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“EU JÁ FUI PRETO E SEI O QUE É
ISSO”
Robson, jogador do Fluminense
 Para jogar o jogo, era preciso ser branco, mesmo sem
ter a pele branca era preciso se sentir branco. Ainda
que os negros, através do futebol tenham se inserido
em uma sociedade que os manteve afastados e se
sentissem, agora, brasileiros, pela inclusão e o
reconhecimento que o esporte proporcionava, era
inegável que, para tanto, eles passaram por um
processo de “embranquecimento”, imposto de forma
velada pela sociedade. Quando abandonavam o
futebol, os jogadores negros, subitamente
“empreteciam” novamente.
QUESTÃO RACIAL NO BRASIL
 Ganha espaço no final do Século XIX, entre
a camada intelectual, com nomes como Nina
Rodrigues e Oliveira Vianna;
 “Embranquecimento”: ligada á política de
imigração; visava embranquecer o país para
modernizá-lo, pois os negros eram vistos
como um “entrave” á modernização
 Negro,
mestiço,mulato:mau,nefasto,depravado.
POR QUÊ O NEGRO ERA VISTO COMO
MAU?
 Atráves dos estudos do
médico italiano Cesare
Lombroso;
 Com seus estudos de
frenologia – medida
dos crânios –
Lombroso acreditava
ser capaz de julgar o
caráter de uma pessoa
pelo tamanho de seu
crânio
O CRIMINOSO NATO
 O “criminoso
nato”:tatuado, vaidoso,
cínico, testa
protuberante,zigomas
protuberantes, lábios
grossos, braços longos,
mãos grandes....Não se
parece com.....
FUTEBOL NO BRASIL
 Chegou em 1894, através
de Charles Miller;
 1º Jogo 14/04/1895:
Companhia de Gás X São
Paulo Railway (time de
Miller): 2X4
 Local:Várzea do Carmo –
atual Rua do Gasômetro, no
Brás
 Os primeiros times tinham
origem operária:SPAC,
Corinthians, Juventus,
Bangu....
O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO
 Escrito por Mário Filho, em
1947.Revisado em 1964;
 Analisa as origens do futebol no
Rio de Janeiro;
 Marco inicial:1900, com a fundação
do Fluminense;
 Futebol, para Mário Filho, era o
elemento de união nacional;
 Gilberto Freyre: meio de expressão, moral
e socialmente aprovado pela nossa gente (...)
de energias psíquicas e de impulsos irracionais
que sem o desenvolvimento do futebol (...)
teriam provavelmente assumido formas de
expressão violentamente contrarias a
moralidade dominante em nosso meio”
 Forte influência da teoria de
“Democracia Racial”, de Gilberto
Freyre
DEMOCRACIA RACIAL
 Explicado por Gilberto
Freyre no livro “Casagrande
& Senzala”;
 O brasileiro é a mistura
perfeita de três raças:
Branco, Índio e Negro;
 Todas as raças têm seu
espaço;
 Duramente criticado: ignora
o racismo, que existe de
maneira velada
PRETO E BRANCO NÃO SE
MISTURAM!!
 Futebol apenas para a elite, era
preciso ser de “boa família”
para jogar;
 Forte herança inglesa: Goal,
keeper, hands, forward....
 Times amadores;
 Time operário: The Bangu
Athletic Club, time da
companhia têxtil de Bangu;
 Formado por operários pobres
e um mestiço:Francisco
Carregal
 Para se sentir menos negro ou, talvez, para se adequar ao
ambiente branco em que viviam, os negros que ousassem
jogar futebol deveriam zelar pelo seu comportamento,
como esmiúça Mario Filho sobre Carregal:
 “era o mais bem vestido dos jogadores do Bangu. Um verdadeiro dândi em
campo. (...) No meio de ingleses, portugueses, italianos, sentia-se mais
mulato, queria parecer menos, quase branco. Passava perfeitamente. Pelo
menos não ofendia ninguém”.
 Mas eis que, em 1923, ocorre algo significativo para os
negros.....
