SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
POBREZA E RIQUEZA DE DEUS E DOS HOMENS
Mensagem quaresmal da Comissão Nacional Justiça
1. É hoje evidente que o olhar pastoral do Papa Francisco atribui à pobreza e aos pobres um lugar central
nas suas preocupações. Poderá dizer-se que a escolha do nome, no encalço de Francisco de Assis, já o indiciava.
Todavia, sobretudo para quem não conhecesse o seu passado de Bispo, era difícil antever a forma que aquela
preocupação viria a ter no exercício da missão de Papa. O que mais importa notar é, no entanto, que o Papa não
fala dos pobres na perspetiva de um ativista social ou político, mas como alguém que encontra no tema uma
dimensão essencial da mensagem cristã. Por outras palavras, a novidade não está apenas no modo de ver os
pobres e a pobreza, mas também no seu entendimento da mensagem cristã. Interessa-nos aqui a abordagem do
assunto na sua recente mensagem para a quaresma deste ano de 2014.
A reflexão do Papa Francisco, cuja leitura e meditação recomendamos vivamente, parte da passagem em
que o Apóstolo Paulo recorda aos cristãos de Corinto que Jesus Cristo, “sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos
enriquecer com a sua pobreza”. Com esse texto, Paulo visava encorajar os coríntios a serem generosos com os
cristãos de Jerusalém que passavam necessidade. Neste sentido, era um “convite à pobreza, a uma vida pobre em
sentido evangélico”1
.
O que nos diz a nós, cristãos de hoje, esse convite? pergunta o Papa.
2. A propósito da crise que atravessamos e do que deveria ser diferente após a crise, tem-se realçado a
necessidade de um estilo de vida diferente: mais sóbrio, liberto dos vícios em parte responsáveis pela crise, tais
como o individualismo, a cultura do «consumismo» e do «descartável», a idolatria do dinheiro e do poder2
. Na
mensagem quaresmal, a mudança do estilo de vida sugerida por critérios humanos e económicos adquire um
significado muito mais profundo. Inspira-se no “estilo de Deus”, designadamente no facto de o Filho se ter
despojado do poder e da glória, para se tornar em tudo semelhante a nós.3
A finalidade de Jesus Se fazer pobre,
nota o Papa, não foi a pobreza em si mesma, mas a salvação da humanidade. Com efeito, “Deus não fez cair do alto
a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim
o amor de Cristo!”4
Para os cristãos, portanto, a adoção de um novo estilo de vida, marcado pela pobreza
evangélica, aparece como uma exigência da fé, independentemente de a sociedade portuguesa e, em certa medida
o mundo, estarem a atravessar uma crise. O Papa refere-se à Igreja como “um povo de pobres”5
.
3. Todavia, a crise e os sacrifícios que vêm sendo impostos sobre o povo português poderão sugerir um
modo de «ser pobre» diferente do que poderia ser na ausência desses sacrifícios, designadamente na relação de
cada um com o mais necessitado, à semelhança da atitude do Bom Samaritano, de que nos fala o evangelista Lucas.
Não apenas na relação entre pessoas, mas também no exercício da caridade «política» que conduza as instituições,
os poderes públicos e a sociedade civil a agirem no sentido de suscitarem as mudanças sociais necessárias. Com
efeito, “A conversão espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sentido
evangélico dos pobres e da pobreza, são exigidos a todos”6
. Apesar de temer que estas palavras não tenham
incidência prática, o Papa acrescenta: “tenho confiança na abertura e nas boas disposições dos cristãos e peço-vos
que procureis, comunitariamente, novos caminhos para acolher esta renovada proposta”7
.
Ao qualificar a proposta de «renovada», que não apenas repetida, e os caminhos de «novos», o Santo
Padre revela a consciência de que a perspetiva tem subjacente algo de novo relativamente ao modo como os
cristãos têm entendido a sua relação com a pobreza evangélica, na sua expressão universal, ultrapassando, em
certo sentido, a tradicional distinção entre a proposta universal e a que está associada ao «voto de pobreza»
próprio de certas vocações específicas.
4. Assim entendida, como parte essencial da mensagem cristã e do «ser cristão», a pobreza abrange o
modo como nos relacionamos com Deus, com os irmãos e com as coisas. Com Deus, além do mais, porque “A
riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal
e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo”8
; com os irmãos porque “À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos,
somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as
aliviar”9
; e com as coisas porque “Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à
exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à
justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha”10
.
5. Facto é que o país está em crise, situação em que as exigências evangélicas adquirem maior importância
