Uma breve análise do filme Playtime e a Arquitetura presente feita para aula de Arte e técnica, que engloba as características das construções do filme e a influência da escola alemã Bauhaus.

1. Disciplina: Arte e Técnica II
Curso: Arquitetura e Urbanismo
Aluno: Dayane Correa Favarim
Analíse do filme Tempos de Diversão de Jacques Tati
O filme Tempos de Diversão - originalmente Playtime - de Jacques Tati
ambienta-se em um centro comercial de Paris. O foco se da no fluxo de
pessoas em locais públicos como: aeroportos, restaurantes, avenidas e prédios
espelhados. Para as filmagens o diretor construiu uma grande cidade
cenográfica para ter amplo controle de sua história. No filme temos a inserção
do protagonista (Sr Hulot) em um ambiente fora de seu costume, assim
mostrando uma clara desadaptação ao local, causando confusão no
personagem ao frequentar espaços modernos.
A abordagem que o diretor utiliza possibilita ao público observar com
atenção a arquitetura nas filmagens. Os ângulos utilizados pela câmera
mostram de forma ampla os lugares e a fragilidade da diferenciação de
ambiente externo e interno. Ocorre uma percepção da imponência da
verticalidade e da padronização das construções em concreto, aço e vidro, um
estilo único de construção.
A arquitetura moderna é mostrada como um estilo racionalizado, sem
grandes variações, retirando a identidade cultural das cidades e tornando-as
uniformes apenas com localidades diferentes. Uma sátira sútil a globalização.
Essa concepção é reforçada quando no filme é apresentado pôsteres de
diferentes cidades do mundo com o mesmo edifício construído. Entretanto, o
filme também traz uma abordagem de encantamento com o mundo moderno, a
forma como Tati filma as construções mostra a beleza dos novos edifícios.
Bem como a maior crítica feita pelo diretor fica em torno dos excessos
da modernidade e o desaparecimento de ícones culturais locais que devem ser

2. conservados, entretanto estes aparecem apenas como reflexos no vidro dentro
das filmagens.
Como o próprio Tati diz em uma entrevista, no filme Playtime o grupo de
turistas que chega a cidade de Paris se depara com uma cidade extremamente
semelhante ao local de onde são provenientes. Utilizam os mesmos ônibus que
utilizaram em outras cidades no mundo e passeiam por uma cidade com postes
de luz e edifícios idênticos aos vistos em sua própria capital. A sociedade
parisiense torna-se homogênea, simplificada, mecanizada e padronizada.
Em síntese, para compreender o movimento moderno dentro da
arquitetura, deve-se ter em mente que seu componente essencial é a recusa
ao passado e o apelo à modernização. O modernismo arquitetônico adquiriu
características filosóficas positivistas em virtude à crença no progresso linear e
no planejamento racional de ordens sociais ideais.
Através dessa ideologia e na figura de arquitetos como Le Corbusier
(arquiteto radical e futurista) e Mier van der Rohe (personificação do
modernismo americano), divulgou-se a revitalização das cidades. Imbuídos do
culto a máquina, o poder e a racionalidade pretendiam representar todas as
aspirações humanas. Dessa forma, manifesta-se o desprezo pela
ornamentação e personalização, a volumetria regular, uniformidade e poder da
linha reta [MARDEGAN, 2009].
O filme monstra o momento de transição ao mundo moderno com
influência da escola alemã Bauhaus (1919-1933) que interferência na
arquitetura e no design, na produção da espacialidade que busca a
racionalidade funcional, despojada de ornamentos, ditados pela produção em
série. Observando o mobiliário presente nos espaços cenográficos, vemos
diversos itens de design que são, notoriamente, influenciados pela escola
alemã. Um exemplo disso são as poltronas da sala de espera nas primeiras
cenas do filme que retornam na feira de produtos, seu estilo é uma integração
bem-sucedida entre design e o processo industrial.
Retornando ao enredo de Playtime, o protagonista materializa o olhar de
estranhamento as novidades de seu tempo, que pode ser percebido também

3. através de alguns funcionários dos edifícios apresentados. É demostrado uma
falta de costume ao utilizar aparatos tecnológicos junto de uma dependência
dessas tecnologias.
Além dos acontecimentos com o protagonista, temos Barbara, uma
integrante do grupo de turistas que visitam Paris. Esta mulher se perde
algumas vezes de seu grupo pela vontade de captar a “essência” parisiense
em pequenos pontos específicos da cidade, como a vendedora em uma
esquina, ou nas vestes de alguns poucos cidadãos. No filme percebe-se uma
crítica clara a perca da individualidade das cidades e a padronização
proveniente da industrialização e da modernidade, como dito anteriormente.
Tendo em vista os aspectos observados, Playtime de Jacques Tati é um
filme que demonstra o impacto do modernismo na cidade e a interação das
pessoas com os edifícios. A crítica a perca da essência cultural e da
individualidade. Como também o labirinto urbano e sem cor confundiram o
protagonista, o homem que não pertence à sociedade alienada pela tecnologia
e padronizada apresentada no filme.