O CAMPO E A PELADA
 Campo:local do jogo, para
as elites; Pelada:local de
diversão, para os negros e
pobres;
 Vasco da Gama de 1923:
primeiro campeão com um
time de pobres, negros e
mestiços
 Baque dos times de
elite:como um time de
“segunda” ganha um
campeonato?
 Será essa a vez do negro??
A REVOLTA DO PRETO
 Com a vitória do Vasco, os times de elite provocam
uma divisão da Liga Metropolitana;
 Liga:representa os times de elite;
 AMEA (Associação Metropolitana de Esportes
Atléticos):times de pobres, negros e mulatos;
 Ganha a vida com futebol?Proibido de jogar;
 Como os negros eram pagos pra jogar, racismo
volta com força
 Não foi a vez do negro, afinal!
PROFISSIONAIS, AFINAL
 1933:Profissionalismo no futebol;
 Negros começam a surgir em times brancos. Por
que??
 Com a profissionalização vem a necessidade de
ganhar dinheiro e gerar receita;
 Sucessivas derrotas poderia prejudicar as finanças
de um time;
 Buscam-se bons jogadores, sem barreiras de cor;
 Surgem, assim, os primeiros jogadores negros,
mestiços ou mulatos de destaque
O MARACANAZZO - 1950
 Final da Copa do Mundo de
50:Brasil X Uruguai. 2 X 1
Uruguai Campeão;
 O culpado? Barbosa, goleiro
do Brasil;
 Negros culpados:indolentes,
preguiçosos, não sabiam
lidar com a pressão;
 Volta do Racismo no futebol;
 Muitos jogadores negros
nunca mais foram
convocados
A REVIRAVOLTA – PANAMERICANO
DE 1952
 Brasil 4 X 2 Uruguai;
 Redenção dos negros;
 Recepção de Campeão Mundial;
 Segundo Mário Filho:
 “Já não se podia acusar o negro de não agüentar o rojão, embora, acusando o
negro, o brasileiro se acusasse a si mesmo. Tanto que, além dos pretos que
foram os bodes expiatórios, Barbosa, Juvenal e Bigode, o brasileiro se
xingava de sub raça. Raça de mestiços. Ely do Amparo metera o braço em
Obdúlio Varela em nome não só dos pretos e mulatos mas, também, dos
brancos do Brasil. Os brancos tinham esta satisfação. Ely do Amparo não dera
sozinho. Os brancos, os mulatos e os pretos do escrete brasileiro foram iguais
uns aos outros.”
COPA DO MUNDO DA SUÍÇA - 1954
 Brasil X Hungria: 4 x 2.Hungria classificada;
 Jogo violento, brigas, expulsões;
 Os brigões foram os jogadores brancos
 Os negros não podiam ser culpados pela derrota, pois
 “quem meteu o pé em Zurique, quem tocou o braço, quem atirou chuteira, foi
o branco, só o branco. Os mulatos e pretos ficaram quietos. Tinham pago,
mais de uma vez, a dívida de 16 de Julho. Em todo o jogo contra os uruguaios
nem discutiam. Mas diante dos húngaros se sentiram apenas jogadores de
futebol.”
 A Redenção, afinal!! Mas muitos negros ainda se sentiam como
brancos...como resolver isso???
COPA DO MUNDO DA SUÉCIA -1958
 Seleção majoritariamente branca, pois,
acreditava-se, o negro não aguentaria o frio;
 Entre brancos e negros, escolhia-se
brancos;
 Com mais habilidade e graças a contusões,
negros ganham espaço;
 Brasil X Suécia: 5 X 2. Brasil campeão!
REDENÇÃO, AFINAL!
 Pelé, Garrincha e
Djalma Santos: a
redenção do negro se
completa....