e sentido de urgência. É notória a quase exclusiva centragem do debate, envolvendo quase todos os quadrantes
políticos, em indicadores expressos em unidades monetárias, com flagrante menosprezo dos que refletem as
condições de vida dos portugueses. Mais recentemente, o discurso passou a ecoar apenas as indicações de alguma
melhoria nalguns daqueles indicadores, com prático silêncio sobre as centenas de milhar de desempregados
(muitos sem qualquer subsídio), de pessoas que só se alimentam porque dispõem de ajudas sociais e subsistem por
recurso a serviços e instituições sociais que já não têm possibilidade de satisfazer todos os pedidos que recebem.
6. Há mesmo quem entenda que o «país» está melhor, embora os «portugueses» estejam pior.
Independentemente do que se quer dizer com essas observações, o que preocupa é que assim se estabelece uma
dicotomia entre o país e os portugueses, assimilando o primeiro a alguns indicadores instrumentais e de duvidosa
evolução, por um lado, e as condições de vida das pessoas, que são (deveriam ser) a razão de ser da economia e
das finanças, por outro. Do mesmo modo, quando se estabelece uma distinção entre «disciplina orçamental» e
«austeridade», para substituir esta por aquela, contribui-se para o «branqueamento» tecnocrático da austeridade,
até agora inextricavelmente associada àquela disciplina. É particularmente importante, mesmo imperativo, que
tenhamos a consciência de que não é aceitável pensar em políticas de disciplina orçamental (uma questão de
números) sem medir as implicações que virão a ter na austeridade, ou seja, nos sacrifícios que acarretam e no
modo como estes se distribuem. Justifica-se repetirmos aqui o que dissemos em mensagem anterior: a justiça na
repartição dos sacrifícios mede-se não apenas pelo que se dá, mas também através daquilo com que se fica.
7. O que mais choca é a difusão de uma cultura económica em que a dimensão humana da economia está
ausente, ou na cauda, do discurso político. Agora, para alguns, para além de buscar a disciplina orçamental, não
haveria mais a fazer do que esperar. Esperar que a economia reanime, os empregos surjam, os salários possam
aumentar sem prejudicar a «competitividade», as pensões possam melhorar, a saúde não careça de respiração
assistida, a desigualdade diminua. Esperar enquanto necessário, confiando. Confiando em que tudo isso será feito
pelos mecanismos do mercado.
8. Será que existem neste campo exigências de natureza ética? Vale a pena ouvir o Papa: “Em última
instância, a ética leva a Deus que espera uma resposta comprometida que está fora das categorias do mercado.”11
Acresce o problema do tempo. Não é indiferente o tempo requerido para se atingir uma situação aceitável. Com
efeito, como lembrou Bento XVI, “A urgência não está inscrita só nas coisas, não deriva apenas do encalçar dos
acontecimentos e dos problemas, mas também do que está em jogo”12
. Neste caso, estão em jogo os sacrifícios e o
sofrimento, por falta de condições de vida compatíveis com a dignidade humana e o bem comum, “questões que
deveriam estruturar toda a política económica, mas às vezes parecem somente apêndices acrescentados de fora
para completar um discurso político sem perspetivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral”13
.
Neste sentido, “Os planos de assistência, que acorrem a determinadas emergências, deveriam considerar-se
apenas como respostas provisórias”, e terão de ser “radicalmente solucionados os problemas dos pobres,
renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da
desigualdade social”14
.
9. Se é verdade que a crise pode constituir uma oportunidade, a mensagem quaresmal do Papa contém,
certamente, uma orientação preciosa para que procuremos construir um estilo de vida, individual e coletivo, mais
humano e mais fiel à mensagem de Jesus Cristo, que se fez pobre, nas palavras de Paulo, “para vos enriquecer com
a sua pobreza” (“Cor 8, 9).
Recorda o Papa Francisco que “A Quaresma é um tempo propício para o despojamento”. E acrescenta:
“far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a
nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta
dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.”15
5 de Março, Quarta-Feira de Cinzas de 2014
1
Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014.
2
A este propósito, ver Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 2013.
3
Mensagem para a Quaresma de 2014.
4
Ibidem.
5
Ibidem.
6
Congr. Para a Doutrina da Fé, Libertatis nuntius, 6 de Agosto de 1984, citado em Evangelii Gaudium, 201.
7
Evangelii Gaudium, 201.
8
Mensagem…
9
Ibidem.
10
Ibidem.
11
Evangelii Gaudium, 57.
12
Bento XVI, Caritas in Veritate, 20.
13
Evangelii Gaudium, 203.
14
Ibidem, 202.
15
Ibidem.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?domeduardo
 
