3. Considerada o berço da humanidade – teses
indicam que a espécie homo tenha surgido no
continente africano há 1,8 milhões de anos
(Homo rudolfensis) – a África em sua história
recente vive inúmeros conflitos políticos e
uma grave crise social e econômica.
O continente africano possui uma das maiores
diversidades culturais do planeta. Na
chamada África Branca, ao norte, predominam
os povos caucasóides e semitas e na chamada
África Negra, ao sul do Deserto do Saara,
encontram-se os povos pigmeus,
bosquímanos, hotentotes, sudaneses e os
bantos
4. . Esta diversidade por sua vez, se reflete nas
mais de mil línguas diferentes que existem no
continente africano, sem contar os inúmeros
dialetos. Em algumas regiões inclusive, fala-
se o português com algumas influências
locais, como Moçambique e Angola.
5.
6. O terceiro maior continente da terra, situado
entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio,
possui baixa densidade demográfica como
conseqüência das características de seu
território. Com uma extensão de cerca de 30
milhões de km² e mais de 800 milhões de
habitantes em 54 países, a África é
freqüentemente dividida em cinco regiões de
acordo com características geográficas e
demográficas: a África Oriental, África
Ocidental, África Setentrional, África Central
e África Meridional.
7. Ao norte o continente é delimitado pelo Mar
Mediterrâneo, na costa ocidental encontra-se
o Oceano Atlântico, na costa oriental o
Oceano Índico e o Istmo de Suez que a liga
com a Ásia e, ao sul com os Oceanos Atlântico
e Índico sendo cercada pelas ilhas de
Madagascar, Reunião, Maurício, Cabo Verde,
Seychelles, Canárias e Madeira.
8. Em torno de 20 países do continente africano
a população sofre de subnutrição crônica.
Com um PIB (Produto Interno Bruto) de 1%
do total mundial, é na África Subsaariana
onde se encontram os países considerados os
mais pobres do mundo e os maiores índices
de desnutrição e propagação de epidemias.
Característica que se ameniza em regiões
como a África do Sul e ao norte na Líbia,
Argélia e Nigéria. O que acentua ainda mais
as discrepâncias do continente.
9.
10. O clima é equatorial ou tropical na maior
parte do continente, exceto no extremo norte e
extremo sul onde é temperado. O deserto do
Saara, ao norte, é uma das regiões mais áridas
do planeta e ocupa um terço do território
africano. Em contraste, na bacia do Rio Nilo
se encontram as regiões mais férteis do
continente, onde surgiu a civilização egípcia
(Egito Antigo). O Kilimanjaro é o ponto mais
alto da África com 5.895m.
11. A vegetação africana constitui-se basicamente de
savanas e florestas equatoriais onde se encontra
uma grande variedade faunística. Nas savanas
encontram-se os leões, girafas, leopardos e
hienas, entre outros animais. E nas florestas
equatoriais encontram-se principalmente símios,
aves, anfíbios e répteis. A principal ameaça para
esses ecossistemas já foi a caça predatória
praticada pelos colonizadores, principalmente
nas savanas. Mas, atualmente o maior problema
encontrado é o processo de desertificação
provocado pelo desmatamento nas florestas
equatoriais.
12.
13. Nas savanas esse processo é ainda mais grave
por causa das condições climáticas propícias
ao processo de desertificação, como baixa
densidade pluviométrica e solo frágil.
Tendo as regiões norte e sul praticamente
tomadas por desertos, a África possui
relativamente poucos rios. Alguns deles são
muito extensos e volumosos, por estarem
localizados em regiões tropicais e equatoriais;
outros atravessam áreas desérticas, tornando a
vida possível ao longo de suas margens.
14. A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo
mais extenso do mundo (após o Solimões-
Amazonas), cujo comprimento é superior a 6.500
quilômetros. Nasce nas proximidades do Lago
Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no
mar Mediterrâneo. Forma, com seus afluentes,
uma bacia de quase três milhões de quilômetros
quadrados, cinco vezes mais extensa que o estado
de Minas Gerais.
Apresenta um solo extremamente fértil, no qual
se pratica intensamente a agricultura, onde as
principais culturas são o algodão e o trigo. As
grandes civilizações egípcia e de Meroé, na
Antiguidade existiram, em parte, em função de
seu ciclo anual de cheias.