O FUTEBOL BRASILEIRO
 Na mistura entre o futebol negro e o futebol
branco, nasceu o “nosso” futebol;
 Atráves da relação negros/brancos, nasceu
nosso país;
 Através dos conflitos, das idas e voltas, da história quase cíclica entre a relação negro-
branco no futebol que nosso país se constitui. Acompanhando as efervescências da
sociedade, o futebol se desenvolveu em um elemento, talvez o único, naquele período,
para que o negro, marginalizado e discriminado, pudesse se inserir na sociedade que o
renegara e, mais que tudo, pudesse se sentir brasileiro.
PELÉ: O CRIOULO QUE
“EMPRETECEU” OS NEGROS
 “Se Pelé é preto, pode-se ser preto. Quem é
preto deve ser preto. Faltava alguém assim
como Pelé para completar a obra da Princesa
Isabel. O preto era livre, mas sentia a maldição
da cor. A escravidão da cor. Donde tanto preto
não querendo ser preto. Quanto mais alto
estivesse, o preto menos queria ser preto. (...)
O futebol apagara a linha de cor. (...) Se era
‘REI’, o que eram aqueles pretos admiráveis
que o formaram, que o modelaram, que só lhe
ensinaram o que era bom? Eis o que todos
precisavam conhecer. Pra isso ele tinha que ser
o que era: um preto. (...) Assim Pelé cumpria
uma missão. A de exaltar a cor de Dondinho e
de Dona Celeste. (...) Para permitir que os
pretos, brasileiros e de todo o mundo,
pudessem livremente ser pretos. Enquanto isso
não se realizar, Pelé cresce como uma grande
figura solitária. A do ‘Preto’. A do ‘Crioulo’, como
todos os pretos o chamam para se
acostumarem a ser pretos.” MÁRIO FILHO
Referências Bibliográficas
 AGOSTINO, Gilberto. Vencer ou Morrer: Futebol, Geopolítica e Identidade Nacional. Rio de Janeiro:
FAPERJ: MAUAD, 2002.
 CALDAS, Waldenir. Aspectos Sociopolíticos do Futebol Brasileiro In Revista USP, número 22, PP 40-49,
1994, Dossiê Futebol.
 COELHO, Paulo Vinicius. Bola Fora: História do êxodo do futebol brasileiro. São Paulo: Panda Books,
2009.
 DA MATTA, Roberto. Antropologia do Óbvio. In Revista USP, número 22, PP 10-17,1994, Dossiê Futebol
 FONSECA, Maria Nazareth Soares (org.) Brasil Afro-Brasileiro. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2000.
 FRAGA, Gerson Wasen. “A Derrota do Jeca” na Imprensa Brasileira: Nacionalismo, Civilização e Futebol
na Copa do Mundo de 1950.398 f. Tese (Pós Graduação em História) – Porto Alegre:Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.
 FRANZINI, Fábio. As Raízes do País do Futebol. Estudo sobre a relação entre o futebol e a
nacionalidade brasileira (1919-1950). 144 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – São
Paulo:Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de
São Paulo, 2000.
 _______________. Futebol, Identidade e Cidadania no Brasil dos anos 30. in
http://www.efdeportes.com/efd10/anos30.htm
 FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
 GUIMARÃES, Antonio Alfredo Sergio. Raças, Classes e Democracia. São Paulo: Editora 34,
2006.
 HELAL, Ronaldo. SOARES, Antonio Jorge. LOVILOSO, Hugo. (orgs.) A Invenção do País do
Futebol: Mídia, Raça e Idolatria. Rio de Janeiro: MAUAD, 2001.
 LOPES, José Sérgio Leite. A vitória do futebol que incorporou a pelada. In Revista USP, número
22, PP 64-83, 1994, Dossiê Futebol.
 MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil. Identidade Nacional versus
Identidade Negra. Belo Horizonte: Editora Autêntica 2004.
 ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 2001.
 RODRIGUES FILHO, Mario. O Negro no Futebol Brasileiro, Quarta Edição, Rio de Janeiro:
FAPERJ: MAUAD, 2003.
 SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questão Racial no
Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
 SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. Forma Literária e Processo Social nos inícios do
romance brasileiro. São Paulo: Editora 34,2008.