Jornal aliança nº 179 setembro 2014
Jornal aliança nº 179 setembro 2014Jornal aliança nº 179 setembro 2014
Jornal aliança nº 179 setembro 2014mcj2013
 
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicaçãoPensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicaçãodomeduardo
 
Evangelização e missão profética da igreja
Evangelização e missão profética da igrejaEvangelização e missão profética da igreja
Evangelização e missão profética da igrejaOswaldo Michaelano
 
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020Lada vitorino
 
Subsídio DNJ 2015
Subsídio DNJ 2015Subsídio DNJ 2015
Subsídio DNJ 2015williampr
 
Carta propositos
Carta propositosCarta propositos
Carta propositosJoao Rumpel
 
Palestras da capelania escolar
Palestras da capelania escolarPalestras da capelania escolar
Palestras da capelania escolarElianXamar
 
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo II
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo IIMensagem 16º dia das comunicações - João Paulo II
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo IIRodrigo Catini Flaibam
 
Cartilha eleições 2014
Cartilha eleições 2014Cartilha eleições 2014
Cartilha eleições 2014Bernadetecebs .
 
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...UNEB
 
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4Liliane Jornalista
 
Encarte bimba 03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistas
Encarte bimba   03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistasEncarte bimba   03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistas
Encarte bimba 03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistasDebora Teixeira
 

Mais procurados (18)

COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?
 
Gazeta Kardec Ponto Com - Abril 2016
Gazeta Kardec Ponto Com - Abril 2016Gazeta Kardec Ponto Com - Abril 2016
Gazeta Kardec Ponto Com - Abril 2016
 
Jornal aliança nº 179 setembro 2014
Jornal aliança nº 179 setembro 2014Jornal aliança nº 179 setembro 2014
Jornal aliança nº 179 setembro 2014
 
vida.pastoral 305
 vida.pastoral 305 vida.pastoral 305
vida.pastoral 305
 
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicaçãoPensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
 
Gaudium et spes
Gaudium et spesGaudium et spes
Gaudium et spes
 
Ef 2 palestra ney
Ef 2 palestra neyEf 2 palestra ney
Ef 2 palestra ney
 
Evangelização e missão profética da igreja
Evangelização e missão profética da igrejaEvangelização e missão profética da igreja
Evangelização e missão profética da igreja
 
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020
Ecovida Janeiro-Fevereiro 2020
 
Subsídio DNJ 2015
Subsídio DNJ 2015Subsídio DNJ 2015
Subsídio DNJ 2015
 
Carta propositos
Carta propositosCarta propositos
Carta propositos
 
Palestras da capelania escolar
Palestras da capelania escolarPalestras da capelania escolar
Palestras da capelania escolar
 
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo II
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo IIMensagem 16º dia das comunicações - João Paulo II
Mensagem 16º dia das comunicações - João Paulo II
 
Campanha da Fraternidade 2015
Campanha da Fraternidade 2015Campanha da Fraternidade 2015
Campanha da Fraternidade 2015
 
Cartilha eleições 2014
Cartilha eleições 2014Cartilha eleições 2014
Cartilha eleições 2014
 
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
 
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4
Sagrada Notícias Online - 13° Edição A4
 