15.
16. Além do Nilo, outros rios importantes para a
África são o Congo, o Níger e o Zambeze.
Menos extensos, mas igualmente relevantes,
são o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire.
No que se refere aos lagos, a África possui
alguns mais extensos e profundos, a maioria
situada no leste do continente, como o Vitória,
o Rodolfo e o Tanganica. Este último, com
quase 1.500 metros de profundidade,
evidencia com mais ênfase a grande falha
geológica na qual se alojaram os lagos. O
maior situado na região centro-oeste é o
Chade.
17. Apesar de ser o terceiro continente em extensão
territorial, a África é relativamente pouco
povoada. Abriga pouco mais de meio bilhão de
habitantes - população menor que a de países
como a China e a Índia -, cifra que lhe confere
uma densidade demográfica semelhante à
brasileira: 20 habitantes por quilômetro
quadrado.
Esses dados são estimados, pois os obstáculos
oferecidos pelo meio natural e o
subdesenvolvimento que caracteriza o continente
tornam impossível recensear todos os habitantes
do território africano, muitos dos quais vivem em
tribos inteiramente isoladas do mundo moderno.
18. Essa pequena ocupação demográfica encontra
explicações nos seguintes fatores:
grande parte do continente é ocupada por áreas
desfavoráveis a concentrações humanas: desertos,
florestas densas e emaranhadas e formações
vegetais típicas de solos pobres;
os índices de mortalidade são muito altos;
embora tenham diminuído nos últimos 50 anos,
ainda se mantêm superiores aos de outros
continentes;
a África é um continente que recebeu correntes
migratórias; ao contrário, perdeu inúmeros
habitantes na época do tráfico de escravos.
19.
20. A população africana caracteriza-se também
pela distribuição irregular. O vale do Nilo,
por exemplo, possui densidade demográfica
de 500 habitantes por quilômetro quadrado,
enquanto os desertos e as florestas são
praticamente despovoados. Outros pontos de
alta densidade são o Golfo da Guiné, as áreas
férteis em torno do Lago Vitória e alguns
trechos no extremo norte e no extremo sul do
continente. As regiões das savanas, de
maneira geral, são áreas de densidades
demográficas médias.
21. Poucos países africanos apresentam
população urbana numericamente superior à
rural; entre os que se enquadram nesse caso
estão Argélia, Líbia e Tunísia.
A quase totalidade dos países africanos exibe
características típicas do subdesenvolvimento:
elevadas taxas de natalidade e de mortalidade,
bem expectativa de vida muito baixa. Resulta
desses fatores a preponderância de jovens na
população, que, além de apresentarem menor
produtividade, requisitam grandes
investimentos em educação e nível de
emprego.
22. A África é o lar de inumeráveis tribos, grupos
étnicos e sociais, algumas representam
populações muito grandes consistindo de
milhões de pessoas, outras são grupos
menores de poucos milhares. Alguns países
possuem mais de 20 diferentes grupos étnicos.
Todas estas tribos e grupos possuem culturas
que são diferentes, mas representam o
mosaico da diversidade cultural africana.
23. Estas tribos e grupos étnico/social incluem os
Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis,
Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Bobo,
Bubis, Bosquímanos, Chewas, Dogons, Fangs,
Fons, Fulas, Hútus, Ibos, Iorubás, Kykuyus,
Masais, Mandingos, Pigmeus, Samburus,
Senufos, Tuaregues, Tútsis, Wolof e Zulus.
24.
25. A atual divisão política da África somente se
configurou nas décadas de 60 e 70. Durante séculos, o
continente foi explorado pelas potências europeias -
Reino Unido, França, Portugal, Espanha, Bélgica,
Itália e Alemanha -, que o dividiram em zonas de
influência adequadas aos seus interesses. Ao
conseguirem a independência, os países africanos
tiveram de se moldar às fronteiras definidas pelos
colonizadores. Estas, por um lado, separavam de
modo artificial grupos humanos pertencentes às
mesmas tribos, falantes dos mesmos dialetos e
praticantes dos mesmos costumes e submetia-os, por
outro lado, à influência de valores europeus.