 SOUZA, Denaldo Alchorne de. O Brasil Entra em Campo! Construções e Reconstruções da
Identidade Nacional (1930-1947). São Paulo: Annablume, 2008.
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  • 1.
  • 2. “EU JÁ FUI PRETO E SEI O QUE É ISSO” Robson, jogador do Fluminense  Para jogar o jogo, era preciso ser branco, mesmo sem ter a pele branca era preciso se sentir branco. Ainda que os negros, através do futebol tenham se inserido em uma sociedade que os manteve afastados e se sentissem, agora, brasileiros, pela inclusão e o reconhecimento que o esporte proporcionava, era inegável que, para tanto, eles passaram por um processo de “embranquecimento”, imposto de forma velada pela sociedade. Quando abandonavam o futebol, os jogadores negros, subitamente “empreteciam” novamente.
  • 3.
  • 4. QUESTÃO RACIAL NO BRASIL  Ganha espaço no final do Século XIX, entre a camada intelectual, com nomes como Nina Rodrigues e Oliveira Vianna;  “Embranquecimento”: ligada á política de imigração; visava embranquecer o país para modernizá-lo, pois os negros eram vistos como um “entrave” á modernização  Negro, mestiço,mulato:mau,nefasto,depravado.
  • 5. POR QUÊ O NEGRO ERA VISTO COMO MAU?  Atráves dos estudos do médico italiano Cesare Lombroso;  Com seus estudos de frenologia – medida dos crânios – Lombroso acreditava ser capaz de julgar o caráter de uma pessoa pelo tamanho de seu crânio
  • 6. O CRIMINOSO NATO  O “criminoso nato”:tatuado, vaidoso, cínico, testa protuberante,zigomas protuberantes, lábios grossos, braços longos, mãos grandes....Não se parece com.....
  • 7.
  • 8. FUTEBOL NO BRASIL  Chegou em 1894, através de Charles Miller;  1º Jogo 14/04/1895: Companhia de Gás X São Paulo Railway (time de Miller): 2X4  Local:Várzea do Carmo – atual Rua do Gasômetro, no Brás  Os primeiros times tinham origem operária:SPAC, Corinthians, Juventus, Bangu....
  • 9. O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO  Escrito por Mário Filho, em 1947.Revisado em 1964;  Analisa as origens do futebol no Rio de Janeiro;  Marco inicial:1900, com a fundação do Fluminense;  Futebol, para Mário Filho, era o elemento de união nacional;  Gilberto Freyre: meio de expressão, moral e socialmente aprovado pela nossa gente (...) de energias psíquicas e de impulsos irracionais que sem o desenvolvimento do futebol (...) teriam provavelmente assumido formas de expressão violentamente contrarias a moralidade dominante em nosso meio”  Forte influência da teoria de “Democracia Racial”, de Gilberto Freyre
  • 10. DEMOCRACIA RACIAL  Explicado por Gilberto Freyre no livro “Casagrande & Senzala”;  O brasileiro é a mistura perfeita de três raças: Branco, Índio e Negro;  Todas as raças têm seu espaço;  Duramente criticado: ignora o racismo, que existe de maneira velada
  • 11. PRETO E BRANCO NÃO SE MISTURAM!!  Futebol apenas para a elite, era preciso ser de “boa família” para jogar;  Forte herança inglesa: Goal, keeper, hands, forward....  Times amadores;  Time operário: The Bangu Athletic Club, time da companhia têxtil de Bangu;  Formado por operários pobres e um mestiço:Francisco Carregal
  • 12.  Para se sentir menos negro ou, talvez, para se adequar ao ambiente branco em que viviam, os negros que ousassem jogar futebol deveriam zelar pelo seu comportamento, como esmiúça Mario Filho sobre Carregal:  “era o mais bem vestido dos jogadores do Bangu. Um verdadeiro dândi em campo. (...) No meio de ingleses, portugueses, italianos, sentia-se mais mulato, queria parecer menos, quase branco. Passava perfeitamente. Pelo menos não ofendia ninguém”.  Mas eis que, em 1923, ocorre algo significativo para os negros.....