Encarte bimba 03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistas
Encarte bimba   03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistasEncarte bimba   03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistas
Encarte bimba 03-06-2018 - manifesto dos bispos e bispas metodistas
 

Semelhante a Mensagem quaresma 2014 pobreza e riqueza de deus e dos homens

Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igreja
Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igrejaOriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igreja
Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igrejaDehoniana Faculdade
 
Odiocesano julho2009 site
Odiocesano julho2009 siteOdiocesano julho2009 site
Odiocesano julho2009 sitegleicecampos
 
A missão integral da igreja zabatiero, proença e oliva
A missão integral da igreja zabatiero, proença e olivaA missão integral da igreja zabatiero, proença e oliva
A missão integral da igreja zabatiero, proença e olivaÉder Granado Raffa
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...ParoquiaDeSaoPedro
 
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptx
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptxEVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptx
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptxEntretenimentoShow
 
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SP
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SPInformativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SP
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SPBernadetecebs .
 
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)Afonso Murad (FAJE)
 
Boletim 688 - 05/07/20
Boletim 688 - 05/07/20Boletim 688 - 05/07/20
Boletim 688 - 05/07/20stanaami
 
Domingo da Palavra de Deus 2021
Domingo da Palavra de Deus 2021Domingo da Palavra de Deus 2021
Domingo da Palavra de Deus 2021Jc Bento
 
Contributo dia mundial da paz 2014 reflexão conjunta
Contributo dia mundial da paz 2014   reflexão conjuntaContributo dia mundial da paz 2014   reflexão conjunta
Contributo dia mundial da paz 2014 reflexão conjuntaCdjp Aveiro
 
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedade
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedadeQual é o papel dos idosos na nossa sociedade
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedadeAntenor Antenor
 
Como falar e fazer missoes urbanas hoje
Como falar e fazer missoes urbanas hojeComo falar e fazer missoes urbanas hoje
Como falar e fazer missoes urbanas hojeHebert Balieiro
 

Semelhante a Mensagem quaresma 2014 pobreza e riqueza de deus e dos homens (20)

Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igreja
Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igrejaOriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igreja
Oriente se por uma gestão baseada nos princípios da doutrina social da igreja
 
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJAA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
 
Odiocesano julho2009 site
Odiocesano julho2009 siteOdiocesano julho2009 site
Odiocesano julho2009 site
 
Apostila 14
Apostila 14Apostila 14
Apostila 14
 
A missão integral da igreja zabatiero, proença e oliva
A missão integral da igreja zabatiero, proença e olivaA missão integral da igreja zabatiero, proença e oliva
A missão integral da igreja zabatiero, proença e oliva
 
O preparo do pastor (2)
O preparo do pastor (2)O preparo do pastor (2)
O preparo do pastor (2)
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Março ...
 
Teologia 26
Teologia 26Teologia 26
Teologia 26
 
Apostila 26
Apostila 26Apostila 26
Apostila 26
 
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptx
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptxEVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptx
EVANGELII GAUDIUM trabalho (1).pptx
 
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SP
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SPInformativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SP
Informativo das CEBs - diocese de São José dos Campos - SP
 
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)
A igreja em saída parte 2 (Alegria do Evangelho)
 
Ecclesiam Suam
Ecclesiam SuamEcclesiam Suam
Ecclesiam Suam
 
Boletim 688 - 05/07/20
Boletim 688 - 05/07/20Boletim 688 - 05/07/20
Boletim 688 - 05/07/20
 
Revista teológica
Revista teológicaRevista teológica
Revista teológica
 
Domingo da Palavra de Deus 2021
Domingo da Palavra de Deus 2021Domingo da Palavra de Deus 2021
Domingo da Palavra de Deus 2021
 
Contributo dia mundial da paz 2014 reflexão conjunta
Contributo dia mundial da paz 2014   reflexão conjuntaContributo dia mundial da paz 2014   reflexão conjunta
Contributo dia mundial da paz 2014 reflexão conjunta
 
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedade
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedadeQual é o papel dos idosos na nossa sociedade
Qual é o papel dos idosos na nossa sociedade
 