26. Em muitos desses novos países, após a
independência, houve inevitáveis revoltas
separatistas e golpes de Estado que
terminaram por instaurar ditaduras. Seguindo
diretrizes capitalistas ou socialistas, os
governos assim constituídos distinguiam-se
sempre pela perseguição política, que chegava
a culminar em torturas e massacres dos
opositores.
27.
28.
29. Em grande parte dos casos, a independência
política não foi total, pois geralmente os novos
países mantiveram laços econômicos com as ex-
metrópoles e, durante a Guerra Fria, alguns
ligaram-se às grandes potências (Estados Unidos e
extinta União Soviética) em busca de assistência
militar e econômica.
De tudo isso resulta a existência de muitos focos de
conflito no continente. Em alguns casos trata-se de
lutas de caráter político: grupos que pretendem
conquistar o poder se confrontam com os que
detêm o domínio da região. Em outros, o motivo
principal é o separatismo, originado pela
artificialidade das fronteiras coloniais herdadas.
30. Em nenhuma outra parte do mundo a questão
racial assumiu questões tão graves como na
África do Sul. Embora os negros, mestiços e
indianos constituam 86% da população, eram os
brancos que detinham todo o poder político, e
somente eles gozavam de direitos civis.
A origem desse sistema, denominado apartheid,
data de 1911, quando os africânderes
(descendentes de agricultores holandeses que
emigraram para a África do Sul) e os britânicos
estabeleceram uma série de leis para consolidar
seu domínio sobre os negros. Em 1948, a política
de segregação racial foi oficializada, criando
direitos e zonas residenciais para brancos, negros,
asiáticos e mestiços.
31.
32. Na década de 1950, foi fundado o Congresso Nacional
Africano (CNA), entidade negra contrária à
segregação racial na África do Sul. Em 1960, o CNA
foi declarado ilegal e seu líder Nelson Mandela,
condenado à prisão perpétua. De 1958 a 1976, a
política do apartheid se fortaleceu com a criação dos
bantustões, apesar dos protestos da maioria negra.
Diante de tal situação, cresceram o descontentamento
e a revolta na maioria subjugada pelos brancos; os
choques tornaram-se frequentes e violentos; e as
manifestações de protesto eram decorrência natural
desse quadro injusto. A comunidade internacional
usou algumas formas de pressão contra o governo
sul-africano, especialmente no âmbito diplomático e
econômico, no sentido de fazê-lo abolir a instituição
do apartheid.
33.
34. A relação entre árabes e africanos datam de
muitos séculos. Mas, é com o advento do
Islamismo, que de fato os árabes começaram a
se estabelecer no continente africano, um
processo iniciado, a partir de 639 d.C. Os
árabes chegam ao Egito e inicia a sua obra de
“conversão”. Entre avanços e recuos, num
confronto por vezes violento com a religião
tradicional, o Islã vai se impondo, e
intercambiando com essa religião aspectos
fundamentais.
35.
36.
37. O continente se caracteriza pela presença da
fome, realidade que aumenta a cada dia. Os
países que mais sofrem com a fome são:
Etiópia, Somália, Sudão, Moçambique, Malavi,
Libéria e Angola.
As estimativas são pessimistas, segundo um
relatório do Instituto Internacional de Pesquisa
em Política de Alimentação, o número de
crianças subnutridas subirá cerca de 18%,
estimativa para o ano de 2020.
38.
39. As doenças na África causam polêmicas
infinitas por todo o mundo. Sabemos que elas
não são um problema exclusivamente de
saúde, elas estão associadas a outros setores
sociais. Parte desses problemas tem a ver com
a pobreza e ignorância e a resposta passa
também pela educação, transparência e boa
forma de governar.
40. Algumas das doenças presentes na África,
como a malária, que tem na região 90% de
todas as mortes causadas por si, podem ser
prevenidas e são curáveis, mas continuam
causando mortes devido ao limitado acesso
aos cuidados sanitários.
Já a Aids, que infecta 30 dos 800 milhões de
habitantes africanos e um terço das pessoas
portadoras de todo o mundo, poderia ser
prevenida se o governo se voltasse mais para
a educação e informação da população.
41.
42. Por fim, deixo uma frase dita pelo Presidente
moçambicano, Armando Guebuza: "a
magnitude dos problemas com que a África se
debate, ultrapassa, de longe, a sua capacidade
de enfrentá-los“.