  • 13. O CAMPO E A PELADA  Campo:local do jogo, para as elites; Pelada:local de diversão, para os negros e pobres;  Vasco da Gama de 1923: primeiro campeão com um time de pobres, negros e mestiços  Baque dos times de elite:como um time de “segunda” ganha um campeonato?  Será essa a vez do negro??
  • 14. A REVOLTA DO PRETO  Com a vitória do Vasco, os times de elite provocam uma divisão da Liga Metropolitana;  Liga:representa os times de elite;  AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos):times de pobres, negros e mulatos;  Ganha a vida com futebol?Proibido de jogar;  Como os negros eram pagos pra jogar, racismo volta com força  Não foi a vez do negro, afinal!
  • 15. PROFISSIONAIS, AFINAL  1933:Profissionalismo no futebol;  Negros começam a surgir em times brancos. Por que??  Com a profissionalização vem a necessidade de ganhar dinheiro e gerar receita;  Sucessivas derrotas poderia prejudicar as finanças de um time;  Buscam-se bons jogadores, sem barreiras de cor;  Surgem, assim, os primeiros jogadores negros, mestiços ou mulatos de destaque
  • 16.
  • 17. O MARACANAZZO - 1950  Final da Copa do Mundo de 50:Brasil X Uruguai. 2 X 1 Uruguai Campeão;  O culpado? Barbosa, goleiro do Brasil;  Negros culpados:indolentes, preguiçosos, não sabiam lidar com a pressão;  Volta do Racismo no futebol;  Muitos jogadores negros nunca mais foram convocados
  • 18. A REVIRAVOLTA – PANAMERICANO DE 1952  Brasil 4 X 2 Uruguai;  Redenção dos negros;  Recepção de Campeão Mundial;  Segundo Mário Filho:  “Já não se podia acusar o negro de não agüentar o rojão, embora, acusando o negro, o brasileiro se acusasse a si mesmo. Tanto que, além dos pretos que foram os bodes expiatórios, Barbosa, Juvenal e Bigode, o brasileiro se xingava de sub raça. Raça de mestiços. Ely do Amparo metera o braço em Obdúlio Varela em nome não só dos pretos e mulatos mas, também, dos brancos do Brasil. Os brancos tinham esta satisfação. Ely do Amparo não dera sozinho. Os brancos, os mulatos e os pretos do escrete brasileiro foram iguais uns aos outros.”
  • 19. COPA DO MUNDO DA SUÍÇA - 1954  Brasil X Hungria: 4 x 2.Hungria classificada;  Jogo violento, brigas, expulsões;  Os brigões foram os jogadores brancos  Os negros não podiam ser culpados pela derrota, pois  “quem meteu o pé em Zurique, quem tocou o braço, quem atirou chuteira, foi o branco, só o branco. Os mulatos e pretos ficaram quietos. Tinham pago, mais de uma vez, a dívida de 16 de Julho. Em todo o jogo contra os uruguaios nem discutiam. Mas diante dos húngaros se sentiram apenas jogadores de futebol.”  A Redenção, afinal!! Mas muitos negros ainda se sentiam como brancos...como resolver isso???
  • 20. COPA DO MUNDO DA SUÉCIA -1958  Seleção majoritariamente branca, pois, acreditava-se, o negro não aguentaria o frio;  Entre brancos e negros, escolhia-se brancos;  Com mais habilidade e graças a contusões, negros ganham espaço;  Brasil X Suécia: 5 X 2. Brasil campeão!
  • 21. REDENÇÃO, AFINAL!  Pelé, Garrincha e Djalma Santos: a redenção do negro se completa....
  • 22. O FUTEBOL BRASILEIRO  Na mistura entre o futebol negro e o futebol branco, nasceu o “nosso” futebol;  Atráves da relação negros/brancos, nasceu nosso país;  Através dos conflitos, das idas e voltas, da história quase cíclica entre a relação negro- branco no futebol que nosso país se constitui. Acompanhando as efervescências da sociedade, o futebol se desenvolveu em um elemento, talvez o único, naquele período, para que o negro, marginalizado e discriminado, pudesse se inserir na sociedade que o renegara e, mais que tudo, pudesse se sentir brasileiro.
