 52 almente, por certo, quem sabe. Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, de- masiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, extremamente, intensamente, grandemente, bem (quando aplicado a propriedades graduáveis). Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das árvores. Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. Por exemplo: O indiví- duo também amadurece durante a adolescência. Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus amigos por comparecerem à festa.
  • 53. Curso FOCO – Métodos de Estudo Bíblico 53 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO FEE, Gordon e STUART, Douglas. Entendes o que Lês? Tradução de Gordon Chow. São Paulo: Edições Vida Nova, 1984. HENDRICKS, Howard e HENDRICKS, William. Vivendo na Palavra. Tradução de Talita Rose Bauler. São Paulo: Editora Batista Regular, 1998. ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica. Tradução de César A. Bueno Vieira. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994.