Como falar e fazer missoes urbanas hoje
Como falar e fazer missoes urbanas hojeComo falar e fazer missoes urbanas hoje
Como falar e fazer missoes urbanas hoje
 
A missão do cristão
A missão do cristãoA missão do cristão
A missão do cristão
 

Mais de Cdjp Aveiro

Todos santos e fieis defuntos nov 2015
Todos santos e fieis defuntos nov 2015Todos santos e fieis defuntos nov 2015
Todos santos e fieis defuntos nov 2015Cdjp Aveiro
 
Nota cnjp refugiados 2015
Nota cnjp refugiados 2015Nota cnjp refugiados 2015
Nota cnjp refugiados 2015Cdjp Aveiro
 
Nota cepsmh refugiados
Nota cepsmh refugiadosNota cepsmh refugiados
Nota cepsmh refugiadosCdjp Aveiro
 
Comunicado dia mundial da criança 2015
Comunicado dia mundial da criança 2015Comunicado dia mundial da criança 2015
Comunicado dia mundial da criança 2015Cdjp Aveiro
 
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vfCdjp Aveiro
 
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudium
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudiumCnjp reflexões sobre a evangelii gaudium
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudiumCdjp Aveiro
 
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015Cdjp Aveiro
 
Os números e as pessoas final
Os números e as pessoas   finalOs números e as pessoas   final
Os números e as pessoas finalCdjp Aveiro
 
Comece nota de imprensa junho de 2012
Comece nota de imprensa   junho de 2012Comece nota de imprensa   junho de 2012
Comece nota de imprensa junho de 2012Cdjp Aveiro
 
Comece nota de imprensa junho de 2012
Comece nota de imprensa   junho de 2012Comece nota de imprensa   junho de 2012
Comece nota de imprensa junho de 2012Cdjp Aveiro
 
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupção
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupçãoCdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupção
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupçãoCdjp Aveiro
 
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vfCdjp Aveiro
 

Mais de Cdjp Aveiro (12)

Todos santos e fieis defuntos nov 2015
Todos santos e fieis defuntos nov 2015Todos santos e fieis defuntos nov 2015
Todos santos e fieis defuntos nov 2015
 
Nota cnjp refugiados 2015
Nota cnjp refugiados 2015Nota cnjp refugiados 2015
Nota cnjp refugiados 2015
 
Nota cepsmh refugiados
Nota cepsmh refugiadosNota cepsmh refugiados
Nota cepsmh refugiados
 
Comunicado dia mundial da criança 2015
Comunicado dia mundial da criança 2015Comunicado dia mundial da criança 2015
Comunicado dia mundial da criança 2015
 
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
 
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudium
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudiumCnjp reflexões sobre a evangelii gaudium
Cnjp reflexões sobre a evangelii gaudium
 
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015
Comissão Nacional Justiça e Paz_ quaresma 2015
 
Os números e as pessoas final
Os números e as pessoas   finalOs números e as pessoas   final
Os números e as pessoas final
 
Comece nota de imprensa junho de 2012
Comece nota de imprensa   junho de 2012Comece nota de imprensa   junho de 2012
Comece nota de imprensa junho de 2012
 
Comece nota de imprensa junho de 2012
Comece nota de imprensa   junho de 2012Comece nota de imprensa   junho de 2012
Comece nota de imprensa junho de 2012
 
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupção
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupçãoCdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupção
Cdjp 21 jun2014 coimbra etica e corrupção
 
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
03 fev2015 comunicado cnjp «o diálogo mais urgente» vf
 