  • 23. PELÉ: O CRIOULO QUE “EMPRETECEU” OS NEGROS  “Se Pelé é preto, pode-se ser preto. Quem é preto deve ser preto. Faltava alguém assim como Pelé para completar a obra da Princesa Isabel. O preto era livre, mas sentia a maldição da cor. A escravidão da cor. Donde tanto preto não querendo ser preto. Quanto mais alto estivesse, o preto menos queria ser preto. (...) O futebol apagara a linha de cor. (...) Se era ‘REI’, o que eram aqueles pretos admiráveis que o formaram, que o modelaram, que só lhe ensinaram o que era bom? Eis o que todos precisavam conhecer. Pra isso ele tinha que ser o que era: um preto. (...) Assim Pelé cumpria uma missão. A de exaltar a cor de Dondinho e de Dona Celeste. (...) Para permitir que os pretos, brasileiros e de todo o mundo, pudessem livremente ser pretos. Enquanto isso não se realizar, Pelé cresce como uma grande figura solitária. A do ‘Preto’. A do ‘Crioulo’, como todos os pretos o chamam para se acostumarem a ser pretos.” MÁRIO FILHO
  • 24. Referências Bibliográficas  AGOSTINO, Gilberto. Vencer ou Morrer: Futebol, Geopolítica e Identidade Nacional. Rio de Janeiro: FAPERJ: MAUAD, 2002.  CALDAS, Waldenir. Aspectos Sociopolíticos do Futebol Brasileiro In Revista USP, número 22, PP 40-49, 1994, Dossiê Futebol.  COELHO, Paulo Vinicius. Bola Fora: História do êxodo do futebol brasileiro. São Paulo: Panda Books, 2009.  DA MATTA, Roberto. Antropologia do Óbvio. In Revista USP, número 22, PP 10-17,1994, Dossiê Futebol  FONSECA, Maria Nazareth Soares (org.) Brasil Afro-Brasileiro. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2000.  FRAGA, Gerson Wasen. “A Derrota do Jeca” na Imprensa Brasileira: Nacionalismo, Civilização e Futebol na Copa do Mundo de 1950.398 f. Tese (Pós Graduação em História) – Porto Alegre:Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.  FRANZINI, Fábio. As Raízes do País do Futebol. Estudo sobre a relação entre o futebol e a nacionalidade brasileira (1919-1950). 144 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – São Paulo:Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2000.  _______________. Futebol, Identidade e Cidadania no Brasil dos anos 30. in http://www.efdeportes.com/efd10/anos30.htm
  • 25.  FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.  GUIMARÃES, Antonio Alfredo Sergio. Raças, Classes e Democracia. São Paulo: Editora 34, 2006.  HELAL, Ronaldo. SOARES, Antonio Jorge. LOVILOSO, Hugo. (orgs.) A Invenção do País do Futebol: Mídia, Raça e Idolatria. Rio de Janeiro: MAUAD, 2001.  LOPES, José Sérgio Leite. A vitória do futebol que incorporou a pelada. In Revista USP, número 22, PP 64-83, 1994, Dossiê Futebol.  MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil. Identidade Nacional versus Identidade Negra. Belo Horizonte: Editora Autêntica 2004.  ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, 2001.  RODRIGUES FILHO, Mario. O Negro no Futebol Brasileiro, Quarta Edição, Rio de Janeiro: FAPERJ: MAUAD, 2003.  SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questão Racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.  SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. Forma Literária e Processo Social nos inícios do romance brasileiro. São Paulo: Editora 34,2008.  SOUZA, Denaldo Alchorne de. O Brasil Entra em Campo! Construções e Reconstruções da Identidade Nacional (1930-1947). São Paulo: Annablume, 2008.  http://www.efdeportes.com/efd10/anos30.htm