Este documento descreve uma peça teatral apresentada no Grupo Escolar "José de Melo" em Itaúna na década de 1950. A peça encenava a história de Branca de Neve e os Sete Anões e contou com a participação de alunos e professores. A apresentação foi um sucesso e arrecadou fundos para a escola.
2. 07/04/2017 OS SETE ANÕES EM ITAÚNA ~ Itaúna Décadas ...
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Ia me esquecendo de dizer: as apresentações foram no antigo Cine Sant'ana, na rua
Silva Jardim. Espetáculo com ingresso pago. O dinheiro arrecadado serviria para reforçar a
Caixa Escolar.
Os ciganos tocavam de graça, bem como, todos os "artistas" se apresentavam sem
cachê. Fantasia também por conta dos pais. Já narrei em outra parte deste blog que eu e meu
irmão mais velho, éramos nanicos. Ele foi escolhido para ser o Zangado. Fazia bem o seu
tipo. Baixinho, marrento e enfezado. Eu era de boa paz. Deramme o papel de Feliz.
Entrávamos no palco, com pás e picaretas nas costas a cantar as canções conhecidas de
gerações e gerações. Barbas de algodão a fazer cócegas e todos nós compenetrados da
responsabilidade que nos cabia.
Na casinha bem arrumada, encontramos Branca de Neve, adormecida, encantada pela
feiticeira invejosa. Era bonita. Se não me falha a memória, o papel coube a Eleusa Moreira, já
desaparecida. Um alvoroço entre os anões. O chefe era o Irdevan Nogueira, dava ordens com
precisão.
Branca de Neve jazia na cama, adormecida para sempre. O que fazer. Aflição, clima de
" barata voa"!!!!!
Nos contos de fada, sempre há final feliz. Eis que surge o Príncipe Encantado, vestido
de veludo azul, com alamares e botões dourados. Chapéu com plumas, parecendo um mestre
sala de escola de samba, tamanha a imponência. Era o Aires Bastos. Muito branco, com a
palidez realçada pela luz indireta e pelas roupas azuis. Beija a Branca de Neve no rosto e o
feitiço desaparece.
Aplausos retumbantes. Mesuras e mais mesuras para a plateia. Fechamse as cortinas.
As palmas não cessam. Os toscos artistas reaparecem. Mais aplausos. As mães orgulhosas "
lambem as crias”. Nada de assobios e os gritinhos histéricos tão comuns nas apresentações
atuais. Sucesso absoluto. Três dias de casa lotada. Só não houve prorrogação da temporada
em razão de compromissos dos donos do cinema com as distribuidoras de filmes.
Um segredo: para os artistas mirins o que fez sucesso mesmo foram as maçãs. Coisa
tão rara no interior que foram mandadas buscar em Belo Horizonte. Compradas num empório
de nome" Estâncias California". Ficava na escadaria dos edifícios Sulacap e Sulamerica.
A cada anão, coube uma maçã à guisa de cachê. Embrulhadas em um papel azul,
vermelhas e perfumadas. Uma beleza.
*Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas
décadas de 50 e 60. Tudo que narrei acima é verdade. É meio piegas, mas sai um pouco do
"modelo" Urtigão!
Crônica escrita e enviada especialmente para o blog Itaúna Décadas em 06/04/2017.