Mensagem quaresma 2014 pobreza e riqueza de deus e dos homens

  • 1. POBREZA E RIQUEZA DE DEUS E DOS HOMENS Mensagem quaresmal da Comissão Nacional Justiça 1. É hoje evidente que o olhar pastoral do Papa Francisco atribui à pobreza e aos pobres um lugar central nas suas preocupações. Poderá dizer-se que a escolha do nome, no encalço de Francisco de Assis, já o indiciava. Todavia, sobretudo para quem não conhecesse o seu passado de Bispo, era difícil antever a forma que aquela preocupação viria a ter no exercício da missão de Papa. O que mais importa notar é, no entanto, que o Papa não fala dos pobres na perspetiva de um ativista social ou político, mas como alguém que encontra no tema uma dimensão essencial da mensagem cristã. Por outras palavras, a novidade não está apenas no modo de ver os pobres e a pobreza, mas também no seu entendimento da mensagem cristã. Interessa-nos aqui a abordagem do assunto na sua recente mensagem para a quaresma deste ano de 2014. A reflexão do Papa Francisco, cuja leitura e meditação recomendamos vivamente, parte da passagem em que o Apóstolo Paulo recorda aos cristãos de Corinto que Jesus Cristo, “sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”. Com esse texto, Paulo visava encorajar os coríntios a serem generosos com os cristãos de Jerusalém que passavam necessidade. Neste sentido, era um “convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico”1 . O que nos diz a nós, cristãos de hoje, esse convite? pergunta o Papa. 2. A propósito da crise que atravessamos e do que deveria ser diferente após a crise, tem-se realçado a necessidade de um estilo de vida diferente: mais sóbrio, liberto dos vícios em parte responsáveis pela crise, tais como o individualismo, a cultura do «consumismo» e do «descartável», a idolatria do dinheiro e do poder2 . Na mensagem quaresmal, a mudança do estilo de vida sugerida por critérios humanos e económicos adquire um significado muito mais profundo. Inspira-se no “estilo de Deus”, designadamente no facto de o Filho se ter despojado do poder e da glória, para se tornar em tudo semelhante a nós.3 A finalidade de Jesus Se fazer pobre, nota o Papa, não foi a pobreza em si mesma, mas a salvação da humanidade. Com efeito, “Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo!”4 Para os cristãos, portanto, a adoção de um novo estilo de vida, marcado pela pobreza evangélica, aparece como uma exigência da fé, independentemente de a sociedade portuguesa e, em certa medida o mundo, estarem a atravessar uma crise. O Papa refere-se à Igreja como “um povo de pobres”5 . 3. Todavia, a crise e os sacrifícios que vêm sendo impostos sobre o povo português poderão sugerir um modo de «ser pobre» diferente do que poderia ser na ausência desses sacrifícios, designadamente na relação de cada um com o mais necessitado, à semelhança da atitude do Bom Samaritano, de que nos fala o evangelista Lucas. Não apenas na relação entre pessoas, mas também no exercício da caridade «política» que conduza as instituições, os poderes públicos e a sociedade civil a agirem no sentido de suscitarem as mudanças sociais necessárias. Com efeito, “A conversão espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sentido evangélico dos pobres e da pobreza, são exigidos a todos”6 . Apesar de temer que estas palavras não tenham incidência prática, o Papa acrescenta: “tenho confiança na abertura e nas boas disposições dos cristãos e peço-vos que procureis, comunitariamente, novos caminhos para acolher esta renovada proposta”7 . Ao qualificar a proposta de «renovada», que não apenas repetida, e os caminhos de «novos», o Santo Padre revela a consciência de que a perspetiva tem subjacente algo de novo relativamente ao modo como os cristãos têm entendido a sua relação com a pobreza evangélica, na sua expressão universal, ultrapassando, em certo sentido, a tradicional distinção entre a proposta universal e a que está associada ao «voto de pobreza» próprio de certas vocações específicas. 4. Assim entendida, como parte essencial da mensagem cristã e do «ser cristão», a pobreza abrange o modo como nos relacionamos com Deus, com os irmãos e com as coisas. Com Deus, além do mais, porque “A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo”8 ; com os irmãos porque “À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar”9 ; e com as coisas porque “Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha”10 . 5. Facto é que o país está em crise, situação em que as exigências evangélicas adquirem maior importância e sentido de urgência. É notória a quase exclusiva centragem do debate, envolvendo quase todos os quadrantes políticos, em indicadores expressos em unidades monetárias, com flagrante menosprezo dos que refletem as condições de vida dos portugueses. Mais recentemente, o discurso passou a ecoar apenas as indicações de alguma melhoria nalguns daqueles indicadores, com prático silêncio sobre as centenas de milhar de desempregados
  • 2. (muitos sem qualquer subsídio), de pessoas que só se alimentam porque dispõem de ajudas sociais e subsistem por recurso a serviços e instituições sociais que já não têm possibilidade de satisfazer todos os pedidos que recebem. 6. Há mesmo quem entenda que o «país» está melhor, embora os «portugueses» estejam pior. Independentemente do que se quer dizer com essas observações, o que preocupa é que assim se estabelece uma dicotomia entre o país e os portugueses, assimilando o primeiro a alguns indicadores instrumentais e de duvidosa evolução, por um lado, e as condições de vida das pessoas, que são (deveriam ser) a razão de ser da economia e das finanças, por outro. Do mesmo modo, quando se estabelece uma distinção entre «disciplina orçamental» e «austeridade», para substituir esta por aquela, contribui-se para o «branqueamento» tecnocrático da austeridade, até agora inextricavelmente associada àquela disciplina. É particularmente importante, mesmo imperativo, que tenhamos a consciência de que não é aceitável pensar em políticas de disciplina orçamental (uma questão de números) sem medir as implicações que virão a ter na austeridade, ou seja, nos sacrifícios que acarretam e no modo como estes se distribuem. Justifica-se repetirmos aqui o que dissemos em mensagem anterior: a justiça na repartição dos sacrifícios mede-se não apenas pelo que se dá, mas também através daquilo com que se fica. 7. O que mais choca é a difusão de uma cultura económica em que a dimensão humana da economia está ausente, ou na cauda, do discurso político. Agora, para alguns, para além de buscar a disciplina orçamental, não haveria mais a fazer do que esperar. Esperar que a economia reanime, os empregos surjam, os salários possam aumentar sem prejudicar a «competitividade», as pensões possam melhorar, a saúde não careça de respiração assistida, a desigualdade diminua. Esperar enquanto necessário, confiando. Confiando em que tudo isso será feito pelos mecanismos do mercado. 8. Será que existem neste campo exigências de natureza ética? Vale a pena ouvir o Papa: “Em última instância, a ética leva a Deus que espera uma resposta comprometida que está fora das categorias do mercado.”11 Acresce o problema do tempo. Não é indiferente o tempo requerido para se atingir uma situação aceitável. Com efeito, como lembrou Bento XVI, “A urgência não está inscrita só nas coisas, não deriva apenas do encalçar dos acontecimentos e dos problemas, mas também do que está em jogo”12 . Neste caso, estão em jogo os sacrifícios e o sofrimento, por falta de condições de vida compatíveis com a dignidade humana e o bem comum, “questões que deveriam estruturar toda a política económica, mas às vezes parecem somente apêndices acrescentados de fora para completar um discurso político sem perspetivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral”13 . Neste sentido, “Os planos de assistência, que acorrem a determinadas emergências, deveriam considerar-se apenas como respostas provisórias”, e terão de ser “radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social”14 . 9. Se é verdade que a crise pode constituir uma oportunidade, a mensagem quaresmal do Papa contém, certamente, uma orientação preciosa para que procuremos construir um estilo de vida, individual e coletivo, mais humano e mais fiel à mensagem de Jesus Cristo, que se fez pobre, nas palavras de Paulo, “para vos enriquecer com a sua pobreza” (“Cor 8, 9). Recorda o Papa Francisco que “A Quaresma é um tempo propício para o despojamento”. E acrescenta: “far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.”15 5 de Março, Quarta-Feira de Cinzas de 2014 1 Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014. 2 A este propósito, ver Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 2013. 3 Mensagem para a Quaresma de 2014. 4 Ibidem. 5 Ibidem. 6 Congr. Para a Doutrina da Fé, Libertatis nuntius, 6 de Agosto de 1984, citado em Evangelii Gaudium, 201. 7 Evangelii Gaudium, 201. 8 Mensagem… 9 Ibidem. 10 Ibidem. 11 Evangelii Gaudium, 57. 12 Bento XVI, Caritas in Veritate, 20. 13 Evangelii Gaudium, 203. 14 Ibidem, 202. 15 Ibidem.